sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ANTE A FORÇA DO BEM


ANTE A FORÇA DO BEMPDFImprimirE-mail


... Deus é caridade; e quem está em caridade
está em Deus e Deus nele - João I, 4:16
Muitos acreditam simplesmente na força e agem sob o domínio da imposição.
A força, no entanto, comanda apenas coisas e corpos, e tudo o que ela faça, em matéria de condução ou vivência, depende de mais força para continuar.
Em qualquer departamento da vida é necessário amar para entender e construir.
"Deus é caridade", afirma o Evangelho. Consequentemente, Deus está no bem verdadeiro que é, mais propriamente, o bem de todos.
Auxiliando, compreendemos.
Dando, possuímos.
Quanto mais baixo nas esferas da Natureza mais intensamente se mostra o bem da força, e quanto mais alto, nos planos do espírito, mais pura se revela a força do bem.

Mensagem Extraída do Livro Benção de Paz
de Francisco C. Xavier pelo
Espírito Emmanuel 

A FORÇA DO BEM


A FORÇA DO BEM

"TODA IDÉIA NOVA FORÇOSAMENTE ENCONTRA OPOSIÇÃO E NENHUMA
HÁ QUE SE IMPLANTE SEM LUTAS. ORA, NESSES CASOS, A RESISTÊNCIA É
SEMPRE PROPORCIONAL À IMPORTÂNCIA DOS RESULTADOS PREVISTOS,
PORQUE, QUANTO MAIOR ELA É, TANTO MAIS NUMEROSOS SÃO OS INTE-
RESSES QUE FERE." E.S.E. CAPÍTULO 23, ÍTEM 12
A rotina dos nossos serviços no Hospital Esperança foi interrompida naquele dia por um chamado para atendimento na crosta terrestre.
Tratava-se de Juarez, médium em regime de educação das forças mentais, o qual rogou amparo frente a imprevista ocorrência em sua vida profissional. Sua oração, conquanto carregada de desespero, foi registrada em nossos "Núcleos Irradiadores" e o pedido, como de costume, chegou ao pavilhão dirigido por Dona Maria Modesto Cravo, que nos conclamou ao trabalho.
Chegamos juntas ao ambiente comercial de Juarez, Dona Modesta e nós.
Ele estava ansioso e compenetrado no episódio, o qual assumiu proporções avassaladoras em sua mente. Providenciamos alguns fluidos calmantes para que ele mantivesse o equilíbrio; era um homem de gênio explosivo e pouco cordato, especialmente nos negócios.
Seu estabelecimento seria visitado por um fiscal de impostos. Notamos que a mente do nosso amigo estava em franco "delírio". Pensamentos de oposição espiritual tomavam conta de seu cérebro. Dizia para consigo: "querem me derrotar porque estou no trabalho do bem!", "tenho certeza que foi uma cilada espiritual em razão das últimas palestras que fiz sobre temas evangélicos!". Sua fixação em idéias de pressões espirituais de adversários vagueava pelo terreno do místico e imponderável. Não pensou em alguma atitude juridicamente defensiva e nem na própria incúria, com a qual tornou-se possível a ocorrência. Não constatávamos a presença de nenhum ardil de obsessores contra ele naquele caso.
A dívida era vultosa. Infelizmente, apesar dos apelos de amigos e parentes, Juarez preferiu a omissão.
A hora previamente determinada, chegou um homem maduro e carrancudo, com ares de severidade. A visita foi rápida e cordial. Apenas mais uma advertência, nada de execução judicial, por enquanto. O médium agora aliviado mentalizava em seus pensamentos: "como os amigos espirituais são bons e amparam quem está na tarefa! "
De nossa parte, o único amparo dispensado em verdade foi a ele próprio, a fim de que não excedesse na conduta ...
Terminada nossa visita, Dona Modesta sintetizou em pequena frase uma ampla experiência que merece estudo e aprofundamento nas relações entre homens e espíritos:
- Veja só, Ermance ! Os homens costumam ver os espíritos onde eles não estão, e onde eles estão não costumam ser vistos pelos homens! ...
Situações como a de nosso amigo comerciante têm sido constantemente assinaladas no dia-a-dia do homem carnal, seja portador de faculdades psíquicas mais evidentes ou não.
O ser humano é essencialmente místico, mas, principalmente entre os cultores da fé espírita, essa tendência tem sido acentuadamente empregada na construção da "realidade" individual. atingindo algumas vezes as raias da insensatez. O exagero nesse tema tem ensejado devaneios com conseqüências morais nocivas para a vida de muitos homens na Terra. Menor esforço e irresponsabilidade em razão de fantasias provenientes do pensamento mágico têm criado campo para a fuga e a ilusão.
Explorações psíquicas têm ocorrido em torno do tema.
Visitamos certa feita um médium de cura, em cidade localizada no polígono magnético do planalto central, e constatamos um nível acentuado e sutil de desequilíbrio que ilustra nossa tese. Nosso amigo já não vivia mais o plano físico, uma "quase esquizofrenia" cingia-lhe o pensamento. Não ouvia mais os amigos de convivência, guardava-se sob uma análise exclusivamente da influência dos espíritos em todos os fatos que o cercavam. Nos êxitos rendia homenagens aos benfeitores como forma inteligente de "engrandecer sua suposta humildade", no entanto, encharcava-se na vaidade pessoal de ter sido ele o intermediário do sucesso. Nos fracassos imputava irrevogável responsabilidade às trevas e sua sanha perseguidora, abdicando de incursionar no campo da auto-análise e verificar sua parcela pessoal nos trâmites infelicitadores.
Inclusive uma questão merece urgente avaliação.Convencionou-se entre alguns adeptos espíritas mensurar o valor espiritual de uma tarefa pela "oposição trevosa" (conforme denominação usual no plano físico) que lhe é imposta. Alguns companheiros, inspirados nessa tese, interpretam todos os obstáculos em torno de seus passos no serviço doutrinário como "ciladas" e "manobras" contra seus ideais, como se tal critério constituísse um sistema de aferição exato e universal. Apoiados nas palavras do codificador, que diz: "Assim, pois, a medida da importância ( dos resultados de uma idéia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência da ira de seus adversários. (E.S.E., cap. XXIII, ítem 12) Com esse excesso interpretativo, caminham para a escassez de discernimento, perdendo de vista o exame que deveriam proceder em suas próprias atitudes ou decisões na tarefa que, constantemente, são as únicas e verdadeiras "brechas" com as quais os opositores do ideal laboraram.
Inquestionavelmente, e a literatura espírita é farta de informes a esse respeito, não estamos fazendo um convite ao deboche sobre o modus operandi dos inimigos desencarnados da causa do amor. Ingenuidade nessa questão será mais uma porta aberta para o acesso dos maus espíritos, parafraseando o lúcido Allan Kardec. (O Livro dos médiuns, cap. XX, ítem 226)
As trevas só tem a importância que nós lhes emprestamos - palavras sábias de Dona Maria Modesto Cravo em oportuna paráfrase feita por ela à codificação, nas palavras da Equipe Verdade: "A fraqueza, o descuido ou o orgulho do homem são exclusivamente o que empresta força aos maus Espíritos, cujo poder todo advêm do fato de lhes não opordes resistência, " (O Livro dos Espíritos, q. 498)
Será que semelhantes reações ao nosso esforço não poderiam também advir de descuidos e inexperiência? O sutil desejo de realce pessoal ou a pretensão dos pontos de vista, tão difícil de ser percebida, não poderiam ser a causa exclusiva de tanto burburinho e problemas nas frentes de atuação que erguemos?
O enfoque excessivamente carregado de idéias místicas subtrai-nos a possibilidade de tornar a relação entre as sociedades física e espiritual uma escola de despertamento e crescimento para os valores da alma. Utilizando a expressão do guia dos médiuns e evocadores, O Livro dos Médiuns, o laboratório do mundo invisível cerca a natureza terrena com objetivos de ascensão para quantos se encontrem em ambas as faixas de vida.
Quantas críticas e discordâncias, desavenças e tropeços existem nas equipes espíritas com as quais as "trevas", sem muito esforço, exploram assiduamente?
Mais que natural a luz acesa ser perseguida pelas "sombras". Faz parte da Lei de Amor essa "atração opositora". Por ela, quem está na luz se fortalece iluminando-se ainda mais, e quem jaz nas penumbras encontra o "perdão de Deus" na claridade da vitória do bem nos lampejos da conduta alheia.
As convicções pessoais intransigentes e a imprudência são as armas mais poderosas daqueles que se posicionam contra o nosso esforço auto-educativo, porque formam o campo mental propício para a sintonia e a perturbação que decorrem do personalismo e da invigilância.
Nenhuma força é maior que o bem em todos os tempos. Firmemos nossa crença nesse "brasão mental" e roguemos o acréscimo da misericórdia, uma vez que sabemos da nossa fragilidade. Com essa fórmula ninguém sucumbirá sob o peso das vigorosas forças contrárias, que existem para dilatar-nos o poder de cooperação individual na obra do Todo Poderoso Criador do Universo.
Espírito Ermance Dufaux

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PRESSÕES POR TESTEMUNHO


PRESSÕES POR TESTEMUNHO

"PARA ISENTÁ-LO DA OBSESSÃO, É PRECISO FORTIFICAR A ALMA,
PELO QUE NECESSÁRIO SE TORNA QUE O OBSIDIADO TRABALHE
PELA SUA PRÓPRIA MELHORIA, O QUE AS MAIS DAS VEZES BASTA
PARA O LIVRAR DO OBSESSOR, SEM RECORRER A TERCEIROS. ESE
Era manhã de sexta-feira na Terra. Aprontávamos todos para mais uma excursão de socorro e aprendizado. Dona Modesto, como de costume, seria nossa condutora.
Visitaríamos as regiões de dor na erraticidade. Antes, porém, beneficiaríamos o médium Sinésio que cumpria a tarefa de papel de "pólo magnético atrativo", tarefa apelidada pelo humorado Dr. Inácio Ferreira como "isca mediúnica",
Nossa equipe compunha-se pelos jovens Rosângela e Pedro Helvécio. Além deles, diversos componentes do "bando" de Irmão Ferreira estariam cumprindo a atividade de defesa. Irmão Ferreira é excelente trabalhador das "regiões abismais". Graças à sua índole corajosa e seu incomparável poder mental, tornou-se o que se pode chamar, segundo Dona Modesto, um "cangaceiro do Cristo". Tendo vivido as lides do cangaço brasileiro, pernoitou longos anos de sofrimento em psicosferas pestilenciais, adquirindo vasta experiência sobre o modus operandi das trevas. Depois dessa etapa, resgatado a pedido de Jesus destinado a Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo, passou a compor o "esquadrão de servidores da defesa" junto ao Hospital Esperança. Sua tarimba pode ser concebida pelo fato de somente ele e Eurípedes conseguirem penetrar os mais inóspitos locais de inferioridade moral. Eurípedes, pelas suas conquistas superiores; irmão Ferreira, por ser um "embaixador do Senhor", com recursos especialíssimos de força a eles emprestados para o serviço do bem e da remissão de si próprio. Nosso irmão é o testemunho de que a proposta de Deus é a inclusão, jamais deixando qualquer de seus filhos sem a misericórdia do recomeço.
Sinésio é um médium aplicado e de vastas qualidades em desenvolvimento com seu esforço moral.
Na noite anterior foi estabelecida uma conexão mental com uma entidade perversa do grupo dos dragões ("Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando lideres de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são, todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos séculos, qual acontece aos próprios homens." - Nota do autor espiritual André Luiz na obra "Libertação", psicografada por Francisco Cândido Xavier, capitulo VIII).
Às sete horas em ponto, nosso grupo de assistência chegou ao seu lar. Ele havia despertado com bom humor, mas logo que retomou seus deveres, a sanha perturbadora do desencarnado alterou seu campo mental. Notamos que às sete horas e trinta minutos suas mentalizações pairavam em torno de irritações e aflições inúteis e sem razão. Digladiava com preocupações da rotina material sem justos e necessários motivos, enquanto o hóspede infeliz induzia pensamentos de derrotismo e raiva. Às oito horas, Sinésio apresentava um quadro de intensa pressão espiritual que caracteriza a obsessão simples, da qual ninguém está isento nas esferas terrenas. Víamos claramente o sofrimento do medianeiro, o qual sabia lucidamente tratar-se de um episódio mediúnico. A cada hora intensificava-se mais a situação, graduava-se o assédio a cada minuto.
Em nossa equipe percebíamos a tranqüilidade de Dona Modesto e Irmão Ferreira, enquanto Rosângela, muito sensível à dor experimentada pelo companheiro no plano físico, não conteve seus ímpetos de compaixão e desabafou:
- Mas, Dona Modesto, porque deixar esse quadro "correr a solto"? São passadas três horas, e pelo que vejo das próprias reações físicas do médium ele terá o desajuste coronário, não demora !
- Calma, Rosângela, tudo tem um fim útil, assim não fosse já teríamos agido. Estamos aguardando o "bote" ... Sinésio é bem resistente, confie.
Já eram passadas três horas e quarenta minutos, quando extenso vozerio a distância cortou a cena. Dona Modesto solicitou-nos vigilância e fé. Irmão Ferreira fez um leve sinal ao seu "bando", que se apressou em tomar posições estratégicas. Minha tarefa era convocar o medianeiro à oração, o que sem dificuldades foi captado pelo seu bondoso e oprimido coração. Ele orou compungidamente pedindo paz a Jesus pelas almas que lhe intensificavam as provas na vida espiritual; e o fez com tanta unção que, como se "caridoso golpe de expulsão" provocasse o desligamento entre as mentes, vemos o "dragão" literalmente caído, tal como se houvesse tomado um choque de graves proporções. Nessa hora percebemos a origem do vozerio. Quase uma centena de almas ligadas às trevas se ajuntava ali. Um deles pronunciou:
- O que é isso?! Um dragão tombado?! Quantas vezes vamos pelejar para derrubar um infeliz tão fraco como esse?! Vamos arruinar com a vida desse "condenado" e mostrar aos tutores que não existem créditos de proteção para quem deve.
Para surpresa do grupo, uma "rede de acolhimento" descia lentamente do alto envolvida em uma chuva com luzes vivas e multicoloridas com propósito de envolver a todos. Ouviam-se trovões e relâmpagos intensos, os quais eram perceptíveis com grande intensidade. Os sons lembravam uma guerra ... A chusma de espíritos notou a força que lhes cercava. Irmão Ferreira surgiu em meio ao cenário como se materializasse aos olhos de nossos irmãos e pronunciou, no seu tom costumeiro (Preferimos o linguajar original de nosso irmão que, segundo ele, imprime um maior poder de diálogo com os habitantes das faixas sombrias):
- O que vóis mecê acha que vai fazê aqui? Nóis tamo aqui em nome de nossu senhô Jesus Cristo. E pedimo a bênçâo de Deus prá todos vóis mecê.
- Seu cangaceiro estúpido, quanto tempo acha que vai proteger esse fracassado?
- Isso eu num sei respondê, mas que agora nois vamo tê uma conversa de home pra home, isso nóis vai.
A rede descia provocando medo em todo o grupo pela natureza das forças elevadas que emitia. Acordes apropriados para esse tipo de momento fluíam como se viessem de cada nó. Dona Modesto convocou-nos à prece. Com incrível rapidez os dragões dispersaram, entre palavrões e juras de vingança. Ficou somente o obsessor caído. Irmão Ferreira, literalmente, o colocou no colo e levou-o para um posto próximo às nossas movimentações. Rosângela, antes da saída do cangaceiro, a ele endereçou a seguinte questão:
-Já que o obsessor vai ser beneficiado, o que meu irmão fará pelo médium?
- Oh, minina! Se vossa mecê qué paparicá minino sadio, pode ficá. Vou prá onde Jesus correu com suas bênçâo. Vou acudi os obissessô. Isca é prá sê devorada. O que interessa é o peixe devoradô - e soltou sua tradicional e altissonante risada.
Todos rimos do inesgotável bom humor de Ferreira em pleno momento de tumulto e atenção. Ele saiu prontamente, deixando-nos com Dona Modesto e Helvécio. A "rede de acolhimento" foi levada juntamente com o "bando de cangaceiros", que a conduziriam até um local de segurança nas proximidades das regiões de padecimento nas quais nossos irmãos infortunados se acomodavam. Helvécio, atento e ponderado como sempre, destacou:
- Que bênção a mediunidade com Jesus!
- Sim, Helvécio. Uma bênção incomensurável - atalhou Dona Modesto.
Por sua vez, Rosângela, preocupada com o médium, procurou saber o que lhe tinha sucedido. Verificando a mudança de clima mental e a instantânea felicidade na qual se encontrava, arriscou um palpite:
- A um minuto parecia uma "mente na loucura" ou um candidato ao enfarto do miocárdio, agora dá-me a impressão de ser uma ave voejante que perpassa os mundos em profusão de paz e alegria. Que mudança!
- Não, Rosângela, a mudança foi o que aconteceu nas últimas horas, porque, em verdade, esse é o estado habitual da mente de Sinésio.
- Mas será por isso que o Ferreira nem se preocupou?
- Isso mesmo. Aqui o grande necessitado a ser socorrido era o "dragão" enfermo. O médium era apenas a isca. Ele tem o cérebro que assimila a prece com maior vitalidade, ordenando suas substâncias e promovendo a harmonia. Nosso irmão fora do corpo, no entanto, está exaurido e com terríveis lembranças que não tem como esquecer nos labirintos mentais, é escravo de profundas hipnoses e rasteja por entre fios e grilhões de matéria semicondensada, ligada às regiões em que estagia nas penumbras da vida imortal. Em toda obsessão a dor maior é sempre daqueles que não têm um corpo físico para abafar as traumáticas reminiscências de outros tempos. Os desencarnados "sabem e podem mais" pela liberdade de ação, os encarnados, entretanto, estão mais bem aquinhoados de estímulos para vencer os circuitos viciosos da dor das recordações.
- Seria justo considerar que o sofrimento de algumas horas de Sinésio é menor que as lutas enfrentadas por essa criatura aqui amparada?
- Sem dúvida nenhuma. Nossos irmãos na Terra tratam os obsidiados como vítimas de cobradores impiedosos tão somente porque não conhecem com nuanças os infinitos e complexos dramas da mente sem o torpor da matéria. Se pudessem conceber semelhantes dores, chorariam pelos que aqui se encontram. Todo obsidiado apela para o amparo refazente que se encontra disponível nas casas de amor. Os obsessores, no entanto, não descobriram ainda como definir seus caminhos perante as graves perturbações emotivas que carregam e se iludem com as sensações inferiores de vingança e humilhação, perante quantos fazem luz que os importuna e agride.
- E por que é permitido que um médium com o campo mental ajustado passe por esse tipo de transtorno? Não seria mais justo poupar-lhe, já que vem burilando seus pendores e buscando o crescimento? Com sinceridade, Dona Modesto, não consigo entender a razão de uma obsessão em tão esforçada criatura ...
- Filha querida, que queria você? Que Sinésio ajuntasse luz somente para ostentar grandeza? Que bens adviriam de uma mediunidade se o médium, a pretexto de sossego justo, não mais desejasse usar sua luz para exterminar as trevas do mundo? Essa é a chamada "pressão espiritual por testemunho". Quadro comum na vida dos trabalhadores do Cristo. Mesmo quando guardam cuidado e vigilância, devoção e disciplina com a conduta, são chamados a sentir e testemunhar seus valores. Na Terra, o homem ainda cultiva a idéia da melhora espiritual como forma de regozijo e paz perene e egoísta. Você mesmo, Rosângela, que veio da formação evangélica sabe bem do que estou falando. Sinésio, pelos recursos de amadurecimento que tem desenvolvido, pode participar dessas iniciativas sem riscos maiores em razão das reservas morais de sua força psíquica. Tornando-se alvo de alguma trama dos adversários, funciona como uma isca atraindo para muito perto da sua vida mental os desencarnados que, sem perceberem, emaranham-se em uma "teia de irradiações poderosas", permitindo-nos uma ação mais concreta em comparação a muitas das incursões nos vales sombrios. Temos assim um típico e pouco comum episódio de obsessão simples que termina tão logo é feito o desligamento de ambas as mentes. Uma "obsessão provocada", uma "obsessão controlada" ...
- Mas, e se o nosso irmão não dispusesse de algum recurso no campo moral que ensejasse essa iniciativa?
- Simplesmente não cometeríamos o absurdo de entregar uma esperança nas mãos do fracasso. Nesse caso, além de poder servir à Lei do Amor, o médium dilata suas resistências espirituais logrando um excelente patrimônio autodefensivo para esses instantes tormentosos da Terra. Atualmente, até mesmo os que não peregrinam pela mediunidade ostensiva são atacados por espessa "nuvem negra bacteriana" que paira na psicosfera, capaz de provocar os mais diversos prejuízos, conforme os costumes de cada criatura. O Codificador, sempre detalhista nas suas observações, ocupou-se em receber dos Sábios Guias alguma orientação sobre o tema, como segue:
"Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal ?" "Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a pôr em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. " (O Livro dos Espíritos, q. 466)
Como vemos a vida espiritual é um oceano de novidades que o homem na carne, mesmo guardando noções valorosas de espiritualidade, sequer imagina sobre as infinitas leis e ocorrências por aqui experienciadas.
Por isso, os espíritas, que em muitas ocasiões demonstram presunção e sapiência acerca da vida imortal, procurem revisar suas posturas morais, porque como já diz o velho ditado "há muita coisa entre o céu e terra que sequer imagina a vã sabedoria",
Espírito Ermance Dufaux