segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

6ª. AULA O SEXO



I - PEDADOGIA SITUADA
Como é considerada a questão do sexo em nossos dias? Como os jovens encaram hoje a união sexual? Houve muudanças com relação ao passado?
Quais os valores inculcados pelos meios de comunicação em massa?
Existe uma corrente tendenciosa em nossos dias de dar livre expansão aos impulsos sexuais. No entanto, a maioria dos jovens acaba por descer aos labirintos da insensatez, da intemperança, acumulando responsabilidades de toda natureza. Esta tendência incorre numa completa distorção de sentimentos e de respeito. Sexo exige antes de tudo responsabilidade, coisa que muitos poucos assumem, em nome do chamado "amor livre ".
II - CONSEQÜÊNCIAS DO ABUSO DO SEXO
Em sua imensa maioria, como já dissemos, os homens não sabem distinguir o uso do abuso. Exageram suas necessidades, acabam por cometer abusos, que por sua vez levam às seguintes conseqüências:
1. Comprometimento do corpo físico - da dispersão das energias vitais e procriadoras, as conseqüências para o nosso corpo físico podem ser muito desastrosas, como é o caso de doenças por vezes irrecuperáveis.
2, Também pelo abuso sexual comprometemos o equilíbrio emocional, enfraquecendo nossa mente com o vicíamento de nossa imaginação, e embotamos, assim, nossos sublimes valores criadores. Assim como o uso respeitável dos patrimônios da vida engrandece o homem perante Deus e a própria consciência, o abuso, no entanto, pode conduzi-lo aos abismos da delinqüência.
III - CAUSA: O Abuso
O princípio das paixões sendo natural, é mau em si mesmo? -Não, a paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal. (L.E.,907)
Segundo O Livro dos Espíritos, todas as paixões têm como princípio originário uma necessidade ou sentimento natural. Deus é amor e, ao criar-nos, fez-nos participantes de sua natureza, isto é, dotados dessa virtude por excelência, carecendo apenas que a desenvolvamos, que a depuremos, que superemos a vida instintiva em função do amor sublimado, que superemos pelas várias instâncias da natureza o amor sensível em função do amor espiritual.
No passado os estóicos (estóico = indivíduo insensível aos males físicos e morais, de princípios rígidos e aústeros) consideravam as paixões todas como sendo más; já Aristóteles dizia que as paixões são boas, porém, desde que controladas. A teoria aristotélica coincide perfeitamente com a tese cristã, pois Deus é o Criador da natureza humana em sua totalidade. Quem afirma que as paixões, parte essencial da alma humana, são más, está indo contra a própria natureza. Ora, a lei divina - ou lei natural - é a mesma, conforme o título do Cap. I do Livro III de O Livro dos Espiritos. A palavra "paixão" é quase exclusivamente usada em sentido negativo; logo é "má paixão". Ora, se todas as paixões fossem más seria preciso dar-lhes combate até arrancá-las. Não se trata de ir contra a natureza que é divina, mas antes de modificar o valor moral das ações humanas, na medida em que estas devem ser assumidas e controladas pelo Espírito.
Como definir o limite em que as paixões deixam de ser boas ou más?
- As paixões são como um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando governa. (L. E, 908)
Ora, faz parte da natureza humana a existência das paixões, mas também faz parte da perfeição e da natureza espiritual que as paixões sejam assumidas e controladas pela razão. Controladas não no sentido de constrangidas e debeladas, mas assumidas e usadas positivamente.
Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade. (Emmanuel, in Vida e Sexo.)
Desta atividade reguladora do Espírito depende em grande parte a perfeição do homem, a elaboração espiritual de sua vida, a realização de si mesmo. E como exercer essa atividade reguladora?
IV - COM0 SUPERAR O ABUSO
"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo o que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela." (Mateus, 5:27-28)
Todo o Evangelho de Jesus consiste em uma exaltação à vida interior, como sendo a única permanente, e portanto real. Em asslm sendo, mais do que a ação empírica importa a disposição de nossa alma diante de determinada situação.
É assim que a palavra adultério aqui não deve ser entendida no seu sentido restrito, mas como toda atitude interior que revela uma imperfeição da alma. É assim que, segundo o Evangelho, a verdadeira pureza não está apenas nos atos, mas também no pensamento, pois aquele que tem o coração puro nem sequer pensa no mal. É assim que importa uma educação do Espírito, e não a erradicação do mal.
E quando falamos em educação do Espírito, trata-se de modificar nossa maneira de pensar e de sentir. Importa pois, no caso, prestar atenção em nossa atividade imaginativa e afetiva. Se porventura vamos além da necessidade natural, há o abuso, que nada mais é que uma necessidade desregrada, construída pela nossa própria mente, pela nossa fantasia. O "pecado" por pensamento inicia quando a fantasia começa a enternecer-se diante de alguma situação ou pessoa. E quando essas projeções do Espírito passam a ser freqüentes, a paixão torna-se um vício. Quanto mais compreendemos nosso psiquismo, mais livres, mais autênticos nos tornamos, mais "nós mesmos" somos. É o controle da imaginação, mais do que "arrancar" a paixão, que nos ajuda na luta contra a concupiscência.
Em vez de disciplinar o corpo, importa disciplinar a fantasia. Nisso consiste o sentido da expressão de Jesus: Orai e Vigiai. (Mc., 13: 33), A fantasia - ou imaginação - deve ser valorosa aliada a oferecer inspirações animadoras do Espírito. Nisto consiste a sublimação do amor sensível em função do amor espiritual. Quantas leituras, filmes, propagandas, conversas, penetram sorrateiramente nosso psiquismo, desviando preciosas e prementes necessidades do Espírito.
V - CONCLUSÃO
É assim que todos os seres, todas as criaturas do universo tendem à perfectibilidade, e nesse itinerário o amor, em sua primeira expressão instintiva, tende a sublimar-se em amor espiritual, à medida que as exigências da razão e da consciência moral manifestam-se. É assim, no dizer de Emmanuel, que:
"O instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos de evolução." (Vida e Sexo)
Quanto mais evoluídos os seres, mais sutis e sublimadas as manifestações do Amor. No amor sensível apenas situam-se as paixões desvairadas. Já o amor espiritual, após estagiar nas várias faixas da evolução, trata-se de uma comoção interior, manifestação compulsiva de sublimadas esferas em forma de forças criadoras, não mais vitais apenas, mas psíquicas e espirituais.
Quanto mais ele (o Espírito) se depura, mais diminuem suas fraquezas e menos acessivel se torna aos que o solicitam para o mal. Sua força moral cresce na razão de sua elevação (..). (LE, 872)
Quanto mais viver a alegria interior, tanto mais o homem se espiritualizará, mais perfeitamente controlará as paixões. E, vice-versa, com quanto mais eficiência dirigir a vida passional, mais se realizará espiritualmente, mais se desobstruirão os canais, através dos quais se manifestam os mananciais infinitos do amor divino.

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