sábado, 22 de fevereiro de 2014

O mito e a filosofia


http://www.brasilescola.com/filosofia/mito-filosofia.htm

Mito no dicionário


http://www.dicionarioinformal.com.br/mito/

Significado de Mito


http://www.significados.com.br/mito/

Mitologia e Mito - Wikipédia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia


http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito

Mito pessoal ou destino humano - Palestra de Adenáuer


http://vimeo.com/29551065

Mito pessoal e destino humano - livro de Adenáuer

http://bvespirita.com/Mito%20Pessoal%20e%20Destino%20Humano%20(Aden%C3%A1uer%20Novaes).pdf

O pensamento Mítico ao longo do tempo - slides



http://pt.slideshare.net/soniasts2010/o-pensamento-mtico-ao-longo-do-tempo

O Pensamento Mítico

O Pensamento Mítico

Objetivos Específicos
Trabalhar o mito em seu verdadeiro significado como instrumento interpretativo do mundo na construção da estrutura psicológica dos indivíduos. O mito em seu conceito puramente existencialista – niilista, responde hoje pela perpetuação do apego aos significados estratificados da civilização. Reconhecer que o mito é renovável, hoje como instrumento de propaganda ou linguagem subliminar criando modismos e dependências psicológicas. O ser humano precisa libertar-se dos significados para sair em busca da própria natureza em essência, em espírito: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” - esta é a verdadeira mensagem subliminar a ser trabalhada em todo o contexto da Filosofia Espírita (esta Aula terá sua sequência detalhada no VER-Visão Espírita da Religiosidade).(STS)

O Pensamento Mítico
O homem primitivo não começou filosofando, assim como o homem medieval não podia ainda fazer Ciência. Sua mente primitiva se sentia estimulada a explicar uma Natureza totalmente desconhecida. Recém-vindo de uma evolução biológica surpreendente, sua mente era, diante das coisas, um papel em branco onde iria escrever seus mitos. O mito surge da necessidade consciente e inconsciente que o homem tem de explicar seu meio, seus problemas desconhecidos. (...) Em suma, o mito é o pensamento anterior à reflexão mais crítica.(JHPires)

Mitologia e Doutrina Espírita

Mitologia e Doutrina Espírita

Segundo a mitologia grega, a Terra fora governada por Urano durante muitos anos e seu filho Cronos, Rei dos Titãs,  acabou por destroná-lo ,assumindo o poder. Urano, então, atirou uma maldição em Cronos: Seu próprio filho o destituiria.
Com medo de que a maldição se concretizasse, Cronos devorava todos seus filhos, porém, sua esposa Réia, quando do nascimento de Zeus, enganou Cronos, escondendo a criança e dando-lhe um potro. Cronos, achando que o potro era seu filho, acabou por devorá-lo.
Nesse ambiente cresceu Zeus, e aterrorizado com as barbaridades do pai, prometeu-lhe vingança, ao conhecer seus irmãos Hades e Poseidon, armou a batalha para cima do pai e dos Titãs.
Após grande combate, a profecia se cumpriu, Cronos, foi destituído, os Titãs, atirados ao Tártaro, uma espécie de inferno mitológico, e Zeus e seus irmãos, Hades e Poseidon, dividiram o reino.
Zeus, ficou com o céu, Poseidon, com os oceanos e Hades com o reino dos Mortos.
Zeus, casou-se com sua irmã Hera e com ela teve Hefesto, deus do fogo e Hebes e Ares, deus da guerra, porém ,antes fora pai de Atena fruto de sua união com Hera, já com sua irmã Démeter, foi pai de Perséfone.
A mitologia grega demonstra que o homem traz latente, inato, a certeza de que algo além de sua capacidade de discernimento governa os rumos do universo.
A Doutrina Espírita,  joga luz sob esse assunto, nos mostrando as razões das crenças politeístas.
Na questão de nº 667 – Lei de Adoração – Kardec questiona os sábios da espiritualidade:
P - 667 Por que o politeísmo é uma das crenças mais antigas e divulgadas, apesar de ser falsa?
R – O pensamento de um Deus único só poderia ser, para o homem, resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, em sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, deu-lhe o homem as características da natureza corporal, ou seja, uma forma e uma figura. Desde então, tudo o que parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum era uma divindade. Tudo que não compreendia devia ser obra de um poder sobrenatural, e daí estava a um passo de acreditar em tantos poderes diferentes quantos eram os efeitos que observava. Mas em todos os tempos houve homens esclarecidos que compreenderam que governar o mundo com essa multidão de poderes seria impossível sem uma direção superior e conceberam o pensamento de um Deus único.
Hoje, mais aptos a compreender os desígnios do Pai, sabemos que Deus, inteligência suprema e causa primeira de tudo e todos, é único, imutável e perfeito.
Nós, seus filhos, ainda aprendizes da arte de viver, vamos neste planeta moldando-nos como sua imagem e semelhança  através das provas do dia a dia.
Porém, em nossos arquivos, ainda trazemos os resquícios daquela época politeísta, onde deuses antropomórficos transitavam pelos palcos do mundo.
E de forma sutil, deixamos escapar esses resquícios que teimam em acompanhar nossa forma de pensar e  repercutem em nossa maneira de agir de duas formas:
1º Quando acreditamos que somos Deus.
2º Quando endeusamos pessoas.
Quando acreditamos que somos Deus,  como os da mitologia, julgamo-nos acima de tudo e todos e recusamo-nos a descer do Olimpo de nosso ego.
Extravasamos todo egoísmo e cremos que o mundo gira em torno de nós mesmos.
Humilhamos com palavras rudes e manipulamos com o poder.
A semelhança de Cronos, devoramos aqueles que julgamos atrapalhar nosso caminho.
Aliás, a atitude de  Cronos demonstra o demasiado apego pelo poder que vai na alma humana.
Em todas esferas de atuação da humanidade,  vemos que pessoas que conquistaram o poder lutam a todo custo para perpetuá-lo em suas mãos. Debatem-se em estratégias mirabolantes para não deixarem escapar a oportunidade de comandar.
Corrompem, enganam, usurpam, tudo para continuarem no comando das ações, ditando as regras do jogo.
Até que a morte, essa despertadora de ilusões, vem dizer-lhes:
Deus é único, tu és somente um de seus filhos. Venha, vamos embora, esta na hora de acordar dessa fantasia!
Alguns ainda tão atrelados ao poder terrestre, inconformados com o fenômeno da morte física, se recusam a seguir caminho e permanecem por aqui, associando-se a criaturas encarnadas que guardam afinidade com suas idéias.
Por sentirem-se Deus, marcam passo na senda da evolução!
Há também o endeusamento de pessoas, criaturas humanas, que são içadas ao patamar de ídolos.
Cobradas, invadidas em suas intimidades, são julgadas pela opinião pública sem piedade.
Ao agir assim criamos deuses de barro que facilmente se quebram, porquanto, são humanos, espíritos que como nós, estão em processo evolutivo. Como exigir-lhes perfeição?
Como cobrar-lhes em demasia se assim como nós são também frágeis?
Imaturo é o homem que exige perfeição de seu semelhante e não respeita seus limites.
A Doutrina Espírita oferece nesse particular profundos subsídios para que não venhamos a nos iludir.
Nos informa que somos alunos do educandário terrestre, espíritos em busca das virtudes que nos conduzirão ao altar da perfeição relativa. Pensando dessa forma, dificilmente nos enredaremos pelos tortuosos caminhos da arrogância que noz faz achar que somos Deus, ou pelos caminhos da ingenuidade que noz faz ver em seres humanos como nós, uma réplica da divindade.
Pois perfeição absoluta, só Deus a possui.
Pensemos nisso!

Fonte de pesquisa
http://www.wikipedia.org/Wiki/Mitologia_Grega. Acesso em: 15/12/2006.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 50.ed. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro, Federação Espírita Brasileira, 1980. 322-323 p.

Mito e Razão (Logos)


 Sérgio Biagi Gregório

1) Qual o significado de mito?

Vulgarmente, a sua noção está associada à idéia de alucinação, delírio, fantasia difícil de se realizar. Em sentido próprio, é a procura de explicação para as necessidades vitais do ser humano. Uma dessas necessidades refere-se à criação do mundo e dos seres humanos.

2) Qual o significado de logos?

Verbo Divino. Nome atribuído a Jesus Cristo. Deus considerado como razão. Para os propósitos de nosso estudo, logos significa simplesmente razão.

3) Como nascem os mitos?

Os mitos nascem pelo medo ao desconhecido. O ser humano, não sabendo explicar a origem da vida e do mundo, cria o mito. Este lhe dá tranqüilidade à desordem interna.

4) E o nascimento da filosofia?

O nascimento da filosofia, que se deu na antiguidade clássica grega, tinha por objetivo desconstruir a visão mítica, isto é,  fantasiosa do mundo. Daí, dizer-se que o mito é atraso, a filosofia traz o progresso; o mito é treva, a filosofia é luz...

5) Como podem ser divididos os mitos?

Os mitos podem ser divididos em “mitos com Criação” e “mitos sem Criação”. Nos “mitos com Criação”, admite-se o surgimento do Universo num tempo zero (Deus revelado do Cristianismo). Nos “mitos sem Criação”, não se admite um tempo zero (Universo pulsante do hinduísmo).

6) O que evoca o sentido figurado do mito?

Evoca a narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade.  Equivale a engano, falsidade.  Exemplo: o mito marxista da vitória dos oprimidos, o mito do super-homem com a sua vitória sobre o espaço e o tempo, o mito da raça pura etc.

7) Enquanto faculdade, o que é a razão?

É a faculdade de raciocinar discursivamente, de combinar conceitos e proposições. Para Descartes, é a faculdade de “bem julgar”, ou seja, de discernir o bem do mal, o verdadeiro do falso.

8) O que é a razão enquanto objeto de conhecimento?

É o princípio de explicação, principalmente entre causa e efeito. Seu sentido original está ligado à expressão “livro da razão”, em que se registram de um lado as receitas e do outro as despesas, para depois dar conta.

9) Há uma evolução linear do mito à razão?

A tese da evolução linear do mito à razão não só é historicamente inexata como também não consegue explicar certos fenômenos culturais complexos. No caso extremo, o mito é rebaixado a uma fábula sem valor.

10) Qual é a fronteira entre o mito e o logos?

A fronteira entre o mytho e o logos não é percebida com facilidade. Observe a astrologia e as demais pseudociências do universo: vindas para desmoronar o sacrifício das religiões oficiais, terminam criando o cosmo como um grande Anthropos, um homem cuja inteligência reside no movimento eterno e harmônico das esferas celestes, cujos olhos correspondem ao Sol e à Lua e a cujos pés jaz a matéria, num jogo sutil de correspondências regido por um único tema que varia até o infinito.

11) O que falar do mito-logos do cristianismo?

O mytho/logos do cristianismo primitivo apresenta uma novidade: o logos se divinizou e ao mesmo tempo se personalizou a ponto de coincidir com a própria pessoa do fundador.

Bibliografia Consultada

GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.

LALANDE, A. Vocabulário Técnico e Crítico de Filosofia. Tradução por Fátima Sá Correia et al. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.

Mitologia - Hermes Trimegisto

“Muitas comunicações há, de tal modo absurdas, que, embora assinadas com os mais respeitáveis nomes, o senso comum basta para lhes tornar patente a falsidade. Outras, porém, há, em que o erro, dissimulado entre coisas aproveitáveis, chega a iludir, impedindo às vezes se possa apreendê-lo à primeira vista. Essas comunicações, no entanto, não resistem a um exame sério. (…) De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa.” (Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns“)

Na Antiguidade, os povos não possuíam meios de explicar os fenômenos naturais e emprestaram a esses fenômenos nomes de deuses, considerando-os como tais. O trovão inspirava um deus, a chuva outro. O céu era um deus pai, e a terra uma deusa mãe, sendo os demais seres seus filhos. Originaram-se, a partir daí, histórias e aventuras que explicavam de forma poética o mundo que os rodeava. Esses núcleos arquetípicos mitológicos recebem o nome de “mitologemas”. A um conjunto de mitologemas de mesma origem histórica dá-se o nome de “mitologia”.

A Mitologia Grega, especificamente falando, “é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos” (Wikipedia), e advém de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.

O estudo da genealogia e filiação das divindades cultuadas pelos gregos chama-se “teogonia”, o mesmo nome da obra do poeta Hesíodo, escrita possivelmente no século VIII a.C.

Segundo a teogonia imaginada pelos gregos, toda a desordem universal teria sido posta em ordem por Zeus e se desenvolve por seis gerações sucessivas de deuses. Zeus, em determinado momento, casa-se com Maia, uma das setes filhas de Atlas e Pleione, filha de Oceano. Zeus, para que Maia e sua irmãs escapassem do gigante Órion, transformou-as no aglomerado estelar das Plêiades, integrante da constelação de Touro. Com Zeus, Maia teve Hermes, o belo mensageiro dos deuses. E é justamente sobre Hermes, essa figura mitológica que só existiu nas narrativas dos gregos antigos, que iremos tratar daqui por diante.

Segundo a Encyclopaedia Britannica – Volume XI, Hermes Trismegisto “é uma divindade complexa, com múltiplos atributos e funções. Hermes foi no início um deus agrário, protetor dos pastores e dos rebanhos. Um escrito de Pausânias deixa bem claro esta atribuição do filho de Maia: ‘Não existe outro deus que demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e para com o seu crescimento’. Mais tarde, os escritores e os poetas ampliaram o mito, como por exemplo, Homero, nos seus poemas épicos Ilíada e Odisseia. Na Odisseia, por exemplo, o deus intervém como mago e como condutor de almas (nas Rapsódias X e XXIV).”

Segundo ainda a farta literatura sobre o assunto, Hermes é também o deus das estradas. Nas encruzilhadas, para servir de orientação, os transeuntes amontoavam pedras e colocavam no topo do monte a imagem da cabeça do deus. A pedra lançada sobre um monte de outras pedras, simbolizava a união do crente com o deus ao qual elas estavam consagradas. Considerava-se que nas pedras do monte estavam a força e a presença do divino.

Para os gregos, Hermes regia as estradas porque andava com incrível velocidade, por usar as sandálias providas de asas. Deste modo, tornou-se o mensageiro dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Conhecedor dos caminhos, não se perdendo nas trevas e podendo circular livremente nos três níveis (Hades ou infernos, Terra ou telúrico e Paraíso ou Olimpo), Hermes tornou-se um deus condutor de almas.

A astúcia, a inventividade, o poder de tornar-se invisível e de viajar por toda a parte, aliados ao caduceu com o qual conduzia as almas na luz e nas trevas, são os atributos que exaltam a sabedoria de Hermes, principalmente no domínio das ciências ocultas, que se tornarão, na época helenística, as principais qualidades do deus.

A partir deste ponto, Hermes se converteu no patrono das ciências ocultas e esotéricas. É ele quem sabe e quem transmite toda a ciência secreta. O feiticeiro Lúcio Apuléio declara em seu livro de bruxaria (de magia) que invocava Mercúrio – o Hermes dos romanos – como sendo aquele que possuía os segredos da magia e do ocultismo.

Hermes Trismegistos é o nome grego dado ao deus egípcio Thoth, considerado o inventor da escrita e de todas as ciências a ela ligadas, inclusive a medicina, a astronomia e a magia. Segundo o historiador Heródoto, já no séc. V a.C. Thoth era identificado e assimilado a Hermes Trismegisto, i.e., ao Três Vezes Poderoso Hermes.

No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trismegisto se converteu num deus cujo poder varou os séculos. Na realidade, Hermes Trismegisto resultou de um sincretismo com o Mercúrio latino e com o deus egípcio Thoth, o escrivão no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris, e patrono de todas as ciências na Grécia Antiga.

Em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e no neopitagorismo. Esse vasto conjunto de escritos que se acham reunidos sob o nome de “Corpus Hermeticum”, coleção relativa a Hermes Trismegisto, é uma fusão de filosofia, religião, alquimia, magia e astrologia, e tem muito pouco de egípcio.

Hermes Trismegisto foi, na Mitologia Grega, o deus que reuniu os atributos que todos os grandes pensadores e iniciados desejaram transmitir às futuras gerações.

O Hermetismo foi estudado durante séculos pelos árabes e, por seu intermédio, chegou ao Ocidente, onde influenciou homens como Albertus Magnus. Em toda a literatura Medieval e do Renascimento são frequentes as referências a Hermes Trismegistos e aos Escritos Herméticos, estudados e aprofundados, principalmente, pelos Alquimistas e pelos Rosacruzes. Para os Rosacruzes, Hermes Trismegistos foi um sábio. O Dr. H. Spencer Lewis, escritor e Grande Mestre da Ordem Rosacruz, se referia a Hermes como uma pessoa real.

São mais do que atuais os ensinamentos espíritas, inclusive as próprias instruções de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores acerca das mistificações:

“Se é desagradável ser enganado, mais desagradável ainda é ser mistificado; esse é, aliás, um dos inconvenientes de que mais facilmente nos podemos preservar.
“Consultando os Espíritos sobre esse tema (“mistificações), eis as respostas que nos deram:

Pergunta de AK: “As mistificações constituem um dos escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático; haverá um meio de nos preservarmos deles?

Resposta: “Parece-me que podeis achar a resposta em tudo quanto vos tem sido ensinado. Sim, certamente, há um meio simples: o de não pedirdes ao espiritismo senão aquilo que ele vos pode e deve dar-vos; sua finalidade é o melhoramento moral da humanidade; tanto assim que, se não vos afastardes desse objetivo, jamais sereis enganados, porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, ou seja, a moral que todo homem de bom-senso pode admitir.

“O papel dos Espíritos não é o de vos informar sobre as coisas deste mundo, mas o de vos guiar seguramente no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a este (mundo dos homens) diz respeito, é que o julgam necessário, mas não para dar resposta a uma solicitação vossa. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então, sim, é certo que sereis enganados.

Pergunta de AK: – “Mas, há pessoas que nada perguntam e que são indignamente enganadas por Espíritos que vêm espontaneamente, sem serem chamados”.

Resposta: – “Se elas não perguntam nada, é porque se comprazem em ouvir o que eles dizem, o que dá no mesmo. Se acolhessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do espiritismo, os Espíritos levianos não as tomariam tão facilmente por enganados“.

Pergunta de AK: – “Por que permite Deus que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo de boa-fé, sejam mistificadas? Não poderia isto ter o inconveniente de lhes abalar a crença?”

Resposta: – “Se isto lhes abalar a crença, é porque a fé que demonstram ter não é muito sólida; as que renunciassem ao espiritismo, por um simples desapontamento, provariam não o terem compreendido e não se apegaram à parte séria. Deus permite as mistificações, para experimentar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que do Espiritismo fazem objeto de divertimento”. (Espírito da Verdade em “O Livro dos Médiuns”, cap. XXVII da Segunda Parte, nº 303).

Cabe aos espíritas sinceros darem um basta nessas ardilosas imposturas, através do esclarecimento constante e da denúncia bem fundamentada. Caso contrário, em breve teremos um Movimento Espírita completamente dominado por esses autênticos falsos profetas, sejam eles encarnados ou da erraticidade. Tal chamamento nos foi trazido por Erasto, com o qual concluímos o presente estudo:

“É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro. Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus“. – Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862)

***

Bibliografia consultada sobre Hermes Trismegisto: Hermes Trismegisto – Ensinamentos Herméticos AMORC Grande Loja do Brasil – Dr. H. Spencer Lewis; Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan; La Franc-Maçonnerie Rendue Intelligible à Ses Adeptes – Oswald Wirth; Encyclopaedia Britannica – Volume XI; O Vale dos Reis – O Mistério das Tumbas Reais do Antigo Egito; – John Romer; A Doutrina Secreta – Volume V – H.P.Blavatsky; Odisseia – Homero


MITOLOGIA E DOUTRINA ESPÍRITA

MITOLOGIA E DOUTRINA ESPÍRITA

Segundo a mitologia grega, a Terra fora governada por Urano durante muitos anos e seu filho Cronos, Rei dos Titãs,  acabou por destroná-lo ,assumindo o poder. Urano, então, atirou uma maldição em Cronos: Seu próprio filho o destituiria.
Com medo de que a maldição se concretizasse, Cronos devorava todos seus filhos, porém, sua esposa Réia, quando do nascimento de Zeus, enganou Cronos, escondendo a criança e dando-lhe um potro. Cronos, achando que o potro era seu filho, acabou por devorá-lo.
Nesse ambiente cresceu Zeus, e aterrorizado com as barbaridades do pai, prometeu-lhe vingança, ao conhecer seus irmãos Hades e Poseidon, armou a batalha para cima do pai e dos Titãs.
Após grande combate, a profecia se cumpriu, Cronos, foi destituído, os Titãs, atirados ao Tártaro, uma espécie de inferno mitológico, e Zeus e seus irmãos, Hades e Poseidon, dividiram o reino.
Zeus, ficou com o céu, Poseidon, com os oceanos e Hades com o reino dos Mortos.
Zeus, casou-se com sua irmã Hera e com ela teve Hefesto, deus do fogo e Hebes e Ares, deus da guerra, porém ,antes fora pai de Atena fruto de sua união com Hera, já com sua irmã Démeter, foi pai de Perséfone.

A mitologia grega demonstra que o homem traz latente, inato, a certeza de que algo além de sua capacidade de discernimento governa os rumos do universo.

A Doutrina Espírita,  joga luz sob esse assunto, nos mostrando as razões das crenças politeístas.

    Na questão de nº. 667 – Lei de Adoração – Kardec questiona os sábios da espiritualidade:

P - 667 Por que o politeísmo é uma das crenças mais antigas e divulgadas, apesar de ser falsa?

R – O pensamento de um Deus único só poderia ser, para o homem, resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, em sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, deu-lhe o homem as características da natureza corporal, ou seja, uma forma e uma figura. Desde então, tudo o que parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum era uma divindade. Tudo que não compreendia devia ser obra de um poder sobrenatural, e daí estava a um passo de acreditar em tantos poderes diferentes quantos eram os efeitos que observava. Mas em todos os tempos houve homens esclarecidos que compreenderam que governar o mundo com essa multidão de poderes seria impossível sem uma direção superior e conceberam o pensamento de um Deus único.

Hoje, mais aptos a compreender os desígnios do Pai, sabemos que Deus, inteligência suprema e causa primeira de tudo e todos, é único, imutável e perfeito.

Nós, seus filhos, ainda aprendizes da arte de viver, vamos neste planeta moldando-nos como sua imagem e semelhança  através das provas do dia a dia.

Porém, em nossos arquivos, ainda trazemos os resquícios daquela época politeísta, onde deuses antropomórficos transitavam pelos palcos do mundo.

E de forma sutil, deixamos escapar esses resquícios que teimam em acompanhar nossa forma de pensar e  repercutem em nossa maneira de agir de duas formas:

1º Quando acreditamos que somos Deus.
2º Quando endeusamos pessoas.

Quando acreditamos que somos Deus, claro que um Deus humano, como os da mitologia, julgamo-nos acima de tudo e todos e recusamo-nos a descer do Olimpo de nosso ego.
Extravasamos todo egoísmo e cremos que o mundo gira em torno de nós mesmos.

Humilhamos com palavras rudes e manipulamos com o poder.
A semelhança de Cronos, devoramos aqueles que julgamos atrapalhar nosso caminho.

Aliás, a atitude de  Cronos demonstra o demasiado apego pelo poder que vai na alma humana.

Em todas esferas de atuação da humanidade,  vemos que pessoas que conquistaram o poder lutam a todo custo para perpetuá-lo em suas mãos. Debatem-se em estratégias mirabolantes para não deixarem escapar a oportunidade de comandar.

Corrompem, enganam, usurpam, tudo para continuarem no comando das ações, ditando as regras do jogo.

Até que a morte, essa despertadora de ilusões, vem dizer-lhes:

-          Deus é único, tu és somente um de seus filhos. Venha, vamos embora, esta na hora de acordar dessa fantasia!

Alguns ainda tão atrelados ao poder terrestre, inconformados com o fenômeno da morte física, se recusam a seguir caminho e permanecem por aqui, associando-se a criaturas encarnadas que guardam afinidade com suas idéias.

Por sentirem-se Deus, marcam passo na senda da evolução!

Há também o endeusamento de pessoas, criaturas humanas, que são içadas ao patamar de ídolos.
Cobradas, invadidas em suas intimidades, são julgadas pela opinião pública sem piedade.

Ao agir assim criamos deuses de barro que facilmente se quebram, porquanto, são humanos, espíritos que como nós, estão em processo evolutivo, como exigir-lhes perfeição?
Como cobrar-lhes em demasia se assim como nós são também frágeis?

Imaturo é o homem que exige perfeição de seu semelhante e não respeita seus limites.

A Doutrina Espírita oferece nesse particular profundos subsídios para que não venhamos a nos iludir.

Nos informa que somos alunos do educandário terrestre, espíritos em busca das virtudes que nos conduzirão ao altar da perfeição relativa. Pensando dessa forma, dificilmente nos enredaremos pelos tortuosos caminhos da arrogância que noz faz achar que somos Deus, ou pelos caminhos da ingenuidade que noz faz ver em seres humanos como nós, uma réplica da divindade.

Pois perfeição absoluta, só Deus a possui.

Pensemos nisso!
Artigo gentilmente cedido por Wellington Balbo
Ba

MITOS - Joanna

MITOS



Medos e ansiedades, aspirações e sofrimentos estereoti­pam-se em fórmulas e formas mitológicas que lhe refletem o estágio evolutivo, em alguns deles perfeitamente consentâ­neos com as suas conquistas contemporâneas.
As concepções indianas lendárias, as tradições templári­as dos povos orientais, recuperam as suas formulações nas tragédias gregas, excelentes repositórios dos conflitos hu­manos, que a mitologia expõe, ora com poesia, em momen­tos outros com formas grotescas de dramas cruéis.
Com pequenas variações vemos a mesma representação em outros povos e doutrinas de conteúdo infantil, que se não dão conta ou não querem encontrar o significado real da vida, a sua representação profunda, castigando aqueles que lhe de­sobedecem e preferem a idade adulta da razão, abandonando a infância.
O pensamento cartesiano, com o seu “senso prático”, deu-lhes o primeiro golpe e lentamente decretou a morte dos mitos e das crenças.
E quando já se acreditava na morte dos mitos, considerando-se as mentes adultas libera­das deles, eis que a tecnologia e a mídia criaram outros hodiernos: ­ os super-homens, os He-man, os invasores marcia­nos, os homens invisíveis, gerando personagens considera­das extraordinárias para o combate contra o mal sem trégua em nome do bem incessante.
O exacerbar do entusiasmo tornou a ficção uma realidade próxima, permitindo que os jovens modernos confundam as suas possibilidades limitadas com as remotas conquistas da fantasia.
Imitam os heróis das histórias em quadrinhos, tomam posturas semelhantes aos líderes de bilheteria, no teatro, no rádio, no cinema, na televisão e chegam a crer-se imortais físicos, corpos indestrutíveis ou recuperáveis pelos engenhos da biônica, igualmente fabricantes de seres imbatíveis.
Retorna-se, de certo modo, ao período em que os deuses desciam à Terra, humanizando-se, e os magos com habilida­des místicas resolviam quaisquer dificuldades, dando mar­gem a uma cultura superficial e vandálica de funestos resul­tados éticos.
A violência, que irrompe, desastrosa, arma os novos Ram­bos com equipamentos de vingança em nome da justiça, en­frentando as forças do mal que se apresentam numa socieda­de injusta, promovendo lutas lamentáveis, sem controle.
As experiências pessoais, resultado das conquistas éticas, cedem lugar aos modelos fabricados pela imaginação fértil, que descamba para o grotesco, fomentado o pavor, ironizan­do os valores dignos e desprezando as Instituições.
A falência do individualismo industrial, a decadência do coletivismo socialista deram lugar a novas formas de afirmação, nas quais o inconsciente projeta os seus mitos e asse­nhoreia-se da realidade, confundindo-a com a ilusão.
As virtudes apresentam-se fora de moda e a felicidade surge na condição de desprezo pelo aceito e considerado, ins­tituindo a extravagância — novo mito — como modelo de auto-realização, desde que choque e agrida o convívio social.
Na sucessão de desmandos propiciados pelos mitos con­temporâneos, toma corpo a saudade da paz — inocência re­presentativa do bem — e a experiência, demonstrando a inevi­tabilidade dos fenômenos biológicos do desgaste do cansa­ço, do envelhecimento e da morte, propicia uma revisão cul­tural com amadurecimento das vivências, induzindo o ser a uma nova busca da escala de valores realmente representati­vos das aspirações nobres da vida.
A solidão e a ansiedade que os mitos mascaram, mas não eqüacionam, rompem a couraça de indiferença do homem pela sua profunda identidade, levando-o a um amadurecimento em que o grupo social dele necessita para sobreviver, tanto quanto lhe é importante, favorecendo-o com um intercâmbio de emoções e ações plenificadoras.
Os mitos, logo mais, cederão lugar a realidades que já se apresentam, no início, como símbolos de uma nova conquis­ta desafiadora e que se incorporarão, a pouco e pouco, ao cotidiano, ensinando disciplina, controle, respeito por si mes­mo, aos outros, às autoridades, que no homem se fazem in­dispensáveis para a feliz coexistência pacífica.

Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis

AS RELIGIÕES SÃO APENAS MITOS?

AS RELIGIÕES SÃO APENAS MITOS?


Assisti ontem ao belíssimo filme "As Aventuras de Pi". Dei a sorte de fazê-lo como se estivesse no cinema, do início ao fim, com pouquíssimas interrupções. Como o suspense da trama é fundamental, a maioria dos comentaristas que li não falam sobre o filme e destacaram algumas características que são realmente notáveis, como a beleza das imagens criadas por Ang Lee e a profundidade dos personagens.

É um filme que pretende conversar sobre Deus, deuses e a religião, entre outras coisas. Ele sugere que o mito religioso (e não sei dizer até quando, a experiência religiosa) torna mais tolerável a vivência do homem na Terra. Ele fala do encantamento, da possibilidade deste mito provocar as forças mais profundas do ser humano, da sua utilidade em situações-limite, do seu poder de preservação da vida.

Deus como ser ou criador, fica em um segundo plano, quase como um item de cardápio a ser escolhido, a gosto do freguês. Tanto faz pedir um "deus Big Mac" ou um "deus croissant", ou mesmo um "deus espetinho de escorpião", todos satisfariam igualmente a fome humana do sentido da vida.

Não importa, também, a verdade, ou a busca dela. Se o sujeito está satisfeito com o mito, se ele tem um papel útil na vida, está valendo...

Quando analiso o filme como espírita, sinto um estranhamento e algum conforto. O estranhamento vem da tradição racional e empírica do espiritismo, que fica desprezada pelo autor da bela história. É como se ele desconfiasse da razão e do empirismo como caminhos para tornar a vida mais tolerável, diante da sua crueza e ferocidade.

O conforto vem da possibilidade de se ouvir uma voz no mundo contemporâneo que contempla a religião como experiência humana e que advoga o respeito entre as muitas religiões. Menos preconceito, menos conflito em função de convicções de fé, mais respeito entre as pessoas.

MITOLOGIA GREGA E ESPIRITISMO

MITOLOGIA GREGA E ESPIRITISMO



EC está entrevistando Leosino Miranda Araújo, poeta, escritor, artista cênico, espírita, que organizou o seminário “Mitologia à Luz da Doutrina Espírita: Os Doze Trabalhos de Hércules – Uma Busca Interior”

EC: Leo, de onde surgiu a ideia de fazer um seminário focalizado na interpretação de um mito grego à luz do Espiritismo?
Leo: Estudando a Mitologia há alguns anos, percebemos que a função dos mitos não é somente “o relato de um acontecimento no tempo primordial, mediante a intervenção de entes sobrenaturais; lendas; narrativas de um povo”, conforme o emérito professor doutor de Língua e Literatura Grega e Literatura Latina (PUC-RJ), Junito de Souza Brandão, Mitologia Grega, vol. I. Os mitos podem se tornar muito mais significativos quando analisados à luz do espírito imortal, em sua busca incessante de si mesmo, de seu autodescobrimento, para um dia galgar o seu Eu Superior, como afirma o espírito de Joana de Ângelis em “Autodescobrimento”, psicografia de Divaldo Pereira Franco. No livro lançado pela União Espírita Mineira, em 2010, “Emmanuel Responde”, psicografia de Chico Xavier e Wagner G. da Paixão, na 2ª parte, Mitologia, o espírito de Emmanuel, questionado sobre a sabedoria das lendas antigas, afirma que, “quanto mais remontamos ao passado, mais entenderemos a necessidade de símbolos e mitos, com que os antigos encerravam verdades e princípios para os pósteros”. Cremos que essas verdades ocultas podem ser desvendadas pelo olhar crítico e racional que a Doutrina Espírita nos oferece, quando buscamos, por meio de estudos e análises sobre a necessidade de nossa Reforma Íntima, aliar aos mesmos diversos temas do conhecimento humano como a Poesia, a Literatura, as Artes e a Mitologia.

EC: Leo, além dos anos de estudo e trabalho espíritas e de sua produção literária, qual é a sua formação?
Leo: Além dos 27 anos de estudos e trabalhos espíritas, tenho no momento sete livros editados, além de mais dois em fase de conclusão. Sempre li muito. Somente para escrever o livro VIVA O BRASIL, li mais de cem livros. Tive oportunidade de estudar em três faculdades: Administração de Empresas, História e Letras, sem concluir nenhum dos cursos, por motivos diversos. No entanto, quando fazia Letras na UFMG, estudei grego e latim, que foram muito úteis para o aprendizado sobre Mitologia.

EC: O mito grego reflete crenças partilhadas pelos povos gregos da antiguidade, algumas em clara dissonância com o pensamento espírita, como é a noção do determinismo dos Deuses. Como você concilia isto em seu seminário?
Leo: São várias as discordâncias contidas nos mitos gregos em relação à Doutrina Espírita, se os analisarmos ao pé da letra. Entretanto, partimos do princípio no qual as histórias antigas revelam em sua base mais profunda uma realidade comportamental, em que a ingenuidade humana é confirmada pelas emoções rasteiras e reações mundanas dos chamados deuses, como as traições de Zeus, as vinganças de Afrodite e de Hera ou a rebeldia de Hércules, podendo compará-las às fragilidades inerentes à estrutura psicológica ainda vigente no homem terrestre, assim como os valores positivos desses deuses na sabedoria de Zeus, na sensatez de Hera ou na incrível persistência de Hércules. O determinismo demonstrado nos mitos tem relação com as crenças do passado, ou seja, com a fé cega, contrária à fé raciocinada que o Espiritismo ensina e esclarece. Questionar o mito em busca de respostas que vão de encontro ao nosso crescimento interior é, portanto, racionalizá-lo.

EC: Você cita diversos autores espíritas encarnados e desencarnados usados como fonte para o seminário. Fale como alguns deles foram utilizados.
Leo: Se observamos os mitos em sua linguagem simbólica, permitimo-nos fazer analogias sobre a realidade dos símbolos que eles representam, pautando-nos dessa forma em um tema relevante a partir dos mesmos. No livro “A Caminho da Luz”, Emmanuel/Chico Xavier, cap. XIV, “o Apóstolo João, desdobrado, lê a linguagem simbólica do invisível”, para então escrever “O Apocalipse”. No mesmo capítulo, Emmanuel interpreta alguns desses mitos simbólicos como a Besta (666), iluminando nossas consciências ao retirar os véus do desconhecido e desmitificando alguns conceitos fantasiosos do homem. Nos livros da série psicológica de Joanna de Ângelis, Divaldo P. Franco, em que os estudos são desenvolvidos à luz da Consciência Profunda, aproveitamos esses ensinamentos para melhor balizarmos os comportamentos dos heróis mitológicos que habitam em nós. Procuramos utilizar autores espíritas confiáveis, que possam iluminar o nosso caminho evolutivo com suas colocações conscientes e clarificadoras.

EC: O mito grego também foi utilizado por alguns autores de formação psicanalítica e analítica para ilustrar fenômenos psicológicos humanos, mas foram usados ora como metáforas, ora como figuras do inconsciente coletivo. Há alguma relação entre a psicologia analítica e sua abordagem espírita do mito?
Leo: Quando o professor Junito de Souza Brandão ministrava cursos regulares de Mitologia em São Paulo, na Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, falando sobre as tendências humanas contidas no inconsciente, representado pelo arquétipo atemporal, coletivo, e sobre o consciente, ego e suas finitudes, ele fertilizava a psicologia puramente conceitual, teórica, com imagens ricas em possibilidades e desenvolvimentos. O que nós pretendemos, então, é aproveitar ao máximo os ensinos de diversos estudiosos sérios como Junito e Joseph Campbell, entre outros não-espíritas, que se dedicaram com afinco à Mitologia, aliados a diversos autores espíritas, como oportunidade de novas reflexões do Espírito Imortal na sua jornada evolutiva. Não temos, portanto, quaisquer compromissos com as linhas da Psicologia Humana, principalmente aquelas eivadas de preconceitos e superficialidades, quando o tema se volta para a vida espiritual.

EC: Porque o seminário tem uma taxa de inscrição?
Leo: A taxa de inscrição será utilizada integralmente nas despesas de produção e pós-produção do filme “O 12º”, para pagamento dos serviços de profissionais não-espíritas envolvidos no Projeto. Estudo abordando o tema Mitologia já foi realizado na reunião de pais e em reuniões públicas na Associação Espírita Célia Xavier e em outras casas espíritas, não envolvendo ônus para a realização das mesmas.

EC: Fale um pouco de “O 12º.”.
Leo: Trata-se de um curta-metragem, com 15 minutos de duração, a ser gravado na cidade de Belo Horizonte. Será uma contribuição para a campanha lançada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2006, através do site da FEB (Federação Espírita Brasileira). O Ministério da Saúde divulgou um estudo inédito e iniciou uma ampla estratégia de prevenção, inclusive com a criação de um site na Internet. A FEB - que mantém uma campanha em Defesa da Vida - foi autorizada pelo Ministério a publicar os dados do estudo e informa sobre a visão espírita acerca do suicídio.
A história de “O 12º” relata uma série de conflitos vividos por Ricardo, um jovem empresário de 39 anos, casado, enfrentando as intempéries advindas da falência de sua empresa. Em acréscimo aos problemas na área dos negócios, Ricardo não encontra o apoio que esperava por parte da esposa que tanto ama.
O objetivo principal do filme é proporcionar profunda reflexão sobre valores existenciais e demonstrar, com base em uma história possível de ocorrer em nosso cotidiano, que apesar da vida apresentar obstáculos difíceis de serem transpostos, sempre há uma razão para continuar tentando encontrar um caminho que possa levar qualquer um à uma vida mais segura emocionalmente, e que o suicídio não seria, de forma alguma, uma alternativa real e sensata.

EC: O filme é uma produção espírita, ou uma obra de arte alinhada aos valores espíritas?
Leo: A linguagem do filme é carregada de terminologia Espírita. A cena que encerrará o curta-metragem mostra o livro “Memórias de um Suicida”, de Yvonne A. Pereira. Através de efeitos especiais, será perceptível a presença de um ser desencarnado, antes do desfecho da história. Considerando esses detalhes, podemos declarar que o filme é uma produção Espírita.

EC: O filme foi aprovado pela “malha fina” da Lei Rouanet; por que não conseguiu aporte de recursos da iniciativa privada? Ainda é possível a uma empresa patrocinar ou auxiliar o patrocínio do filme com dinheiro de seus impostos?
Leo: Como não houve patrocínio de empresas para a execução do Projeto, que foi aprovado integralmente pela Lei Rouanet, a Cris, idealizadora do mesmo, que tem formação na área cinematográfica, resolveu continuar com o Projeto, realizando eventos a fim de angariar fundos para a sua conclusão, como o Seminário de Mitologia à Luz da Doutrina Espírita, contando, a princípio, com o apoio da Associação Espírita Célia Xavier.

EC: Qual será o destino da renda do filme?
Leo: A renda do filme será destinada para a Associação Espírita Célia Xavier, que se encarregará de sua venda e distribuição.

EC: De volta ao seminário, como inscrever-se e onde será realizado?
Leo: O Seminário será realizado na AECX - Associação Espírita Célia Xavier, à Rua Coronel Pedro Jorge, 314 – Bairro Prado – Belo Horizonte/MG. As inscrições podem ser feitas na Secretaria da AECX, no endereço acima, telefone: (31) 3334-5787 ou com a Cris (31)8606-8815 e o Leo (31) 9950-3617.

EC: Que instituições estão apoiando sua iniciativa?
Leo: União Espírita Mineira, Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte, Aliança Municipal Espírita de Contagem, Aliança Espírita Evangélica de Belo Horizonte, Associação Espírita Célia Xavier, Grupo da Fraternidade Eurípedes Barsanulfo e GAEV - Grupo Aprendizes do Evangelho.

O Mito

O Mito

Sérgio Biagi Gregório
1) O que é um mito?

O mito é uma narrativa que procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. O "mito" é todo relato sério que está em conflito com nossos conhecimentos acerca dos processos naturais.

2) Quais são os sentidos que o termo carrega?

Ao longo do tempo, o mito foi carregando outros sentidos, entre os quais, citamos:

Sociologicamente, é a narrativa imaginária de origem popular: "os mitos cosmogônicos";

Historicamente, é a exposição de uma doutrina sob a forma de narrativa alegórica: "os mitos platônicos".

Vulgarmente, é a dramatização das grandes aspirações frustradas do grupo: "mito da greve geral".

3) O que é um rito? E ritual? Há diferença entre rito e ritual?

O rito é um conjunto de atividades organizadas e institucionalizadas, no qual as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo um sentido coerente ao ritual.

Ritual – conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou normas, e que devem ser observadas de forma invariável em ocasiões determinadas.

Há grande diferença entre rito e ritual. O rito é associado ao mito, enquanto ritual diz respeito a quase tudo que fazemos. Nesse caso, o médico procede a um ritual para fazer a sua operação. Numa Casa Espírita, há um ritual do preparo de ambiente, da prece, das vibrações etc.

4) Pode o mito viver sem o rito?

Não. O mito primordial e genuíno é inimaginável sem o rito, ou seja, sem um solene proceder e um atuar solene que elevam o ser humano a uma esfera superior. O rito não é uma mera imagem do acontecer mítico, mas sim este mesmo acontecer, no sentido pleno do termo.

5) Como se explica o sentido próprio e o sentido figurado do mito?

Em sentido próprio, o mito significa uma fábula arquitetada pela fantasia humana para personificar entidades do espírito ou da natureza. Exemplo: Zeus é Deus na mitologia grega. Em sentido figurado, o mito é a atribuição de um valor absoluto a uma entidade relativa. Exemplo: modernamente, somos impelidos a enriquecer e ter posição de destaque; caso não o consigamos, somos desprezados pelos que o conseguiram.

6) Como a psicologia profunda interpreta os mitos?

A psicologia profunda afirma que, ao analisar os sonhos e os estados oníricos similares de pessoas psiquicamente perturbadas ou enfermas, tem-se deparado com autênticas imagens míticas, capazes, de explicar a essência do mito. Essas imagens – arquétipos ou imagens primordiais – ficaram guardadas no inconsciente, prontas a ressuscitar tão logo a alma precise delas. (1)

7) Por que admiramos a filosofia, a religião, a ciência e a arte grega e desprezamos os seus mitos?

Na filosofia, na ciência, na religião e na arte há razões de procedimento; no mito, não. Há, também, a influência das religiões reveladas, que admitem um único Deus. Estas se assenhorearam da verdade; os outros modos de vivenciar o divino ficaram em segundo plano. (1)

8) Qual a principal falha na interpretação do mito?

É a nossa incapacidade de penetrar na vivência dos antigos, principalmente na sua forma de adorar a Deus. A postura – gestos, símbolos, linguagem e comportamento – tem um valor intrínseco que o homem moderno não consegue captar com a devida clareza. (1)

9) Quais são os mitos da modernidade?

Há inúmeros mitos, entre os quais, citamos: o mito da mãe-mártir, do bom velhinho, da esposa perfeita, da mulher boazinha ("minha mulher é uma santa"), da juventude como uma glória e da obtenção do êxito.

10) Há mitos no Espiritismo?

Não. Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, utilizou o método teórico-experimental para as suas análises e conclusões.

11) Há rituais dentro dos Centros Espíritas?

Sim. Há os rituais aceitáveis e os que não contribuem muito para a eficácia das sessões espíritas. Os rituais aceitáveis são: preparo de ambiente, prece, vibrações etc. Há, porém, alguns que não precisariam ser praticados: uso de túnica branca para os dirigentes, a abstinência de carnes nos dias de trabalho, a realização de casamentos, batizados e crismas "espíritas", os hinos cantados no começo de uma reunião, a obrigação de receber passes à entrada do recinto etc.

Fonte de Consulta

(1) OTTO, Walter E. Teofania: O Espírito da Religião dos Gregos Antigos. Tradução de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysseus, 2006.

São Paulo, maio de 2009.

Em forma de palestra: http://www.sergiobiagigregorio.com.br/palestra/mito-mistica-e-espiritismo.htm

Mito, Mística e Espiritismo

Mito, Mística e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório

Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Sentido Profundo: 4.1. Retiro do Mundo; 4.2. Iluminação Súbita.  5. Sentido Figurado: 5.1. Mitos Filosóficos e Políticos; 5.2. Prática  dos Mitos Modernos. 6. Espiritismo: 6.1. Mitos Criados pelos Espíritas; 6.2. Os Mitos sob a Ótica Espírita.  7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é refletir sobre os diversos matizes do mito, da mística e da mitologia, a fim de que o nosso pensamento possa melhor captar a dimensão racional da vida espiritual que a Doutrina Espírita nos faculta.

2. CONCEITO

Mito - do grego mythos significa discurso, narrativa, boato, legenda, fábula, apólogo.

Sentido profundo: descrições religiosas antigas, que expressam os modelos, os arquétipos da ação humana através dos atos originários dos "deuses" nos diversos campos. Nesse sentido, os mitos são narrações sagradas primitivas, dotadas de grande autoridade e normatividade para a vida humana.

Sentido pejorativo: uma narração fabulosa e fictícia, contrária à verdade.  Nesse sentido, "mito" eqüivale a engano, falsidade. Essa interpretação corresponde a uma mentalidade racionalista, para qual somente a razão é capaz de expressar a verdade. Hoje, no entanto, essa visão simplista está inteiramente superada, pois sabemos que muitos dos conhecimentos mais profundos e misteriosos são de tipo inconsciente e simbólico. (Idígoras, 1983)

Mística - do grego mystica, de myo, "eu fecho" os olhos, para me ensimesmar no meu íntimo.

Sentido profundo: ao contrário do conhecimento objetivante, base da ciência empírica e racional, as vivências místicas são uma forma de experiência psicológica, puramente subjetiva, por intuição ou "vidência espiritual", de natureza afetiva-extática, irracional. O místico vive o "numinoso", o contato e fusão do próprio Eu com o Ser absoluto, o Todo, o Cósmico, Deus.

O estado de êxtase acompanha-se de um estreitamento da consciência com eliminação e desinteresse por todos os estímulos e pelo mundo exterior real. A vivência do Alter ego, pela sua origem extra-consciente afigura-se como estranha ao próprio, vinda de fora, sobrenatural, divina.

Na Teologia Católica, as palavras misticismo, mística e mistério evocam a idéia de alguma coisa de secreto, que escapa mais ou menos à razão clara e não pode ser claramente divulgado ou expresso. S. Tomás define-o como "uma vista simples e afetuosa de Deus ou da coisas divinas". (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

Sentido figurado: dedicação passional aos mitos.

Mitologia - do grego fábula, lenda significa conjunto de mitos.

Sentido profundo: originariamente era o estudo sistemático dos mitos, que significavam uma narrativa fantasiosa da genealogia e dos feitos das divindades do politeísmo registrados nas teogonias. Como narrações imaginosas, distinguiam-se dos escritos propriamente históricos, pelo fato de não se enquadrarem dentro das coordenadas do espaço e do tempo histórico.

Sentido figurado: aos poucos,  o termo se foi carregando de novos sentidos, entre os quais notamos os mais importantes: 1.º) explicações populares, espontâneas, isto é, não racionais, nem científicas dos fenômenos do mundo físico e social. Por exemplo: os raios são dardos flamejantes com que o deus do céu, Júpiter Tonante, descarrega a sua ira sobre a Terra; 2.º) a projeção, muitas vezes dramatizada, das grandes aspirações do grupo. Assim, um povo oprimido pela fome, cria mitos sobre uma era dourada de fartura e de paz. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

3. HISTÓRICO

No Extremo Oriente o caos primordial era concebido como um ovo; na mitologia indiana, como um vazio e informe, algo em permanente estado de repouso e indiferenciação; entre os gregos, como matéria desordenada e informe.

Segundo a compilação de Hesíodo, o passo inicial para a criação não se dá com a união dos elementos, mas exatamente através do processo inverso. Tal ocorre quando se rompe o caos para que a Luz (Aithér), sucedendo à Noite (Nýks), ilumina o espaço entre Gaia ou Ge (Terra) e Ouranós (Céu), e o mundo emirja com a aparição de Póntos (Mar), oriundo da própria Terra.  

Os onze primeiros capítulos do "Gênesis" apresentam a criação do homem de forma mítica.

No processo histórico, temos lembrança de todo o arcabouço dos feitos dos deuses gregos, egípcios, romanos etc.

A explicação científica dos mitos começa com o antropólogo inglês Friedrich Max Müller (1823-1900) que considera os mitos como descrição poética de fatos da natureza (tempestades, terremotos etc.). A Antropologia moderna prefere a teoria da Claude Lévi-Strauss, que reconhece nos mitos o reflexo de determinadas estruturas sociais dos povos primitivos.

Na Renascença, Voltaire escreveu o seu Édipo (1718) para denunciar, por alusão, o poder do clero na França.

No século XIX, a mitologia grega não foi esquecida, mas um só de seus mitos parece ter ocupado a imaginação dos poetas: o de Prometeu, símbolo da rebelião, que é uma das características do século.

No século XX, registra-se surpreendente ressurreição dos enredos e personagens mitológicas gregas. O complexo de electra, por exemplo, é retratado nas obras de Hugo von Hofmannsthal (1903), Robinson Jeffers (1924) etc. (Enciclopédia Mirador Internacional)

4. SENTIDO PROFUNDO

4.1. RETIRO DO MUNDO

O retiro do mundo marca o modo e vida dos religiosos. Hugo de São Vitor distinguia cinco graus ascéticos: primeiro, lectio ou doutrina; segundo,  a santa meditação; terceiro, a oração; quarto, a operação; quinto, a contemplação. Em França, no século XVII, funda-se o Oratório, uma instituição religiosa, cujo objetivo era não uma Doutrina Comum mas uma tendência comum para a vida interior e mística, concedendo aos seus adeptos a liberdade mais completa de reverenciar Deus. (Mendonça, 1975)

4.2. ILUMINAÇÃO SÚBITA

A iluminação súbita pode ser verificada pesquisando a biografia dos grandes pensadores. O filósofo Sócrates que viveu no século V a. C. teve seu insight depois de uma visita que fizera ao Oráculo de Delfos, quando, a partir daí, passou a ensinar o conteúdo da autoconsciência do homem. René Descartes (1596-1650) teve sonhos que lhe indicaram sua missão divina: construir o método para a nova ciência. O íntimo da maioria dos grandes pensadores mostra essa relação com o divino.

5. SENTIDO FIGURADO

Os mitos, no sentido figurado, estão situados entre a realidade objetiva e a fantasia. A realidade objetiva mostra o que a coisa é independentemente da observação do sujeito; a fantasia é uma criação mental que se distância da realidade.  Nesse sentido, os mitos e a mística podem ser encontrados em todos os setores da atividade humana: na Política, na Sociologia, na Educação, na Economia, na Religião etc. isso acontece porque a maioria de nós prefere uma situação cômoda diante da vida.

5.1. MITOS FILOSÓFICOS E POLÍTICOS

Em termos filosóficos e políticos, podemos lembrar do existencialismo, do marxismo e do liberalismo. O existencialismo, por exemplo, atribui um valor absoluto à existência, quando a concebe em uma única vida, de 60, 70 anos, negligenciando a hipótese das vidas passadas. O marxismo convida-nos a construir a justiça plena e igualitária entre todos os homens, tendo por instrumento a luta de classes. Esquecem-se os seus propagadores que somos desiguais, necessitando níveis de renda desiguais. O liberalismo prega a liberdade, identificando-a com a espontaneidade; deixa tudo a gosto da subjetividade de cada consciência.

5.2. PRÁTICA DOS MITOS MODERNOS

Em termos práticos, anotamos o enriquecimento, a tecnologia, o sexo, a cultura etc. Na atualidade, somos impelidos ao enriquecimento e à obtenção de posição de destaque; caso não o consigamos, somos desprezados pelos detentores da riqueza. O avanço da tecnologia dá ao homem o domínio da natureza; ofusca-lhe, porém, o pensamento quando se considera como Deus ou mesmo superior a Ele. O sexualismo, uma reação contra o puritanismo de outrora, trouxe o sexo desenfreado. A obtenção da  cultura transforma-se em mito quando transferimos as potências divinas para o exercício da inteligência humana. Na religião o que se vê é uma vasta idolatria, que deturpa os sentimentos mais nobres da mística verdadeira. (Lima, 1956)

6. ESPIRITISMO

O Espiritismo foi concebido dentro de uma ótica positiva, ou seja, baseado na observação e na constatação científica dos fatos espíritas. Nesse sentido, a estrutura dos seus princípios fundamentais não contém mitos e nem dogmas.

A Fé existe, mas é uma fé raciocinada. Quer dizer, cremos porque a nossa razão concebe racionalmente o motivo da nossa crença. Não é um sentimento transmitido pelos expositores da Doutrina ou mesmo por algum Espírito amigo, é uma percepção inata remodelada pelo logos que há em nós.

É possível que muitas pessoas taxem o Espiritismo de mitológico. Não resta dúvida que no meio espírita são muitos os que dizem professar o Espiritismo, mas nunca se debruçaram sobre as Obras Básicas de Allan Kardec. Antes de julgar, devemos analisar, pois a experiência histórica mostra que não foram poucos os cientistas que mudaram de opinião, depois de entrar em contato com o corpo doutrinário do Espiritismo.

Além do mais, há também, a transferência de imagens que a Sociologia nos ensina. Pertencendo a uma religião, não somos capazes de nos libertar de suas amarras, mesmo estando em outro nível de crença. No jargão popular diz-se que "levamos conosco o nosso baú"

6.1. MITOS CRIADOS PELOS ESPÍRITAS

Embora o Espiritismo não tenha mitos, nós, os Espíritas, criamos muitos deles em nosso dia a dia na Casa Espírita.

Vejamos alguns deles:

1) O Mito do Mentor: quando aceitamos passivamente as determinações dos nossos mentores não tendo o cuidado de analisar a mensagem, a informação sob o guante de nossa razão

2) O Mito do Trabalho Forte: quando nos deixamos governar pela ilusão, aceitando que tal trabalho espiritual resolveria melhor o nosso problema. Observe que a maioria de nós julga que o trabalho de desobsessão é infinitamente superior ao trabalho de palestra evangélica.

3) O Mito do Desenvolvimento Mediúnico: quando confundimos fundo mediúnico com mediunidade a ser desenvolvida, criamos problemas para aqueles que nos procuram pela primeira vez. Esse mito é muito freqüente, pois achamos que a maioria das pessoas é médium e tem que desenvolver a sua mediunidade.

4) O Mito da Pureza Doutrinária: quando só consultamos os livros da codificação, criamos um viés em nosso pensamento. Hoje há muitos ensinamentos trazidos pelos diversos médiuns espalhados pelo mundo. Negligenciá-los é perder parte da cultura espírita.

6.2. OS MITOS SOB A ÓTICA ESPÍRITA

Os princípios fundamentais da Doutrina Espírita fornecem-nos subsídios para tratarmos os diversos matizes referentes aos mitos, tanto modernos quanto antigos.

Observe o mito da criação: segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem - Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele.

De acordo com o Espiritismo, o simbolismo bíblico pode ser interpretado da seguinte maneira: o pó da terra é a matéria, o corpo humano; o sopro é o Espírito. Quer dizer, para que um corpo humano tenha vida, ele deve ser animado por um Espírito.

Interpretemos, também, o modelo do pensamento místico à luz do Espiritismo. No capítulo I de A Gênese, Allan Kardec trata do problema da revelação divina. Diz-nos que a revelação direta de Deus não é impossível, porém faz-nos entender que a revelação é feita através da mediunidade, ou seja, pelos Espíritos mais próximos de Deus que pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. O codificador do Espiritismo pretende, ao analisar o caráter da revelação espírita, desmistificar a facilidade da obtenção do conhecimento divino. Diz-nos que a revelação espírita é de origem divina e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho científico do homem. Procede da mesma forma que as ciências naturais: observa, formula hipóteses e tira conclusões.

7. CONCLUSÃO

Esperamos que a discussão dessas ideias possa abrir a nossa mente para uma melhor disposição de ânimo em ver o Espiritismo como ele é e não como gostaríamos que fosse. Se deixarmos de lado a nossa comodidade, o nosso ponto de vista pessoal, não só nos libertaremos dos mitos como também adquiriremos uma vasta cultura racional do conhecimento espírita.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.
Enciclopédia Mirador Internacional. São Paulo, Encyclopaedia Britannica, 1987.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.
IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
LIMA, A. A. O Existencialismo e Outros Mitos do Nosso Tempo. 2. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1956 (Obras Completas XVIII)
MENDONÇA, E. P. O Socratismo Cristão e as Origens da Metafísica Moderna. São Paulo, Convívio, 1975.
São Paulo, 28/01/2001

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

PREOCUPAÇÃO II - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)

PREOCUPAÇÃO II - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)



Nossa percepção, hoje, nos esclarece sobre os fatos do ontem, talvez sobre acontecimentos da semana passada ou, possivelmente, sobre eventos quase esquecidos de anos passados.

Tudo ocorre dentro de um perfeito sincronismo tempo/aprendizado. Não adianta nos preocuparmos com o nosso processo de aprendizado nem com o dos outros, pois, se alguém não está conseguindo caminhar convenientemente agora, é porque lhe falta algo a fazer, ou mesmo, coisas a aprender. No universo, tudo obedece a um ritmo natural; as raízes de nossa evolução corporal/espiritual estão arraigadas nas íntimas relações com a natureza. Em nível mais profundo, somos parte da natureza.

Vivenciamos conscientemente, a todos os instantes, os ciclos da natureza com nossas emoções e sentimentos. Experimentamos desânimo e abatimento no transcurso de um longo período de estiagem; porém, quando a chuva cai, a nossa sensação é de alegria e prazer; ou, durante as tempestades, nossas impressões oscilam desde a apreensão até o medo. Sentimos a alma leve e feliz com o surgimento do sol, nos dias calmos e iluminados.

Há um tempo para tudo. Em verdade, os ritmos que nos governam são inerentes à vida. Também nós, os espíritos domiciliados ou não na Terra física, identificamos nossos ritmos internos através das sensações da dor e do prazer que experimentamos, a fim de avaliarmos o "grau de acerto" de nossos atos e decisões.

Dia e noite, primavera e inverno, amanhecer e entardecer são fases da natureza, atuando diretamente nos ritmos de nossas ocupações e procedimentos do cotidiano.

Em verdade, a nossa identificação com a Vida Maior se plenifica, quando harmonizamos nossos ritmos internos com os ritmos externos da natureza.

Propõe o professor Rivail aos Nobres Emissários: "Os seres que habitam cada mundo hão todos alcançado o mesmo nível de perfeição? E os Espíritos respondem à questão com sabedoria: "Não; dá-se em cada um o que ocorre na Terra: uns Espíritos são mais adiantados do que outros".

Os ritmos interiores dos indivíduos se prendem ao nível evolucional/espiritual de cada um, e toda a vida no Universo está dentro de uma ordem perfeita. Tanto os astros da abóbada celeste como os seres microscópicos do nosso planeta, todos são regidos por um Divina Ordem, que mantém trajetórias e órbitas perfeitamente alinhadas, como também os ritmos e os propósitos coerentes com o grau de necessidade e progresso das pessoas e das criações.

Embora os ritmos biológicos de uma pessoa difiram completamente dos ritmos de outros seres, podemos encontrar ritmos orgânicos semelhantes em membros de uma mesma espécie.

A ação de inspirar resulta com exata precisão em seu reverso, a ação de expirar. Esta sucessão ou alternância produz um ritmo. Quando suprimimos um deles, o outro também desaparecerá, pois se submetem mutuamente. Por que aquilo que nos parece tão evidente na respiração nos passa despercebido, ou mesmo sem análise alguma, nos outros campos do conhecimento humano?

Os pulmões sustentam a vida orgânica descarregando periodicamente bióxido de carbono e absorvendo oxigênio, que é levado pelo sangue, vitalizando as células, invariavelmente  As atividades celulares nos tecidos permanecem num constante estado de multiplicação, e a respiração é contínua e compassada.

Certos ritmos que nos dirigem são considerados como qualidades inerentes à vida e não podem ser impostos pela exterioridade.

O músculo cardíaco apresenta ritmo espontâneo. As batidas do coração dispõem de seus próprios marcapassos. Na aurícula direita, um minúsculo nódulo, conhecido como "sinus", à feição de um timoneiro numa antiga embarcação romana, possui uma tarefa gigante: marca o ritmo das batidas no "barco da vida". As células nervosas do cérebro detonam frequentes impulsos que, por sua vez, repercutem na ritmicidade das ondas cerebrais, que podem ser registradas pelo eletroencefalograma.

Em todo reino vegetal e animal, a função sexual é um fenômeno periódico, desde a polinização das plantas até o ciclo menstrual das mulheres, que é o resultado direto do aumento e diminuição dos hormônios num ritmo mais ou menos mensal.

Se pudéssemos observar o interior de alguém que está correndo, veríamos, com certa regularidade, a contratação de grupos alternados de músculos. Os chamados "flexores" se contraem, fazendo dobrar as articulações; os "extensores" se estendem, fazendo endireitar as articulações.

Toda vida em nós e fora de nós está em constante ritmicidade. Por que, então, desrespeitar os mecanismos de que se utilizam as leis divinas na evolução? Por que nos afligirmos e tentarmos mudar o imutável?

Como é importante caminhar, passo após passo, acompanhando nosso próprio "compasso existencial" e percebendo a hora propícia de mudança!

O dia de hoje nos fornecerá exatamente as oportunidades de que precisamos para compor com estrofes e versos harmônicos o "poema de nossa vida", cuja métrica foi antecipadamente determinada por nós no ontem. Nossas experiências da vida não acontecem por acaso. A Providência Divina nada faz sem um desígnio proveitoso; tudo tem sua razão de ser. Não é preciso desespero, nem preocupação; tudo acontece como tem que acontecer.

Hammed - As dores da alma

PREOCUPAÇÃO I - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)

PREOCUPAÇÃO I - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)


As tarefas evolutivas, executadas por nós na Terra, fazem parte de um processo dinâmico que levará nossas almas ainda por inúmeras encarnações. A vida não tem outro objetivo senão o de doação, de proteção e de recursos, para que possamos atingir uma estabilidade íntima que nos assegure a clareza e a serenidade mental, elementos imprescindíveis que nos facilitarão o progresso espiritual.

Se acreditarmos, porém, que nossa felicidade ou infelicidade venha das coisas externas, do acaso ou das mãos de outras pessoas, estaremos dificultando nosso crescimento e amadurecimento interior.

A pessoa que atingiu a lucidez espiritual já adquiriu a capacidade de compreender a eficiência com que a natureza age em nós. Ela se conduz no cotidiano, pacificada e serena, pois percebeu que está constantemente ganhando recursos da Vida Maior; mesmo quando atravessa o que consideramos "transtornos existenciais". Ao mesmo tempo, aprendeu que, por mais que se preocupe, a reunião de todas essas preocupações não poderá mudar coisa alguma em sua vida.

"... O Espírito na escolha das provas que queira sofrer (...) escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa".

A Providência Divina agindo em nós faz com que saibamos exatamente o que precisamos escolher para nosso aprimoramento interior. Para que a consciência da pessoa tenha uma boa absorção ou uma sensível abertura para o aprendizado, é preciso que adquira senso e raciocínio, noção e atributos, todos extraídos das suas provas e expiações, ou seja, das diversas experiências vivenciais.

Ainda encontramos nesta questão: "uns impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações (...) outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder (...) muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contacto com o vício".

Por que então a nossa desmedida preocupação com o destino dos outros? Por que tentamos forçar as coisas para que aconteçam? As almas estão vivenciando o útil e o necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades naturais e divinas. Podemos orientar, amar, apoiar, ajudar, mas jamais achar que sabemos melhor como as coisas devem ser e como as pessoas devem se comportar.
No entanto, é importante não confundirmos preocupação com prudência ou cautela. A previdência e o planejamento, para que possamos atingir um futuro promissor são desejos naturais dos homens de bom senso.
Na realidade, preocupação que dizer aflição e imobilização do presente por causa de um suposto fato que poderá acontecer ou ainda uma suspeita de que uma decisão poderá causar ruína ou perda.

A preocupação excessiva com fatos em geral e com o bem-estar das pessoas está alicerçada, em muitas ocasiões, em um mecanismo psicológico chamado "auto distração".

Os preocupados têm dificuldade de concentração no momento presente e, por isso, fazem com que a consciência se desvie do foco da experiência para a periferia, isto é, vivem entorpecidos no hoje por quererem controlar, com seus pensamentos e com sua imaginação, os fatos do amanhã.

Esse desvio da atenção é uma busca deliberada de distração do indivíduo; é uma forma de impedir a si próprio de ver o que precisa perceber em seu mundo interior.
Quando dizemos que nos preocupamos com os outros, quase sempre nos abstraindo:
das atitudes que não temos coragem de tomar;
das responsabilidades que não queremos assumir;
das carências afetivas que negamos a nós mesmos;
dos atos incoerentes que praticamos e não admitimos;
dos bloqueios mentais que possuímos e não aceitamos.
Deslocamos todos os nossos esforços, atenção e potencialidades para socorrer, proteger, salvar, convencer e aconselhar nossos "companheiros de viagem", olvidando muitas vezes, propositadamente ou não, nossa primeira e mais importante tarefa na Terra: a nossa transformação interior.
É incontestável que a preocupação jamais nos preservará das angústias do amanhã, apenas colocará obstáculos à nossas realizações do presente.

Não devemos nos preocupar e nem podemos forçar mudanças de atitudes nas pessoas. Em realidade, só podemos modificar a nós mesmos. Nosso livre-arbítrio nos confere possibilidades de uso particular com o fim específico de retificarmo-nos, porém não nos dá o direito de querer modificar os outros.

Acreditamos, ainda assim, que temos o poder de exigir que os outros pensem como nós e que podemos interferir nas manifestações dos adultos que nos cercam. Por mais queridos que nos sejam, não nos é lícito dissuadi-los de suas decisões e posturas de vida.

Cada um se expressa perante a existência como pode. Assim, suas criações, desejos, metas e objetivos são coerentes com seu grau evolutivo. Qualquer tipo de coação em um modo de ser é profundo desrespeito.

Confiemos no Poder Maior que rege a todos, visto que preocupação, em síntese, é desconfiança nas Leis da Vida. Não nos compete determinar ou dirigir as decisões alheias, nem mesmo temos o direito de convencer ninguém ou censurar as opções de vida de quem quer que seja.

Por que condenar os atos e as atitudes de alguém que o próprio "Criador do Universo" deixou livre para decidir? Por que sofrer ou preocupar-se com isso?

Hammed - as dores da alma

Preocupações íntimas

Queridos irmãos, bom dia.

Ultimamente venho sentindo a necessidade de expressar alguns sentimentos mais íntimos que têm me incomodado um pouco e, claro, o melhor lugar para expressar as opiniões é aqui em nosso pequeno espaço.



Venho percebendo, para minha tristeza, uma preocupação cada vez maior com o "ter" e menor com o "ser"; uma busca incessante pelo "material" e, muitas vezes, um total descaso pelo "espiritual"; um apelo quase irresistível para que sejamos "povo" e um esquecimento pelo que significa ser "gente".

Quero, antes de tudo, deixar claro que as opiniões expressas aqui são minhas e não se dirigem a ninguém em especial; apenas representam uma reflexão e a voz que clama no "deserto" de minha consciência.

Esquecemos da mensagem do Cristo e negligenciamos os seus ensinamentos; passamos hoje a ter uma sociedade onde a maioria considera a honestidade, retidão, caráter e moral risíveis, para não dizer ridículas.

Estamos nos aproximando de um momento social onde o "certo" será fazer o "errado" e quem busca seguir corretamente será taxado de "idiota" ou coisa pior.

Nossas crianças perderam o respeito pelos pais, avós ou parentes - para não dizer por todos os outros que não são familiares. Não se pede "licença", "desculpa" ou "por favor", todas as diferenças são resolvidas com violência - inclusive em casa - e não se conhece mais a palavra "diálogo". Estamos criando pequenos ditadores em nosso próprio lar, que perderam a noção dos limites e da educação, porque os pais buscam aliviar a culpabilidade da ausência com liberdades, presentes e desregramentos.

Somos a única sociedade na história onde os pais tem "medo" de educar seus filhos e onde os filhos tem "liberdade" para fazer o que querem, quando querem, como querem e com quem querem.

Talvez por conta disso tenha aumentado tanto o número de pacientes em consultórios das chamadas "psico"-logias - É o íntimo de cada ser humano que cobra inconscientemente por uma resposta da qual estamos cada vez mais nos afastando - nós mesmos.

Nossa sociedade "moderna" está cada vez mais criando pessoas "espelho" que são levadas e buscam gostar igual, vestir igual, comer igual, ter igual, ser igual aos modelos de perfeição que a mídia cria - esquecemos quem somos, o que queremos, como gostamos, onde desejamos chegar - e passamos a viver os sonhos e objetivos que outras pessoas criaram para nós; e, como não conseguimos, nos frustramos por isso.

Esquecemos que se não somos tão bons em determinada coisa ou se não temos a determinada forma física que desejamos não é porque "não prestamos para nada"; é porque não fomos criados iguais e cada um recebe o que deve ter para cumprir a sua programação. Não somos simplesmente uma massa - um povo - somos pessoas e cada pessoa tem seu jeito, sua maneira, suas vontades e seus desejos.

Quando não conseguimos entender isto vamos nos frustrando e afundando cada vez mais em uma solidão que não tem explicação - mesmo tendo em nossas mãos os meios de comunicação mais modernos do mundo estamos cada vez mais isolados em nós mesmos.

Temos receio do contato humano, esquecemos como conversar pessoalmente e, na maioria das vezes, se nos juntamos é para "curtir" e "farrar", sem a mínima preocupação nem respeito as limitações do meu corpo o dos outros.

Nos viciamos em sensações prazerozas ao corpo, porém prejudiciais à saúde; Buscamos o êxtase fisiológico e nos afastamos da plenitude espiritual - Estamos errando e sabemos disso, mas não conseguimos frear o "cavalo selvagem" de nossos impulsos mais primitivos que corre à nossa frente.

Somos criados, em nossa imensa maioria, com a idéia que se aceitarmos uma religião, comungarmos ou nos batizarmos, e formos a igreja pelo menos uma vez por mês estaremos salvos; Nossos lídres religiosos ainda apregoam infernos e penitencias que não se enquadram mais com as idéias sociais das pessoas e isto causa um desagregamento nos valores morais que uma religião pode fornecer, afastando as pessoas do verdadeiro sentimento de "amor a Deus" e criando uma legião de religiosos "por conveniencia", que conhecem as leis divinas, mas não acreditam no modo como elas são ensinadas e, desta forma, não se importam com as consequencias que possam advir de seus atos - quem duvida basta olhar para a nossa juventude.

Por outro lado temos grupos que esquecem a "graça de Deus" e procuram o "Deus da Graça" - aquele que promete dar em favores e recompensas materiais o que nós não temos a vontade de lutar para conseguir ou a compreensão de entender quando não conseguimos - "ele tem que nos dar"!

Hoje, e cada dia mais, me convenço que o homem necessita da orientação segura de uma família equilibrada e de uma religião acolhedora e esclarecedora, bem como de acompanhamento educacional e social que possa dar dignidade e condições para que aquele carvão bruto se torne o diamante que vai auxiliar a impulsionar a sociedade com seus exemplos.

Governos vão e vem, fazem e acontecem, porém sempre buscando recompensas nas urnas ou no poder; auxiliam a alguns, atendendo suas necessidades de fome e sede físicos; porém são incapazes de aliviar a sede do espírito.

Nós, os que nos dizemos religiosos, necessitamos buscar alternativas para fomentar a compreensão, exemplificar o esforço no bem como caminho construtor da felicidade, orientar a fé em Jesus como amparo em todas as horas - E o esforço começano lar, seguindo para as cercanias e depois para mais além.

Não nos portemos como os fariseus da parábola que "louvam com os lábios, mas ocoração está distante". Façamos o que é certo - não porque é "politicamente correto" e seremos vistos pelos outros - mas porque em nosso coração temos a certeza de fazer com amor verdadeiro o que o nosso próximo necessita.


Sejamos alguns dos "poucos trabalhadores" da vinha que "é imensa"; e vivamos diariamente a mensagem do evangelho em nossos corações, trazendo através de nossos atos e de nossa vida o exemplo que modificará, um dia, aos que nos observarem atentamente, tentando encontrar algum deslize - não é fácil e seremos muitas vezes ridicularizados, mas como disse um amigo espiritual certa vez "vale a pena cada passo"!

Paz com todos

João Batista Sobrinho

Leia Mais em: http://www.bomespirito.com/2010/05/preocupacoes-intimas-comentarios.html#ixzz2sJDeGDE0
Obrigado pelo carinho e Paz Contigo

Desgaste Inútil

Desgaste Inútil

Marcus De Mario*

Muitas pessoas vivem a síndrome da ansiedade, sempre preocupadas com o que pode acontecer. Junto com a depressão, a ansiedade é considerada uma doença moderna, aguçada pelo capitalismo e tecnologia dos tempos atuais. Estudando as causas da ansiedade, o psicólogo inglês D. Engler chegou à seguinte classificação:
Preocupação com coisas que nunca chegam a acontecer – 40%.
Preocupação por coisas que nenhuma força conseguiria mudar – 35%
Preocupação por coisas que no fim acabam dando certo – 15%
Preocupação sem nenhum motivo válido – 8%
Preocupação por coisas que realmente merecem atenção – 2%
A conclusão é de que em 98 de 100 casos as preocupações não fazem sentido ou não são realmente importantes, sendo em sua maioria imaginárias, provocando ansiedade, depressão, distúrbios orgânicos e emocionais.
A pessoa ansiosa normalmente é repleta de medos e angústias, o que faz com que, diante da preocupação muitas vezes imaginária, mantenha-se paralisada, sem procurar saber a verdade ou sem procurar uma solução para aquilo que a aflige. Pode também viver num estado maior ou menor de pânico, com taquicardias, sudorese e outros sintomas que parecem mostrar desequilíbrios orgânicos, quando na verdade são efeitos do estado de ansiedade. Tudo isso, ao longo do tempo, pode realmente levar a pessoa a ficar organicamente doente, assim como abre as portas, do ponto de vista espiritual, pela lei de sintonia, para um processo obsessivo.
Sobre o assunto, a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, em seu livro “O Homem Integral”, psicografo pelo médium Divaldo Pereira Franco, ensina que:
“O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento. Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do cotidiano. Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a autoconfiança”.
Descobrir-se é a senha para uma vida mais tranquila, com menos estresse. Na medida em que procuramos saber quem somos, de onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para onde vamos, reavaliamos o existir e refletimos sobre os valores que nos impulsionam frente à sociedade e à própria vida, levando-nos a significar as lutas de cada dia com mais amplitude, percebendo o potencial interior de que somos dotados, o que gera tranquilidade, paz de espírito.
Lembremos que o Mestre Jesus proclamou ter vencido o mundo, ou seja, não se deixou levar pelos constrangimentos que a sociedade procura impor através do egoísmo, informando ainda que se nossa fé for verdadeira, tudo podemos superar.
É por isso que, em seu texto, Joanna de Ângelis complementa:
“A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo, nem ao medo de perdê-lo. Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física, tranquilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá”.
O tratamento da ansiedade, desse desgaste inútil que acarretamos a nós mesmos, passa pela espiritualização do ser, e nesse campo o Espiritismo realiza uma grande contribuição, ao informar e demonstrar que não somos o corpo, que somos almas imortais em trânsito para a perfeição, pois a vida continua depois da morte do equipamento orgânico.
E ainda mais, pois a doutrina espírita resgata em espírito e verdade os ensinos de Jesus sobre o amor ao próximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, a oração que nos liga a Deus e gera novas energias, a fé que remove montanhas. Ensinos que, colocados em prática, nos levam à verdadeira felicidade, à paz de espírito que tanto almejamos, vencendo as disputas que engendramos no passado, sacudindo a poeira da acomodação e espantando os medos que ainda nos acompanham.
Evitemos preocupações imaginárias para preservarmos a saúde orgânica e o equilíbrio emocional, utilizando as lições do Espiritismo para construção de um amanhã mais feliz.
*Marcus De Mario é escritor, tendo vários livros publicados, palestrante, colaborador da mídia espírita, educador e consultor empresarial

Espiritismo e Preocupação - Felipe Morel Wilkon

Espiritismo e preocupação não combinam…

Você costuma se preocupar? Você já se deu conta de quanta energia você despende se preocupando? A preocupação é uma pré-ocupação, ou seja, ocupar-se antecipadamente com alguma coisa. Você já percebeu que a maioria das coisas com que se preocupa nunca acontece?

Quando você se preocupa você está duvidando da sua capacidade de resolver eventuais problemas; quando você se preocupa você demonstra que não confia em si mesmo; quando você se preocupa você impede que Deus aja em você. Ficou claro essa última parte? Deus age em você, Deus age por você, Deus age através de você. Você é manifestação de Deus. Não parece?

Pra quem se acostumou com uma visão de Deus como um ser externo, como o velho barbudo Jeová, pode ser difícil conceber a ideia de que Ele esteja em nós, em todos nós. Nós somos manifestações divinas, e quando confiamos na Vida, na Providência, em nós mesmos, estamos confiando em Deus. O estado de confiança, o sentir-se seguro de si mesmo e das coisas que nos acontecem é a confiança em Deus, sem a qual nos tornamos neuróticos ansiosos e preocupados.

Ficar se preocupando com o que está por vir é uma enorme perda de tempo e energia. Se você está se preparando para um acontecimento qualquer: um encontro, uma festa, uma entrevista de emprego, a prestação que vai vencer, você precisa guardar sua energia para resolver o problema, para fazer o que deve ser feito, no momento em que for preciso. Mas quando você se preocupa você gasta esta energia antes, e na hora em que o fato acontece, você já esta exausto, sem forças, sem disposição e sem inspiração para resolver o que quer que seja.

Quando somos crianças aprendemos que preocupação é coisa de adulto, coisa de gente grande, de gente séria. Crescemos achando que se preocupar com alguém é demonstrar carinho, cuidado e afeição. Crescemos achando que se preocupar com as coisas é ser previdente, é sinal de responsabilidade e prudência. Preocupação é burrice!

Preocupação é uma gigantesca burrice! Quantas vezes você já ficou imaginando possibilidades tenebrosas que nunca se concretizaram? Quantas oportunidades você deixou escapar por se preocupar com possíveis consequências? Quantas coisas boas você deixou de aproveitar por causa dos “e se…”, “mas e se…”?

Hoje em dia há tantos fanáticos religiosos e aproveitadores da credulidade alheia que não levamos muito a sério frases como “se entregar a Deus”, “deixar Deus agir”. Talvez você fique um pouco desconfiado com uma frase dessas. Mas se entregar a Deus é fazer o que é certo, fazer o que precisa ser feito, sem se preocupar com o resto, sem ficar ansioso com o dia de amanhã.

Nosso estado mental de confiança permite que coisas boas aconteçam, porque não criamos barreiras à ação de Deus. Não gostou da frase? Podemos refazê-la: Nosso estado mental de confiança permite que coisas boas aconteçam, porque não criamos barreiras ao fluxo do universo.

Tudo no universo é equilíbrio, tudo funciona perfeitamente. Só deixa de funcionar perfeitamente quando há um obstáculo. No nosso caso, o obstáculo é a preocupação, essa energia pesada gerada pela ansiedade. Nós somos o que pensamos. Nossa imaginação tem o poder de criar e modificar realidades. Quando acionamos os mecanismos da imaginação pela preocupação, estamos dando ensejo à manifestação de nossos temores. Além de atrair mentes enfermiças com pensamentos semelhantes, de encarnados e desencarnados…

Mude seus hábitos, faça a sua parte e confie em Deus. É difícil? Tente! Persista! Você consegue!

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Preocupação

"Observai os pássaros do céu: eles não semeiam nem colhem..."
"Observai como crescem os lírios dos campos: eles não trabalham nem fiam..."
"...não estejais inquietos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. A cada dia basta o seu mal"

(Passagem bíblica - Cap XXV, item 6)

A estratégia da preocupação é nos manter distantes do momento presente, imobilizando as realizações do agora em função de coisas que poderão ou não acontecer.
Desperdiçamos, por conseqüência, tempo e energias preciosas, obcecados com os eventos do porvir, sobre os quais não temos qualquer tipo de comando, pois olvidamos que tudo que podemos e devemos dirigir é somente nossas próprias vidas.
São realmente diversas as preocupações sobre as quais não temos nenhum controle: a doença dos outros, a alegria dos filhos, o amor das pessoas, o julgamento alheio sobre nós, a morte de familiares e outras tantas.
Podemos, porém, nos "pré-ocupar" o quanto quisermos com essas questões, que não traremos a saúde, a felicidade, o amor, a consideração ou mesmo o retorno à vida, porque todas elas são coisas que fogem às nossas possibilidades.
Outra questão é quando passamos por enormes desequilíbrios causados pelo desgaste emocional de nos ocuparmos antes do tempo certo com coisas e pessoas, o que ocasiona insônias, decepções e angústias pelo temor antecipado do que poderá vir a acontecer no amanhã.
Não confundamos "pré-ocupação" com "previdência", porque se preparar ou ser precavido para realizar planos para dias vindouros é tino de bom senso e lógica; mas prudência não é preocupação, porque enquanto uma é sensata e moderada, a outra é irracional e tolhe o indivíduo, prejudicando-o nos seus projetos e empreendimentos do hoje. (...)
"Não estejais inquietos com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
A cada dia basta seu mal"
O Criador provê suas criaturas com o necessário, porquanto seria impossível a Natureza criar em nós uma necessidade sem nos dar meios para supri-la.
"Vede os pássaros do céu, vede os lírios dos campos"
Além do mais, pedia-nos que fizéssemos observações de como a vida se comporta e que deixássemos de nos "pré-ocupar", convidando-nos a olhar para nossa criação divina que a todos acolhe.
O Mestre queria dizer com essas afirmativas que tudo o que vemos tem ligação conosco e com todas as partes do Universo e que somos, em realidade, participantes de uma Natureza comum. As mesmas causas que cooperam para o benefício de uns cooperam da mesma forma para o de outros.
Quando há confiança, existe fé; e é essa fé que abre o fluxo divino para a manutenção e prosperidade de nossa existência, dando-nos juntamente a proteção que buscamos em todos os níveis da vida.

Livro: "Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo Neto pelo espírito Hammed"

PREOCUPAÇÕES

PREOCUPAÇÕES


Quando nos defrontamos com diversos desafios do cotidiano, por vezes nos surpreendemos em estado de preocupação.
São as questões domésticas, as profissionais, as sociais. São muitas coisas a pesar sobre nossos sentimentos, nossos pensamentos, nosso humor.
São problemas que envolvem os filhos, o vestibular, a viagem para o Exterior, o novo curso que ele deverá começar. São tantas incertezas...
O garoto conseguirá superar todas as etapas? E se não conseguir, como reagirá?
A filha começou a namorar. Dará certo desta vez? E se não der, cairá novamente em depressão?
O novo chefe tem ideias diferentes das nossas a respeito de muitas coisas. Como isto refletirá em nossa carreira? Estará garantido nosso emprego?
E a festa de aniversário a preparar? Ficará tudo pronto a tempo e a hora?
Vale parar um pouco e meditar a respeito desse fenômeno que se chama preocupação e que consome muitas de nossas energias.
Se a causa for válida, convertamos a preocupação em ação positiva, em vez de ficar a remoer o desafio que se apresenta.
Se a causa da preocupação não for legítima, se nosso estado psicológico se prende ao desejo de posse, ao ciúme, à falta de fé em Deus ou qualquer capricho nocivo à saúde da alma, desliguemo-nos dessa sintonia, que somente nos trará desespero, mágoa, indiferença.
Se persistirmos no estado de preocupação, poderemos adoecer ou realizar atos de que, mais tarde, nos arrependeremos.
Quando alimentamos exagerado desejo de posse ou quando elegemos objetos como pontos de felicidade, poderemos perder o exato objetivo de nossa vida na Terra.
Afinal, não nos encontramos aqui para usufruir, mas para nos disciplinarmos, para nos educarmos e bem utilizar o que nos chegue e como chegue.
Desse modo, estudemos com clareza os motivos das nossas preocupações e consideremos que o Celeste Amigo já prescreveu, há muito tempo, que a cada dia já basta o seu mal.
Na certeza de que estamos no mundo a fim de aprender, crescer e amar, não nos permitamos sucumbir ante problemas de saúde, dificuldades financeiras, mal entendidos ou questões familiares.
Aprendamos a resolver um após outro os problemas, recordando que, às vezes, o tempo é o melhor remédio para as dificuldades.
Entreguemos as nossas preocupações ao Criador e marchemos adiante, aguardando as luzes dos novos dias, que sempre brilham após as horas de sombras e desalento.
* * *
Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como for necessário.
Ele nunca deixa ao abandono os que Nele confiam.
Se nem sempre nos dá o auxílio material, sempre inspira as boas ideias para que encontremos os meios de sair da dificuldade.
É a Divina Providência, sempre alerta e a postos.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 26 do livro
Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de
J. Raul Teixeira, ed. Fráter e no item 7 do cap. XXV
do livro O evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, ed. Feb.
Em 29.06.2009.

O veneno da preocupação


Matéria do Jornal "O CLARIM".

Junho/2008


André Rabello

Perante as nuvens de incertezas que amiúde escurecem o céu de nossas mais caras esperanças, o veneno da preocupação mal contida, freqüentemente, nos intoxica os delicados mecanismos da alma. Diante dela, tememos o que o futuro nos mostrará, ao mesmo tempo em que ignoramos a realidade do presente, perdendo inúmeras oportunidades de crescimento espiritual. Ensejos de praticar a caridade, ajudar a familiares, socorrer a dor de necessitados, estudar lições edificantes do Evangelho de Jesus e tantos outros, que aparecem como luzes que a Clemência Divina nos coloca no caminho, visando nos conduzir ao reino de nossa redenção, são por nós ignorados, pois permanecemos com os olhos fechados para a nossa reforma íntima, nos preocupando em excesso com o futuro que ainda não conhecemos.
Quando o nobre espírito Hammed fala da preocupação no seu livro “As Dores da Alma” (1) nos alerta para essa postura equivocada. Pensar excessivamente no que há de vir pode se constituir num mecanismo de fuga para nossas responsabilidades do tempo atual. Quanto mais nos preocupamos com os problemas que teremos de enfrentar, e outros que apenas existem dentro de nossas mentes, menos agimos de forma útil no presente, acumulando maior soma de preocupações para os dias que se seguem. E quando deixamos este processo seguir de forma indiscriminada, acabamos assoberbados de dificuldades não resolvidas que têm como resultante inevitável muitos dos males emocionais dos tempos modernos, tais como a ansiedade, a depressão, esgotamentos nervosos, etc.
Qual a solução para que quebremos este círculo vicioso de preocupações? Busquemos na Doutrina Espírita as respostas e veremos que apenas o antídoto do trabalho e da coragem poderá nos curar da doença das preocupações excessivas. Trabalhemos no intuito de resolver os problemas que desafiam nossa tranqüilidade interior o mais rápido possível, e tenhamos coragem para enfrentarmos os desdobramentos que eles poderão apresentar, na certeza de que quanto mais adiarmos a resolução de nossas questões difíceis, mais complicadas elas se nos apresentarão futuramente.
Portanto, se não queremos nos “pré-ocupar” mentalmente com nenhum problema, nos cansando desnecessariamente, procuremos nos ocupar deles, resolvendo-os da melhor forma, angariando para nosso coração a tranqüilidade da consciência tranqüila e o galardão da fortaleza interior.


BIBLIOGRAFIA


(1) – AS DORES DA ALMA – FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO – DITADO PELO ESPÍRITO HAMMED.

Preocupações

Preocupações

Não se aflija por antecipação, porquanto é possível que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte.
Não é a preocupação que aniquila a pessoa e sim a preocupação em virtude da preocupação.

Antes das suas dificuldades de agora, você já faceou inúmeras outras e já se livrou de todas elas, com o auxílio invisível de Deus.

Uma pessoa ocupada em servir nunca dispõe de tempo para lembrar injúria ou ingratidão.
Disse um notável filósofo: "uma criatura irritada está sempre cheia de veneno", e podemos acrescentar: "e de enfermidade também".

Trabalhe antes, durante e depois de qualquer crise e o trabalho garantirá sua paz.
Conte as bênçãos que lhe enriquecem a vida, em anotando os males que porventura lhe visitem o coração, para reconhecer o saldo imenso de vantagens a seu favor.

Geralmente, o mal é o bem mal-interpretado.
Em qualquer fracasso, compreenda que se você pode trabalhar, pode igualmente servir, e quem pode servir carrega consigo um tesouro nas mãos.

Por maior lhe seja o fardo do sofrimento, lembre-se de que Deus, que agüentou você ontem, agüentará também hoje.



Autor: André Luiz
Psicografia de Chico Xavier. Do livro: Sinal Verde

Fogo Mental

FOGO MENTAL

Reunião pública de 06.10.61
1ª. Parte, cap. IVI, Item 2



Fogo íntimo!... As consciências insensibilizadas no crime só lhe sentem as chamas quando as entranhas do espírito se lhe contorcem ao peso; todavia, basta ligeira falta cometida para que as almas retas lhe sofram as labaredas...

Figura-se látego mortífero, em agitação permanente, conquanto retido no coração, imobilizando o pensamento no desespero.

Agrava-nos a inferioridade, devora-nos o tempo, dilapida-nos a esperança, consome-nos as forças.

É como se, depois de atacar alguém, viéssemos a tombar no recesso de nós mesmos, confundidos pelas pancadas que desferimos nos outros...

O remorso é esse fogo mental, diluindo a existência em suplício invisível.

Foge, assim, de ofender, pois, embora o perdão se erija qual remédio eficaz, na Misericórdia Divina, para as doenças que levianamente criamos, é da própria Lei que, aos ferirmos alguém, caiamos, por nossa vez, inevitavelmente entregues aos resultados de nossos golpes, a fim de que sejamos também feridos.