sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Reforma Íntima Sem sofrimento - Espírito Imortal


Morel Felipe Wilkon

Você acha importante a reforma íntima? Compreende mais ou menos o que ela exige de você? Sim, há algumas exigências que você deve observar. Mas isso não quer dizer que você terá que mudar tudo, começar tudo de novo. Afinal, estamos falando de reforma, não de construção. Não se trata de começar do zero, mas de aproveitar a base construída por você através de inúmeras reencarnações. Sobre esta base são efetuados alguns ajustes. Saem algumas partes, outras são acrescentadas.

Talvez nada seja tão imprescindível para a reforma íntima quanto o gosto de aprender, a aceitação de que somos aprendizes, que estamos aqui para aprender e que o aprendizado se oferece para nós todos os dias. Basta aceitá-lo, observá-lo e apreendê-lo. É preciso ter coragem para mudar conceitos, para se dar conta de que algumas opiniões que juntamos pelo caminho simplesmente não têm mais serventia, e devem ser abandonadas.

Dessa disposição para aprender surge a descoberta de que o principal foco de aprendizado é você mesmo. Você deve se conhecer. Você deve conhecer a si mesmo mais do que a qualquer coisa. Você é um universo a ser explorado. Suas emoções e sentimentos oferecem um riquíssimo e fascinante campo de pesquisa. Também aqui é preciso ser corajoso. Corajoso para enfrentar os aspectos mais sombrios de si mesmo. Enfrentar por meio de uma fria e detida observação, análise e avaliação. Mas sem julgamento, sem condenação.

Se você conseguir conhecer e compreender melhor a si mesmo, provavelmente mudará uma série de hábitos. Sem muito esforço, sem sofrimento. Pois você irá notar que muitos de seus costumes e pontos de vista atuais não são verdadeiramente seus. Foram adotados por você em algum momento; ou por desconhecimento de algo melhor, ou por imitação de alguém que você admirava, ou como exigência da sociedade. Você automatizou um monte de comportamentos que não têm nada a ver com você, com o que você realmente quer, com o que você realmente acredita.

Você não se tornará um modelo de perfeição se conseguir realizar isso. Vai continuar sendo humano. Com algum esforço, ficará dez por cento melhor do que é hoje. Você acha pouco? Esses dez por cento são suficientes pra fazer a diferença. Num concurso público, a diferença entre um classificado e um desclassificado é muito, muito menor que isso. E essa diferença decide uma carreira e tudo o que ela acarreta.

Você não irá se livrar dos erros que já cometeu e provavelmente cometerá outros erros. Perdoe-se . Você precisa se perdoar pelos erros cometidos. Isso lhe dará mais coragem e humildade para lidar com os erros que ainda estão por vir. Aceite-se, ame-se. Permita-se começar de novo.

A maneira mais eficaz de evitar erros e promover acertos é estar sempre ligado, sempre comprometido consigo mesmo. Sempre alerta, vigiando, controlando e orientando seus pensamentos.  Você lembra que tudo começa pelo pensamento? Sei que não preciso dizer, mas é bom reforçar. Tudo o que existe nasceu de um pensamento. Tudo. Todos os ideais, toda a tecnologia, todo o progresso material, tudo é pensamento colocado em prática.

Tenha bons pensamentos, reeduque sua mente, ensine sua mente a pensar. Adquira o hábito de orar. Com ou sem palavras. É a maneira que temos de nos conectarmos com o que há de mais elevado. Não é preciso dizer, também, que só oração não basta; é preciso trabalho, muito trabalho. Fazer de cada dia um dia produtivo; de cada hora uma hora útil. Se for útil a mais alguém além de você, melhor ainda.

Um cuidado que devemos ter é não querer que todos mudem conosco, que todos sigam nosso exemplo. Você sabe, cada um tem o seu tempo. Por isso é necessário ser tolerante. E gostar de si mesmo. Acho que nada é mais urgente do que amar a si mesmo. Aceitar que erramos, que nossa trajetória contém erros e acertos. Valorize sua história. Respeite sua história evolutiva. Mesmo seus maiores erros pareceram a melhor alternativa, quando você os cometeu.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Relações Humanas


Relações Humanas

Devido ao seu orgulho e egoísmo, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio. Infelizmente, o orgulho e o egoísmo são as chagas da humanidade. São eles que dificultam a evolução, pois os sentidos ficam vendados para o processo de autocrítica. O orgulhoso não consegue perceber suas falhas. Ele sempre espera que seja compreendido o tempo todo, e não aceita ser contrariado. Entende o pedido de desculpa como uma situação de inferioridade. E na verdade, está sempre temendo perder algo que conquistou. Teme a humilhação porque se sente desprotegido de Deus ou não compreende Seus desígnios.
 
Para evoluir é preciso autocrítica e aceitação das críticas alheias. Se perceber orgulhoso: seu desejo de estar sempre em posição superior. Entender que fazemos parte de um todo e que só conseguirá atingir a felicidade estando em harmonia com as partes. Sendo necessário respeitar cada individualidade e laborar para o bem estar geral. Praticando a lei do amor.
Cada pessoa aprendeu com a vida de uma forma diferente. Estar aberto a novas experiências é bastante sábio. São as experiências que nos fazem evoluir. E fechar-se para não sofrer é padecer a alma. É estacionar o espírito.Acreditar que Deus sempre coloca pessoas com personalidades duras próximo a nós, para que elas tenham um novo referencial de aprendizado e se tornem melhores. E nós, através do difícil teste, nos aperfeiçoemos no serviço do Amor.
  Ser aquele que pede desculpas quando erra, é o primeiro estágio para acabar com o orgulho. E ser tolerante para acabar com o egoísmo. A prática da tolerância nos leva ao perdão. O perdão conduz a harmonia. A harmonia nos une. A união nos faz felizes.
Vitorioso é aquele que consegue acatar os desígnios de Deus que o colocou ao lado de determinada pessoa que julgava insuportável e superou. Aquele que entende que dialogar é falar e ouvir. Ouvindo se aprende, falando se dignifica. Passa a ouvir mais e falar só o que edifica. É indulgente com os erros alheios. Benevolente com os necessitados. Pratica a reforma íntima em base cristã para melhor se adaptar ao meio social. Anula suas tendências impuras através de uma nova filosofia: a caridade – “dar sem esperar receber nada em troca”. Entende as relações humanas como uma etapa de sua escalada espiritual. Um aprimoramento para unir-se a Deus.

Por Marta Leitão, reforma íntima para o crescimento e bem estar do ser.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Culpa



Quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações,
impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma.
E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio.
À feição do imã, que possui campo magnético específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de si mesma.
É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza invisível nos domínios da afinidade.
Operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência.
Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio desgosto,
ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, inicialmente alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros.
É que os reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de imediato, as indisposições alheias, carregando para a acústica de nossa alma todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero que vagueiam na atmosfera psíquica em que respiramos, metamorfoseandos-nos em autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou escândalo, nos quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações
de nossas próprias culpas.
É nesse estado negativo que, martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica.
A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região
do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso
de que sejamos portadores.
Toda deserção do dever a cumprir traz consigo o arrependimento
que, alentado no espírito, se faz acompanhar de resultantes
atrozes, exigindo por vezes, demoradas existências de
reaprendizado e restauração.
Cair em culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se não desejamos o ingresso inquietante na escola
das longas reparações.
É por essa razão que Jesus, não apenas como Mestre Divino mas também como Sábio Médico, nos aconselhou a reconciliação com os nossos adversários, enquanto nos achamos a caminho com eles, ensinado-nos a encontrar a verdadeira felicidade sobre o alicerce
do amor puro e do perdão sem limites.

Emmanuel
in: Pensamento e Vida

Culpa e Responsabilidade




Alírio de Cerqueira Filho
 A culpa que sentimos é resultado de séculos de condicionamento dentro do pensamento judaico-cristão, aliás uma distorção do pensamento cristão, que intrinsecamente, não estabelecia a culpa e a punição como posteriormente acabou acontecendo. Por esse pensamento tudo o que fazemos e que não está dentro dos padrões rígidos dessa pseudomoral instituída é um pecado e deve ser punido violentamente. Durante séculos esse pensamento oriundo do judaísmo; do olho por olho, dente por dente, manipulado e distorcido pelas doutrinas "cristãs" por interesse próprio vem imperando dentro da cultura ocidental. Eu digo distorcido, pois se observarmos os Evangelhos, o Cristo jamais se referiu ao erro dessa forma como as várias religiões cristãs durante séculos pregaram, a do pecado e da punição por ele. Basta analisar as passagens na qual ele se refere a mulher adúltera, quando ele disse que atirasse a primeira pedra aquele que não tinha pecados, o momento de encontro com a mulher hemorroísa, a sua postura com Maria de Magdala e perceberemos que ele via o erro de uma maneira natural, fazendo parte das experiências de evolução do ser humano..
Mas infelizmente as suas palavras foram distorcidas e durante séculos este pensamento deturpado tem imperado, como ainda hoje, na cultura ocidental a ponto do mesmo ainda estar imerso no inconsciente coletivo da nossa cultura. Isso faz com que a culpa esteja impregnada em nós mesmos.
Analisemos as razões para isso, à luz da psicologia transpessoal. Esta ciência tem estudado inúmeras questões que tem atormentado o ser humano durante séculos as quais não se encontram explicações dentro da ciência materialista/reducionista. A explicação mais plausível para a culpa que muitas pessoas trazem e que são inexplicáveis no momento atual, pois estas não fizeram nada que justifique ou explique estas culpas é que elas cometeram estas ações pelas quais sentem culpa em seu passado espiritual. Pelos estudos que tem sido feito pelos pesquisadores no mundo inteiro a reencarnação é um fato. Isso explicaria estas culpas imensas que muitas vezes as pessoas sentem, sem razão aparente. Isso acontece devido a séculos passando por experiências, nas quais vivenciamos muito intensamente, este paradigma judáico-cristão distorcido. Por isso a culpa ainda persegue muita gente, mesmo quando temos tudo, teoricamente, para nos libertar dela.
O que fazer para se libertar da culpa? Só existe um caminho para libertar a nossa consciência; assumindo a responsabilidade pela nossa vida. É necessário refletir que o erro faz parte da evolução natural de todas as pessoas. Quando cometemos um erro, analisando-se aqui o erro, como sendo algo que contraria a lei de amor, isto é, uma atitude de desamor ou pseudo-amor, por nós mesmos ou a outras pessoas, a natureza, o cosmos. Muitas vezes dentro do paradigma judáico-cristão distorcido, muitas coisas que são tidas como erros ou pecados, não o são, dentro da lei de amor. Então quando cometemos um erro, estamos assumindo uma postura egóica. Esta atitude errada pode acontecer por ignorância ou por desprezo ao que é correto, que está dentro dos princípios da lei de amor. Toda atitude equivocada tem a sua conseqüência.
Torna-se fundamental para a libertação da culpa, que é uma atitude inconseqüente, pois não corrigimos com ela o erro cometido, assumir a responsabilidade pelo erro e buscar reparar as suas conseqüências. Com isso estaremos aprendendo com o erro e isso faz com que evoluamos, diferentemente da culpa e da punição que lhe é conseqüente, na qual a pessoa simplesmente se pune pelo erro e se acha uma vítima por tê-lo cometido, sem assumir o aprendizado dele decorrente.
Resumindo, todas as vezes que sentirmos culpa por algo que tenhamos feito ou que simplesmente nos achemos culpados mesmo que não haja uma razão aparente, é necessário refletir fazendo a nós mesmos estas perguntas: o que posso tirar de aprendizado desta experiência? como posso agir para reparar as conseqüências dos meus atos? Com isso estaremos assumindo a responsabilidade pela nossa vida e conquistando a nossa felicidade.
Outro efeito importante da meditação é a paz interior, um refúgio onde você pode escapar da turbulência do seu dia-a-dia. O hábito de meditar diariamente vai lhe ajudar a desligar-se do estresse e trará calma e energia para você enfrentar melhor os desafios que têm em sua vida.

 Alírio de Cerqueira Filho (Cuiabá-MT)
acerqueira@plenitude.com.br
É médico, biólogo com ênfase em ecologia, pós-graduado em psiquiatria, psicologia e psicoterapia transpessoal e medicina homeopática. Com formação em Terapia Regressiva a Vivências Passadas, bem como Master practitioner na Arte de Programação Neurolingüística. Como expositor espírita, realiza palestras e seminários por todo o Brasil e o Exterior. Possui larga experiência no trabalho com o psiquismo humano, tanto como psicoterapeuta quanto como educador transpessoal.Experiência adquirida em 16 anos de prática clínica e nos inúmeros cursos, workshops e palestras que tem realizado ao longo de sua carreira. Participa do movimento espírita há 26 anos, tendo já exercido vários cargos na diretoria executiva da FEEMT – Federação Espírita Estado do Mato Grosso. Atualmente é coordenador de assuntos da família da FEEMT.

Diante da culpa



por Carlos Geovane Steigleder  |  carlossteigleder@ig.com.br
 


 
“Mesmo se a culpa de infama,
Abraça o bem por crisol.
Embora algemado à lama
O lírio perfuma o sol .”
Virgílio Brandão

Nas vivências diárias, em razão da imprudência que ainda nos caracteriza a imaturidade psicológica, é muito comum termos algum pensamento menos feliz, dizermos desavisadamente algo que fira ou melindre a outrem, sermos indelicados no trato com o semelhante, gerenciar mal os relacionamentos, extravasar as paixões, manifestar comportamentos indevidos...
Na maioria das vezes, ato contínuo ao erro ou gravame em que incorremos, damo-nos conta de que não procedemos adequadamente, instalando-se em nosso íntimo um sentimento desagradável, que nos constrange frente ao sucedido, gerando grande inquietude. Este sentimento é a culpa.
Variando em número e grau, o sentimento de culpa pode resultar em pequenos conflitos ou em grandes dramas, muitas vezes transcendendo os limites de espaço e tempo da vida atual, com raízes que se aprofundam em numerosas existências passadas e que se projetam na direção das existências futuras.
Podemos, a rigor, classificar o sentimento de culpa em dois tipos: o primeiro seria decorrente de uma ação intempestiva, na qual não havia a intenção de causar nenhum prejuízo, embora implicando em dano para alguém. É, por exemplo, quando falamos algo no calor de uma conversa que acaba magoando o interlocutor, as vezes uma pessoa muito querida para nós. O segundo tipo, por sua vez, resultaria de uma ação planejada, na qual fica claro o propósito de prejudicar alguém. São os ódios materializados, as vinganças levadas à cabo, as agressões... No primeiro tipo o sentimento de culpa surge quase que de imediato ao fato sucedido, enquanto que no segundo é frequentemente muito tardio.
Independente da gravidade da ação equivocada, quando o sentimento de culpa se manifesta traz consigo uma sensação estranha, difícil de explicar, da qual queremos nos livrar do modo mais rápido possível. Aí é que mora o perigo, pois na ânsia de nos livrarmos da culpa acabamos nos tornando reféns dos chamados mecanismos de defesa do ego.
Alguns passam a projetar a sua culpa entre aqueles com quem dividem a intimidade; outros a reprimem, não querendo admiti-la; inúmeros a racionalizam, na tentativa de justificá-la, mesmo que com motivos desarrazoados; muitos, ainda, se escoram na negativa, fingindo para si mesmos que não há nada de errado, que tudo está bem...
Semelhantes atitudes são alternativas falsas, pois buscam camuflar ou escapar ao problema sem, entretanto, resolvê-lo. O sentimento de culpa segue presente...
Diante de algum erro e do sentimento de culpa que o acompanha, Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, explica que “arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências ”.
Depreende-se, desta explicação, que a libertação do sentimento de culpa só se efetivará se atendidos os seguintes pré-requisitos: reconhecer o erro e arrepender-se; encarar o erro de frente e suportar as suas inevitáveis consequências; buscar repará-lo de alguma maneira. Arrependimento, expiação e reparação...
A quadrinha que encabeça esta reflexão, psicografada pelo médium Waldo Vieira, assinada pelo Espírito Virgílio Brandão, poeta cearense que viveu entre 1885 e 1943, sugere apropriadamente qual deve ser a nossa posição ante à culpa. Em harmonia com a proposta kardeciana, ela propõe que, sem desconsiderar nem supervalorizar a culpa, nos fixemos nas tarefas do bem, caminho seguro e certo para a reparação, lembrando-nos que do meio da lama é capaz de surgir o lírio, exalando o seu peculiar perfume.
O mal, portanto, se apaga com o bem...
Na imagem poética, a lama representa os nossos erros e culpas; o lírio, a nós mesmos; e o sol, a Divindade...
Em nossa romagem da Terra para o Céu, sempre em busca de Deus e de nós mesmos, é preciso desabrocharmos, isto é, desenvolvermo-nos plenamente, qual o lírio belo e perfumado, libertando-nos em definitivo dos erros, enganos, ilusões, culpas...

Consciência de Culpa




A consciência de culpa atinge o mundo íntimo da criatura, na qualidade de um autêntico flagelo.
A partir do momento em que se instala, desequilibra as emoções e pode levar à loucura.
A consciência pesada evidencia uma certa imaturidade psicológica, pois denota que a pessoa agiu em descompasso com seus valores ou ideais, ou o fez sem refletir, em um rompante.
O indivíduo por vezes se permite comportamentos incorretos, que lhe agradam às sensações, para posteriormente se auto-punir, entregando-se a arrependimento estéril.
A ciência dos erros passados pune com rudeza o infrator, perante si próprio, mas não o corrige para o futuro.
O cumprimento de uma penitência, embora constitua evento doloroso, nada repara e por isso não traz a plenitude psicológica curativa promovida pelas ações positivas.
O que foi feito não mais pode ser impedido ou evitado.
Disparada uma flecha, ela segue seu rumo.
Se uma ação foi ruim, o importante é reparar os danos que causou.
Todo homem que se considera fraco, não desenvolvendo esforços para fortalecer-se, torna-se de fato débil de forças.
É um sinal de covardia e infantilidade justificar um erro com auto-flagelação, sem sanar as conseqüências, tornando a ele na primeira oportunidade, sob a alegação de fraqueza.
É nobre assumir o próprio equívoco, meditar serenamente sobre ele, arcar de forma corajosa com seus efeitos e repará-los do modo mais perfeito possível.
O difícil processo de reverter os resultados de um ato indigno tende a ser eficiente antídoto para novas experiências.
Tome-se o exemplo de uma mulher que voluntariamente faz um aborto.
Sua consciência pesa e ela pode desenvolver neuroses variadas, mantendo a mente focada no agir equivocado, a essa altura irremediável.
Mas essa mulher também pode, de modo muito mais proveitoso, dedicar as horas de seu tempo dispensando amor e cuidados a crianças órfãs.
Ela teve a desdita de rejeitar o filho que Deus, em sua infinita sabedoria, lhe confiou, mas nada a impede de adotar, por filhos do coração, os pequenos desamparados do mundo.
O tempo aplicado nessa tarefa é infinitamente mais útil do que se for perdido em lamentações.
Além de desempenhar, de certa forma, a missão materna que lhe estava destinada, o contato com a infância desvalida pode sensibilizá-la para as inefáveis bênçãos da maternidade.
Tudo isso tem o condão de funcionar como medida preventiva de novos desatinos.
Por outro lado, o remorso inativo e estéril, ao desequilibrar a personalidade abre as portas para os mais diversos equívocos, dos quais nada de bom resulta.
A partir do momento em que se elege como meta uma vida de paz, com a consciência tranqüila, há um preço a ser pago: a perseverança no dever.
Dignidade, harmonia, equilíbrio entre consciência e conduta não ocorrem ao acaso e nem se podem improvisar.
Tais virtudes devem ser conquistadas no dia-a-dia, mediante seu perseverante exercício.
Mas, em face de dificuldades para agir corretamente, por uma atitude viciosa encontrar-se muito arraigada, há sempre um derradeiro recurso: a oração.
*
Deus dispõe de infinito manancial de paz, sempre à disposição de suas criaturas, desde que estas o busquem com sinceridade e fervor.
O homem manifestando a firme intenção de resistir ao mal, a divindade por certo o fortalecerá no bem, pois foi o próprio Cristo quem afirmou: "pedi e obtereis".
Equipe de Redação do Momento Espírita. Texto baseado no capítulo IX do livro Momentos de Saúde, do Espírito Joanna de Ângelis, mediante a psicografia de Divaldo Pereira Franco..

Fugas pela Culpa


 
Comumente ouve-se justificativa para alguém escusar-se ao serviço de socorro ao próximo, como, por exemplo, a alegação de que não é perfeito e, portanto, não possui as condições exigíveis para o exercício das ações de enobrecimento.



Muitos indivíduos alegam que carregam muitas culpas conscientes quanto inconscientes de gravames que foram perpetrados e que os atiraram no poço da amargura, tomando-os indignos de realizações elevadas.



Seria de indagar-se, quais as qualidades exigíveis para a prática do amor nas suas múltiplas expressões sob a inspiração do anjo da caridade?

Oferecer-se um copo com água fria ao sedento, doar-se uma côdea de pão ao esfaimado, um vaso de leite ao enfermo, modesta moeda ao necessitado, um gesto de compaixão, uma palavra gentil, um aperto de mão, são tão espontâneos fenômenos humanos, que não exigem elevados sentimentos morais, bastando somente o desejar-se auxiliar...

São tantas as formas de exteriorizar gentileza e bondade, que não se toma indispensável uma situação espiritual superior para apresentá-las.

Através da ação fraterna e natural adquirem-se os títulos de enobrecimento moral, superando-se as tendências perniciosas que escravizam o indivíduo, mantendo-o nas paixões dissolventes, e que passam a diluir-se, quando ocorrem os atos de amor, cedendo os espaços mórbidos à beneficência.

Certamente, a culpa é algoz impiedoso que se esculpe na consciência e, à semelhança do ácido corroi as vibras emocionais da sua vítima, enquanto é conservada.

Por essa razão, deve ser racionalizada de maneira tranquila e diluída mediante as aplicações dos valiosos dissolventes do amor em forma de edificação de outras vidas.

Quando alguém se escusa a ajudar, não está sendo impedido pela culpa, mas pelo egoísmo, esse genitor insensível da indiferença pelo sofrimento dos outros, distanciando-se, na desdita em que se compraz, dos recursos eficientes para a aquisição da paz interior.

Todos os seres humanos, de uma ou de outra forma, carregam algumas culpas, inclusive aquelas que lhes foram impostas pelas tradições religiosas absurdas, que se compraziam em condenar ao invés de orientar a maneira eficiente de libertação dos equívocos em que se tombava.

Dessa forma, existem marcas psicológicas ancestrais que afligem, mas podem ser anuladas mediante o conhecimento da realidade e dos legítimos valores morais que são as regras de bem viver, exaradas no Evangelho de Jesus, e sintetizadas no Seu conceito sublime, que é não desejar nem fazer a outrem o que não se gostaria que lhe fosse feito.

* * *

A aceitação honesta do fenômeno culpa pela consciência constitui excelente aquisição emocional para o trabalho de diluição dos fatores que a geraram.

Uma análise sincera do acontecimento produz compreensão em torno da ocorrência do fato infeliz, levando-se em consideração as circunstâncias do momento, o estado emocional em que se encontrava o indivíduo, a sombra predominante...

O erro é sempre resultado do nível de responsabilidade imposta pela consciência. Quando se trata de algo planejado com objetivos perniciosos, certamente os danos produzidos são muito mais graves, transformando-se em conflito psicológico de ação demorada. No entanto, quando outros fatores imprevistos desencadeiam a atitude maléfica, é compreensível que a responsabilidade se apresente menor.

Em face disso, afirmou o Mestre de Nazaré: Mais se pedirá àquele que mais recebeu, estabelecendo que o conhecimento é fator predominante em relação à responsabilidade dos atos humanos.

A questão da culpa é tão relevante que, analisando o drama da mulher surpreendida em adultério, Jesus exarou o surpreendente conceito: ... E aquele que estiver sem culpa, que lhe atire a primeira pedra.

É compreensível que, seja qual for a forma como se deu a instalação da culpa, é sempre resultado da longa aprendizagem a que o Espírito se encontra submetido no compromisso da autoiluminação, transformando ignorância em conhecimento, instinto em discernimento lógico e em razão, primarismo em sabedoria...

Já constitui um passo significativo a sua identificação, que significa o começo da sua superação.

Nenhum recurso mais eficiente para a sua eliminação do que todo o bem que se pode fazer, porquanto, o auxílio ao próximo, à comunidade, a contribuição ao bem estar geral, proporcionam recuperação do equívoco de maneira judiciosa e edificante, resultando em fator de progresso geral. Isto porque, sempre que alguém cai, que se compromete, a sociedade com ele tomba, sendo natural que, ao elevar-se alguém, com ele a sociedade se erga.

O auxílio fraternal, portanto, é valioso contributo psicoterapêutico para a libertação de quaisquer transtornos emocionais, ao tempo em que constitui eficiente método pedagógico para a aquisição da harmonia interna com a consequente aprendizagem em torno dos objetivos relevantes da vida.

Sacrifica, pois, a comodidade disfarçada de conflito de culpa ou equivalente, e faze a tua parte no concerto terrestre, modificando as estruturas atuais do comportamento social e criando novas condições para o progresso geral.

A felicidade somente se instalará na Terra quando as criaturas humanas compreenderem que o auxílio recíproco é recurso precioso para o equilíbrio entre todos.

Enquanto houver segregação, discriminação, miséria de uns e excesso de outros, exorbitância de poder ou de fortuna em poucas mãos com a escassez na multidão, o sofrimento permanecerá como látego sobre o seu dorso, até o despertamento consciente e a mudança inevitável de conduta.

* * *

Aquele que dispõe dos recursos superiores da existência como saúde, beleza, fortuna, lar feliz, inteligência e conhecimento, não havendo feito o uso dignificante, retorna ao proscênio terrestre, em situação de carência, a fim de aprender aplicação de valores e solidariedade.

Nunca desconsideres o poder dos pequenos gestos de bondade e de amor que fazem muita falta entre os seres humanos.

Por mais insignificantes que pareçam, constituem notas musicais da grande sinfonia da vida vibrando no universo.

Toma parte na extraordinária orquestra do bem, contribuindo com o que possuas.



Joanna de Ângelis

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 29 de maio de 2009, no G19, em Zurique, Suíça. Em 11.09.2009.

Duas Culpas


As duas Culpas
A culpa é a marca registrada de nosso planeta Terra. A grande maioria dos reencarnados sofre nas matrizes conscienciais deste sentimento que tem sua origem em nosso passado através dos atos errôneos que cometemos.
Quando aplicamos a excelente técnica de captação psíquica podemos constatar a origem de nossos problemas atuais. Onde erramos, o que éramos, o que fazíamos etc. São informações valiosíssimas para a criatura buscar alternativas positivas para sua vida atual e ressignificar muitas coisas.
Mas a culpa pode ter dois comportamentos distintos conforme a história evangélica nos mostrou.
Primeiro vemos a fraqueza de Pedro o qual Jesus disse que antes que o galo cantasse 2 vezes ele o negaria por tres vezes. Claro que Pedro rejeitou esta colocação do Mestre, mas quando esteve só na noite da prisão injusta de Jesus na casa de Caifás, ao ser interpelado se conhecia Jesus, Pedro negou  tres vezes. E foram trez vezes perguntado se conhecia Jesus e as respostas se repetiram sempre negativamente.
E temos em Judas entregando o Mestre aos algozes para o prenderem.
Os dois apóstolos se comportam de forma distinta. Pedro sente-se culpado, chora e fica por alguns dias isolado sem rumo e num mar de sofrimentos por ter cedido às suas fraquezas. Mas Pedro se redime de sua culpa transformando-se num soldado do Mestre pelo resto de sua vida, dando testemunhos verdadeiros de sua renovada coragem. Era um homem novo que renascia das cinzas de sua culpa. Por último deu sua própria vida por Jesus que negara por tres vezes. O comportamento de Pedro pode-se caracterizar como arrependimento. Ao invés de o paralizar o levou a lutar com todas as suas forças pelo seu ideal da boa nova.
Judas ao contrário, sentindo-se culpado pela tragédia, entregou-se ao suicídio infamante que lhe custou várias reencarnações de provas e expiações. O comportamento de Judas pode-se caracterizar pelo remorso e isto o paralizou na sua própria vida.
São dois comportamentos oriundos da mesma base comportamental, mas que podem variar no seu efeito na existência da criatura humana.
Nós aqui na Terra temos pessoas paralizadas pelo remorso e arrependidos que procuram sair do abismo de seus erros através de suas lutas.
Quando vemos espíritas acomodados ou extremamente apegados a formas estreitas de ver a doutrina dos espíritos, podemos fazer um paralelo entre Judas e Pedro. São pessoas com nobres intenções, mas que preferem o suicídio de Judas ao ânimo de Pedro.
Lembremos ainda que o medo também tem relação com o remorso pois paralisa a pessoa. Jesus condenou a paralisia ao contar a parábola dos talentos.
E nós devemos pensar melhor em nossos comportamentos. Vamos melhorar nossa visão da vida e consequentemente da própria doutrina espírita.
Abraço

Paulo Beduschi

Culpa, arrependimento e Reparação.

http://pt.scribd.com/doc/6617710/Culpa-Arrependimento-e-Reparacao

Auto-perdão, Felicidade sem Culpas - Nazareno - Palestra

http://www.youtube.com/watch?v=Lj-kA823ZN8

Culpas e desculpas

Culpas e desculpas
 
Você já refletiu sobre o que representa a culpa em nossas vidas?
Não há dúvida de que o sentimento de culpa é um dos grandes responsáveis por nossa infelicidade.
Quando fazemos algo que nos causa um desconforto íntimo pertinaz, é bem provável que seja a culpa se instalando.
Mas o que fazer para que esse sentimento não se aloje em nossa intimidade e nos traga fortes dissabores?
Parece lógico que a melhor atitude é a que elimina, em definitivo, esse desconforto de nossa alma.
E que atitude poderia ser mais eficaz do que um sincero pedido de desculpas?
Todavia, pedir desculpas significa admitir que nos equivocamos, e isso mexe diretamente com nosso orgulho.
O que geralmente fazemos, então?
Ficamos remoendo o desconforto e buscamos alguém a quem culpar pela atitude que nossa consciência desaprova.
Não seria mais coerente pedir perdão?
Logicamente seria, mas o orgulho muitas vezes nos impede.
O que fazemos, então?
Preferimos nos punir de outra maneira. E geralmente optamos pelas enfermidades...
A consciência nos acusa, mas em vez de resolver a questão com a humildade de um aprendiz, preferimos a autopunição velada.
Em vez de pedir perdão, optamos pelo sofrimento. Em vez de aliviar a alma admitindo que somos frágeis e nos equivocamos, preferimos nos esconder sob a máscara de uma perfeição da qual ainda estamos distantes.
Por não admitir as nossas próprias fraquezas, também não as admitimos nos outros, e agimos com um rigor desmedido, infelicitando-nos e infelicitando os que conosco convivem.
Mais sensato seria reconhecer que somos aprendizes da vida, e que todo aprendiz tem o direito de errar, mas tem também o dever de corrigir o passo e seguir em frente.
Como aprendizes da vida, não estamos isentos do erro, da queda, das fragilidades que caracterizam a nossa condição de alunos imperfeitos.
Assim sendo, vale a pena agir como quem deseja crescer, aprender, ser feliz. E para isso é preciso saber pedir perdão, saber perdoar, saber tolerar...
Só não admite erros a pessoa que se julga infalível, perfeita, acima do bem e do mal. E essa, certamente é uma pessoa infeliz.
Se quisermos aprender a ser mais leves e menos presunçosos, observemos as crianças. Elas não têm vergonha de pedir desculpas, não guardam mágoa nem rancor.
Quando se machucam, elas choram... Pedem socorro, reconhecem sua fragilidade...
Se não conseguem alcançar algo, pedem ajuda. Para entender as coisas, perguntam várias vezes.
Quando sentem medo, admitem. Pulam no colo mais próximo ou se enroscam no pescoço do amigo ou irmão mais velho.
Isso se chama humildade, isso se chama pureza. Isso se chama sabedoria.
É por isso que as crianças aprendem. Elas não têm vergonha de ser aprendizes da vida.

                                               *  *  *

O sentimento de culpa é um detrito moral que fustiga a alma. A pessoa que carrega esse fardo, sofre e não admite ser feliz.
Assim sendo, se você não tem a pretensão de ser infalível, perdoe-se, peça perdão, liberte-se desse lixo chamado culpa, e siga em frente.

Texto de Redação do Momento Espírita.

Arrependimento e Culpa


Arrependimento e Culpa

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br 
Palestrante: Pedro Vieira
Rio de Janeiro
26/01/2001

Organizadores da Palestra:

Moderador: "" (nick: [Moderador])
"Médium digitador": "Brab" (nick: Pedro Vieira)

Oração Inicial:

<[moderador]> Vamos iniciar nossa tarefa da noite. Vamos buscar tranqüilizar os nossos pensamentos, e pensar em nosso Mestre Jesus, O Divino Medico do corpo e do Espírito, rogar ao Mestre que nos envolva neste instante, para que possamos abrir nossas mentes, e reter os ensinos que aqui tivermos, os ensinamentos do Evangelho, na Luz da doutrina espírita, nos traz compreensão e uma proposta de mudança... Quanta culpa temos em nosso subconsciente? E sabemos que nosso Mestre pode nos ensinar o caminho para nossa melhoria, em todos os sentidos. Rogamos a Deus, para que os amigos espirituais envolvam nosso palestrante da noite, e assim, iniciamos então nossos trabalhos. Que assim seja !

Apresentação do Palestrante:

<Pedro_Vieira> Sou Pedro Vieira, trabalhador do Centro Espírita Cristófilos, no Rio de Janeiro. Colaborador do Centro Espírita Léon Denis, no Rio de Janeiro, na divulgação da Doutrina Espírita pela Internet, no IRC-Espiritismo, e operador do Canal #Espiritismo. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Pedro_Vieira> Muito boa noite a todos. Nosso tema da noite nos traz profundas reflexões sobre nossas atitudes diárias. Porque toca em nosso crescimento, em nossos erros, em nossa postura perante a vida e perante nós mesmos. Iniciaremos com uma citação do Evangelho de Mateus, referida a João Batista, onde ele nos fala da necessidade do arrependimento, quando promovia o ritual do batismo, comum na época. "E, naqueles dias, apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia. E dizendo: 'Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus'. (...) 'Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas'. 'Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento e não presumais, de vós mesmos, dizendo: 'Temos por pai a Abraão'. (...) 'Em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento'. Isso está em Mateus, início do capítulo 3. Desde os tempos vindos da chegada do Cristo, o arrependimento foi o ponto chave para a conversão dos homens, o nascimento de suas posturas interiores de renovação. Mais do que isso, João Batista nos fala dos 'frutos do arrependimento', ou seja, a natural modificação sincera, de atitudes, de pensamentos, de convívio social e espiritual. Vejamos o que os Espíritos nos dizem sobre as conseqüências do que João Batista pregava. O Livro dos Espíritos, questão 992: Que conseqüência produz o arrependimento no estado corporal? "Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se. "REPARAR suas faltas. Este o fruto do arrependimento.
Vemos em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo X, item 17: "(...) Pedindo-lhe que perdoe os vossos desvios, o que lhe pedis é o favor de suas graças, para não reincidirdes neles, é a força de que necessitais para enveredar por outras sendas, as da submissão e do (...) amor, nas quais podereis juntar ao arrependimento a reparação." (João, bispo de Bordéus, 1862). Falando um pouco de culpa, temos ela como um posicionamento natural que precede o arrependimento, como o grito da consciência. O grito da consciência - a culpa - leva-nos à reflexão, e a reflexão com fé nos leva a ação, à reparação. No entanto, temos visto que o desgosto da vida nos dias de hoje é conseqüência direta de uma supervalorização da culpa, nunca passando realmente ao arrependimento que constrói. Ao contrário, o homem, preso ainda à inércia e à falta de fé prefere o lamento à ação, numa demonstração clara de que não está preparado para renovar-se, como Espírito. Os Espíritos, entretanto, nos mostra claramente: Deus tem paciência. Como consta em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo Capítulo XIV, item 9: "Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés." Passemos, pois, aos questionamentos. (t)

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] - <Mei_PB> Até que ponto podemos considerar o arrependimento uma ação positiva, onde o espírito se regenera ao invés de entrar num processo de auto-punição, gerando as conseqüências psicossomáticas tão conhecidas por nós ?
<Pedro_Vieira> Quando ele prepara a ação - a reparação. Quando o ser espiritual encontra-se pronto para reconhecer-se verdadeiramente falível - mas pronto para sair da condição em que está para uma melhor. Quando vemos Espíritos acomodados na situação espiritual em que se encontram, vemos séria tendência ao processo de auto-culpa, e não da renovação que o arrependimento promove. Não ultrapassa, nesse caso, o grito da consciência, que transforma em grito constante que incomoda ao invés de chamar à renovação do Espírito. (t)
<[moderador]> [2] - <lflavio> Podemos dizer que o arrependimento é um primeiro passo na reforma intima ?
<Pedro_Vieira> Parece-nos assim ser, pelas instruções dos Espíritos, principalmente como vemos em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", quando trata do processo de reavivamento de Espíritos imperfeitos, pela ação do arrependimento, com auxílio da prece:
"(...) Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto, a prece tem sobre eles ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. E nesse sentido que lhes pode não só aliviar, como abreviar os sofrimentos." Reafirmamos, no entanto, que o passo inicial não deve prender o Espírito mentalmente, sendo estímulo ao passo da reparação, que é a ação no bem que realmente reeduca. (t)
<[moderador]> [3] - <lflavio> Que mecanismo pode nos levar a reconhecer as culpas, mesmo aquelas mais ocultas que carregamos conosco?
<Pedro_Vieira> Considero que o amigo esteja utilizando a palavra "culpa" como "responsabilidade", e não como o mecanismo de auto-culpa, que também pode ser referenciado pelo mesmo vocábulo, e que tem sentido completamente diverso. Em "O Livro dos Espíritos", questão 919 Santo Agostinho nos deixa uma instrução de meditação diária que nos leva a isolar os pontos que devemos reavaliar, sobre os quais temos responsabilidade:
"Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma." (t)
<[moderador]> [4] - <[oFlavyoo]> Boa noite Pedro! Qual a diferença entre arrependimento e remorso?
<Pedro_Vieira> O remorso é a postura doentia do arrependimento mal compreendido. Em outras palavras, quando o arrependimento cai sobre solo de alguma sorte doente - sem fé, esperança ou estima própria - ele gera no ser uma reação psicológica violenta e deletéria: o remorso.
No entanto, o Espiritismo nos mostra ser o remorso inútil ao processo educativo do Espírito, desde que ele só o leva a desgostos e depressões. Só, repetimos, quando o arrependimento levar o Espírito à ação de renovação da lição que deixou de aprender estará cumprindo seu papel de agente da consciência em nossas vidas. (t)
<[moderador]> [5] - <lflavio> Leon Denis, coloca que a vontade é uma força da alma...como aliar esta vontade com arrependimento e que pode resultar destas duas forças juntas?
<Pedro_Vieira> Os Espíritos disseram a Kardec em "A Gênese, Capítulo XIV: "Os Fluidos": "O pesamento é para o Espírito o que a mão é para o homem". A Vontade é o impulso do Espírito, como a força newtoniana é da matéria. Quando Jesus disse ao doente, que lhe disse: "Se quiseres, Senhor, podeis curá-lo". E ele disse: "Eu quero", e o enfermo ficou curado, demonstrou que o Espírito Superior é capaz de, educado, dirigir o pensamento em vontade como força criativa que trabalha. O arrependimento, por si, é uma atitude do Espírito, não do corpo. Assim sendo, se for acompanhado de uma boa distinção do certo e do errado, e de uma vontade firme e inabalável de melhorar-se, não correrá risco de cair-se doentiamente em remorso, ao invés disso, trabalhará pela redenção do erro.
Lembremos: Vontade é Trabalho - é a mão do Espírito. Arrependimento sem trabalho é mão sem energia - nada constrói. (t)
<[moderador]> [6] - <[oFlavyoo]> Nos ensinaram os sacerdotes cristãos, que o arrependimento dos pecados era a atitude a ser tomada por aqueles que desejassem entrar no Reino dos Céus. Está - segundo os ensinamentos do Espiritismo - correto isso?
<Pedro_Vieira> Sim, em termos gerais. No entanto, cabe aí uma ressalva: o Espiritismo, na condição de Cristianismo Redivivo, transporta para além das barreiras da matéria o conceito de arrependimento. Vejamos as duas seguintes citações.
"O Livro dos Espíritos", questão 171: "(...) Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento." "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capítulo XXVII, item 19: "(...) Segundo o dogma da eternidade absoluta das penas, não se levam em conta ao culpado os remorsos, nem o arrependimento. É-lhe inútil todo desejo de melhorar-se (...)" Podemos dizer, portanto, que cumpre ao Espiritismo o papel de expandir os conceitos seculares de arrependimento além da vida do corpo, onde o Espírito, que progride, tem à sua disposição a oportunidade de trabalhar por Deus, na redenção de seus erros. (t)
<[moderador]> [7] - <[oFlavyoo]> Ao falar-se de "culpa", vem-nos à memória a idéia de pecado. E com a idéia de pecado, a religião - especialmente aqui falando-se em "religião oficial" - sempre foi hábil em dominar e mesmo oprimir. Como devemos entender a "culpa" à luz da Doutrina dos Espíritos?
<Pedro_Vieira> A indução à culpa é um recurso da anti-psicologia para manter sobre pessoas ou massas domínio de medo e de repressão mental. Esse recurso é largamente utilizado por pessoas em relacionamentos pessoais - familiares, amorosos, etc - e por instituições que, anunciando serem detentoras da porta à salvação, pretendem manter em si seu fiéis eternamente culpados, desgostosos e em um arrependimento muitas vezes estéril, que só leva para a alma a doença do remorso e não para a libertação do bem. Jesus, entretanto, com sua doçura e bondade, foi muito categórico no episódio da prostituta que iria ser apedrejada, ao afirmar: "Onde estão aqueles que te condenavam, mulher?", "Foram-se, Senhor", "Eu também não te condeno. Vai, e não peques mais".
Coloca-se, portanto, não como um mecanismo a estímulo de culpas, mas a chamada de responsabilidade, para levar o homem, pela educação do Espírito, e "não pecar mais", nos dizeres do Mestre. Em outras palavras, impõe a atitude ativa da alegria e não da depressão; da compreensão e não da loucura culpada; da esperança e não do desespero; da renovação e não da condenação. Leva o homem, enfim, ao encontro de si mesmo, nos braços de Jesus, em direção a Deus tendo o arrependimento sincero como seu impulsionador. (t)
<[moderador]> [8] - <[oFlavyoo]> Qual relação há entre "culpa" e "consciência"? Aquele que comete um erro por ignorância pode ser considerado culpado?
<Pedro_Vieira> Vamos a "O Livro dos Espíritos", questão 994: O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida, sempre as reconhece depois da morte?
"Sempre as reconhece e, então, mais sofre, porque sente em si todo o mal que praticou, ou de que foi voluntariamente causa. Os Espíritos nos dizem que o "crescimento intelectual precede o crescimento moral". Mas são categóricos em afirmar que entendem por "crescimento intelectual" e "distinção do certo e do errado". Podemos, então, seguramente afirmar que não constitui culpa de um Espírito aquilo que ele não tem condições de conceber certo ou errado. Em outras palavras, o Espírito peca por seu posicionamento mental. Se a atitude não foi conseqüência de um posicionamento mental deletério após compreendê-la, analisando-se, verá que nada há a se culpar, mas pode utilizá-la, no futuro, para seu aprendizado, pedindo a Deus que sempre o esclareça em tudo aquilo que sua ignorância não permitir penetrar, por hora, de modo que ela não seja instrumento de um eventual erro. (t)
<[moderador]> [9] - <[oFlavyoo]> Como o Espiritismo interpreta a idéia de culpa - ou "pecado"- original?
<Pedro_Vieira> Recorreremos "A Gênese", Capítulo I, item 38:
"Sem a preexistência da alma, a doutrina do pecado original não seria somente inconciliável com a justiça de Deus, que tornaria todos os homens responsáveis pela falta de um só, seria também um contra-senso, e tanto menos justificável quanto, segundo essa doutrina, a alma não existia na época a que se pretende fazer que a sua responsabilidade remonte." Portanto, vemos que o conceito trazido do Pecado Original, como foi por séculos interpretado por diversas denominações, é incompatível com o conhecimento racional de Deus e de suas Leis. Veremos, portanto, qual seria a interpretação de tal passagem. A primeira interpretação, que é uma interpretação individual, ou seja, nascida pela observação das próprias tendências, é dada no mesmo item, no prosseguimento. "Com a preexistência, o homem traz, ao renascer, o gérmen das suas imperfeições, dos defeitos de que se não corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou tal vício. É esse o seu verdadeiro pecado original, cujas conseqüências naturalmente sofre, mas com a diferença capital de que sofre a pena das suas próprias faltas, e não das de outrem. Além disso, temos uma interpretação, que é uma interpretação social, que teria sua origem nas Raças Adâmicas, e que também é trazida em "A Gênese": "(...) os Espíritos da raça adâmica, uma vez transplantados para a terra do exílio, não se despojaram instantaneamente do seu orgulho e de seus maus instintos; ainda por muito tempo conservaram as tendências que traziam, um resto da velha levedura. Ora, não é esse o pecado original?" Tais são, nas palavras do Sr. Allan Kardec, as interpretações e o posicionamento do Espiritismo perante a crença do Pecado Original. (t)
<[moderador]> [10] - <[oFlavyoo]> Diante das leis de "causa e efeito" e de "ação e reação", como podemos interpretar as provas por quê passa um indivíduo levando-se em consideração a idéia de culpa e arrependimento? Podemos - pensando em culpa diante da reencarnação - falar em "karma"?
<Pedro_Vieira> O homem é um complexo de história e esperança. História porque é hoje o resultado de séculos de trabalho sobre si mesmo, em erros e lutas, encarnação após encarnação. Esperança porque, vislumbrando o futuro, constrói seu caminho à frente com trabalho e fé.
Se a história pesa mais do que a esperança sobre algum Espírito, então o arrependimento terá um caráter mais doloroso, principalmente quando iniciar-se em combate às próprias tendências. Mas se colocarmos a esperança acima da história, o trabalho deixa de ser sofrimento. Em outras palavras, a Lei de Causa e Efeito não é uma "Roda Kármica", segundo o que entende o Espiritismo, de reações automáticas a ações. É a expressão da sabedoria de Deus que quer que o homem aprenda, e não sofra. A Lei de Causa e Efeito é, portanto, a Lei de Ensino de Deus. Optando pela esperança, em trabalho e fé, o homem tornará seu aprendizado - dos mesmos erros - mais brandos e não sofrerá com eles, apenas os passará consciente do futuro que o espera. Optando pelo peso de si mesmo, eles serão mais dolorosos, para que a alma aprenda no ritmo que escolheu. Sob esse aspecto o Espiritismo afasta-se da idéia da "Roda Kármica", levando à Lei de Causa e Efeito a Lei de Amor e de Ensino que vem de Deus, justo, mas amoroso com seus filhos. (t)
<[moderador]> [11] - [oFlavyoo]> Quando uma pessoa nasce com um problema, por exemplo, um aleijão; de quem é a culpa? Dele, de seus pais, de seus avós ou de ninguém?
<Pedro_Vieira> Vamos ao Novo Testamento.
"E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus." Observamos, então, deste ensinamento de Jesus, que a responsabilidade pelas coisas não deve ser levada à conta de castigo. Em relação a seus pais ou a si. Deve ser levada a conta de oportunidade de aprendizado e de crescimento. Mais uma vez vemos o afastamento do Espiritismo e da crença Kármica. Jesus responde sempre a quem sofre: olhe para o futuro. A esperança lhe encha a alma, porque tudo acontece em ti para que "se manifestem as obras de Deus". (t)

Considerações finais do palestrante:

<Pedro_Vieira> É importante termos a responsabilidade por padrão de análise, o arrependimento por padrão de mudança, e a ação no bem por padrão de renovação. Andando pela trilha do conhecimento e da redenção dos erros vamos nos livrando de nossas prisões mentais, e nos libertando, com esperança, para o futuro.
Que Deus possa continuar abençoando nossos propósitos de melhora e de amor. Obrigado a todos. (t)

Oração Final:

<[moderador]> Vamos então agradecer a Deus, Nosso Pai Celestial, E a Jesus, nosso Mestre Querido, pela oportunidade de estudo e aprendizado. Certamente para muitos de nós, a palestra da noite foi e é importante, para mudar o nosso ponto de vista, e buscar, na luz da doutrina espírita, nossa melhoria moral. Agradecemos aos amigos espirituais pelo amparo e proteção durante o trabalho da noite, e pedimos a estes irmãos, que iluminem nosso irmão Pedro, para que possa sempre nos ajudar, com palavras que falam fundo aos nossos corações. Agradecidos assim, pedimos permissão aos amigos espirituais, para dar por encerrado, o trabalho da noite de hoje. Que assim seja !

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Casamentos que Curam


Casamentos que Curam

Wanderley Oliveira

Casamento e cura, que relação é essa? Falar de cura em casamento pode parecer realmente muito estranho, porque cura normalmente é uma expressão atribuída a algo que adoeceu.

Apesar da estranheza, a palavra é sim muito adequada à relação conjugal. Os casamentos inegavelmente são passíveis de adoecimento. Aliás, quaisquer relações podem enfermar. Sob uma ótica terapêutica, onde existe doença, existe necessidade, carência e também potencial de completude.

A convivência, muito antes de ser algo que se compartilha com o outro, é algo que reflete a forma como nos relacionamos conosco próprio. Nela, projetamos a sombra e a luz que trazemos em nós. Quando duas pessoas se encontram em um casamento, em verdade, estão procurando um no outro aquilo que é capaz de curar o seu sombrio e burilar os seus talentos.

Essa é uma visão bem junguiana de casamento, mas também uma visão coerente com o Espiritismo. Na questão 386, O Livro dos Espíritos, ressalta: “Um do outro dois seres se aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas, mas que na realidade resultam da atração de dois Espíritos, que se buscam reciprocamente por entre a multidão”.

Já na questão 388, O Livro dos Espíritos, os Guias Espirituais reafirmam: “Entre os seres pensantes há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que mais tarde compreendereis melhor”.

Há todo um complexo de energias por trás das relações humanas. É verdadeiramente um campo muito vasto para se estudar e examinar, para melhor entendimento da saúde e do desenvolvimento humano. Esse magnetismo é realmente algo que começa a ser examinado pelas ciências modernas, especialmente a física quântica, abrindo um terreno muito vasto para uma medicina energética curativa e libertadora.

Nessa teia de energias e vibrações, cada um de nós busca aquilo que precisa e merece. Portanto, necessidade e merecimento são forças interiores que atraem na vida tudo que é para nosso progresso e evolução.

Vamos dar um exemplo disso no casamento. Duas pessoas se apaixonam. Uma busca na outra algo que falta e algo que complementa. Um homem sereno e calmo poderá atrair uma mulher agitada, ansiosa e determinada. Ele, por sentir uma extrema necessidade de ser mais ativo, encontrará um enorme interesse por essa mulher realizadora. Ela, por sua vez, perceberá a serenidade dele como ponto de equilíbrio para seus excessos. Tudo isso, na maioria das vezes, acontece de forma inconsciente. Aquilo que falta a ambos será fator determinante dessa atração. A sombra de um foi em busca da luz que tem no outro. Há uma “química psíquica e energética” antes de rolar uma química da paixão.

Depois, esses apaixonados se casam, e com o tempo os choques naturais desse enlace emergem do inconsciente para o consciente. Ela, segundo ele, cobra demais dele. E ele, segundo ela, é excessivamente calmo. Começam a lidar mal na convivência, porque já tinham uma relação muito desgastante com o seu próprio sombrio que, agora, emerge abruptamente.

Ai entra o propósito terapêutico e libertador do casamento: compreender o quanto é necessário esse encontro com o sombrio pessoal. E diante dessa compreensão, surge o desafio de aprender como aplicar mecanismos que reciclem a convivência e garantam melhores resultados para essa descoberta dolorosa, porém essencial para nossa paz e cura.

Essa linha de raciocínio fundamentada na ciência é algo que necessitamos agregar com urgência aos exames dos casamentos à luz do Espiritismo, porque, muitas vezes, em função de preconceitos, distanciam a união afetiva da sua utilidade educativa no crescimento espiritual.

A visão mais ajustada com o bom senso e com as diretrizes da educação espiritual é a de que quando você se casa com alguém não existe resgate ou carma com o outro. Existe sim compromisso de resgate, antes de tudo, consigo próprio. Não um resgate de algo ruim que foi feito no passado, todavia o resgate de nossa saúde, de nossos valores, de nossas qualidades eternas. Casamento é uma oportunidade de reconciliação interior, de resgatar a si próprio. E somente nessa perspectiva, ampliando os nossos recursos pessoais, é que reunimos condições para algo realizar também em favor da iluminação alheia. Esses são os casamentos que curam.

Por conta de rigidez no entendimento e ausência de reflexão acerca dos princípios espíritas, muitos casais tem mantido casamentos que já acabaram há muito tempo e vivem uma vida paupérrima de alegria e aprendizado, mantendo-se um ao lado do outro para “queimar o carma”. Sofrem e fazem sofrer um ao outro e se iludem com a ideia de que isso é necessário ao avanço espiritual, e que as coisas estão como estão porque são velhos inimigos espirituais.

Pode até ser verdade que sejam velhos inimigos, mas daí a usar isso para explicar o adoecimento da relação, vai uma grande distância. Nesse caso o que existe é incapacidade de nossa parte em gerenciar condições afetivas e de conduta para estabelecer um convívio saudável e curativo. Em verdade, os velhos inimigos estão é dentro de nós próprios, escondidos em nossa sombra emocional e psíquica. Com ele é que urge um processo de pacificação e recuperação.

As chances de cura de um casamento terminam quando os dois perdem a motivação de descobrirem suas sombras pessoais e como ilumina-las, quando ambos perderam o gosto de se ampararem mutuamente. Casamentos não terminam apenas com a separação. A separação apenas oficializa o que já pode ter acontecido há bom tempo.

Uma diferença crucial: o casamento, nesse caso, acaba, mas talvez o ciclo de cura ainda não. Possivelmente amanhã, nessa mesma vida ou em outra reencarnação, essas mesmas pessoas encontrarão novamente pessoas atraentes e novamente aquela “química psíquica” de necessidades vai determinar novos encontros e talvez desencontros...

Como nos disse o preto-velho Pai João de Angola: “estamos querendo levar o balaio de dores do outro em nossas costas”.

Em muitos casamentos encerrados, costuma um querer mudar o outro, um querendo salvar o outro para resgatar a harmonia dos primeiros momentos de união. E, no entanto, ambos estão frágeis, cansados, desiludidos e dependentes. É o adoecimento do casamento. Por isso, aceitam a manipulação do outro, engolem maus tratos, sofrem mágoas todos os dias, e acolhem passivamente as perturbações e vícios supondo dessa forma estar realizando uma boa ação pela recuperação do casamento.

Definitivamente, uma frase que parece ser um verdadeiro atentado contra todas as nossas crenças mais sombrias e limitadoras, precisa ser dita: nós não devemos nada a ninguém! Parece uma frase de egoísmo, entretanto ela encerra um profundo ensinamento que, especialmente, nós espíritas, precisamos meditar. É da lei divina que em relação ao outro, todos nós podemos cooperar, orientar e estender amparo. Porém, é também da lei que cada um só responderá por si. Há muita ilusão nesse assunto.

É muito desafiante mesmo ter um amor exigente, um amor que impõe e educa.

E, na lei de Deus, verdadeiramente não temos nenhuma obrigação de suportar, levar nas costas ou carregar quem não queira o seu próprio bem. Muitas vezes, amar significa uma postura firme, determinada, e que alerte o outro sobre limites e abusos que ele já não respeita mais.

Eu sei que todas essas reflexões parecem frias. Lembra-nos aquela postura de Jesus, em Mateus 12:48: “Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?”

Vejamos uma lista de alguns sintomas de um casamento que cura:

O gosto em dialogar.
A expressão da sexualidade conectada com afeto.
O cultivo do respeito e do carinho sempre.
A honestidade como tempero diário da relação.
O uso da criatividade para socorrer um ao outro no contato com sua sombra.
O incentivo à autonomia e aos talentos um do outro.
Comprometimento com o bem real um do outro.
O repudio resoluto a qualquer ação de manipulação ou agressão.
O companheirismo perante a família e o lar.
O amor como laço de elevação.
Casamentos que curam amadurecem e nos permitem outros ciclos mais promissores e estáveis de aprendizado, seja na relação corrente ou em novas relações. Tais casamentos atendem aos seus propósitos divinos e nos conduzem de volta ao nosso melhor, à nossa luz pessoal.

Esse tema será abordado por mim com mais detalhes no Encontro de Espiritismo e Humanização, em Belo Horizonte, nos dias 18 e 19 de agosto de 2012. Maiores informações em www.portalhumanizar.com.br

LIVRO "DEPRESSÃO E AUTOCONHECIMENTO"


LIVRO "DEPRESSÃO E AUTOCONHECIMENTO"

Como extrair preciosos diamantes no solo do coração
Perguntaram a Michelangelo como ele criava esculturas tão magníficas a partir de um bloco de mármore frio: "Como criou tamanha beleza, tanta divindade que é a Pietà? Como infundiu tanta magnificência ao Davi?"
Conta-se que Michelangelo respondeu: "Não fiz nada. Deus os colocou dentro do mármore, já estavam lá, apenas tive que retirar as partes que não permitiam que você os visse. Quando olho um bloco de mármore, vejo a escultura dentro. Tudo que tenho que fazer é retirar as aparas”.
Todos nós somos obras de arte criadas por Deus e entregues ao processo da evolução, no intuito de manifestarmos nossa beleza e valor particular.
A obra de arte de nossa existência está, muitas vezes, coberta por anos de medos, culpas, indecisões, procrastinação, carências, desrespeito aos nossos desejos – atitudes que expressam um processo interior de conflito persistente. Mas se nós decidirmos tirar estas aparas, se aprendermos a não duvidar de nossa capacidade, seremos capazes de levar adiante a missão que nos foi destinada e aprender a gostar até mesmo daquilo que consideramos uma imperfeição em nós.
Assim como Michelangelo, será importante acreditarmos que temos uma obra de arte a ser insculpida em nós próprios. Mesmo que não tenhamos essa visão artística do escultor, educar-nos para acreditar em nossos valores imortais é o grande propósito de uma doença como a depressão. Em outras palavras, como costumo dizer em meus seminários, quem está deprimido recebeu um selo da vida cujo conteúdo diz: chega de se comportar de uma forma que te distancia de sua luz. Você merece ser feliz.

Mexa-se e descubra como.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Preguiça


Preguiça

Preguiça é ter aversão ao trabalho. Que pode ser físico ou mental.
  
O preguiçoso não tem ambição, não quer evoluir. E escolhe um estilo de vida que não tenha que tomar decisões. Que crie uma tranqüilidade no agir e no pensar a fim de que não se responsabilize por isso. Na verdade, é um grande egoísta que não quer se ocupar com os outros e principalmente se preocupar com eles. Só quer seu bem-estar.

É também um covarde, que se esconde através do cansaço para não realizar algo, que sabe ser de sua responsabilidade o resultado.
Não quer enfrentar as conseqüências. Tem conhecimento da lei de causa e efeito, mas não acha certa. É vítima dos desígnios de DEUS.
 O preguiçoso carece de força de vontade e desejo, elementos primordiais para evoluir. Não tem objetivo em viver. Tem lentidão de raciocínio, pois não canaliza sua energia para nada. Pensar abre o portal do tribunal da consciência e ele não que ser julgado. Sabe que a Lei de
Deus é da solidariedade, da harmonia e do amor. Teme a lei de causa e efeito. È revoltado por ter que conquistar a felicidade. Exige de Deus a felicidade que não encontra.
Todo preguiçoso é desanimado ou “des – animado”, significa: sem alma. Isto é não usa seu corpo mental para nada, assim como sempre quer poupar seu corpo físico. Esconde sua irresignação e questionamento sobre a justiça divina através do comodismo.
Usa um subterfúgio para sua revolta contra os desígnios de DEUS, dizendo aceitá-los e que por respeito a ELE, nada faz para mudar o que está escrito por ELE. Todavia se acha vítima e absurda a vontade de DEUS.
 DEUS criou o homem para usar seu raciocínio ao ponto máximo de reconhecê-lo como criador de tudo e todos. Entender a importância do positivo e do negativo em tudo. Do tempo e espaço. Da relatividade. E a partir daí, usar esse raciocínio em harmonia com a vontade DELE. Para que como Cristo, nós possamos dizer: “Eu e meu pai somos um”.
Então irmão, reconheça tua preguiça e começa já um trabalho de reforma intima. Seja mais tolerante, mais benevolente, mais atencioso, mais prestativo, mais solidário, mais caridoso, mais amoroso. Vida é movimento. Deseje ser melhor. Trabalhe para sê-lo. Liberte-se das idéias negativas, crie idéias positivas. Faça seu tempo, não espere. Não deixe para depois. Hoje, logo, logo, será ontem. Todavia seu amanhã será reflexo do bom trabalho de hoje. Mãos a obra de DEUS.
Por Marta Leitão, reforma íntima para o crescimento e bem estar do ser.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Contabilidade de Deus

BLOG - Wanderley Oliviera


Você vai a uma loja e paga R$100,00 por uma roupa. Você sabe me dizer se aquele dinheiro que entrou no caixa da loja é débito ou crédito?
Muita gente usando o raciocínio lógico vai dizer que é crédito, mas nos princípios da contabilidade esse dinheiro que entra é um débito. É fácil entender isso. Aquela empresa que te vendeu a roupa tem que pagar uma duplicata para o fornecedor do tecido e isso representa uma pendência. Aqueles R$100,0 só se tornam crédito quando quitam a pendência e desonera a loja de roupas do compromisso com o fornecedor. Em outras palavras, na contabilidade, o que se recebe é débito e o que se paga é crédito.
Você acredita que a contabilidade de Deus funciona dessa maneira? É verdade! Tudo que você recebe é débito, tudo que você dá é crédito. 
Esse conceito pode mudar nossa percepção da vida. Vamos pensar algumas coisas nessa ótica. Um pequeno exercício pode nos ajudar.
Eu recebo um passe. Sou devedor ou credor?
Eu faço uma palestra. Sou devedor ou credor?
Eu ganho um livro. Sou credor ou devedor?
Se começarmos a aplicar essa idéia em várias situações da vida, a gente conclui que receber é responsabilidade, e por sua vez, dar é uma benção. Todo esse movimento energético de querer ser beneficiado perante a vida é débito, ao contrário toda expressão interior na direção da vida, do próximo ou do bem é atividade que nos credita forças interiores. 
É assim que ora teremos que debitar, ora teremos que creditar, embora esse movimento seja muito maior e mais intenso quando diz respeito à nossa necessidade de ser beneficiado. Somos criaturas excessivamente focadas em nós. Nosso hábito é muito mais acentuado no sentido de querer tudo de melhor da vida e preferencialmente sem nada fazer.
A contabilidade de Deus, todavia, é de uma sabedoria incomparável.
Vou dar um exemplo que ilustra esse assunto. Participo de uma atividade de tratamento espiritual em nossa casa espírita. É muito freqüente a presença de pessoas nessa reunião com sintomas de cansaço, pessimismo e várias formas de mal-estar. Procuram o passe por que sentem fracas. Entretanto, quando observamos a situação energética dessas pessoas notamos que estão com um volume de energia muito elevado, estão “obesas” de energia. A mente nesses casos cria um campo defensivo para não absorver mais energia e o passe quase nenhum efeito traz a essa pessoa. É alguém que certamente está querendo muito da vida, só pensa em receber, em ser beneficiada, e possivelmente está dando muito pouco ou nada para que a sua própria vida se torne melhor. Todo excesso faz muito mal. Aliás, muitos quadros de doença ocorrem porque a criatura quer só receber sem dar nada, interrompendo o fluxo natural da vida. Ao não dar, ela se fecha energeticamente e, por efeito, também não recebe. É muito comum nesta tarefa de tratamento encontrarmos pessoas que estão doentes porque já tem muito e não sabem o que fazer com o que tem. Adoecem de verdade, por excesso e não por faltar.
Anotemos alguns comportamentos que nos colocam em posição de devedores perante as sábias leis da vida na consciência e que podem nos trazer várias doenças orgânicas, emocionais, psíquicas e espirituais:
•    Exigir demais a atenção alheia.
•    Ter expectativas muito elevadas em relação aos outros.
•    A mágoa.
•    O desanimo quando não somos bem sucedidos.
•    A inveja sistemática de alguém.
•    A inaceitação das pessoas como elas são.
•    A má intenção.
•    A traição.
•    A maledicência.
A lista não pára por ai. Em todas elas há em comum esse movimento para si. É como reter aqueles R$ 100,00 conosco sem querer pagar a conta e a duplicata em aberto, gerando problemas e mais problemas. Muitas vezes receber nessa nossa metáfora significa apropriar, não soltar. 
A felicidade, a saúde e a paz interior não condizem com essa atitude de esperar demais da vida sem fazer nada ou fazer pouco. Quando descobrimos isso, mudamos o foco de nossa energia interior. Abrimo-nos para amar e amparar, realizar e construir. Com isso, a nossa obsessiva necessidade de ser abençoado com algo se abranda ou até deixa de existir. 
Agora vejamos algumas condutas que nos tornam energeticamente credores perante o fluxo universal:
•    A gentileza desinteressada.
•    O respeito pelas imperfeições alheias.
•    A valorização das qualidades de outrem.
•    A alegria de dar sem esperar nada em troca.
•    O otimismo.
•    A presença do bom humor nas relações.
•    O desapego dos pontos de vista.
•    O cumprimento do dever.
A sabedoria de dar não exclui a necessidade de receber. Acontece que o egoísmo ainda nos faz criaturas muito exigentes e, por isso mesmo, adotamos um procedimento viciado no hábito de receber.       
Haverá situações, inclusive, nas quais daremos daquilo que estamos precisamos. Nesse fluxo da prosperidade, é como se assim agindo mandássemos um recado para as sábias leis divinas dizendo que estamos aptos e prontos a receber. O nome desse sentimento é gratidão. A gratidão de reconhecer que merecimento significa uma mensagem do devedor dizendo para Deus que valoriza o tanto que o Pai tem lhe emprestado para avançar.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Reforma íntima e a ética da transformação (partes I e II)


Rosildo Brito
S1052736.JPGROSILDO BRITO faz parte da ONG Campina Espírita, é jornalista, professor e militante espírita.
E-mail: 
rosildojornalista@hotmail.com

Reforma íntima e a ética da transformação (parte I)
08.08.2012

Mola mestra do Espiritismo e de algumas outras doutrinas filosóficas que, desvencilhadas dos conceitos meramente dogmáticos, oferecem ao homem uma visão pluridimensional de si mesmo, a reforma íntima se destaca como a mais importante meta traçada pelo homem rumo à sua libertação plena, ou seja, superação de tudo aquilo que lhe aprisiona ao sofrimento. Trata-se, como define muito precisamente, o espírito Ermance Dufaux, através da psicografia de Wanderley Oliveira, de um trabalho processual, ou seja, uma ação sequencial e sem fim traçado por cada um de nós na incessante busca de lidarmos com as características da nossa personalidade melhorando traços que se manifestam a cada existência de nossos espíritos mergulhados na vida material.

Nessa saga permanente do espírito mergulhado no plano físico, em que normalmente somos embevecidos pelo estado ilusório propiciado, sobretudo, pelas limitações sensoriais do corpo físico, o maior obstáculo que se apresenta ao nosso crescimento é, sem sombra de dúvidas, o conjunto de viciações do ego. São esses que, como nos advertem os grandes mestres da alma, a exemplo de Jesus, Buda e tantos outros, nos fazem reféns de nós mesmos, nos escravizando no vicioso jogo da busca pelo prazer e da conquista de um estado que, ilusoriamente, conceituamos como sendo de felicidade. Essa realidade danosa, vale destacar, parece ser ainda mais pungente no momento atual da história da humanidade, predominada cada vez mais pela culto ao consumo, à estética e ao poder transitório, esquecendo-nos de que a vida é regida verdadeiramente pela Lei da Impermanência.

Assim, aceitar o fato de que no processo de transitoriedade que caracteriza a vida, tudo é transformação e que é nisso que repousa a lei da evolução, é o primeiro passo para se desencadear o indispensável projeto de reforma íntima. Uma vez assimilada essa verdade suprema, como ocorre em todo processo de execução de projeto, necessário se faz, traçarem as estratégias de ações voltadas ao objetivo almejado, no caso, a libertação plena que, para alguns, dá-se o nome de salvação. No contexto conceitual do trabalho de transformação íntima, porém, vale esclarecer que, isso implica dizer que precisamos salvarmo-nos inicialmente de nós mesmos. Isso implica em salvarmo-nos num primeiro momento, do hábito de atendermos incondicionalmente às imposições dos desejos e aspirações de natureza meramente físicas e passageiras e, noutro, das sombras que carregamos dentro de nós e que ao tentar fugirmos ou negarmos, geram uma série de complicações que atormentam nossa existência e comprometem nossa personalidade.

Assim, nos orientam os espíritos superiores que, negar a si mesmo, no sentido de esvaziar-se de si mesmo, deixando cair as máscaras, praticando verdadeiramente a ética singular é o objetivo maior de renovação espiritual, nossa meta magnônima. Essa, por sua vez, além do comprometimento ético consigo mesmo, requer uma série de esforços, os quais compreendem os dispositivos reais do projeto de reforma íntima. Dentre esses, se destacam: a educação integral; estado de vigilância permanente; o rigoroso e franco processo de observação de si mesmo; a aceitação das sombras e o autoperdão.

Discorrerei sobre esses, nos próximos textos. Para uma leitura mais aprofundada acerca dessa temática, aconselho a leitura do livro: "Reforma Íntima sem martírio", de autoria do espírito Ermance Dufaux, através da psicografia de Wanderley Oliveira, obra na qual me inspirei para tratar do assusnto. Abraço fraterno e votos de luz à sua alma!

Reforma íntima e a ética da transformação (parte II)
17.08.2012

"Reconhece-se o verdadeiro espírita, pela suau transformação moral", O Evangelho Segundo o Espiritismo (Capítulo 17, item 8).

Continuando a refletir acerca da proposta da reforma íntima que, como já foi dito anteriormente, se apresenta como o caminho mais seguro e sensato para a transformação moral e espiritual a que todos aspiramos, o espírito de Ermance Dufaux nos convida a um profundo processo de autoanálise, chamando-nos a atenção para traços característicos importantes de alguns comportamentos que costumamos esboçar no caminho da transformação pessoal e transcendental. Um deles diz respeito ao martírio que em geral brota no íntimo de cada um diante dos momentos de insucessos no que diz respeito à superação de suas más tendências e inferioridades. Algo que costuma levar muitos de nós a estados de intensa culpa e desânimo, fazendo crer que estamos incapazes de superar os nossos sentimentos inferiores.  



Assim como orientam diversos outros guias espirituais e pensadores transcendentais da contemporaneidade, a exemplo de Deepack Chopra – conforme comentário postado aqui anteriormente-, Defaux aponta para esse fenômeno, alertando-nos acerca de um passos de extrema relevância no projeto de autotransformação. Trata-se da aceitação das sombras. Nos diz eles que “sem aceitação da nossa realidade presente poderemos instaurar um regime de cobrança injustas e intermináveis conosco e, posteriormente, com os outros”. É aqui que entra a necessidade da postura ética que devemos ter sempre e não apenas ao nos relacionarmos com os outros, como costumamos acreditar, imaginando que a ética diz respeito a uma ação meramente externa. 

De fato, ao despertarmos para a necessidade da desafiante meta da reforma íntima, diga-se de passagem, o mais ambicioso projeto de vida -, é importante introjectarmos  em nossas mentes que a mudança não implica destruir ou negarmos o que há de ruim em nós, mas sim, aprendermos a como lidar com essa parte de nossa identidade real sem nos atormentarmos.É quando, enxergarmos, por exemplo, que os erros cometidos são importantes no processo de burilamento moral e espiritual, desde que, como nos adverte o Evangelho crístico, venham acompanhados do sincero ato de arrependimento. Ninguém que não se arrependa verdadeiramente é capaz de aceitar a si mesmo, de forma plena. Trata-se de uma postura ética que devemos adotar diante de nós mesmos na proposta de transformação. E, a aceitação para ser plena, precisa do autoperdão (vice-versa). Não podemos nos esquecer de que não haveria luz se não fosse a escuridão e que, portanto, as sombras fazem parte de nosso ser, assim como a luz também. Resta-nos saber, como nos adverte o divino mestre Jesus, diante dessa dicotomia, fazermos brilhar a nossa luz, revelando em nós o ser divino que somos.


E, assim, passarmos para o segundo passo importante para a reforma íntima que é a cumplicidade com a decisão de crescer. Isso sem nos esquecermos de que a renovação espiritual é um processo gradativo e que exige muitadevoção, franqueza extrema e persistência. Cientes de que, mesmo estando no caminho certo, por vezes, tropeçaremos, cairemos diante de nossas fraquezas e quando menos percebermos, já estamos entregues às paixões, vícios e repetições dos mesmos erros. Trata-se de algo já previsto pelo maior de todos os mestres da alma, Jesus que, na oração que nos foi legada, o Pai Nosso, nos alerta para o pedido de perdão e do perigo das tentações a que estamso permanentemente nos esbarrando. Profundo conhecedor do que se passa na intimidade da alma humana, Jesus nos alerta e nos ensina a como superarmos a nós mesmos para em seguida, superarmos o mundo à nossa volta, ascendendo assim, na infinita e gradual escala da evolução espiritual.



Portanto, diante das quedas e tentativas frustadas no processo de autotransformação, não nos esqueçamos de que, primeiramente, isso faz parte de nossa limitação no atual estágio espiritual que nos encontramos e que, mais importante ainda, é estarmos cientes de que, na condição de eternos aprendizes que somos, os maiores tesouros se revelam por meio dos maiores esforços. E, nesse sentido, nos mantermos fiéis a nossos ideais mais nobres, a exemplo da conquista da superação do ego, é um passo primordial para essa ascenção transcendental. Sigamos em frente, confiantes em nós mesmos e em Deus que nunca nos desampara, sobretudo, quando trilhamos nossos passos verdadeiramente libertadores.