segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Parábola do Grão de Mostarda


Parábola do Grão de Mostarda

Sérgio Biagi Gregório
1) Como está posta a parábola do grão de mostarda?
A parábola do grão de mostarda está assim expressa: “O Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. Na verdade, ele é a menor de todas as sementes, mas, depois de crescido, é maior que todos os legumes e torna-se uma árvore, de sorte que as aves do céu vêm habitar seus ramos”. (Mateus, 8, 31-32; Marcos, 4, 30-32; Lucas, 13, 18-19.)
2) Qual o significado de mostarda?
Conhecemo-la como condimento, molho, geralmente utilizado em refeições. Na Palestina, a sinapsis nigra atinge enormes proporções, chegando ter, mesmo no estado selvagem, mais de três metros de altura.
3) Qual a concepção dos rabinos acerca do grão de mostarda?
Entre os rabinos, um “grão de mostarda” era uma expressão para qualquer coisa pequena. Daí, a surpresa e o “maravilhamento” pelo fato de uma minúscula semente se tornar a maior das árvores.
4) Que tipo de ensinamento Jesus quer nos passar nesta parábola?
Jesus quis mostrar que este pequeno grão pode crescer e tornar-se a maior das árvores, abrigando os pássaros sob a sombra de seus ramos. Enquanto os rabinos se maravilhavam pelo fato de algo pequeno se tornar grande, Jesus a exemplificava com o crescimento da verdade: no começo, eram os 12 apóstolos; depois, a humanidade toda.
5) É possível relacionar princípio inteligente e o grão da mostarda?
O princípio inteligente (semente minúscula) foi lançado no mundo, primeiramente, no reino mineral. Depois, estagiou no reino vegetal e no reino animal. Como Espírito, vivenciou o reino hominal, com a possibilidade de ir para o reino angelical. Em cada um desses reinos, foram-lhe agregadas as virtudes necessárias para o prosseguimento de sua evolução moral e espiritual.  
6) Qual o mecanismo do crescimento da semente?
A semente, uma vez lançada ao solo, tende a crescer Cada semente, porém, cresce de acordo com a sua potência, com a sua característica própria: umas se desenvolvem rapidamente; outras, lentamente. O mesmo se pode falar do solo do espírito. Há necessidade de o ser humano aguardar o tempo de maturação para as verdades espirituais. Apressando, acaba absorvendo as fantasias e, assim, distanciando-se do verdadeiro caminho de sua evolução espiritual.
7) Como explicar, em termos da revelação, o crescimento do grão de mostarda?
Os Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por Moisés, no Monte Sinai, pode ser considerado o ponto de partida do crescimento do grão de mostarda (ensinamento evangélico). A semente era pequenina, sujeita aos contratempos e as intemperanças da época, ainda animalizada.
Jesus, ao resumir os Dez Mandamentos no “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, deu a sua contribuição para o crescimento da semente. Em termos práticos, Jesus reuniu, primeiramente, os doze apóstolos. É a minúscula semente. Depois, vieram os discípulos, que se incumbiram de divulgar a boa nova ao mundo.
O Espiritismo, cognominado de cristianismo redivivo, é o desenvolvimento dos ensinamentos de Cristo. Como Consolador Prometido, ele veio no tempo certo para recordar o que o Cristo disse e desenvolver aquilo que na época de Cristo ficara oculto, obscuro. O grão de mostarda, pelo princípio da reencarnação e da pluralidade dos mundos habitados, penetra em outros campos de interesse, propiciando-nos a certeza da imortalidade da alma. 
São Paulo, maio de 2010

A fé transporta montanhas - ESE


CAPÍTULO XIX

A fé transporta montanhas

Poder da fé

1. Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino. - E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? - Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. (S. MATEUS, cap. XVII, vv. 14 a 20.)
2. No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças toma o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si. Aqui porém unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má-vontade, em suma, com que se depara da parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer.
3. Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse, toma-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.
4. Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos.
5. O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial, na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural. Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos: se não o curastes, foi porque não tínheis fé.

A fé religiosa. Condição da fé inabalável

6. Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinadaou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
7. Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe, ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la. Tende, pois, como certo que os que dizem: "Nada de melhor desejamos do que crer, mas não o podemos", apenas de lábios o dizem e não do íntimo, porquanto, ao dizerem isso, tapam os ouvidos. As provas, no entanto, chovem-lhes ao derredor; por que fogem de observá-las? Da parte de uns, há descaso; da de outros, o temor de serem forçados a mudar de hábitos; da parte da maioria, há o orgulho, negando-se a reconhecer a existência de uma força superior, porque teria de curvar-se diante dela.
Em certas pessoas, a fé parece de algum modo inata; uma centelha basta para desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias. As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer. Ela, entretanto, se fará e, se não ficar concluída nesta existência, ficará em outra.
A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século (1), tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.
(1) Kardec escreveu essa palavras no século XIX. Hoje, o espírito humano tornou-se ainda maisexigente: a fé cega está abandonada; reina descrença nas Igrejas que a impunham. As massas humanas vivem sem ideal, sem esperança em outra vida e tentam transformar o mundo pela violência. As lutas econômicas engedraram as mais exóticas doutrinas de ação e reação. Duas guerras mundiais assolaram o planeta,numa ânsia furiosa de predomínio econômico.Toda a esperança da Humanidade hoje se apóia no Espiritismo, na restauração do Cristianismo, baseada em fatos que demonstram os princípios básicos da Doutrina cristã: eternidade da vida, responsabilidade ilimitada de pensamentos, palavras e atos. Sem a Terceira Revelação o mundo estaria irremediavelmente perdido pelo choque das mais desencontradas ideologias materialistas e violentistas. - A Editora da FEB, em 1948.

Parábola da figueira que secou

8. Quando saiam de Betânia, ele teve fome; e, vendo ao longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma coisa; tendo-se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de figos. Então, disse Jesus à figueira: Que ninguém coma de ti fruto algum, o que seus discípulos ouviram. - No dia seguinte, ao passarem pela figueira, viram que secara até á raiz. - Pedro, lembrando-se do que dissera Jesus, disse: Mestre, olha como secou a figueira que tu amaldiçoaste. - Jesus, tomando a palavra, lhes disse: Tende fé em Deus. - Digo-vos, em verdade, que aquele que disser a esta montanha: Tira-te daí e lança-te ao mar, mas sem hesitar no seu coração, crente, ao contrário, firmemente, de que tudo o que houver dito acontecerá, verá que, com efeito, acontece. (S. MARCOS, cap. Xl, vv. 12 a 14 e 20 a 23.)
9. A figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações. E de perguntar-se que proveito tiraram delas os que as escutaram.
Simboliza também todos aqueles que, tendo meios de ser úteis, não o são; todas as utopias, todos os sistemas ocos, todas as doutrinas carentes de base sólida. O que as mais das vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que abala as fibras do coração, a fé, numa palavra. que transporta montanhas. São árvores cobertas de folhas porém, baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão secas até à raiz. Quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, cairão reduzidas a nada; que todos os homens deliberadamente inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão tratados como a figueira que secou.
10. Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento; há-os por toda a parte, em todos os países em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados. Se porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos se se recusam a utilizá-la em beneficio dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos,melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A fé: mãe da esperança e da caridade

11. Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?
Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar que será do edifício que sobre ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.
A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma. ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.
Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé. - José, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)

A fé humana e a divina

12. No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.
Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendures que se não chegue a vencer.
O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é humana divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, 1863.)

PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA


PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA
"O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e lançou no seu campo; o qual grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior das hortaliças e faz-se árvore, de tal modo que as aves do céu vem pousar nos seus ramos".
(Mateus, VIII, 31-32 - Marcos, IV, 30-32 - Lucas, XIII, 18-19).
1 - CAIRBAR SCHUTEL
Consideremos aqui, o Reino dos Céus como tudo o que está acima e abaixo, à direita e à esquerda de nós, todo esse espaço imenso, infinito, incomensurável, onde se balançam os astros e fulgem as estrelas; todo esse éter que nos parece vazio, mas que, na verdade, encerra multidões de seres e de mundos, onde se ostentam maravilhas da Arte e da Ciência de Deus. Para quem o vê da Terra, com os olhos da carne, parece o seu conhecimento insignificante, como o é uma semente de mostarda.
Mas, depois que o estudamos, assim como depois que se planta a semente, nossa inteligência se dilata, como se dilata a semente quando germina; transforma-se o nosso modo de pensar, como sói acontecer à semente modificada já em erva; e o conhecimento do Reino dos Céus cresce em nós como cresce a mostarda, a ponto de nos tornarmos um centro de apoio em torno do qual voluteiam os Espíritos, bem assim os homens que sentem a necessidade desse apoio moral e espiritual, da mesma forma que os pássaros, para o seu descanso, procuram as árvores mais exuberantes para gozarem a sombra benéfica das suas ramagens!
O grão de mostarda serviu duas vezes para as comparações de Jesus: uma vez comparou-o ao Reino dos Céus; outra, à fé. O grão de mostarda tem substância e uma semente faz efeito revulsivo. Essa mesma substância se transforma em árvore; dá, depois, muitas sementes e muitas árvores e até suas folhas servem de alimento. Mas é necessária a fertilidade da terra, para que trabalhe a germinação, haja transformação, crescimento e frutificação do que foi semente; e é necessário, a seu turno, o trabalho da semente e da planta no aproveitamento desse elemento que lhe foi dado.
Assim acontece com o Reino dos Céus na alma humana; sem o trabalho dessa "semente", que é feito pelos Espíritos do Senhor; sem o concurso da boa vontade, que é a maior fertilidade que lhe podemos proporcionar; sem o esforço da pesquisa, do estudo, não pode aumentar e engradecer-se em nós, não se nos pode mostrar tal como é, assim como a mostarda não se transforma em hortaliça sem o emprego dos requisitos imperiosos para essa modificação.
A fé é a mesma coisa: parece-se com um grão de mostarda quando já é capaz de "transportar montanhas", mas a sua tendência é sempre para o crescimento, a fim de operar mudança para campo mais largo, mais aberto, de mais dilatados horizontes. A fé verdadeira estuda, examina, pesquisa, sem espírito preconcebido, e cresce sempre no conhecimento e na vivência do Evangelho de Jesus.
O Espiritismo, com seus fatos positivos, vem dar um grande impulso à fé, desvendando a todos o Reino dos Céus. Assim como o reinado celeste abrange o infinito, a fé é tudo e dela todos precisam para crescer no conhecimento da vida eterna!
CAIRBAR SCHUTEL
2 - RODOLFO CALLIGARIS
O reino dos céus é comparado aos fenômenos do crescimnto e da expansão.
O grão de mostarda, tomado como símbolo é, de fato, uma semente minúscula; mas, uma vez lançada à terra, auxiliada pela umidade, germina, deita raízes, através das quais assimila os elementos de que necessita; projeta-se então para o ar livre, e já agora, aos bafejos da luz e do calor solar, ramifica-se o seu caule, emite folhas, vai-se desenvolvendo mais e mais, até que reproduz a planta de onde proveio, tornando-se a maior das hortaliças, em cuja ramagem as aves podem pousar e até fazer os seus ninhos.
Assim acontece com a implantação do reino dos céus na alma humana.
Seja por indiferença religiosa, ou outras razões quaisquer, leva algum tempo para que ela adquira condições de receptividade favoráveis a tal evento. Mas, sentido que seja esse avivamento interior, com a assimilação do Evangelho em espírito e verdade, um incoercível impulso de ascensão marca-lhe novos rumos à existência.
Embora presa às inibições do erro e da imperfeição, vislumbra nos altos cimos as esferas resplandecentes e gloriosas onde outras almas, mais evolutidas, gozam a plenitude da felicidade, e essa visão encoraja-a, empolga-a, dando-lhe forças para trabalhar, sem esmorecimento, no próprio crescimento.
O estudo e a pesquisa dilatam-lhe os horizontes de percepção; adquire uma fé viva e inabalável, porque baseada no conhecimento; expande-se sua consciência espiritual; o esforço ea boa vontade levam-na às mais esplêndidas realizações no campo do Bem; e assim, num aperfeiçoamento diuturno, vem a constituir-se um ponto de apoio a outras criaturas, que dela se acercam, sequiosas de ajuda e refrigério para os seus males., como as aves buscam repouso na sombra amena e acolhedora do arvoredo.
Dia virá em que, de expansão em expansão, chegará a igualar-se ao divino modelo, tornando-se, então, uma alma cristianizada.

O Entendimento Espiritual, semelhantemente, produz profunda e substancial modifiicação sobre todos os elementos da alma humana, transformando-os em preciosos fatores da Evolução.
Fá-la compreender que uma estreita soliidariedade nos liga uns aos outros, que é ilusório querer-se avançar sozinho, pois o que não beneficia a todos, não beneficia realmente a ninguém.
Sem ele, porém, enceguecida pelos egoísmos pessoais, de classes e de raças, a Humanidade, desvirtuando o uso dos conhecimentos que possui, poderá resvalar para o abismo e para o caos, na mais terrível hecatombe de todos os tempos.
"Ainda que eu penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas, se não tiver caridade, nada sou" disse S. Paulo (I Cor., 13:2) .
Busquemos, pois, a Sabedoria, porquanto toda ciência é útil, mas busquemos em primeiro lugar aquilo que nos possibilite ajudar e servir ao próximo.
Assim fazendo, estaremos edificando, desde já o reino dos céus em nossas almas.

Rodolfo Calligaris

Fé do Tamanho de um grão de Mostarda

Invasores da privacidade, acabam se tornando muitas vezes, as pessoas que tentam como investigadores, questionar a fé alheia sobre assuntos que envolvem religião.

Você acredita mesmo em espíritos, na reencarnação?

Sim acredito!

Então prove para mim que isso existe mesmo !

Tolo ou ingênuo aquele que quiser resolver a questão da descrença alheia ,acreditando que simples palavras num momento qualquer bastam para isso.


Como se a fé fosse obtida através de um jogo de convencimento!

Palavras não bastam com certeza pois a fé vêm de encontro ao coração que a anseia, e  busca como lenitivo para suas dores, e necessidades.

Aprendizado,ante os problemas aparentemente insolúveis que o homem encontra pelo caminho,onde não basta os recursos de sua formação,e inteligência. È preciso algo mais; principalmente quando a angustia e o desânimo lhe fazem sofrer.
Talvez seja esse o momento de encontrar a fé!

Diriam alguns:  - Para descobrir a fé precisamos de sofrimento e dor ?

Não necessariamente, pois a fé é um despertar de forças maiores em nosso coração,mas aqui neste planeta Terra, onde o homem vive intensamente a matéria, o coração fica endurecido em seus sentimentos e emoções,e ele acaba vivendo na superfície daquilo que chamamos vida.
Nos momentos dificeis ou de dor há uma maior sensibilização do individuo.

Nos momentos de crise, ele se volta para si mesmo, buscando na interioridade os recursos que inconscientemente abriga.

È como se fosse a volta do filho pródigo.retornando ao caminho da casa do Pai.
Pois só buscando a interiorização, ou o mundo intimo de nós mesmos podemos iniciar o movimento da fé.

Dentro de cada um de nós existe a centelha divina,colocada por Deus, para que possamos paulatinamente faze-la surgir em nossas vidas como os recursos correspondestes da fé.

Essa força é inerente a todo ser humano e quando acionada faz com que ele possa mover as montanhas da angustia,do desespero,do desamor.

Jesus dizia : - "Vim para que tenhais vida e vida em abundancia".

Isso significa não só a vida material a qual já conhecemos,mas a verdadeira vida,que é espiritual, ainda tão distante de nós.

Quando conseguirmos viver o espírito na matéria,com todas as injunções, que isso agrega ,ai estaremos em sintonia com os desígnios de Deus.

A fé não pode ser imposta,ou doada,ela é conquista própria, vivencia pratica no campo da espiritualidade.

Por isso quando estivermos buscando a espiritualização, trabalhando em nosso intimo as questões que a envolve, passando pelo crivo do bom senso,do amor da razão,dentro dos padrões estabelecidos pelas leis de Deus,através de Jesus,com certeza estaremos buscando viver a vida através da fé viva.

Jesus dizia que se tivéssemos a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríamos a uma montanha que saísse de cá para lá e ela se moveria.

A semente de mostarda é a menor semente que se conhece.Isso dá para imaginar a potencia dessa “força divina” em nós

Somente quando aprendermos a superar uma situação ,um problema através da fé e das mãos no trabalho, poderemos dizer ter experenciado a fé.

Crer em Deus, na existência de que forças maiores regem nossas vidas, e de que é preciso aciona-las através da vontade e do trabalho,acreditando em nós mesmos, é vivencia-la integralmente.

Existir, resistir, construir, através da fé, é vivencia pratica no caminho de todo aprendiz.

Se você quer aprender sobre uma religião; por exemplo o Espiritismo busque nas escolas das Casas Espíritas as respostas as suas perguntas,sejam sobre os espiritos ou a reencarnação.
Lá não fazemos proselitismo mas buscamos no aprendizado da fé raciocinada,as Leis de Deus,através dos ensinamentos de Jesus .

Se você quer saber sobre religiosidade e fé, busque um coração que a demonstre exemplificando um esforço constante para melhorar-se,aprendendo amar a Deus, ao próximo e a si mesmo, superando os obstáculos do desânimo e do desamor.

A Semente de Mostarda



O rapaz abeirou-se do Mentor, mostrando-se evidentemente acanhado, e considerou em tom de pergunta:

- Instrutor, a sua bondade já nos disse, várias vezes, que os ensinamentos de Jesus, o nosso Divino Mestre, estão sempre iluminados para a compreensão do nosso entendimento... Entretanto, às vezes, esbarro com afirmativas d'Ele que me fazem pensar inutilmente, já que não lhes alcanço sentido...

- Dê-me um exemplo - solicitou o interpelado com paciência.

- Disse-nos Jesus que se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda - continuou o jovem consulente - certa montanha, por nossa ordem, transportar-se-a daqui para ali; não crê o senhor que isso é um absurdo em confronto com a realidade?

- Meu amigo - explicou-se o Mentor - Jesus, por falta de comparações e palavras adequadas, legou-nos muitas lições em forma de símbolos e parábolas... Imagino que Nosso Divino Mestre tomou a imagem da montanha, como significado a nossos hábitos e preferências. Muitos defeitos, que ainda nos caracterizam, pesam sobre nós por montes de imperfeições que precisamos remover do mal para o bem...

- Mas - continuou o aprendiz - o senhor concordará que isso é uma observação puramente filosófica; desejo que o senhor me conduza para o domínio dos fatos reais.

O instrutor meditou por alguns instantes em profundo silêncio e rematou:

- Caro amigo, se você pretende observar o poder de um agente pequenino, qual a semente de mostarda, sobre um corpo extenso de dificuldades que o desorienta ou perturba, acenda uma vela pequenina diante da escuridão.

EMMANUEL
(Da Obra “A Semente De Mostarda”, Francisco Cândido Xavier)

Grão de mostarda

Grão de mostarda
(Renovando Atitudes)
Hammed



Capítulo 19-ESE, item 1
“... Jesus lhes respondeu: É por causa da vossa incredulidade. Porque eu vô-lo digo em verdade: se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.”

Fé é sentimento instintivo que nasce com o espírito. Crença inata, impulso íntimo fundamentado na “certeza absoluta” de que o Poder Divino, em toda e qualquer situação, está sempre promovendo e ampliando nosso crescimento pessoal.

Essa convicção inabalável na “Sabedoria Divina”, que é a própria Inteligência que rege a tudo e a todos, atinge sua plenitude nas criaturas mais evoluídas. Tais valores se encontravam inicialmente em estado embriomírio e, ao longo das encarnações sucessivas, estruturaram-se entre as experiências do sentimento e do raciocínio.

Como em todas as manifestações de progresso, também esse impulso intuitivo do ser humano ligado às faixas da fé é resultado de um desenvolvimento lento e progressivo. Por exemplo, a criança não pode manifestar a habilidade de falar, sem ter atravessado as fases básicas da fonética, isto é, resmungar, balbuciar, soletrar e silabar.

Desse modo, o ser imaturo, apesar de criado com esse sentimento instintivo da fé, também
atravessa um vasto período de desenvolvimento, que não se dá por mudanças abruptas, mas por uma série de sensações e percepções, às vezes mais ou menos demoradas, conforme a vontade e a determinação do próprio espírito.

Conseqüentemente, a fé plena não é só conquista repentina que aparece quando queremos; é também trabalho desenvolvido e assimilado ao longo do tempo.

Ela pulsa em todas as criaturas vivas e agita-se nas menores criações do Universo.

Encontra-se na renovação do mineral rompido, que se restaura a si mesmo; aparece no fototropismo das plantas em crescimento; impulsiona o “relógio interno”, que incita as aves a efetuar suas migrações, quase na mesma época em todos os anos; aguça o “regresso ao lar”, ou seja, estrutura a capacidade de orientação e localização observada em certos animais domésticos.

A fé também estimula o homem selvagem a nutrir a crença na existência de um ser supremo, que eles adoram nos fenômenos e elementos da Natureza.

Entendemos, dessa forma, que a fé não equivale a uma “muleta vantajosa” que nos ajuda somente em nossas etapas difíceis, nem “providências de última hora” para alcançarmos nossos caprichos imediatistas.

Ter fé é auscultar e perceber as “verdadeiras intenções” da ação divina em nós e, acima de tudo, é o discernimento de que tudo está absolutamente certo.

Nada está errado conosco, pois o que chamamos de “imperfeição” no mundo são apenas as lições não aprendidas ou não entendidas, que precisam ser recapituladas, a fim de que possamos nos conhecer melhor, assim como as leis que regem nossa existência.

Ter fé em Deus é reconhecer que a Natureza, “Arte Divina”, garante nossa própria evolução. Mesmo quando tudo pareça ruir em nossa volta, é ainda a fé amplamente desenvolvida que nos dará a certeza de que, mesmo assim, estaremos sempre ganhando, ainda que momentaneamente não possamos decifrar o ganho com clareza e nitidez.

No Universo nada existe que não tenha sua razão de ser. Tudo aquilo que parece desastroso e negativo em nossa existência, nada mais é que a vida articulando caminhos, para que possamos chegar onde estão nossos reais anseios de progresso, felicidade e prazer.

A criatura que aprendeu a ver o encadear dos fatos de sua vida, além de cooperar e fluir com ela, percebe que aquilo que lhe parecia negativo era apenas um “caminho preparatório” para alcançar posteriormente um Bem Maior e definitivo para si mesma.

As grandes tragédias não significam castigos e punições, porém maiores possibilidades futuras para a obtenção de uma melhoria de vida íntima e, paralelamente, de plenitude existencial.

Em face dessas realidades, a fé aperfeiçoada faz com que possamos avaliar em todas as
ocorrências uma constante renovação enriquecedora.

Quando todas as árvores estão despidas, é que se inicia um novo ciclo em que elas reúnem suas forças embrionárias e instintivas da fé para novamente se vestir de folhas, flores e frutos.

Tudo na Natureza obedece a “ritmos”. São processos da vida em ação. No final de um ciclo, nossa energia declina para, logo em seguida, reunirmos mais forças para uma nova incursão renovadora.

A cada nova etapa de crescimento, talvez nos sintamos temerosos e inseguros, a exemplo de certos animais que perdem momentaneamente seus revestimentos protetores.

Depois, no entanto, nos sentiremos melhor adaptados, ao nos cobrirmos com elementos e estruturas mais eficientes, e que nos permitam prosseguir mais ajustados em nosso novo estágio evolutivo. Assim acontece com todos. Seremos atingidos por um “sereno bem-estar” quando visualizarmos antecipadamente as porvindouras oportunidades de reconforto, prosperidade e segurança que a vida nos trará após atravessarmos os “ciclos amargos” do renascimento interior.

A confiança em que tudo está justo e certo e em que não há nada a fazer, a não ser melhorar o nosso próprio modo de ver e entender as coisas, alicerça-se nas palavras de Jesus: “até os fios de cabelo da nossa cabeça estão todos contados”.
 É a convicção perfeitamente ajustada a uma compreensão ilimitada dos desígnios infalíveis e corretos da Providência Divina.

Em muitas ocasiões, somente usando os recursos interpretativos da fé, nos grandes choques e tragédias, é que podemos notar o “processo de atualização” que a vida nos oferece, porqüanto o significado de um acontecimento é captado em plenitude apenas quando “decifrado”.

É o único caminho que nos permitirá encontrar a verdadeira compreensão e entendimento dos fatos em si.

Entretanto, quando não traduzimos no decorrer dos acontecimentos nossos episódios existenciais, sentimos que nossa vida vai-se tornando inexpressiva, sem nenhum sentido, porque vamos perdendo contato com as mensagens silenciosas e sábias que a vida nos endereça.

Aqui estão algumas interpretações de fatos aparentemente negativos, quando na realidade são profundamente positivos:

— Para vencermos a doença é necessário interpretar o que o sintoma quer nos alertar sobre o que precisamos fazer ou mudar para harmonizar nosso psiquismo descontrolado.

— Sucessivos acontecimentos de “abandono” e “decepção” em nossa vida são mensagens
silenciosas alertando-nos que nosso “grau de ilusão” ultrapassou os limites permitidos.

— Perda de criaturas queridas pode ser a lição que nos vai livrar de atitudes possessivas e de apegos patológicos, tanto para quem parte como para quem fica.

— Alucinação e loucura podem nos adestrar para maiores valorizações da realidade, afastando-nos de fantasias e aparências.

— Vícios de qualquer matiz podem estabelecer nos indivíduos normas corretivas na vida interior, a fim de que aprendam a lidar e a controlar melhor suas emoções e sentimentos.

— Traição afetiva pode nos exercitar na fiscalização de nosso “grau de confiabilidade” e
“vulnerabilidade” perante os outros.

— Desprezo ou desconsideração podem ser emissões educativas, impulsionando-nos a um maior amor a nós próprios.

O ser humano de fé não é crédulo nem fanático; é antes o indivíduo que distingue os lucros e vantagens inseridos nos processos da vida.

Compreende a seqüência de fatos interconectados aprimorando-se paulatinamente para intensificar sua estabilidade e harmonia e, como conseqüência, seu engrandecimento espiritual.

Em síntese, a fé como força instintiva da alma guarda em si possibilidades transcendentes e
poderes infinitos. Ao ampliá-la, o homem se potencializa vigorosamente, fluindo e contribuindo com o próprio ritmo da vida como um todo.

O “grão de mostarda”, na comparação de Jesus Cristo, representa a minúscula semente como sendo o “impulso imanente” que começa a se formar no “princípio inteligente”, nos primeiros degraus dos reinos da Natureza.

 Ao longo dos tempos, se transmuta, desenvolvendo potencialidades inatas, e, futuramente, se transforma num ser completo e de ações poderosas.

Devemos compreender, por fim, que o “poder da fé” realmente “transporta montanhas” e que para o espírito nada é inacessível, pois, quando percebe a razão de tudo e interpreta com exatidão a sabedoria de Deus, a vida para ele não tem fronteiras.


Ao ampliarmos nossa consciência na fé, sentiremos uma inefável serenidade íntima, porque conseguimos entender perfeitamente que, no Universo, tudo está “como deve ser”; não existe atraso nem erro, somente a manutenção e a segurança do “Poder Divino” garantindo a estabilidade e o aperfeiçoamento de suas criaturas e criações.


 Lucas 12:7
Livro Renovando Atitudes. Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto.

Fé que transporta montanhas


Fé que transporta montanhas

Grupo Espírita Apóstolo Paulo
Fé que transporta montanhas
Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19)
Fé humana e fé divina- A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)
Fé cega e fé racional- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)
Fé ativa e fé passivaMeus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14 e 17)
Acima, colocamos um exemplo de como a palestra pode ser apresentada em uma lousa. A seguir, os comentários que podem ser feitos a cada item em destaque.

Fé que transporta montanhas

Este tema visa esclarecer ao público qual o verdadeiro sentido da fé e o que ela significa para as nossas vidas. Como a Doutrina Espírita compreende este sentimento e de que forma colocá-lo em prática frente às dificuldades da existência.
Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível. (Mateus, XVII: 14-19)
Explique esta passagem, onde Jesus diz que quem tiver fé do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, muito pequeno, terá capacidade para remover montanhas. Com isso, o Mestre nos faz refletir sobre quanto somos descrentes nos momentos difíceis. Que temos muita teoria, mas na hora da prova, fraquejamos. E que uma pequena dose de fé já nos faria maravilhas.
É necessário deixar claro que as montanhas que serão transportadas são um simbolismo dos nossos problemas, dificuldades. São também as nossas limitações, os nossos defeitos e imperfeições.
Jesus nos deixa claro o poder deste sentimento tão falado e tão pouco compreendido e praticado, pois ele esclarece que nada nos será impossível se soubermos usar esta poderosa força espiritual.

Fé humana e fé divina- A fé é humana ou divina, segundo a aplicação que o homem der às suas faculdades, em relação às necessidades terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 12)
No Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 19, item 12, Kardec define a fé como sendo uma força de vontade direcionada para um certo objetivo, ou seja, a vontade de querer. E esta força pode ser aplicada em dois campos distintos: o material e o espiritual, conforme o objetivo proposto.
No campo material, Kardec define a fé como humana, quando ela é usada para conseguir objetivos materiais e intelectuais, como por exemplo: a construção de uma empresa, a melhoria profissional buscando novos horizontes de atuação. Todos nós temos que ter esta fé, que é a crença em nossa própria capacidade de realizar uma tarefa material. Mas ela deve ser aliada à humildade e à racionalidade, para não se transformar em orgulho, sentimento este que nos traz ilusões sobre a nossa personalidade.
Cite ao público vários exemplos de homens que realizaram grandes tarefas para o bem da sociedade, acreditando no seu próprio potencial, em vários campos de atuação, como por exemplo: a política, as ciências, os descobrimentos e também o campo empresarial.
No campo espiritual, Kardec define a fé como divina, pois ela orienta o homem na crença em uma força superior a ele e a tudo, que direciona a sua capacidade na busca de algo além do material, na descoberta do seu lado imortal. É a religiosidade, agregando a caridade, a fraternidade e a melhoria interior.
Esta fé, aliada à fé humana, espiritualiza os objetivos desta última e direciona esta força material para a satisfação da coletividade e não mais só da individualidade.

Fé cega e fé racional- A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)
Aqui vamos definir a fé que a nossa Doutrina veio propagar, que é a Fé Racional. Aquela que conforme este trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, veio aliar a este sentimento de crença e vontade de querer, uma qualidade própria do nosso tempo, que é a razão. É ela quem dá uma base sólida a nossa crença, podendo encarar a ciência e o progresso a qualquer tempo. E que também nos ensina que não basta só crer ou ver, é também necessário compreender. Isto se aplica principalmente ao Espiritismo, onde o estudo e a prática da caridade são fundamentais para um bom desenvolvimento do trabalhador espírita. Não basta também sentir, ver, ouvir, incorporar ou falar com os espíritos, é importante compreender sua natureza, o seu ambiente, a sua ação no mundo material e no espiritual. Reafirme o que diz o E.S.E., que é necessários compreender antes de ver.
Deixe claro o perigo da fé cega, aquela que acredita sem compreender, sem questionar, pois ela é a gênese do fanatismo religioso que causou tanto mal para a humanidade, e que deve ser combatida com serenidade e racionalidade

Fé ativa e fé passivaMeus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2, 14 e 17)
Encerrando a palestra, saliente que a Fé sem obra não vale nada, mesmo a Fé Racional, pois só o conhecimento não salva ninguém. É vital aplicarmos o que estamos aprendendo e o que já sabemos, mudando o mundo em nossa volta, primeiramente o nosso interior e depois a parte externa.
Não adianta nada lermos toda a Bíblia, todas as obras da codificação, todas as obras complementares, se todo este cabedal de ensinamentos não mudar o nosso espírito para melhor, transformando em obras materiais e espirituais o que aprendermos. É o benefício que podemos fazer ao próximo, e que, com certeza, será também revertido para nós mesmos.


Copyright by Grupo Espírita Apóstolo Paulo

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ANGÚSTIA DA MELHORA


ANGÚSTIA DA MELHORA

"O DEVER É O RESUMO PRÁTICO DE TODAS AS ESPECULAÇÕES MORAIS;
É UMA BRAVURA DA ALMA QUE ENFRENTA AS ANGÚSTIAS DA LUTA."
E.S.E. CAPÍTULO 18, ÍTEM 7
Angústia é o sofrimento emocional originado por alguma indefinição interna que leva ao conflito, causando intensa aflição. Seus reflexos podem alcançar o corpo físico com dores no peito e alteração respiratória. A intensidade da reação emocional que a criatura terá, diante desse seu conflito, vai determinar a existência ou não de algum prejuízo para o equilíbrio psíquico e mental. Isso ainda dependerá do maior ou menor comprometimento da individualidade perante o tribunal da consciência, no qual está arquivado o montante de desvarios e conquistas de suas múltiplas vivências reencarnatórias.
Seguindo quase sempre uma linha predefinida, os conflitos nascem do desajuste entre aquilo que a criatura quer, aquilo que ela deve e aquilo que ela é capaz. Um descompasso entre desejo, sentimento e escolha.
O conhecimento espírita pode levar à angústia existencial face aos novos alvitres comportamentais de suas lúcidas propostas. Muitos corações convidados pelas suas atrativas idéias poderão experimentar, em graus diversos, a angústia da melhora - o sofrimento que reflete a luta entre um "eu real" e o "eu ideal".
Terminantemente, quantos se entregam ao serviço de auto-burilamento penetrarão as faixas do conflito. O efeito mais perceptível dessa batalha interior é o sentimento de indignidade. Porque ainda não logramos a habilidade do auto-amor, costumamos ser muito exigentes com nossas propostas de progresso moral, cultivando uma baixa tolerância com as imperfeições e os fracassos. Uma postura de inaceitação e cobranças intermináveis alimenta essa indignidade em direção ao perfeccionismo.
O resultado eminente desse quadro mental é o cansaço consigo, a desmotivação com suas atividades espiritualizantes induzindo o desejo de abandonar tudo, uma postura psicológica de impotência levando a criatura às famosas senhas de derrotismo: "não vou dar conta!" ou "não tem valido a pena esforçar!", "estou cansado de viver!". Todo esse quadro de desastrosa penúria cria a condição mental do desânimo - o mais cruel e sagaz dos adversários de nosso crescimento espiritual.
Querer ser melhor e não conseguir tanto quanto gostaríamos! Eis a mais comum das angústias ao longo do trajeto de aperfeiçoamento na vida.
O desânimo é o desejo de parar, contudo nosso sentimento é de querer ser alguém melhor e, para agravar, nossas atitudes, em contraste com o desejo e o sentimento, são de fuga. Desejo, sentimento e atitude em desconexão gerando um estado de pane. Os conflitos criam as tensões no mundo íntimo em razão da contraposição entre esses três fatores: o que a criatura gostaria, o que ela deve e aquilo que ela consegue.
Nesse torvelinho da vida mental, um fenômeno é responsável por intensificar a dor emocional dos candidatos ao auto-aperfeiçoamento, ou seja, a ilusão. Em muitos casos, sofremos os impactos emocionais do erro ou do desconforto com nossas imperfeições porque acreditamo-nos grandiosos demais, portadores de virtudes que ainda não alcançamos, confundindo o conhecimento espírita e a participação nas tarefas como se fossem incomparáveis saltos evolutivos. A ilusão, ou desconexão com sua realidade pessoal, agrava a tormenta da angústia de melhoramento.
Decerto não deveríamos agir como agimos em muitas ocasiões, considerando o volumoso caudal de conhecimentos e vivências espirituais que enobrecem nossos passos, contudo, quase sempre, sofremos culpa e desânimo perante nossas falhas porque imaginamo-nos valorosos em demasia para, ainda, permitir que certas condutas enodoem os novos caminhos que escolhemos.
Muito justo que nos exortemos a melhores comportamentos face ao aprendizado espiritual que bem recentemente começamos a angariar, todavia, muita exigência tem sido formulada aos adeptos do Espiritismo, sem quaisquer identidades com as necessidades individuais de sua singularidade. Mormente nascem de padrões construídos por estereótipos de conduta. Semelhante quadro pode gerar tormenta e obsessão para quem não sabe adequar sua realidade àquilo que aprende, sendo outra fonte costumeira de episódios angustiantes para a alma.
Ninguém sintetizou tão bem essa caminhada da vida interior quanto Paulo, o apóstolo dos gentios, ao mencionar: "Porquê não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço" (Romanos, 7:19). A grande batalha humana pela instauração do bem em si mesmo pode ser sintetizada nessa frase.
A saga da perfeição inclui a dolorosa luta entre aspirações e hábitos, conduzindo-nos a atitudes desconectadas dos ideais que cultivamos no campo das intenções. É o quadro psicológico que nomeamos como sendo angústia da melhora.. Todo aquele que assume a lenta e desafiante tarefa da reforma íntima, inevitavelmente, será lançado a essa vivência da alma em variados lances de intensidade. Somente acendendo a luz do autoperdão, recomeçando quantas vezes forem necessárias, na aceitação das atitudes enfermiças e impulsos infelizes é que edificaremos estimulante campanha de promoção pessoal, no aprimoramento rumo à perfeição.
Reforma também exige tempo e meditação. Por isso não devemos recear a postura de enfrentamento do mundo íntimo. Um acordo de pacificação interior deve existir entre nós e nossa velha personalidade. Ao invés de cobrança e tristeza, seria mais sensato um auto-exame para verificar o que poderíamos ter feito de melhor nas ocasiões de erro, no intuito de condicionar na mente algumas diretrizes para outras oportunidades, nas quais novamente seremos testados naquelas mesmas deficiências que não conseguimos desvencilhar. Procedamos a uma corajosa "reconstituição do mau ato" e analisa o que poderia ter feito ou deixado de fazer para não chegar aos resultados que te infelicitam. Da mesma forma, instrui-te sempre sobre a natureza de suas mazelas, a fim de melhor ajuizares sobre seu modus operandi. Se em nada te valer semelhantes apontamentos, então reflete que pior ainda será se parares e decidires por interromper o doloroso trabalho de melhoria.
Lázaro adverte-nos de forma oportuníssima sobre o dever, definindo-o como " ... uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta". Conquanto o valor do autoconhecimento, jamais poderemos descuidar do dever que nos chama, porque somente através de seu rigoroso cumprimento encontraremos as condições essenciais para consolidar os reflexos novos. Somente com novos hábitos, que serão dinamizadores de novos raciocínios e sentimentos, romperemos a pesada carapaça das enfermidades morais, acolhendo no coração um estado de plenitude que ensejará a superação da angústia e da depressão, do desânimo e do desamor a si.
Face a isso, somente uma recomendação não deve sair do foco de nossas atenções: trabalhar, trabalhar e trabalhar, sem condições e exigências - eis o buril do dever.
Na medida em que progredimos pelas trilhas do dever e do autoconhecimento adquirimos paz íntima e domínio mental, antídotos eficazes contra quaisquer adoecimentos da vida psíquica.
Enquanto se processam semelhantes ações de fortalecimento, podemos ainda contar com duas medidas profiláticas de dilatado poder em favor de nossa paz: a vigilância e a oração.
Verifiquemos que a função do vigilante é preventiva, é comunicar à sua volta que algo está sob cuidado e não à mercê das ocorrências. A função do vigilante não é atacar. Quem vigia, o faz para que algo não o surpreenda ou agrida. Vigilância no terreno da reforma íntima significa estar atento ao inimigo, aquele que pode nos causar prejuízos, nosso homem velho.
Vigiar o inimigo, no entanto, é diferente de abater o inimigo. A maneira mais pacífica de vigiar é conquistando-o, e só o conquistamos demonstrando a inviabilidade da guerra, fazendo fortes o suficiente os nossos valores para que ele se sinta impotente, incapaz de ser mais forte.
Vigilância é atenção para com as movimentações inferiores da personalidade, é o estudo sereno das estratégias do homem velho, requer muita disciplina.
Por sua vez, a oração é o movimento sagrado da mente no despertamento de forças superiores. É a busca da alma que se abre para o bem e se fortalece.
Dever, vigilância e oração - balizas seguras que nos permitem talhar o homem novo, mesmo sob a escaldar a temperatura das velhas angústias que nos acompanham há milênios.
Espírito Ermance Dufaux

terça-feira, 16 de agosto de 2011

ISTO É SER ESPÍRITA



Ser espírita não é ser nenhum religioso; é ser cristão. 
Não é ostentar uma crença; é vivenciar a fé sincera. 

Não é ter uma religião especial; é deter uma grave responsabilidade. 

Não é superar o próximo; é superar a si mesmo. 

Não é construir templos de pedra; é transformar o coração em templo eterno.


Ser espírita não é apenas aceitar a reencarnação; é compreendê-la como manifestação da Justiça Divina e caminho natural para a perfeição.
Não é só comunicar-se com os Espíritos, porque todos indistintamente se comunicam, mesmo sem o saber; é comunicar-se com os bons Espíritos para melhorar e ajudar os outros a melhorarem também.


Ser espírita não é apenas consumir as obras espíritas para obter conhecimento e cultura; é transformar os livros, suas mensagens, em lições vivas para a própria mudança.
Ser sem vivenciar é o mesmo que dizer sem fazer.


Ser espírita não é internar-se no Centro Espírita, fugindo do mundo para não ser tentado; é conviver com todas as situações lá fora, sem se alterar como espírita, como cristão.

O espírita consciente é espírita no templo, em casa, na rua, no trânsito, na fila, ao telefone, sozinho ou no meio da multidão, na alegria e na dor, na saúde e na doença.


Ser espírita não é ser diferente; é ser exactamente igual a todos, porque todos são iguais perante Deus.

Não é mostrar que é bom; é provar a si próprio que se esforça para ser bom, porque ser bom deve ser um estado normal do homem consciente.

Anormal é não ser bom.


Ser espírita não é curar ninguém; é contribuir para que alguém trabalhe a sua própria cura.

Não é tornar o doente um dependente dos supostos poderes dos outros; é ensinar-lhe a confiar nos poderes de Deus e nos seus próprios poderes que estão na sua vontade sincera e perseverante.


Ser espírita não é consolar-se em receber; é confortar-se em dar, porque pelas leis naturais da vida, “é mais bem-aventurado dar do que receber”.

Não é esperar que Deus desça até onde nós estamos; é subir ao encontro de Deus, elevando-se moralmente e esforçando-se para melhorar sempre.


ISTO É SER ESPÍRITA.

(Wanderley Pereira) 

FÉ NAS VITÓRIAS


FÉ NAS VITÓRIAS

"POIS EM VERDADE VOS DIGO, SE TIVÉSSEIS A FÉ DO
TAMANHO DE UM GRÃO DE MOSTARDA, DIRÍEIS A
ESTA MONTANHA: TRANSPORTA-TE DAÍ PARA ALI E
ELA SE TRANSPORTARIA, E NADA VOS SERIA IMPOS-
SÍVEL." E.S.E. CAPÍTULO 19, ÍTEM 1
A pensadora californiana Louise L. Hay define que as crenças são idéias, pensamentos e experiências que se tornam verdade para nós. (Você pode curar sua vida).
As crenças que cultivamos são muito importantes no processo do crescimento espiritual.
Ter a certeza de que vamos alcançar nossas metas Íntimas é tão importante quanto alcançá-las
A Reforma Íntima, assim como qualquer projeto na vida, exige otimismo e fé para alcançar seus objetivos. Só será concretizada através de uma relação de confiança conosco mesmo. É a crença de que somos capazes de livrarmos dos males que nos acompanham nas milenares experiências.
Muitos idealistas orientados pelos roteiros de melhoria espiritual, mas tomados de escassa auto-estima, sucumbem sob o peso dos "monstros da culpa e da vergonha", estabelecendo idéias de inutilidade e desistência através da ampliação dos "montes" dos obstáculos interiores. Supervalorizam suas imperfeições através de excessivo rigor consigo mesmo, instalando um "circuito mental" de inaceitação e desgosto, a um passo do desespero e do desânimo com os nobres ideais de transformação e melhoramento, gerando um clima de derrotismo e menos valia de si mesmo.
De fato, a sensação de frustração acompanhará, por muito tempo, nossos esforços de progresso em razão das opções que fizemos nos sombrios vales da ilusão e da queda. Fortes condicionamentos exprimem-se como traços marcantes da personalidade que contrariam as mais sinceras intenções de aperfeiçoamento. Isso, porém, é o preço justo que temos que pagar perante a vida pelo plantio do bem em nós mesmos.
Valorizemos aquilo que gostaríamos de ser, contudo, valorizemos também o que já conseguimos deixar de ser; aquilo que não nos convinha. Valorizemos a luz que há em nós; é com ela que resgataremos a condição de criaturas em comunhão com as Sábias Leis do Pai.
Costuma-se observar na atualidade uma "neurotização" da proposta de renovação interior. Muita impaciência e severidade têm acompanhado esse desafio, levando ao perfeccionismo por falta de entendimento do que seja realmente a reforma íntima. Quando digo a mim mesmo: "não posso mais falhar" será mais difícil o domínio interior. Precisamos aprender a ser "gente", a ser humano, a exercer o autoperdão, a admitir falhas, ciente de que podemos recomeçar sempre e sempre, quantas vezes forem necessárias, sem que isso signifique, necessariamente, hipocrisia, fraqueza ou conivência com o mal. A proposta espírita é de aperfeiçoamento e não de perfeição imediata ... O objetivo é sermos melhor e não "os melhores" ...
Essa "neurotização da virtude" gera um sistema de vida cheio de hábitos e condutas radicais e superficiais que são fronteiriços com o fanatismo; isso nos desaproxima ainda mais da autêntica mudança e nos faz preocupar mais com o que não devemos fazer, esquecendo de investir esforços e descobrir os caminhos para aquilo que devíamos estar fazendo, aquilo que queremos alcançar e ser.
Por isso a memorização e valorização das pequenas vitórias de cada dia haverão de nos trazer incentivo e discernimento na dilatação da crença da perfeição, a qual todos nos destinamos. Semelhante tarefa exigirá que utilizemos, ilimitadamente, o autoperdão na construção mental da auto-aprovação, porque, se não nos aprovamos nas faltas cometidas, caminhamos para o desamor a nós próprios atraindo o fracasso.
Não devemos fazer de nossos erros a nossa queda.
Recomeço sempre.
"Quando realmente amamos, aceitamos e aprovamos a nós mesmos exatamente como somos, tudo na vida funciona" assevera Louise L. Hay.
Fé pequenina, asseverou o Sábio Nazareno, do tamanho de um grãozinho de mostarda; isso bastará para solidificar nossa confiança no projeto de transformação que, inexoravelmente, vamos conquistar sob a égide dos pequenos êxitos de cada etapa.
Em uma guerra perde-se muitas batalhas, como é natural ocorrer. O que não se pode é desistir de vencê-la; esquivemos, portanto, da vaidade de querer vencer todas as batalhas e assumamos a posição íntima do bom combatente, aquele que sabe respeitar seus limites e jamais desistir de lutar.
Vitória sobre si, esse é o nosso bom combate, conforme destaca o inolvidável Apóstolo de Tarso. (Timóteo, 4:7)
Nunca esqueça que mais importante que a severidade da disciplina com nossas imperfeições é a alegria que devemos cultivar com nossos pequenos triunfos e nossas tenras qualidades. Alegria é fonte de motivação e bem-estar para todos os dias.
Nos momentos de decepção contigo busque o trabalho, a oração e prossiga confiante na tua luta pessoal, acreditando nas tuas pequenas vitórias. Logo mais perceberás, espontaneamente, o valor que elas possuem para tua felicidade e o quanto significam para os que te rodeiam.
Espírito Ermance Dufaux

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Melindre


Todos nós, filhos do Amantíssimo Pai, somos, por assim dizer, verdadeiras pedras preciosas necessitando ser trabalhadas pela vida para que possam fazer emergir dos seus interiores o brilho fulgurante do amor.

Encarnamos com a finalidade precípua de burilarmos a nossa alma, extirpando de nós as desvirtudes que impedem o seu resplendor, lapidando o amor, dando-lhe um sem número de faces para que possa irradiar seus raios luminescentes em todas as direções.
Neste caminhar incessante, por vezes, nos encontramos face a face com obstáculos que nos impedem de ir mais adiante.
Embaçam nossos olhos, prejudicam a nossa audição, emudecem a nossa voz, aprisionam os nossos braços, algemam as nossas mãos, entorpecem o nosso coração.
É o melindre que, sutilmente, amplexa a nossa alma tornando-a cativa do orgulho e da incompreensão.
Como densa névoa, nos impede de visualizar nossos defeitos, analisá-los e corrigi-los.
Desta forma agindo, retardamos os nossos passos, adiando, para sabe quando, o nosso doce encontro com Jesus.
Esgueirando-se traiçoeiramente por entre as nossas desvirtudes, o melindre penetra em nossos ouvidos, qual réptil venenoso a instilar a mágoa e a inimizade, transformando palavras destituídas de maldade, a nós endereçadas, em dardos penetrantes a nos ferirem, quando na realidade, o interlocutor não teve tal intenção.
Continuando sua trajetória, sutilmente, turva a nossa visão, transformando os olhares, os gestos, as atitudes naturais daqueles que nos ofertam a gentileza da sua companhia, em desrespeito desarrazoado a nossa pessoa, empanzinados que estamos pelo orgulho pertinaz.
Seguindo com sagacidade o seu roteiro, o melindre desarmoniza o nosso sentir, transformando a ausência das pessoas a nós chegadas, por razões plenamente justificáveis, em atitudes de desconsideração para conosco, refertos que estamos da vaidade pretensiosa e falaz.
Instilando incompreensão por onde passa, o melindre envenena a nossa alma, descolorindo a nossa vida, envolvendo-nos com o aroma desagradável da solidão por nós mesmos provocada, acinzentando os nossos dias, trazendo pessimismo ao nosso porvir, desencanto ao nosso coração.
Para que do melindre possamos nos libertar, basta, tão-somente, sentir a presença do Divino Peregrino do Amor ao nosso lado, fazendo-nos compreender que o ser humano só poderá nos ofertar os bens de que é realmente detentor, poupando-nos de esperar, inutilmente, que nos presenteiem com jóias que ainda não possuem.

MELINDRES - André Luiz

Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração
Dê aos outros a liberdade de pensar tanto quanto você é livre para pensar como deseja.
Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente.
Muita vez, uma opinião diversa da sua, pode ser de grande auxílio em sua experiência ou negócio, se você se dispuser a
estudá-la.
Melindres arrasam as melhores plantações de amizade.
Quem reclama agrava as dificuldades.
Não cultive ressentimentos.
Melindrar-se é um modo de perder as melhores situações.
Não se aborreça, coopere.
Quem vive de se ferir acaba na condição de espinheiro.
Espírito: ANDRÉ LUIZ
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: "Sinal Verde" - EDIÇÃO CEC

Melindre em quadrinho


DIFERENÇAS COMPORTAMENTAIS DOS TRABALHADORES


Alberto Almeida Responde

Jornal Mundo Espírita - Setembro de 1998
No "I Encontro Estadual Espírita do Interior do Paraná", realizado na cidade de Foz do Iguaçu, nos dias 24, 25 e 26 de abril do corrente ano, entre os vários trabalhos desenvolvidos pelos fiéis divulgadores da Doutrina Espírita, Raul Teixeira e Alberto Almeida, tivemos o ensejo de ouvir uma proposta do companheiro Alberto Almeida, ao discorrer sobre "Ocorrências do Cristianismo primitivo como base para construção e análise da dinâmica do Centro Espírita e, por extensão, do Movimento Espírita." Em seguida a essa exposição, tivemos um "painel de perguntas", em que muitos companheiros puderam dirimir suas dúvidas. As questões foram bastante oportunas, e, por ser de fundamental importância para o Movimento Espírita da atualidade, transcrevemos abaixo os temas abordados, no que se refere à área administrativa. Importante esclarecer aos leitores que não se trata de entrevista concedida ao Jornal, e, sim, de respostas dadas ao público presente, ao vivo. A partir da gravação, fizemos a edição para nossos leitores.

DIFERENÇAS COMPORTAMENTAIS DOS TRABALHADORES

1 – Em termos práticos, como administrar as diferenças comportamentais dos trabalhadores, de forma a oportunizar uma convivência saudável e menos sujeita a atritos e melindres, ainda tão comuns no Centro Espírita?
2 – Como trabalhar as "panelinhas" que se formam nos Centros e melindram-se demais?
Alberto Almeida: Nós compreendemos que o movimento das pessoas para se aglutinarem compondo as "panelinhas" é uma tendência própria das pessoas, pelos laços de fraternidade, de amizade, de sintonia, de identidade, e que essas panelinhas podem estar a serviço da Causa, se, em função da sua dinâmica, não há comprometimento para o conjunto.
Na medida em que essas panelinhas formam facções dentro da Casa; na medida em que nós compomos determinadas ações que estão apartadas do conjunto, não somos uma equipe de trabalho que faz parte do conjunto, seremos um grupo de companheiros que está atuando dentro do Movimento, que está exatamente rompido com a unidade da Casa. Então, esse movimento, nessa circunstância, causa um descompasso, ele é perverso para a Casa, é perverso para a "panelinha" e compromete o conjunto inteiro. Então, temos que reconhecer a diferença. Enquanto nos identificamos com alguns companheiros, formamos uma equipe de trabalho, e quando nos isolamos daquela equipe de trabalho, nós achamos que só nós fazemos o certo e que os outros fazem o errado e vice-versa, e criamos vários Centros Espíritas dentro de um só Centro Espírita.
O problema das diferenças não é que as pessoas sejam diferentes, até porque as diferenças potencializam a Casa Espírita, como todos os espaços humanos. Nós todos somos diferentes, e há um objetivo divino nisso. Veja que não há dois olhares iguais; não há duas modulações de voz iguais; não existem duas pessoas iguais, ainda que fossem clonadas, como acontece na vida intra-uterina dos gêmeos que são originários da mesma célula. Eles são aparentemente iguais, mas têm diferenças marcantes na medida em que você os avalia, tanto do ponto de vista físico, quanto do ponto de vista psicológico.
Tudo o que se reflete no ser humano, enquanto a diferença, ao invés de ser um problema, nos aponta para a solução. Quando nós sinalizamos a mão e configuramos os dedos, cada um com a sua função, com a sua performance, com a sua contextura, com seu tamanho, integrados na palma da mão, eles compõem uma harmonia, uma unidade a serviço do corpo harmônico.
O Centro Espírita não tem problemas porque tem pessoas diferentes. Ele tem problemas quando não sabe integrar essas diferenças. Um jardim bonito não o é porque tem só rosas vermelhas, mas porque tem rosas, margaridas, amores-perfeitos, orquídeas, e cada flor dessas tem os seus matizes. Isso é o que dá o sentido de harmonia.
Na Casa Espírita nós vamos ver uma pessoa vinculada à prática. É aquele trabalhador que só quer saber de fazer, fazer, fazer. Então, ele é um companheiro que pode ser aproveitado intensamente, em diversas atividades, para operacionalizar as instruções quando vão se concretizar. Ele é um companheiro que está posto ali, está disponível.
Temos um outro companheiro que gosta mais de ficar idealizando, gosta de ficar sonhando, arquitetando. Ele é um companheiro extraordinário para montar um planejamento; para fazer avaliações de mudanças de estrutura da Casa; para reavaliar a dinâmica de um grupo de trabalho.
Temos outro companheiro, na Casa Espírita, extremamente racional. Tudo ele tem que medir; tudo ele tem que codificar. Para ele tem que estar tudo no quadro, numericamente. Ele é um companheiro fantástico. Ele vai ocupar um espaço de trabalho na Casa Espírita muito bom. Ele, por certo, poderá ser um excelente diretor de finanças, fazendo as contas, a distribuição. Ele será, na Casa Espírita, a lógica funcionando.
Há um outro companheiro que é mais emocional, mais afetivo, que tem um temperamento mais ardoroso, mais sensível. É um outro companheiro que tem uma função, na Casa Espírita, fantástica. Ele, na verdade, sintoniza muito bem com o sentimento; ele combina muito bem com o afeto, com o amor; é um companheiro que tem uma habilidade imensa para quando há um conflito, quando há uma dificuldade, quando há alguma resistência. Ele vai com a sua afetividade e tem o condão de desfazer.
Qual deles é o mais importante?
Enquanto não somos homens que detemos todas essas possibilidades de seres integrais, essas diferenças, que são muito mais marcantes, fazem-nos os trabalhadores ideais para composição de uma equipe.
Imagine-se um time de futebol em que todo mundo só sabe fazer gol. Iria perder. Porque, quem iria segurar a bola; quem iria fazer a defesa? Então, nós precisamos cada um ter o seu carisma, na afirmativa de Paulo. Cada um tem a sua aptidão.
Tem aquele companheiro que é mais introspectivo, que não gosta de falar. Ele não vai desempenhar a exposição na Casa Espírita. Mas será um excelente entrevistador; ele conseguirá ser um excelente trabalhador na área mediúnica, dialogando como um médium esclarecedor.
Tem aquele companheiro que está mais afeito à dinâmica do livro; ele está lá na livraria, está na biblioteca.
E assim nós vamos juntando as diferenças e assegurando a unanimidade.
O problema é nós querermos definir que o bom mesmo na Casa Espírita são aqueles que agem! Mas, se você agir sem refletir, a situação pode degenerar noutro desvio. Então, tem que ter alguém que reflita, que analise, que pondere, mas tem que ter alguém que operacionalize as ponderações, porque senão a gente define as coisas na reunião de Diretoria, na reunião de trabalho, mas nunca faz, porque não há alguém que pegue no arado, que ponha a mão na massa.
As lideranças espíritas têm que entender que as diferenças é que fazem a diferença no ser humano, e que a liderança não tem que estar preocupada em criar estereótipos, fôrmas, onde todo mundo tem que ser igual. Ela tem que se valer das diferenças para potencializar o trabalho.
Agora, cabe à liderança estabelecer um processo de pacificação, porque dentro das diferenças há os entrechoques: aqueles que reivindicam estar com a verdade; há um temperamento mais ardoroso, mais afoito; aquele que não fala mas que se magoa...
Há que administrar o conflito para que o melindre não se estabeleça, solapando a base das relações do Centro Espírita, porque a base do Centro Espírita não é o chão, não. A base do Centro Espírita são as relações que se estabelecem.
À liderança, na Casa Espírita, cabe administrar esses conflitos de relacionamento humano, procurando, naturalmente, assumir, não uma posição de juiz: você está certo, você está errado, nem a de promotor, acusando, ou a de advogado de defesa, mas ser apenas o que Jesus propôs a Simão Pedro: "Se tu me amas, apascenta as minhas ovelhas". E apascentar não é esconder as verdades; apascentar é ser fraterno, é ser amigo; é medir as relações, aglutinando; é estabelecer um diálogo fraterno, como Raul propôs ainda há pouco, evocando uma passagem do Novo Testamento.
Às vezes há necessidade de chamar a equipe para discutir, para avaliar, e a melhor forma de trabalhar isso é o dirigente, a liderança dar o exemplo. Mas, se a liderança é a primeira a ficar magoada e deixa de ir às reuniões espíritas, como é que vai ser? A liderança tem que dar a nota maior. Ela tem que ser a pedra de toque nesse processo de harmonização, e uma das estratégias que vocês têm para administrar esses conflitos chama-se avaliação. Nós temos que planejar, organizar, delegar, executar e avaliar. Infelizmente, nós não temos o hábito de avaliar, no Centro Espírita. Todo trabalho tem que estar sendo avaliado. E o pior é que a gente acha que avaliar é malhar o outro. Parece que avaliar é colocar o outro no paredão e sair bombardeando. Assim também não é avaliar. Avaliar é buscar aquilo que está ótimo e que precisa ficar; aquilo que não está bem e que precisa ser refeito, e aquilo que está tão ruim que precisa ser erradicado. É esse o processo de avaliação, que é do trabalho, que é efetivo com todos os trabalhadores num clima familiar, e de uma forma sistemática e não só lá uma vez por ano, quando o grupo já está em crise e se acabando. Se nós criarmos um sistema de avaliação sistemática, nós vamos excomungar esse tipo de ameaça que é trabalhar os conflitos, porque a gente não trabalha os conflitos de medo que haja ruptura: então a gente fica sempre escondendo, e o problema que você não trabalha está sendo gestado, vai ganhando forças. Ele não é comentado, mas está ali, implícito, às vezes determinando o movimento da Casa Espírita, e determinando de uma forma negativa. É melhor Abordá-lo na avaliação regular, onde vamos colocando e vamos aprendendo a trabalhar as nossas diferenças.
Tudo isso, se tivermos amor. Se não tivermos amor, vamos ficar como um grupo de profissionais, se aturando. Mas, se tivermos amor, a gente cede aqui, cede ali... ou a gente diz o que tem que dizer, de uma forma amorosa, de uma forma fraterna e nós vamos ganhando em profundidade. A cada conflito superado, nós nos tornamos mais maduros e a Casa Espírita se torna mais sólida.
O problema das diferenças não é que as pessoas sejam diferentes, até porque as diferenças potencializam a Casa Espírita,
Há que administrar o conflito para que o melindre não se estabeleça, solapando a base das relações do Centro Espírita
(Do jornal Universo Espírita – Nº 26 – 1º agosto de 1998).
(Jornal Mundo Espírita de Setembro de 98)