sábado, 30 de agosto de 2014

COMO PROMOVER HARMONIA ENTRE SENTIR, PENSAR E AGIR

Sei que é inerente ao ser humano a busca pela verdade, a compreensão das leis da vida e da evolução. Só que também percebo que há uma grande dificuldade de as pessoas atentarem para a sua real parcela de responsabilidade por si mesmas e, na maioria das vezes, buscam a salvação em fatores externos.

Em muitas ocasiões, ouvi pessoas dizerem que a igreja tal faz o milagre, ou aquela novena, tal santo, um determinado centro, ou tal entidade resolve tudo; ou ainda que um dado procedimento de uma terapia alternativa é o máximo em termos de cura.

Concluo que, realmente tudo funciona em termos relativos. Somos seres integrais e tudo se soma e interdepende, não somos somente um corpo, pelo contrário, temos corpo, mente, energia, espírito, mesmo que alguém não acredite nisso, mas é assim que é.

Acho também que temos de nos cuidar em todos estes aspectos e acredito que tudo pode ajudar, desde que a pessoa assuma o que é sua parcela de responsabilidade. Estudei muito sobre inúmeras técnicas e terapias com cristais, óleos essenciais, pirâmides, xamanismo, vidas passadas, magia e muitas outras técnicas alternativas e, sinceramente, acredito que tudo é funcional, uma vez que todas elas ajudam a eliminar algumas camadas que impedem a maior conscientização.

Realmente, tudo ajuda, porém, não acredito que o milagre e a cura aconteçam por conta de uma única técnica de terapia ou atuação de um terapeuta. Porque tudo obedece ao nosso próprio processo de afinidade, prontidão e livre-arbítrio; se não houver abertura, o externo não faz o milagre; se não houver querer, prontidão e consciência, a cura não acontece; seria como forçar um bebê a andar direito e ele não conseguiria, é claro, pois ainda não estaria pronto e a natureza naquele momento não corresponderia ao que queremos.

Através de estudos metafísicos, da física quântica, doutrina espírita, ciências ocultas, percebe-se que todas elas afirmam que tudo é regido por leis, que atuam tanto no plano material como no sutil. Tudo que vale para o macro vale para o micro. Se atuarmos pela observância destas leis, estaremos caminhando para um processo de equilíbrio mais natural. Além disso, precisamos compreender o nosso propósito de vida aqui, afinal não nascemos para passar férias no planeta, pelo contrário. temos uma missão com relação ao nosso próprio desenvolvimento, e assim, os nossos ideais de como a vida deveria ser são somente ideais porque a realidade pode ser bem diferente e, afinal, é o que precisa ser, já que nada acontece por acaso.

Tanto na Gestalt-Terapia, como na metafísica, para atingir o ponto de equilíbrio e a consequente maturidade emocional, as premissas básicas são assumir a responsabilidade pelo que estamos sentindo e fazendo e o conceito de aqui-e-agora, que significa exatamente o momento em que realmente estamos em contato com o que podemos ver, ouvir, perceber e, portanto, sentir.

Assim, podemos afirmar que responsabilidade e equilíbrio emocional estão diretamente relacionados, à medida que ninguém pode promover o seu autoconhecimento, a não ser você mesmo. O fato é que ao longo do tempo o homem se afastou por demais de sua verdadeira natureza. E tivemos fortes aliados para que isto acontecesse, tais como:

- A formação que recebemos, forçando-nos a nos preocupar com a imagem que transmitimos, visando atender à expectativa dos outros.  Com isso, diminuímos o contato com nossa espontaneidade e o nosso jeito natural de ser foi podado, já que poderia não ser aceito e assim nos tornamos meio que robôs, com modelinhos de adequado e inadequado, certo e errado, que passamos a seguir, em detrimento do que sentimos.

- A própria religião, através de informações e conceitos egoicos de seus dirigentes e seguidores, o que acabou afastando o homem de sua natureza Divina, encarando-a como uma coisa distante do organismo humano, quando a verdade é exatamente o contrário.

- A solicitação da sociedade em que vivemos com sua competitividade e urgência em tudo, criando com isso uma grande turbulência em nossa mente, o que por si só faz com se pense muito, aja-se pouco, fantasia-se demasiado e não se estabeleça um bom contato com o aqui-e-agora; ou seja, o contato com o sentir, com os órgãos dos sentidos, que o tempo todo estão transmitindo informações sobre o que está acontecendo ao nosso redor, bem como nossa interação com essas coisas e eventos.

Assumir a responsabilidade pelo seu autoconhecimento e equilíbrio emocional é justamente criar um espaço de reflexão para que sua percepção seja utilizada no que se refere ao seu jeito de ser e agir em todos os aspectos de sua vida. Equilíbrio emocional é aprender a lidar com as emoções, sentindo-as, respeitando-as, elaborando-as, exercendo ações de encaminhamento, tomando como ponto de apoio o sentir verdadeiro e não a cabeça egoica pensante.

O fato é que tudo tem um preço. E até para melhorar a saúde, autoestima ou trabalhar o processo de autoconhecimento, isto também tem um preço, que é certo trabalho, um gasto de energia para compreender e modificar atitudes habituais, normalmente, interpretadas como seguras porque são conhecidas, só que totalmente insatisfatórias. O preço a pagar é a re-aprendizagem das atitudes a partir da direção de sua verdadeira natureza e não a partir das crenças introjetadas e impostas pela sua formação familiar e social ou informações tradicionais e religiosas.

Entenda que todos nós temos uma história da vida atual e conteúdos que trazemos de outras vidas. A vida atual é uma espécie de síntese que impõe uma determinada aprendizagem, logo você vem com um propósito específico, porém não rígido. A família e o local onde você nasce são necessários para que cumpra o seu propósito. Logo você está na família certa e tem algo aí para ser trabalhado, resgatado e aprendido. Nada é por acaso.

Perceba e esteja aberto para absorver o seguinte: Você é, cem por cento, responsável por si mesmo. Penso que, quando o nosso maior Mestre, Jesus, disse: “Tua fé te curou”, ele se referia à atitude de fé, aos conteúdos pessoais que propiciaram a cura; assim, creio que podemos entender que nossas atitudes certas funcionam como a chave certa na fechadura da porta que abre os caminhos.

Abraços a todos e até a próxima!

Dra. Lourdes Possatto

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva

http://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_obsessivo-compulsiva

TOC e Espiritismo

Inicialmente, cumpre-nos entender o que vem a ser o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Façamos isso com alguns casos ilustrativos. Historicamente, Pilatos, por exemplo, após deixar assassinar Jesus, em quem reconhecia a ausência de culpa, fez um quadro obsessivo-compulsivo, que o celebrizou, em face da situação aflitiva de sempre lavar as mãos, que lhe pareciam sujas pelo sangue do inocente. A sua desdita se teria encerrado, somente, quando se suicidou, atirando-se na cratera de um vulcão extinto na Suíça.
Na literatura de Shakespeare, Macbeth, após assassinar o rei, ajudada pelo marido, passou a sofrer o mesmo conflito das mãos sujas de sangue, que deveria lavar sempre, em estado sonambúlico ou não, atirando-se nos resvaladouros da loucura...
À semelhança dessas personagens, o conflito adquire robustez e apresenta-se em inúmeros pacientes, como a necessidade de se banharem continuamente, usando álcool e outras substâncias desinfetantes, a fim de se isentarem da imunidade que lhes parece cobrir o corpo. Outras vezes, são os impulsos irresistíveis para se assepsiarem, evitando contrair doenças infecciosas, ou supondo-se portadoras delas, por meio da eliminação de bactérias e micróbios outros alojados no corpo, como se isso fosse possível, já que a própria condição celular impede que haja uma ausência absoluta dessas vidas microscópicas.
Odores pútridos, quais os de cadáveres em decomposição, atormentam não pequeno número de enfermos, exigindo deles o uso de substâncias fortes e aromatizadas, que aspiram ou mascam em desesperada tentativa de se libertarem dessas desagradáveis manifestações que, no entanto, encontram-se no inconsciente e são somatizadas, gerando desespero e alucinação.
- O Transtorno Obsessivo-Compulsivo na Visão das Ciências
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade pela quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Psiquiátrica Americana, e como um transtorno neurótico pela Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID-10), da Organização Mundial de Saúde.
As obsessões são idéias intrusivas, sem sentido, recorrentes e persistentes que parecem vir "desde dentro". Já as compulsões são comportamentos repetitivos e sem propósito, de aspecto ritualístico e caracterizado por urgências irresistíveis. Alguns autores afirmam que as obsessões podem ser definidas como idéias, imagens ou ações que aumentam a ansiedade/o desconforto pela referência que fazem a eventos catastróficos, antecipados, e as compulsões como idéias, imagens ou ações que reduzem a ansiedade/o desconforto pela fuga ou neutralização daqueles eventos.
Ambas ocupam grande tempo do dia de um paciente (pelo menos mais de uma hora por dia) e, conseqüentemente, interferem no funcionamento adequado de sua vida.
Há quatro grandes categorias principais: as compulsões de limpeza (por exemplo, lavar as mãos repetidas vezes, usar máscaras ou luvas para tocar objetos/pessoas), as compulsões de verificação (retornar inúmeras vezes para verificar se uma porta foi fechada), as obsessões puras (pensamentos repetitivos, geralmente de conteúdo sexual agressivo) e a lentidão obsessiva primária (necessidade de se externar com precisão em tudo o que é feito, o que toma um tempo considerável).
- Estudos Espíritas Sobre o TOC
A saúde, sob qualquer aspecto considerado - físico, mental, emocional, moral - é patrimônio da vida, que constitui meta a ser conquistada pelo homem e pela mulher no processo da sua evolução. Engrandecendo-se o ser por meio dos esforços que empreende na conquista dos múltiplos valores nele adormecidos, penetra-os, no mundo íntimo, a fim de exteriorizá-los em hinos de alegria e de bem-estar.
Porque desperdiça as oportunidades que deveriam ser utilizadas em favor da auto-iluminação, da conscientização de sua realidade, infelizmente envereda pela trilha dos prazeres exorbitantes e deixa-se arrastar pelos vícios perniciosos, estacionando na marcha ascensional e sofrendo as seqüelas que a insensatez lhe brinda, em forma de conseqüência dolorosa quase imediata.
É nesse mundo íntimo, no inconsciente pessoal, que se encontram as fixações perversas e desvairadas do primarismo do ser, que permanecem durante o período da razão, gerando distúrbios que reaparecem na consciência atual, desestruturando os equipamentos da saúde física, psíquica e, especialmente, da emocional.
Entre outros, pela sua gravidade, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo se destaca, infelicitando não pequeno número de vítimas em toda a Terra.
Nesse capítulo, podemos anotar três diferentes itens, que são o pensamento compulsivo, a atividade compulsiva e a personalidade ou caráter obsessivo.
Quando se é portador de pensamento compulsivo , a consciência torna-se invadida por representações mentais involuntárias, repetitivas e incontroláveis, variando de paciente para paciente. Trata-se de idéias desagradáveis umas repugnantes outras, que infelicitam, e o enfermo não dispõem de meios lúcidos para enfrentá-las, superando-as. Trata-se de um objetivo defensivo do inconsciente pessoal, impedindo que o doente tome conhecimento da sua realidade interior, dos seus legítimos impulsos e emoções. Nele fixam-se pensamentos repetitivos, alguns ridículos, mas dos quais o enfermo não consegue libertar-se . Outras vezes, manifestam-se em forma de dúvidas inquietantes, que desequilibram o comportamento.
A atividade compulsiva apresenta-se como incoercível necessidade de ações repetidas. Desde o simples ato de traçar linhas e desenhos em papel ao de contar lâmpadas ou cadeiras num auditório, que parecem sem sentido, mas não se consegue evitar, incidindo-se sempre na mesma atividade. De alguma sorte, é um mecanismo para fazer uma liberação da ansiedade de que se é vítima. Nas tentativas para evitar a atividade compulsiva, em razão de circunstâncias poderosas, o paciente sofre, transtorna-se, terminando por entregar-se à ação tormentosa de maneira discreta, simulada que seja...
Por fim, os indivíduos portadores da personalidade ou caráter obsessivo se apresentam sistemáticos, impressionando pela rigidez do comportamento, inclusive para com eles próprios. São portadores de sentimentos nobres, confiáveis e dedicados ao trabalho, que exercem até o excesso. No entanto, foram vítimas de ambiente emocional duramente severo desde a infância, quando sofreram imposições descabidas e tiveram que obedecer sem pensar, pois essa era a única maneira de se livrarem das imposições e castigos dos adultos. Sentindo-se obrigados, desde cedo, a reprimir as emoções, tornam-se ambivalentes, escapando-lhes de controle os sentimentos que se constituem de natureza hostil, apresentando-se mais com intelectuais do que como sentimentais.
Cumpre destacar ainda as heranças dos atos de outras encarnações, que se encontram inscritos no inconsciente pessoal, como desencadeadores dos transtornos psicóticos. Estes ecos do passado acabam atraindo entidades desencarnadas que, vinculando-se às mentes dos portadores de transtornos obsessivos, impõem o direito de cobranças esdrúxulas, mediante processos espirituais devastadores.
Trata-se de Espíritos que foram vitimados por crimes perversos contra eles cometidos, e que não conseguiram superar os traumas e os ressentimentos. Agora, na condição de vingadores que vêm prestar contas com o passado, promovem obsessões vigorosas contra aqueles que foram seus adversários outrora.
Porque a dívida moral permanece impressa nos painéis do inconsciente pessoal, os pacientes assimilam as ondas mentais das suas antigas vítimas, que são convertidas em sensações penosas, em forma de consciência de culpa. Sob outro aspecto, esses endividados espirituais reencarnam com os fatores neurológicos e orgânicos, em geral impressos no corpo perispiritual, em face dos transtornos morais que se permitiram anteriormente, de forma a experimentarem a recuperação moral mediante o processo depurador a que ora fazem jus.
A psicoterapia cognitivo-comportamental ameniza ou até mesmo produz a cura dos efeitos danosos do transtorno obsessivo-compulsivo. Evidentemente, a contribuição de alguns fármacos apropriados, sob cuidadosa orientação psiquiátrica, torna-se de inestimável significado para o reequilíbrio do paciente.
Por outro lado, a terapêutica espírita pode ajudar nestes processos, orientando e confortando os agentes espirituais, que terminam por abandonar os seus propósitos de vingança, libertando os seus inimigos. Compete ainda à Doutrina Espírita orientar o enfermo, auxiliando-o na mudança de atitude perante a vida, de comportamento mental, de sentimento rancoroso e agressivo em relação ao seu próximo.
Ideal, portanto, que sejam tomadas providências para que as referidas terapêuticas – psicológica, espiritual e psiquiátrica – sejam utilizadas, a fim de facultar ao paciente a sua recuperação.
(Artigo elaborado com base no texto "Transtorno Obsessivo Compulsivo", de Joanna de Angelis, capítulo 6 do livro "Aspectos Psiquiátricos e Espirituais nos Transtornos Emocionais", de Divaldo Franco).
OSGEFIC – Fraternidade Irmã Celina.Seg, 20 de Agosto de 2007 - Equipe do Pinga-Fogo.
- See more at: http://www.ceoe.org.br/ceoe/index.php/transtornos-mentais/20-transtornos-mentais/44-a-doutrina-espirita-e-o-transtorno-obsessivo-compulsivo#sthash.JKt8FUsZ.dpuf

Olimpíada da alma


Você sabe porque os atletas têm boa forma física?
Se você é atleta já sabe a resposta.
Sabe que para adquirir um corpo bem preparado é preciso treinar muito, fazer exercícios físicos que desenvolvam força muscular, rigidez e resistência necessárias para as competições.
Não é uma tarefa fácil. O atleta precisa fazer esforços, superar dores, sofrer arranhões, cair, levantar, tantas vezes quantas sejam necessárias para conseguir seu intento.
E no campo da alma, será que é diferente?
Para obter uma performance espiritual, moralmente bem definida, será necessário fazer esforços?
Ou será que a beleza do espírito se consegue sem esforço algum?
Quem deseja obter um visual espiritual semelhante ao de madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, Gandhi, entre outros, terá que fazer esforços e treinar muito.
Não conseguirá rigidez de caráter, integridade, honestidade, sabedoria, senão submetendo seu espírito a uma vontade firme de ser um vencedor.
E nessa batalha a proposta não é ser melhor do que os outros, mas ser melhor do que si mesmo a cada dia.
As vitórias a serem conquistadas são contra os próprios vícios, contra as próprias imperfeições.
Nessa olimpíada do espírito as batalhas são travadas na arena íntima. No auto-enfrentamento.
Nas olimpíadas da alma, quem deseje ser melhor do que os outros, só por esse fato já é perdedor, pois foi vencido pela prepotência.
Portanto, ninguém consegue ser um campeão moral sem os exercícios necessários.
Não se pode fugir dos arranhões, das quedas, das dores, das frustrações, da vontade de entregar os pontos.
Um grande e nobre exemplo dessa realidade foi Paulo de Tarso, o grande Apóstolo.
Na arena íntima travava as grandes batalhas do homem novo que surgia, contra o homem velho, orgulhoso e prepotente que teimava em falar mais alto.
Houve um momento em que, indignado consigo mesmo, falou: “por que o bem que quero eu não faço, e o mal que não quero ainda faço?”
Mas ele não desistiu e conseguiu vencer a si mesmo. Foi vitorioso sobre as imperfeições e o prêmio foi o passaporte para um mundo melhor.
Reconhecemos que a maioria de nós ainda está longe de ser um Paulo de Tarso, mas podemos dizer que se não somos um apóstolo, graças a Deus já somos o que somos.
Já vencemos pequenas batalhas contra alguns vícios. Já conseguimos calar diante de uma ofensa. Já perdoamos, toleramos, somos honestos em muitas coisas.
E todas essas pequenas virtudes são conquistas importantes, pois nos credenciam para enfrentar nossas imperfeições maiores.
É como acontece nos exercícios físicos. Na medida em que adquirimos mais firmeza na musculatura, os esforços podem ser mais intensos.
Assim, quando nossa “musculatura moral” estiver mais firme, mais fortalecida, outros desafios surgem. Novos exercícios se apresentam. Outras provas aparecem.
E, de vitória em vitória, vamos nos tornando cada dia melhores, moralmente falando.
Quanto mais nos melhoramos, mais Deus confia em nós. E mais seremos úteis aos planos do Criador.

***

O grande bailarino russo Mikhail Bryshnikov, falou um dia: “não tento dançar melhor do que ninguém. Tento apenas dançar melhor do que eu mesmo.”
Na olimpíada da alma não há mérito algum em ser melhor do que o outro. A nobreza está em ser melhor do seu eu anterior.
O grande desafio não está em vencer o outro, mas em vencer a si mesmo.
Paulo de Tarso, após travar árduas batalhas em sua arena íntima, conseguiu a grande e definitiva vitória. A vitória sobre o homem velho, prepotente e orgulhoso.
Suas palavras confirmam isso, ao dizer: “já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim.”
Eis aí um grande herói. Um nobre vencedor. Um exemplo de humildade e determinação. Alguém que merece ser imitado.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

A Construção do Novo Ser

A Construção do Novo Ser

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
Http://www.Irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Jacira Abranches Leite
Rio de Janeiro
26/04/2002

Organizadores da Palestra:

Moderador: "Jaja" (nick: [Moderador])

"Médium digitador": "Dejavu" (nick: Jacira_Leite)

Oração Inicial:

<Moderador_> Senhor Jesus, Mestre Amigo. Estamos agradecidos por essa oportunidade de divulgar e estudar a Doutrina Espírita, utilizando a Internet. É bom podermos ter este poderoso veículo de comunicação em prol da tua palavra e de teu amor. Ampara-nos, Senhor, para que possamos bem realizar este trabalho. Ampara nossa palestrante, e que ela possa ser inspirada pela espiritualidade amiga, na necessidade de nossas dúvidas. Queremos pedir, também, o auxílio dos bons espíritos, que orientam esse trabalho. Que eles possam estar conosco, nos ajudando nessa tarefa. Por isso, Senhor, pedimos em seu nome, e em nome de Deus, a permissão para iniciarmos nossos trabalhos. Que assim Seja!

Apresentação do Palestrante:

<Jacira_Leite> Meu nome é Jacira, e eu já regressei na presente existência nu lar espírita, porque meu avô por parte de mãe, Nero Abranches, foi um dos fundadores do Centro Espírita Jerônimo Ribeiro, em Cachoeiro de Itapemirim, e, em assim sendo, toda minha orientação foi dentro do campo da Doutrina Espírita.

Sou pedagoga de formação acadêmica, e na área espírita atuei e atuo na área administrativa, de divulgação doutrinária e na área mediúnica. Atualmente, temos colaborado com a Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, e com o Centro Espírita Allan Kardec, especificamente, além de estarmos sempre atendendo a convites de palestras e seminários de outras instituições. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Jacira_Leite> O que pretendemos refletir quando da abordagem deste tema, é sobre a necessidade da mudança do foco diretor do processo educacional que até então temos trabalhado na educação dos espíritos reencarnados na Terra. Diante da situação atual, que aparentemente vem se agravando, com o recrudescimento de guerras, confrontos, atos de violência gratuitos, nós entendemos que somente uma clara noção da vida futura alicerçada na convicção plena da imortalidade, é que ensejará a consciência dessa necessidade de um novo movimento buscando educar-se o espírito reencarnado em valores éticos que serão alicerçados nas leis de Deus, que são leis universais, imutáveis e eternas.

Analisando o caminhar do espírito na Terra, nós vamos encontrar, por exemplo, no Livro dos Espíritos, na segunda parte, capítulo IV, Kardec informando que, para o espírito, como para o homem, também há infância. E nessa fase infantil do espírito, há o predomínio do instinto, e, portanto, o espírito mal tem consciência de si mesmo e de seus atos, sendo, portanto, muito mais conduzido do que condutor. Compreendamos nós que, nessa fase, o espírito habita um mundo primitivo em que há uma luta muito maior pela própria sobrevivência, pelo domínio da Natureza que o cerca; a força bruta é a única lei a reger as relações. Com o desenvolvimento progressivo da inteligência, através do trabalho que é executado, o espírito vai saindo desse estágio de instinto, e caminhando para o campo das sensações.

Já são espíritos habitando que habitam os chamados mundos de provas e expiações; já possuem inteligência, mas ainda carregam numerosos vícios, no que resulta grande imperfeição moral.

Lembrando-nos de Joanna de Angelis, no livro Vidas: Desafios e Soluções: "O homem-sensação é exigente e possuidor, não se apercebendo da realidade dos outros, que pretende controlar, nem dos deveres para com a sociedade". Se pretendermos transpor esta condição de homem-sensação para o homem conduzido pelo sentimento, que é o que deverá reger as relações de um mundo de regeneração, é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. E todo caminhar é processo.

Portanto, se é nosso desejo vivermos num mundo diferente do que atualmente se nos depara, é necessária a construção de um novo ser, que tenha consciência plena do objetivo da existência, como também consciência plena de que é ele responsável pelos atos, ações e relações que estabeleça ao longo desta caminhada.

Principalmente os educadores e os espíritas têm esse compromisso na mudança do direcionamento na condução dos espíritos sob suas responsabilidades.

Com mesmo empenho e dedicação que desenvolvemos a busca de suprir as necessidades materiais daqueles que estão sob a nossa responsabilidade, necessitamos alimentá-los com valores éticos que se transformarão nos alicerces da conduta futura.

A presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, Dalva Silva Souza, no seu livro Nos Caminhos da Liberdade, conclama aos espíritas a contribuir para a construção dessa nova sociedade, e na construção dessa nova sociedade, mais sadia e democrática, afirma que é preciso considerar que não bastam novas tecnologias ou novos suprimentos de energia; há que se oferecer às pessoas interação afetiva, segurança e sentido. Somos os espíritas, então, agraciados pela grande beleza da esperança que nos indica que o futuro depende de nossa ação imediata no presente, na nossa resolução em realmente nos empenharmos na construção deste homem novo evangelizado, consciente da responsabilidade que tem consigo e com o próximo.

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] - <Renatinha> O que seria essa construção do novo ser?

<Jacira_Leite> Seria exatamente estabelecermos propostas educativas que não privilegiassem somente os aspectos de inteligência, do conhecimento da cultura produzida pela humanidade ao longo de sua caminhada pela Terra. Mas termos a preocupação primordial de estabelecermos um projeto de educação desse espírito que chega para uma nova existência com viciações, dificuldades no aspecto moral, insegurança. Na obra Nossos Filhos São Espíritos, o grande escritor Hermínio Miranda coloca claramente a necessidade da observação meticulosa para se identificar a necessidade que o espírito apresenta e as ações sob a égide da educação moral que possam ser realizadas para a reeducação dessas necessidades. (t)

<[moderador]> [2] - <_Alves_> Boa noite, Jacira, seja bem-vinda ao IRC-Espiritismo. A reforma íntima é o principal objetivo da Doutrina Espírita, se não o único. Como devem atuar as casas espíritas visando atingir este objetivo?

<Jacira_Leite> Realmente a educação moral da criatura, que passa necessariamente pela reforma íntima, deve se constituir no fim dos trabalhos de uma instituição espírita. Portanto, é fundamental que aqueles que têm as responsabilidades de dirigir as instituições espíritas tenham este objetivo bastante claro e utilize-se das ações ou atividades que uma casa espírita desenvolve sempre objetivando este fim.

De uma forma mais clara, podemos exemplificar com o trabalho assistencial desenvolvido por toda casa espírita. A distribuição de bens e materiais deverá ser o meio para que as criaturas cheguem até a instituição. Mas é um meio que não deve ser desperdiçado e o trabalho de esclarecimento àqueles que são atendidos pela instituição não pode jamais ser esquecido. (t)

<[moderador]> [3] - <cfeitosa> Na construção de um novo ser, como lidar com as nossas imperfeições?

<Jacira_Leite> Seguindo uma fala de Emmanuel, no livro O Consolador, na questão 233, ele coloca que somente agora o homem poderá ensimesmar-se o bastante para compreender as suas próprias necessidades e os escaninhos de sua personalidade espiritual. Diz ainda que agora, na culminância de sua evolução física, todas as energias espirituais se mobilizam em torno das criaturas, auxiliando-as no sagrado conhecimento de si mesmas. Diante dessa afirmativa desse benfeitor espiritual, e conscientes de que Deus, na sua perfeição, não obra em vão, podemos alimentar a convicção de que temos possibilidades de estabelecer programas de reeducação de nossas próprias imperfeições. O ponto que nos parece mais complexo é que, ainda carregando heranças atávicas, queremos nos transformar num homem novo como num passe de mágica.

No entanto, toda transformação é gradual, seqüencial, e demanda perseverança e boa vontade.

É necessário termos conosco mesmos paciência para recomeçarmos sempre que necessário e coragem para reconhecermos as nossas próprias necessidades. (t)

<[moderador]> [4] - <Moderador_> Tem se notado uma certa "pressa" em que as pessoas reconheçam e busquem este novo ser. No entanto, apesar dos esforços, muitos são ainda os que não aceitam ou entendem essa necessidade. O que fazer para amenizar isto, já que também temos responsabilidade na evolução dessas pessoas?

<Jacira_Leite> A nossa responsabilidade não nos dá o direito de avançarmos no livre arbítrio de qualquer dos nossos irmãos de caminhada. A nossa obrigação consiste, em todas as oportunidades que se nos apresentem, alertarmos, estimularmos, esclarecermos, nos colocarmos à disposição, no auxílio daquele com quem temos essas relações. Nunca, porém, podemos vivenciar a caminhada do outro. Lembrando-nos de Jesus, vemos que nem ele, que foi o espírito mais perfeito que já tivemos na Terra, pressionou a quem quer que seja a segui-lo. Na obra Há Dois Mil Anos, vamos encontrar o relato do encontro memorável que o mestre teve com o senador Públio Lêntulus, e após o diálogo que se estabelece, o mestre volta-se para o senador e coloca objetivamente: - "Senador, está no teu querer seguir-me agora ou amargar séculos de sofrimento".

E a benfeitora espiritual Joanna de Angelis, na citada obra Vida: Desafios e Soluções, na página 136 da terceira edição, afirma que:

"Ninguém aspire vencer aguardando que outros realizem o esforço que lhe cumpre desenvolver, porque a conquista é pessoal e intransferível". Assim, por mais que queiramos, não podemos caminhar pelo outro. (t)

<[moderador]> [5] - <_Alves_> Jacira, há pouco tempo a repressão era o que norteava as relações familiares (pais e filhos). Atualmente, na "moderna" pedagogia, se prega a liberdade total, plena e irrestrita. É correto isto? Qual deve ser o comportamento de um "pai espírita" tendo em vista o bem de seus filhos tanto nesta quanto nas encarnações futuras?

<Jacira_Leite> O papel dois pais espíritas está claramente contemplado por Allan Kardec tanto em O Livro dos Espíritos quanto em O Evangelho Segundo O Espiritismo, no capítulo XIV. Em sendo assim, é claro que é necessário uma postura que tenha como objetivo, como já dissemos, não só uma educação intelectual, mas também uma educação moral. Se num passado recente, houve o excesso de rigidez e proibições, sem os esclarecimentos que levassem ao entendimento do porquê dessas proibições e dessa rigidez, no presente temos uma liberdade excessiva, que supre do espírito reencarnante a consciência de limites e, portanto, de deveres e direitos. O caminho certamente é aquele que nos é recomendado por Kardec, que é o do bom senso, da consciência da responsabilidade assumida, da constatação de que paternidade e maternidade é uma missão e ao mesmo tempo um grande dever que deve ser desempenhado com zelo, afeto e direcionamento seguro.

É preciso que se tenha consciência que os espíritos reencarnados neste planeta ainda não possuem maturidade suficiente para estabelecerem conduta reta se não receberem reta condução.

Alguns amigos espirituais nos têm informado que os lares espíritas têm sido indicados para receberem aqueles espíritos que mais necessitam de um direcionamento moral-evangélico, tendo em vista que, em tese, os pais espíritas possuem uma carga maior de possibilidades de conduzir esses espíritos na modificação de velhos hábitos. (t)

<[moderador]> [6] - <cfeitosa> As correntes neurolinguisticas afirmam que o homem tudo pode. Como compatibilizar isso com a proposta de um novo ser? (t)

<Jacira_Leite> Na visão espírita, entendemos que espiritualmente podemos muito, e temos feito muito pouco. No campo material, podemos menos e temos feito mais, numa inversão de objetivos.

Sempre que estamos conversando com jovens, gostamos muito de retomar uma fala do apóstolo Paulo que diz: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". "Tudo me é lícito, mas não me deixarei dominar por nenhuma dessas coisas".Podemos deduzir então que o novo ser evangelizado vai pautar a sua conduta na assertiva do mestre de não fazer aos outros aquilo que não gostaria que a si mesmo fosse feito. (t)

<[moderador]> [7] - <Moderador_> A Doutrina Espírita trás uma quantidade grande de informações, como perispírito, fluido vital e etc... Essas são informações básicas e muito importantes para a construção desse Novo Ser. Mas, ainda, me preocupo com aqueles que não têm essas informações. Como podemos passar isso, para o público geral?

<Jacira_Leite> Eu venho de um Movimento Espírita de alguns anos atrás, em que as coisas eram muito mais difíceis. Para que você tenha uma idéia, quando a mocidade da qual fazíamos parte foi visitar uma outra mocidade, numa outra cidade, fomos nós apedrejados pelos jovens de uma outra crença religiosa, que repudiava a nossa presença na cidade. Hoje vejo, portanto, que os meios de comunicação têm divulgado conceitos espíritas de forma abundante e mesmo que eles não venham sob a sigla "espírita" ou "espiritismo", estão aí no domínio público inquietando as mentes que têm buscado respostas. Lembremo-nos da grande médium Yvonne A. Pereira, que numa entrevista tempos atrás dizia que os postulados espíritas iriam adentrar pelas casas das pessoas através dos telhados. A nós espíritas cabe a responsabilidade de divulgarmos esses conhecimentos sempre que possível, em todas as oportunidades, mas lembrando-nos da ponderação do codificador de não fazermos proselitismo. (t)

<[moderador]> [8] - <Atena|e|Lion> Tornar-se-ia virtuoso um ser reconstruído?

<Jacira_Leite> A proposta da construção de um novo ser é exatamente a de nos tornarmos todos verdadeiramente cristãos. E como poderemos ser identificados como verdadeiramente cristãos?

O próprio mestre nos responde, quando afirma que os meus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem. E o amor, o verdadeiro amor, é a excelsitude de todas as virtudes.

O espírito Lázaro, em O Evangelho Segundo O Espiritismo, capítulo XI, coloca que, em sua origem, o homem só tem instinto. Quando mais avançado e corrompido, tem sensações. E mais avançado, atinge a plenitude de sentimentos. E o ápice do sentimento é o amor. (t)

<[moderador]> [9] - <SOL_BRILHANTE> Como encarar o papel do professor e, sobretudo do professor espírita perante este excesso de liberdade que está conduzindo a juventude a tantos desvarios e ao mesmo tempo a busca do espiritual e do saber por se sentir desorientado?

<Jacira_Leite> Conforme já respondemos há pouco, na pergunta 5, o papel é de extrema importância porque cabe ao professor, de um modo geral, e ao professor espírita, de modo específico, pautar sua ação pedagógica no objetivo primeiro de passar conhecimentos intelectuais e morais para que o educando possa ter parâmetros seguros na sua caminhada. (t)

<[moderador]> [10] - <Atena|e|Lion> Quando o ser reconstruído, em seu passado trilhou o caminho das drogas, sua vontade nesta reconstrução, apagaria as imperfeições já existentes em seu perispírito?

<Jacira_Leite> Nós vamos encontrar na codificação, que para apagar uma falta o espírito necessita do arrependimento, da expiação e da reparação. Sendo assim, a partir do momento em que ele toma consciência de que feriu a lei de Deus, ele se candidata a um programa de expiação e reparação para sanar o erro cometido. Nesse cometimento, a vontade é ferramenta fundamental dessa nova caminhada, para que diante das provas e testes que o espírito terá que vivenciar para alinhar-se com a lei divina, não venha cair novamente no mesmo erro. Não há como apagar um erro, a não ser trilhando o caminho da reconstrução, o que não significa que deveremos entender esta recomposição com a lei divina como a lei de Talião, ou seja, olho por olho, dente por dente. O Pai, na sua infinita misericórdia, no seu infinito amor, propicia-nos oportunidades para que possamos nos reajustar com a lei, sem necessariamente sermos causadores de novos escândalos. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Jacira_Leite> Eu gostaria de agradecer essa oportunidade bastante interessante de estarmos trocando idéias e falando um pouco de Doutrina Espírita, e nos colocando à disposição para aqueles que desejarem enviarem alguma outra pergunta, podem fazê-lo para nosso endereço: jacira.vix@zaz.com.br.

E a nossa palavra final é de esperança e convicção nas informações que os espíritos amigos têm nos trazido sobre o futuro do nosso planeta de que será um planeta de regeneração onde haverá uma predominância do bem, pois este é o planejamento divino e sem sombra de dúvida a barca terrestre não navega à deriva nos rios do infinito. Jesus a comanda e a governa. (t)

Oração Final:

<_Alves_> Pai, a Ti agradecemos pelos momentos virtuais que aqui passamos juntos aprendendo um pouco mais no intuito de chegarmos mais próximos de ti. Que as orientações que recebemos possam ser implementadas em nosso dia a dia. Que possamos ajudar na melhorar de nosso planeta, de nosso país, de nossa cidade, de nossa família e de nós mesmos. Pedimos, oh amado Pai, que nos ajude nesta tarefa, permitindo que nossos amigos espirituais estejam a nos orientar e a nos esclarecer. Permita que estejamos sempre a caminhar junto a ti. Pois, filhos pequenos que somos, ainda precisamos muito de tuas mãos. Dá-nos a tua benção, agora e sempre. Que assim seja!

Rigidez 3 - Hammed

Para melhorarmos as circunstâncias de nossa vida, precisamos transformar nossos padrões de pensamentos limitados. Isolando-nos dentro dessas fronteiras estreitas, passamos a encarar o mundo de forma reduzida e nos condicionamos a pensar que a vida é uma fatal provação. Assim, não mais viveremos intensamente, mas limitando-nos apenas a sobreviver.

Explorando opções, diversificando nossas opiniões, conceitos, atitudes e recolhendo os frutos do progresso aqui e acolá, teremos expandida a nossa visão, que será a base para agirmos com prudência e maleabilidade diante das nossas decisões.

A arquitetura de uma ponte prevê os movimentos oscilatórios, para que sua estrutura não sofra dano algum. As estruturas imobilizadas nunca são tão fortes como as flexíveis. Mentalidade rígidas não são consideradas desembaraçadas e rápidas, pois nunca estão prontas para mudar ou para receber novas informações.

"... Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá um resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem".

"... Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. (...) A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento ...".

Paixões podem ser consideradas predisposições impetuosas e violentas, se levadas ao extremo. Elas atingem as diversas áreas do relacionamento humano como, por exemplo, as áreas política, social, afetiva, religiosa e sexual.

Predileção pelo lucro é útil; o exagero é cobiça.
Predileção pelo afeto é valoroso; o exagero é apego.
Predileção pela religião é evolução; o exagero é fanatismo.
Predileção pela casa é necessária; o exagero é futilidade.
Predileção pelo lazer é saudável; o exagero é ociosidade.

Entendemos, portanto, que predileção pelas nossas convicções é racional, mas o exagero é inflexibilidade, obstinação, ou seja, paixão.

Ser flexível não quer dizer perda de personalidade ou "ser volúvel", mas ser acessível à compreensão das coisas e pessoas. Encontramos pessoas que se mantêm presas durante anos e anos a fio a conceitos e crenças imobilizadoras. Convergiram toda a sua atenção para sentimentos, objetivos ou pensamentos obstinados, dificultando uma amplitude de raciocínio e discernimento.

Esse fenômeno não somente ocorre no mundo físico, mas também com as pessoas na vida espiritual que permanecem estacionadas, compulsoriamente, a uma paixão doentia ligada a uma ideia única.

Criando uma pluralidade de pensamentos reflexivos, teremos, obviamente, um melhor discernimento para perceber, escutar, ler, aprender e seguir nossos caminhos.

Nossa saúde mental está intimamente ligada a nossa capacidade de adaptação ao meio em que vivemos, e nosso progresso intelectual se expressa por meio da habilidade psicológica de associações de idéias.

Na atualidade, os estudiosos da mente acreditam que os indivíduos duros e intransigentes  por não se adaptarem à realidade das coisas, possuem uma maior predisposição para a psicose. Fogem para m universo irreal, classificado como loucura. Essa fuga é, por certo, uma forma de adaptação, para que possam sobreviver no mundo social que eles relutam em aceitar.

Deixar a rigidez mental é fator básico para o crescimento interior. Para aprendermos o "bem viver", é preciso que abandonemos as condutas da paixão, quer dizer, das emoções exageradas. As atitudes inovadoras e consideradas inusitadas na vida dos grandes homens foram as que fizeram com que eles fossem denominados criaturas extraordinárias.

Jesus Cristo, o sublime Renovador das Almas, é considerado a maior personalidade "sui generis" de toda a humanidade. O Mestre não somente teve procedimentos e atitudes nobres, mas também inéditos e inovadores, substituindo toda uma forma de pensar rígida, impetuosa e fanática dos homens de caráter austero e intolerante que viviam em sua época.

Hammed - As dores da alma


Rigidez 2 - Hammed

Quando agimos erroneamente é porque não sabemos como fazer melhor. Ninguém, de forma deliberada, tem o desejo de ser infeliz; portanto, ninguém escolhe o pior. Os feitos e as atitudes peculiares de cada pessoa estão ligadas a seu desenvolvimento físico, mental, social e moral. Nossa maturidade espiritual é adquirida através das experiências evolutivas no decorrer de todos os tempos, seja na atualidade, seja no pretérito distante.

Tudo o que fazemos está relacionado com nossa idade astral. Inquestionavelmente, fazemos agora o que de melhor poderíamos fazer, porque estamos agindo e pensando conforme nossas convicções interiores; aliás, ela (a idade astral) é gradativa pois está vinculada às nossas percepções evolutivas.

As pessoas que agem com austeridade em determinada circunstância acreditam que aquela é a melhor opção a tomar. Porém, quando o amadurecimento conduzi-las a ter uma melhor noção a respeito dos relacionamentos humanos, elas assimilarão novas maneiras de se comportar a passarão a agir de forma coerente com seu novo entendimento. a concepção de bem se amplia de acordo com nosso desenvolvimento espiritual.

 A proposta cristão "pagar o mal com o bem" sugere: castigar por castigar não transforma a pessoa para o bem, mas somente o amor é capaz de sublimar e educar as almas.

A pena de morte é uma rigidez dos costumes humanos. Propõe matar o corpo físico como punição pelas faltas cometidas, com o esquecimento, porém, de que somente transfere a problemática para outras faixas da vida e cria revolta e desarmonia no ser em correção.

A dor apenas terá função dentro dos imperativos da vida, enquanto os homens não aceitarem que somente o amor muda e renova as pessoas.

O projeto da Vida Maior é conscientizar-nos, não sentenciar.

Nosso planeta está repleto de pessoas intelectualizadas e influentes, mas nem por isso sábias e habilitadas para todas as coisas. Por mais inteligente que seja o ser humano, sempre haverá um universo de coisas que ele desconhece.

Muitas pessoas matam, roubam, abandonam pessoas queridas e mentem sem vacilação alguma, mas será que sabem perfeitamente que isso não é certo?

Estar no intelecto não é a mesma coisa que estar na profundeza da alma. Ter informações e receber orientações não é a mesma coisa que integralizar o ensinamento, ou mesmo, saber por inteiro.

"... O homem julga necessária uma coisa, sempre que não descobre outra melhor. À proporção que se instrui, vai compreendendo melhormente o que é justo e o que é injusto e repudia os excessos cometidos, nos tempos de ignorância, em nome da justiça".

Os erros são quase que inevitáveis para quem quer avançar e crescer. São acidentes de percurso, contingências do processo que todos estamos destinados a vivenciar.

Em vez de repelirmos nosso erros, deveríamos analisá-los atentamente como se fosse verdadeiros objetos de arte, evitando, assim, futuros comprometimentos.

Deus permite que o erro integre o nosso caminho. Aliás, ele faz parte das nossas condições evolutivas, para que possamos aprender e assimilar as experiências da vida. Os erros são ocorrências consideradas admissíveis pela legislação do Criador.

Deus não condena ou castiga ninguém, mas o oposto: instituiu leis harmoniosas e justas que nos conduzirão fatalmente à felicidade plena, apesar de nossas faltas e desacertos.

Por que então usar a rigidez perante os acontecimentos da vida?

Hammed - As dores da alma

Rigidez 1 - Hammed

Teimosia é uma forma de rigidez da personalidade. É um apego obstinado às próprias idéias e gostos, nunca admitindo insuficiência e erros.

Conviver com criaturas que estão com a razão, que acreditam que nasceram para ensinar ou salvar todo mundo e que jamais transgridem a nada, é viver relacionamentos desgastantes e insatisfatórios.

Quase sempre, fugimos desses indivíduos dogmáticos, incapazes de aceitar e considerar um ponto de vista diferente do seu. Nesses relacionamentos, ficamos confinados à representação de papéis instrutor-aprendiz, orientador-orientado, mentor-pupilo. Somente escutamos, nunca podemos expressar nossa opinião sobre os eventos e as experiências que compartilhamos.

As pessoas teimosas vão ao excesso do desrespeito, por não darem o devido espaço para as diferenças pessoais que existem nos companheiros(as), amigos(as) e familiares.

"... pelos vossos excessos, chegais à saciedade e vos punis a vós mesmos".

Os limites traçados pela natureza nos ensinam onde e quando devemos parar, bem como por onde e quando devemos seguir. A natureza respeita nossos dons próprios, ou seja, nossa individualidade. Assim, devemos também aceitar e respeitar nossa maneira única de ser, bem como a de todos aqueles com quem compartilhamos a existência terrena.

O excesso de rigidez e severidade faz com que criemos um padrão mental que influenciará os outros para que nos tratem da mesma forma como os tratamos. Poderemos ainda, no futuro, provocar em nós um sentimento de autopunição, pois estaremos usando para conosco o mesmo tratamento de austeridade e dureza. O arrependimento se associa à culpa, nascendo daí uma vontade de nos redimir pelos excessos cometidos, o que acarreta uma necessidade de expiação - o indivíduo se compraz com o próprio sofrimento.

Nossos limites se expressam de maneira peculiar e ninguém pode exigir igualdade de pensamento e ação de outro ser humano. Respeitando nossa singularidade, aprenderemos a respeitar a singularidade dos outros e sempre cairemos no excesso, quando não aceitarmos nosso ritmo de crescimento, bem como o do próximo.

Segundo Alfred Adler, a "compensação" é um dos métodos de defesa do ego e consite num fenômeno psicológico que busca contrabalançar e dissimular nossas tendências inconscientes por nós consideradas reprováveis e que tentam vir à nossa consciência.

Os excesso de todo gênero funcionam, na maioria da vezes, como disfarce psicológico para compensar nossas tendências interiores. Exageramos posturas e inclinações na tentativa de simular um caráter oposto.

Atitudes exageradas de um indivíduo significam, quase sempre, o contrário do que ele declara.

Excesso de pudor - compensação de desejos sexuais normais reprimidos.

Excesso de afabilidade - compensação de agressividade mal elaborada.

Excesso de alimentação - compensação de insegurança ou necessidade de proteção.

Excesso de religião - compensação de dúvidas desmoralizadoras existentes na inconsciência.

Excesso de dominação - compensação de fragilidade e desamparo interior.

Atrás de todo excesso ou rigidez se encontra a não aceitação da naturalidade da vida, fora e dentro de nós mesmos.

Hammed - As dores da alma

RIGIDEZ X FLEXIBILIDADE

 por Carlos Bernardo González Pecotche Raumsol




Esta deficiência responde a um pensamento inflexível que governa a mente do indivíduo e influi sobre seu caráter, tornando-o duro e contumaz.

A rigidez afeta os sentimentos, não permitindo que se manifestem em virtude do silêncio a que os submete.

Ela conduz os seres à intransigência pelo endurecimento que promove nos condutos sensíveis. Disto dão provas suas próprias fisionomias, nas quais aparece refletida com acentuado relevo a pertinácia que particulariza esta deficiência.

Todo sentimento de conciliação anula-se pela força desta falha temperamental, que raramente se abranda, nem mesmo ante as exigências da realidade. Isso faz considerar que por detrás da rigidez atua solapadamente outra deficiência: a obstinação.

É próprio do rígido o excesso de zelo no desempenho de suas funções, sejam estas públicas ou privadas, o que é a causa de sua inflexibilidade com os que estão sob suas ordens. Temos um exemplo em um chefe de escritório que, ante o informe desfavorável sobre a conduta de um de seus empregados, apressado pelo afã de aplicar-lhe um corretivo não se detém em averiguações que comprovem a exatidão da versão recebida e, sem ver nem ouvir mais nada, aplica uma sanção ao subordinado, vítima talvez de um erro ou, o que seria pior, de alguma calúnia. Posturas desta ordem advertem a presença de outra falha, a intolerância, irmã siamesa da rigidez.

A deficiência que nos ocupa induz e até obriga o ser a fiar-se unicamente em seu juízo. Dificilmente este acede a considerar viáveis outras opiniões que não as próprias a respeito de uma questão, causa pela qual dissente com frequência do juízo alheio.

A rigidez paralisa a ação dos pensamentos construtivos, que necessitam se mover com liberdade enquanto cumprem seu papel na vida diária. Isto se pode observar em diversas circunstâncias. Uma delas poderia ser a seguinte: durante uma reunião, em que várias pessoas reunidas procuram elucidar um assunto, uma delas, em razão da anomalia de que estamos tratando (rigidez), pretende impor com certo absolutismo seus pontos de vista. Apesar da boa vontade dos que intervêm, o propósito entorpece-se pela posição inflexível e nada conciliadora de uma das partes, que, sob o influxo mental de sua deficiência, não repara que, mudando convenientemente o enfoque, seu juízo sobre o que se está considerando poderia mudar toral ou parcialmente, pondo-se de acordo com as demais opiniões. Isto nos mostra quão nociva é a rigidez, porquanto inabilita o ser para superar as limitações de seu juízo, condena-o ao equívoco e o faz atuar em consequência dela.

Sua influência sobre a mente é muito sutil e, ignorando-a, a pessoa entrega-se a ela docilmente. Tal ocorre,  por exemplo, quando é vista reagir contra um ou outro de seus semelhantes, aos quais tacha de rígidos, sem se aperceber de que isso que vê neles não é mais que sua própria rigidez manifestada ao tratar com os mesmos.

Quem observa uma pessoa rígida tem a sensação de encontrar-se ante um ser limitado psicologicamente; igual sensação experimenta o rígido sob a pressão inflexível de seus pensamentos.

Dominado por este defeito, sofre continuamente as consequências de seu comportamento, uma vezes sem se advertir de onde provêm tais consequências e, outras, sem poder evitá-las. Sabe que sua pessoa não é grata a seus semelhantes e o sente, mas não pode com sua própria intransigência. Em muitos casos é possuidor de belas qualidades, que empalidecem por causa de seu temperamento duro, provocando contrariedades em sua vida, cuja imagem evoca o "locus suplicii" da antiga Roma.

Esta deficiência também nos recorda a rigidez de um cadáver, e pensamos que ninguém que o tenha em conta gostará de continuar olhando-se em um espelho tão poucos alentador.

Falha tão prejudicial para o homem, bem merece que se adote contra ela uma conduta capaz de reduzi-la e anulá-la. mas, tomada a decisão, se procurará que em nenhum momento sua força sobreponha-se ao desejo de combatê-la.

Praticar a flexibilidade como antideficiência implica suavizar as asperezas do caráter, fazê-lo dúctil e elástico. Implica em exercitar o ânimo na condescendência e na conciliação, favoráveis ambas ao bom entendimento com os demais e até consigo mesmo.

Se a rigidez desloca o inddivíduo e o afasta da realidade, nada mais oportuno nem conveniente que abrandar semelhante dureza psicológica, tornando-se amplo e compreensivo em todo o conteúdo da expressão. Para isso contribuirá a sensibilidade, fator de êxito na convivência entre as pessoas, mas terá de ser libertada da opressão que sofre por causa da rigidez.

Entregar-se com paciência e firmeza ao cultivo dos sentimentos permitirá assistir muito prontamente à sua plena manifestação.

A rigidez aferra-se ao passado e oferece resistência ao futuro, que sempre traz consigo novas oportunidades para aqueles que querem aproveitá-las.


Carlos Bernando González Pecotche Raumsol
(Deficiências e propensões do ser humano)

MUDAR PARA EVOLUIR

MUDAR PARA EVOLUIR

A psicóloga e escritora Lourdes Possatto afirma que nós estamos em constante movimento, assim como o universo. Isso significa que mudanças ocorrem e são necessárias a cada instante. Mas por que somos tão resistentes a elas?

Camilla Salmazi
Na Doutrina Espírita, a evolução espiritual é uma lei e isso implica que a evolução não acontece por si própria, mas deve ser promovida conscientementente. “Mudar é desadaptar-se, é atualizar-se, é evoluir” explica a psicóloga e espiritualista Lourdes Possa em seu livro É Tempo de Mudança.

O aperfeiçoamento do espírito é fruto de seu próprio trabalho e, em uma única existência no mundo material, não é possível que todas as qualidades morais e intelectuais sejam adquiridas e que, portanto, ele não necessite de mais mudanças.

Mas a tarefa de evoluir espiritualmente não é tão fácil. Como disse Jesus há mais de dois mil anos: “Estreita é a porta que conduz à verdadeira vida”. O Espiritismo prega que as coisas não estão prontas; o caminho a seguir nem sempre está indicado. Assim, é necessário esforço, trabalho e crescimento através do aprendizado e das mudanças; caso contrário, o espírito terá de aprender e evoluir de maneira dolorosa, pelas doenças, pelas desgraças; enfim, pela dor.

Em entrevista exclusiva a Espiritismo e Ciência, Lourdes Possatto fala sobre a importância das mudanças no processo de evolução espiritual e a dificuldade dos espíritos encamados em aceitá-las, mostrando que reconhecer a necessidade de mudar é o primeiro passo para sua realização.



A mudança é imprescindível para se progredir? Ou seja, se a pessoa está bem consigo mesma ela precisa, necessariamente, sofrer mudanças para que esteja em processo de evolução?

Sim. A mudança acontece constantemente, em nosso corpo e no universo. É sempre um dia após o outro. E a cada dia, a cada momento, estamos mudando sem que tomemos consciência disso. Se a pessoa está bem consigo mesma, a vida não tem necessidade de dar-lhe sinais ou toques de sofrimento, porque se ela está bem, significa que está agindo de acordo com seu melhor, seguindo de acordo com sua natureza.



A mudança é natural do homem? É possível que algo seja realmente mudado na vida de um ser humano em um curto período de tempo? Como?

Com certeza, e isso eu tenho visto nos meus muitos anos como psicoterapeuta. Tudo que atraímos tem a ver com o padrão de energia em que estamos vibrando. Esta energia está relacionada às nossas atitudes para com nós mesmos. Ao mudá-las, tomando consciência de nossas crenças, por exemplo, mudaremos a nossa vibração, e tudo ao redor de nós muda também.



A dificuldade em mudar de algumas pessoas pode estar ligada com vidas passadas, com carmas?

Sim. A pessoa pode trazer suas crenças desde vidas passadas. Certa vez, trabalhando o perfeccionismo e rigidez em uma paciente, numa sessão de regressão, ela se lembrou de duas vidas em que sua maneira de ser também era rígida e perfeccionista, tanto quanto nesta vida. Até acessar uma vida anterior a estas, quando um episódio que gerou muita culpa nela explicou as crenças e decretos de sobrevivência através das suas cobranças de perfeccionismo e conseqüente rigidez. Ao tomar consciência desse padrão, ela teve condições de reverter essas atitudes, através da maior autocompreensão, aceitação e amor. Afinal, interna e emocionalmente, sempre se abandonou e tratou-se muito mal, para manter o padrão de perfeição. A aceitação, o amor e a flexibilidade consigo mesma, no sentido de compreender e respeitar sua natureza interna, foram as molas propulsoras para a sua mudança. Quanto ao carma, para mim significa a presença de um determinado índice de sofrimento, que tem a ver com a quantidade de desarmonia que a pessoa criou em sua própria natureza. O resgate é necessário mediante a tomada de consciência de que o sofrimento mostra o caminho errado em que a pessoa se encontra. Compreender como gera seu próprio sofrimento significa assumir a responsabilidade pelo seu próprio carma, a fim de cumprir o darma, que é o seu propósito de vida.


A necessidade de mudanças procurando a perfeição é normal ou prejudicial?

Depende do referencial. O espírito, a natureza em si mesma é perfeita. Cada um é perfeito com relação à sua natureza, que é perfeita. O que não é perfeito é a ego-personalidade. A busca da perfeição, se realizada pelo ego, é extremamente prejudicial, uma vez que causa um estrago imenso dentro da pessoa, gerando resultados nada agradáveis, como por exemplo, desânimo, preguiça e, em longo prazo, depressão, pelo excesso de desrespeito à sua essência ou natureza interna. Imagine a vibração dessa pessoa, o que a fará atrair problemas, encrencas e doenças, tudo isto como “recados essenciais” para mostrar-lhe que o caminho correto não é esse. Quanto a buscar a perfeição do espírito, seria mais interessante acessar esta perfeição e não buscá-la, uma vez que ela já está lá e sempre esteve dentro da pessoa. Aliás, o nosso amadurecimento e a nossa evolução estão ligados justamente a essa constatação.


Como é possível facilitar mudanças?

No meu livro É Tempo de Mudança, há um capítulo “Facilitando a Mudança”. Basicamente, a pessoa precisa aprimorar a percepção de si mesma no aqui-e-agora, percebendo e respeitando o que sente; há também a necessidade de vigiar e reorganizar os pensamentos, uma vez que tudo que pensamos passa para o corpo, e o que sentimos está relacionado com o que pensamos e não necessariamente com o que ocorre ao nosso redor.

A pessoa precisa também se responsabilizar pelo que causa a si mesma. Como sou Gestalt-terapeuta, costumo dizer que somos nós mesmos que causamos os nossos sintomas. Por exemplo, uma pessoa se queixa de estar estressada. Pergunto-lhe: “como é que você está se estressando?” Justamente para que ela tome consciência do que é que está se exigindo, impondo, cobrando. Se não tomar a consciência do que faz consigo mesma e não assumir responsabilidade, como é que essa pessoa vai querer amadurecer, melhorar e mudar?

Para facilitar a mudança, é também muito importante perceber seu livre-arbítrio e rever as escolhas que tem feito, se boas ou más, positivas ou negativas; afinal, ninguém escolhe por você, e se você permite isso, está sendo irresponsável. Se sua vida está ruim demais, por que não usar sua frustração no ousar tentar, mudando o “como” você tem agido?

E, sobretudo, é de vital importância estar de posse do seu melhor, ou seja, é quando se percebe que um caminho é melhor do que o que se tem trilhado. Se não prestarmos atenção no nosso sentir e nas verdades interiores e essenciais, o resultado é sempre sofrimento. Assim, descobrir quais são as mensagens que a vida está lhe dando através das situações que acontecem em sua vida é a forma de crescer, amadurecer, e, é claro, ser mais feliz.



Em seu livro, É Tempo de Mudança, você fala sobre a transformação de um sentimento em seu sentimento oposto. Como isso é possível?

É possível através da percepção de como geramos um determinado resultado em nossa vida. Por exemplo, você faz um bolo de um determinado jeito e sempre sai ruim e feio. Enquanto não observar o “como” está fazendo, você não mudará o resultado, ou seja, o bolo sairá melhor se você revir o procedimento.

No livro, falo como transformar quadros emocionais específicos, explicando as raízes de cada um deles. À medida que uma pessoa compreende as raízes emocionais de sua depressão ou obesidade, por exemplo, ela tem condições de transformar suas atitudes e, com isso, mudar o quadro emocional. E como sempre digo: a mudança só ocorre quando você toma consciência de como procede, de onde isso tem origem e muda suas atitudes. Se só houver uma tomada de consciência, a mudança será facilitada. Porém, somente quando o indivíduo tiver para consigo mesmo atitudes diferentes que preencham as suas carências emocionais, é que haverá a modificação de seu padrão de vibração, e aí sim a mudança ocorrerá plenamente.

(Extraído da revista Espiritismo e Ciência 13, páginas 22-25)

FIBROMIALGIA: PATOLOGIA RÍGIDA DA CONSCIÊNCIA

FIBROMIALGIA: PATOLOGIA RÍGIDA DA CONSCIÊNCIA

Enfermidade que acomete homens e mulheres, de diversas idades, a fibromialgia, dor crônica difusa, pode ter suas implicações espirituais, conforme afirma José Henrique Rubim de Carvalho, clínico geral e atual presidente da Associação Médico-Espírita (AME) de Nova Friburgo. Ele tratou do tema na última edição do Mednesp, o Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil, ocorrido em 2009, em Porto Alegre (RS).

Folha Espírita – O que é a fibromialgia?
José Henrique Rubim de Carvalho – A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica sem quadro inflamatório, não comprometendo as articulações e não causando deformidades. É um reumatismo por envolver músculos, tendões e ligamentos. Ela se caracteriza por dores no corpo, fadiga e alterações no sono. As dores podem ir de um leve incômodo até uma condição incapacitante, na forma de ardência, pontada, rigidez e câimbra, por três meses pelo menos em 11 pontos de 18 pontos dolorosos padronizados.

Não existem exames complementares, como de laboratório, de imagens e neurofisiológico, que confirmem o diagnóstico. Calcula-se que atinja 3% das mulheres e 0,5% dos homens adultos.

Manifestações não relacionadas à dor muscular são observadas na fibromialgia em mais de 50% dos casos. São as comorbidades como: síndrome de fadiga crônica, síndrome do intestino irritável, enxaqueca, síndrome das pernas inquietas, fenômeno de Raynaud, depressão, ansiedade, síndrome da apneia do sono e bexiga irritável, por exemplo.

Acredita-se que os fibromiálgicos perdem a capacidade de regular a sensibilidade dolorosa. O controle da dor é feito pela serotonina, que se encontra diminuída nesses pacientes.

Desta forma, muitos dos impulsos que chegam e saem do cérebro são identificados erroneamente como dor. É como sentir dor onde verdadeiramente não existe a dor. Em verdade, a dor é da alma que se comprometeu moralmente, nesta e em existências passadas.

FE – Essa enfermidade pode aparecer em qualquer faixa etária?

Carvalho – A fibromialgia manifesta-se em qualquer idade, mas, sobretudo, entre os 40 e os 60 anos, talvez em decorrência da diminuição dos hormônios femininos na menopausa. Em torno de 25% dos casos referem apresentar esses sintomas desde a infância. Foi descrita a tendência de a fibromialgia ocorrer em mulheres de uma mesma família.

De acordo com o reumatologista Daniel Feldman, um levantamento israelense aponta que 6,5% das crianças e adolescentes em idade escolar apresentam sintomas de fibromialgia. Existem estudos, porém, que indicam que a fibromialgia juvenil pode se manifestar antes dessa faixa etária. Pesquisa publicada em 1995, na revista científica norte-americana Arthritis Rheumatology, indica que a doença afeta 1,3% das crianças em idade pré-escolar. Pesquisa realizada pela reumatologista Suely Roizenblatt, da Unifesp, mostra que 71% das mães das crianças diagnosticadas com fibromialgia juvenil também tinham a síndrome.

FE – O que pode desencadear a fibromialgia, do ponto de vista clínico?

Carvalho – A falta de condicionamento físico, ou seja, sedentarismo, é apontado como o principal fator de risco. “Pouquíssimos atletas desenvolvem fibromialgia”, diz Jamil Natour, reumatologista da Unifesp. Outros fatores relevantes são: mudanças hormonais na menopausa, estresse e traumas emocionais. Doenças infecciosas e a hereditariedade são também importantes no desencadeamento da enfermidade.

FE – A fibromialgia tem cura? Há algum método que possa melhorar o quadro clínico?

Carvalho – A remissão completa da fibromialgia é difícil, mas não impossível. O tratamento é obrigatoriamente multidisciplinar, abrangendo os aspectos orgânicos, psicológicos, sociais e espirituais. A atividade física, feita em ritmo moderado e com longa duração, eleva a capacidade respiratória (aeróbica), aumenta a musculatura e a força. O exercício de baixo impacto reequilibra o sono, eleva a serotonina, produz endorfinas e somatostatina que melhora o trofismo muscular. Essas medidas resolvem 50% a 60% dos casos. O tratamento alopático engloba diversas drogas, como o antidepressivo tricíclico, em doses baixas. A Homeopatia, a Terapia Floral de Bach e a Acupuntura também apresentam bons resultados, mas os tratamentos psicológicos e espirituais se impõem pela necessidade da transformação moral urgente. Sabemos que o caráter básico dos fibromiálgicos é o perfeccionismo e sua rigidez consciencial característica, transbordando para o corpo todos os conteúdos presentes e pretéritos, que necessitam ser trabalhados.

FE – Como compreender essa doença do ponto de vista espiritual?

Carvalho – A fibromialgia é considerada por muitos como uma depressão mascarada, e, como sabemos, uma enfermidade que não apresenta nenhuma lesão, nenhum quadro inflamatório e nenhuma comprovação laboratorial e radiológica. O caráter perfeccionista de seus portadores leva-nos a inferir os erros cometidos em existências passadas e comprovados por inúmeras regressões de memória desses pacientes.

Um caso bem interessante, de um paciente que foi submetido à regressão de memória, evidenciou uma existência papal, que autorizou a carnificina da “Noite de São Bartolomeu”. Esse papa era extremamente rígido, perfeccionista e com sintomas somáticos compatíveis com a fibromialgia. No final de sua desperdiçada existência, onerado de culpas, pronuncia esta frase reveladora: “Só me resta a dor.” Essa frase-decisão transferiu-se para a atual existência sob a forma de fibromialgia, personalidade perfeccionista e culpada. É a reencarnação para depurar os condenados endividados com os Estatutos Superiores.

FE – Atitudes e pensamentos podem ter algum efeito para a melhora física dos pacientes que sofrem desse mal?

Carvalho – É exatamente esta a proposta: transformação moral, implementada na metodologia da Terapia Regressiva de Memória e na Terapia Floral de Bach, além de outras. Paiva, num trabalho em 2004, mostra-nos que a dor entra para a chamada “zona de conforto”, onde, por mais que o estado seja ruim, existe um benefício secundário que mantém o indivíduo no estado de dor. Está claro que o espírito que escolhe a dor como forma de autopunição não quer se expor a erros, como os já perpetrados em outras existências e na atual, além do que uma personalidade perfeccionista e rígida jamais pode errar. Portanto, é preferível manter-se na tal “zona de conforto”. O trabalho profícuo, então, é a integração com as sombras, para lidar com os opostos e sua diluição através das mudanças de pensamentos, sentimentos, vontade e, consequentemente, as atitudes.

FE – A não aceitação da mediunidade pode ter influência nesses casos?

Carvalho – A fibromialgia é uma patologia medianímica, por ser uma síndrome ectoplasmática, cujo substrato sofre a atuação dos espíritos obsessores, que se afinam com os caracteres morais dos obsidiados. A mediunidade se presta ao trabalho do autoconhecimento, da autoaceitação e notoriamente da transformação moral. Se não houver a compreensão nítida da complexidade holística dessa e de outras patologias, fica extremamente árido o campo de cura ou de abrandamento da sintomatologia presente nas enfermidades.

Entrevista publicada na Folha Espírita, São Paulo, outubro/2010

Lições para bem viver

Lições para bem viver

O pensador russo Giurdzhiev que, no início do século passado, já falava em autoconhecimento e na importância de se saber viver, traçou algumas regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris.

Segundo os especialistas em comportamento humano, quem consegue praticar a metade dessas lições, com certeza terá mais harmonia íntima e menos estresse.

As regras são as seguintes:

Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo.

Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.

Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.

Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.

Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.

Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser, você mesmo.

Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.

Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.

Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porque são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.

Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem achar que isso é o máximo a se conseguir na vida.

Evite se envolver na ansiedade e tensão alheias enquanto ansiedade e tensão. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.

Saiba que a família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.

É preciso ter sempre alguém em quem se possa confiar e falar abertamente, ao menos num raio de cem quilômetros.

Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.

Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental. Escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.

Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo... para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.

A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.

Uma hora de intenso prazer substitui com folga três horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca as oportunidades de se divertir.

Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.

Por fim, entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: você é o que fizer de você mesmo.

*   *   *

Grande número de pessoas gasta boa parte do seu tempo em esforços inúteis e desnecessários.

Uns gastam horas tentando fazer com que os outros aceitem suas ideias.

Outros perdem horas de sono pensando no que irão dizer no dia seguinte, numa conversa que não acontecerá.

Existem aqueles que se detêm por longo tempo alimentando ilusões.

Isso prova que fazemos esforços inúteis ou até prejudiciais ao nosso bem-estar.

Assim, anote as regras de Giurdzhiev e prepare-se para uma vida de melhor qualidade.



Redação do Momento Espírita, baseado em informações
contidas no site: http://www.psiconselhos.com.br/psico/dicasv.php3.
Disponível no cd Momento Espírita v. 7 e no livro Momento Espírita v. 3, ed. Fep.
Em 13.04.2012.

Alzheimer e rigidez

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil) BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI


 Alguns leitores de nossa revista pedem-nos com frequência esclarecimentos a respeito do mal de Alzheimer e como a doutrina espírita vê essa doença.

O assunto já foi tratado nesta revista em três oportunidades, como o leitor pode conferir nos textos seguintes:

Editorial n. 68:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/68/editorial.html

O Espiritismo responde n. 143
http://www.oconsolador.com.br/ano3/143/oespiritismoresponde.html

Cartas n. 259
http://www.oconsolador.com.br/ano6/259/cartas.html

A propósito do assunto, o confrade Leonardo Marmo Moreira, colaborador de nossa revista e conhecido estudioso da doutrina espírita, escreveu, a nosso pedido, algumas considerações a respeito do tema, que adiante resumimos.

O mal de Alzheimer consiste em um grave distúrbio mnemônico ainda pouco conhecido em suas complexidades pela ciência atual. Essa doença caracteriza-se por esquecimentos bastante pronunciados, sobretudo da chamada “memória curta”, também denominada “memória recente”. A partir de determinado momento, a sintomatologia vai-se agravando e o paciente passa também a perder a lembrança de fatos mais distantes no tempo, ou seja, a “memória longa ou distante”. Por último, o indivíduo perde a chamada “memória da rotina”, não conseguindo mais desenvolver tarefas triviais do cotidiano sem a ajuda de outrem. É por essa razão que os médicos e terapeutas recomendam aos pacientes manter a rotina, para que a segurança no desempenho das atividades corriqueiras do cotidiano não seja afetada.

Exemplos bastante drásticos de tal patologia, mas não necessariamente raros, abrangem casos esdrúxulos como o paciente que passa a guardar o relógio ou o telefone dentro da geladeira, ou casos como um homem que durante toda a vida fez perfeitamente o nó da gravata (ou amarrou os cadarços dos sapatos) e que, a partir de certo momento, passa a não mais saber fazer tal tarefa.

A enfermidade pode ocorrer precocemente (como, por exemplo, em alguns pacientes de Síndrome de Down) e, como total, supostamente associada à hereditariedade. Mas, de um modo geral, o mal de Alzheimer verifica-se em pessoas de idade avançada – frequentemente, a partir dos 65 anos – e, neste caso, não teria necessariamente forte correlação genética.

Uma das peculiaridades do mal de Alzheimer é que seu diagnóstico é feito comumente por exclusão, ou seja, a partir da eliminação de outras hipóteses causais para o conjunto de sintomas de esquecimento apresentados pelo paciente. Isso ocorre porque outras opções de busca do respectivo diagnóstico envolvem, frequentemente, métodos altamente invasivos, como é o caso da biópsia cerebral, o que, obviamente, não deve ser o procedimento de escolha inicial por parte dos médicos e estudiosos dessa enfermidade.

As medidas preventivas mais recomendadas são a atividade física; a busca por uma ótima condição cardiorrespiratória; evitar ao máximo e, se ocorrer, controlar rigorosamente os sintomas do diabetes; a realização de trabalhos intelectuais, em que se recomenda até mesmo o exercício de práticas como a resolução de palavras-cruzadas e quebra-cabeças, entre outras.

Estudos desenvolvidos pela Associação Médico-Espírita do Brasil, em que destacamos a atuação da Dra. Alessandra Granero, médica geriatra, e do Dr. Décio Iandoli Júnior, renomado professor e autor de obras espíritas, têm levantado – no tocante ao Alzheimer –  algumas hipóteses de causas espirituais, baseados em estudos sistemáticos de obras espíritas, como as obras de André Luiz. Estes estudiosos têm citado a rigidez de caráter (inflexibilidade), a culpa, os processos obsessivos graves, a depressão e os sentimentos doentios, tais como ódio e mágoa (sobretudo quando mantidos a médio e longo prazos), como causas espirituais para a ocorrência do mal de Alzheimer.

É interessante que características intelecto-morais relacionadas à religiosidade aparentemente não são facilmente perdidas, pelo menos nas fases iniciais da doença, o que permite com mais facilidade recorrer a terapias espirituais efetivas, com a participação ativa do paciente.

Obviamente, o papel da família em enfermidades desse tipo é de importância central, tanto para a melhoria da qualidade de vida do paciente, quanto do ponto de vista das questões espirituais, pois muitas vezes o grupo familial está associado às causas cármicas que poderiam estar na raiz de tal problemática. O acompanhamento espiritual é fundamental também para a família, pois os entes queridos sofrem muito com o gradual “distanciamento” do ser amado, que passa por um processo lento, porém consistente, de perda de interação cognitiva com os familiares e amigos. Alguns chegam a afirmar tratar-se de um lento e gradual “processo de desencarnação”.

Se analisarmos que, em concordância com André Luiz em “Ação e Reação”, as tarefas desenvolvidas na terceira idade repercutem muito em nossa futura condição espiritual na erraticidade, devemos considerar de alta responsabilidade o esforço dos amigos, familiares e terapeutas, mesmo que aparentemente improfícuo, na melhoria das condições dos irmãos que estão passando por essa provação. A necessidade de trabalho intelectual e a tendência à depressão denotam a necessidade de amplo esforço em tarefas de alto nível intelecto-moral.

As prováveis causas espirituais, como processos obsessivos e atitudes de intransigência moral, entre outras, indicam a necessidade de contínuo esforço de esclarecimento espiritual, se possível com leitura diária de páginas evangélico-doutrinárias e frequência, se possível semanal, à casa espírita para tratamento com passes.

Pseudo consciência, Tirano interno ou Critico Interior

http://reformaintimaja.wordpress.com/tag/rigidez/



Práticas – Tirano interior

(Referente a 3ª palestra)

Pseudo consciência, Tirano interno ou Critico Interior

Todos nós temos em nosso íntimo o que Freud chamou de superego (veja conceito no final do texto)

Pare uns intantes e usando as referências abaixo, defina o seu próprio tirano interior, são três os aspectos básicos:

Tirania interior

Auto-recriminação, Autoperseguição, Autocrítica, Autocensura, Autoflagelação, Autodestruição, Crueldade consigo mesmo, Autopunição, Opressão, Remoer os erros, Boicotes, Culpa
Rigidez

Inflexibilidade, Dureza, Severidade, Rigor, Absolutismo, Radicalismo, Fundamentalismo, Fanatismo
Automatismo

Automatismo, Alienação, Atuar como fantoche, Ficar prisioneiro de si mesmo
Como esse tirano se parece? De um nome para ele, ele não é um espirito ou uma vida anterior, é apenas uma parte sua. Procure se acostumar com ele e se dar conta que ele te acompanha há muito tempo, provavelmete parte dele venha inclusive de outras vidas, de experiências pretéritas e conclusões distorcidas a seu respeito.

Lembre-se sempre somos filhos da Luz, filhos de Deus e somos por ele amados incondicionalmente, mesmo com todas as nossas falhas e imperfeições, pois “Deus” é puro amor, e o amor é uma energia unificadora, portanto aceita todas nossas partes.

Uma das melhores formas de abrandarmos esse nosso aspecto, está na aceitação do que somos aqui e agora. A autoaceitação é condição básica para estarmos bem conosco mesmo.

Use sempre o recurso da prece e peça a espiritualidade que interceda aliviando sua autoexigência.

 - - -

Superego (al. Überich, “super-eu”): É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição – em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e consciência (al. Gewissen), que determina o mal a ser evitado.

Extraido do link abaixo:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_psicanal%C3%ADtica

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Limãozinho

O Limãozinho

Cláudia era uma menina sempre mal-humorada que reclamava de tudo. Na escola, era chamada de Limãozinho, sem que ela soubesse. Caso contrário, ficaria ainda de pior humor.
Certo dia, na escola, suas amigas estavam sentadas à sombra de grande árvore, e uma delas perguntou:
— O nosso “Limãozinho” ainda não chegou?
— Cláudia? Ainda não! Mas com certeza vai chegar reclamando de algo — disse outra.
Deise, uma aluna nova estranhou, perguntando:
— E por que a chamam de Limãozinho?
As demais caíram na risada, e Márcia explicou:
— É que ninguém pode ser mais azeda do que Cláudia. Nada está bom para ela!
Conversando, as colegas não viram Cláudia se aproximar, e ao ouvir que falavam dela, escondeu-se atrás da árvore para escutar. Por sorte, tocou o sinal e elas correram para a classe, enquanto ela chorava.



Cláudia ficou ali, triste por saber o que as amigas pensavam dela. Uma funcionária viu-a no pátio e quis saber o motivo.
— Estava com dor de cabeça, mas já passou. Vou já para a classe — ela respondeu.
Cláudia pediu licença à professora e entrou. Caminhou até sua carteira sem olhar para os lados e sentou-se. No final da aula, as amigas foram conversar com ela.
— Você está doente, Cláudia?
— Não. Estou bem. Tive dor de cabeça, mas já passou.
— Ah! Ficamos preocupadas com você!
Séria, Cláudia agradeceu e despediu-se delas sem dar-lhes muita atenção, o que as amigas notaram. O que teria acontecido com Cláudia?!... — pensaram.
Ao ver a filha chegar, a mãe notou-lhe a tristeza e os olhos vermelhos. Perguntada, ela disse que tudo estava bem. Almoçaram. Cláudia comeu pouco e foi para o quarto. A mãe seguiu-a e viu que estava chorando. Sentou-se no leito ao lado da filha e, abraçando-a com amor, pediu:
— Conte-me por que está tão triste, filha.
— Mamãe, eu sou muito chata? Reclamo de tudo? Estou sempre azeda? — a menina perguntou.




A mãe pensou um pouco e respondeu com outra pergunta:
— O que você acha, Cláudia? Procure lembrar como tem agido, sobre os comentários que faz e suas reações com outras pessoas.
A mãe deixou a filha no quarto refletindo e foi arrumar a cozinha. Logo Cláudia levantou-se para fazer os deveres da escola. O irmão Breno comentou que o Sol estava ótimo, e que ele ia sair para brincar com os amigos.
— Deus me livre! Não suporto tanta claridade! — respondeu ela, azeda.
A mãe trocou um olhar com o filho e Cláudia percebeu. A senhora comentou:
— Então não se preocupe, filha. O noticiário avisou que vai chover amanhã.
— Também não gosto de chuva, mamãe! Fica tudo molhado e a gente não consegue nem sair de casa!  — exclamou, fazendo uma careta.
A mãe ouviu calada, depois indagou:
— Então do que você gosta, filha?
Cláudia ficou pensativa, e a mãe insistiu para saber do que ela gostava.
— Na verdade eu não sei, mamãe. Por que me fez esta pergunta?
— Reparou que está sempre desgostosa, incapaz de um comentário agradável? Não gosta de Sol, de calor, de chuva, de frio. Bem. Talvez você goste da primavera. Logo teremos as flores brotando e tudo fica mais bonito e alegre! — a mãe considerou sorrindo.
— Na primavera existe muito pólen no ar e tenho alergia, mamãe. Esqueceu?
A mãe sugeriu o outono, com suas frutas deliciosas, porém ela lembrou que nessa época havia muitas moscas e abelhas em busca das frutas. A mãe respirou fundo, e disse:
— Cláudia, o problema não está nas estações, no calor ou no frio, na chuva ou no Sol, está em você. Não está contente consigo mesma e por isso não gosta de nada. Precisa melhorar sua autoestima.
— Autoestima? O que é isso?!...
— Quando a gente se ama, se valoriza, diz-se que tem elevada autoestima.
— É que sou diferente das outras meninas, mãe.
— Claro que é! Somos criaturas únicas no Universo! Deus não criou ninguém igual a você, minha filha! Já pensou nisso? Você é única e cheia de qualidades, além de ser linda!  
— Acha mesmo, mamãe? Sempre me achei tão feia — disse a menina, surpresa, como se despertasse de um sonho ruim.
— Venha. Olhe-se no espelho, minha filha!
Cláudia olhou e abriu um lindo sorriso. Abraçou a mãe com olhos brilhantes:
— Tem razão. Eu vou mudar, mamãe! Acho que não sou boa companhia para ninguém.
No dia seguinte, Cláudia chegou sorridente e as amigas estranharam, sem entender. Márcia perguntou o que tinha acontecido, e Cláudia abriu novo sorriso; depois olhou para o alto, animada, e disse:




— Acordei e vi que o dia está lindo, ensolarado. Tudo está florido e os passarinhos cantam nas árvores. Tudo isso graças a Deus, que nos criou!... Não é ótimo?!... Então por que estão tão sérias e preocupadas?!... Ânimo, minhas amigas!   
                                                                  MEIMEI

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 2 de setembro de 2013.)

Educar é dever sagrado

PEDRO DE ALMEIDA LOBO
lobocmemtms@terra.com.br
Campo Grande, Mato Grosso do Sul (Brasil)

Educar é dever sagrado


Palana define “reforma íntima como sendo um esforço que o indivíduo aplica em si mesmo para domar as más tendências e com isso elevar-se moralmente”. Para domar as más tendências, o primeiro e significativo passo é a auto-estima, que se  traduz  em  gostar e respeitar a si mesmo como ser humano.

No tocante ao ser (Espírito ou alma) que  interage consigo  e com o universo através do pensamento, não há outra alternativa melhor nesse processo do que policiar e cultivar bons pensamentos. Todo pensamento cria realidade que somatiza no corpo físico causando bem ou mal-estar como doenças psicossomáticas e espirituais  conhecidas, respectivamente, como  estresse, pânico, depressão e obsessão.

Depois da auto-estima é o autoconhecimento. Quem não se conhece, não conhece a ninguém, nem mesmo a Deus. Nesse particular, o ser humano, por vezes, é muito contraditório porque não acredita na sua capacidade, tampouco nas suas qualidades. Prestemos atenção em um detalhe que já foi aplicado como experiência.

Reuniram-se em uma mesma sala 30 pessoas cada qual com uma folha de papel em branco e uma caneta. Cada uma  deveria escrever em 10 minutos o maior número de  virtude que ela  possuísse. Foram observadas muitas dificuldades. A grande maioria passou o tempo procurando e não encontrou uma sequer.

Mudou-se o enfoque da pesquisa. Em três minutos deveria explicitar alguns dos seus defeitos. A que menos encontrou, escreveu 10.

Por que isso acontece? Mormente os indivíduos esquecem os ensinamentos de Jesus, o Cristo, quando ensinou à humanidade a autoconfiança, conscientizando as pessoas, afirmando: “sois deuses. Sois luzes. Sois o sal da Terra. Podereis fazer o que faço e muito mais se quiserdes”.  Portanto, domar as más tendências é uma questão de reforma íntima, autoconhecimento e autoconfiança.

Quanto à elevação moral, sua origem está na educação equilibrada dada pelos pais aos seus filhos. Para os materialistas, ela começa no berço. Alguns espiritualistas advogam que é no ventre materno. Enquanto que os espiritualistas reencarnacionistas, dentre outros os espíritas, afirmam que é muito antes da fecundação.

Seja quando for, o certo é que os genitores devem saber que educar filhos não é uma simples obrigação ou  missão. É muito mais do que isso. É um dever sagrado e inalienável que passa pela reforma íntima dos co-criadores, com Deus para servir de exemplo aos seus rebentos.

Questões Vernáculas - O Consolador


Ano 4 - N° 159 - 23 de Maio de 2010
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)


Antes de entrar em vigor o novo Acordo Ortográfico firmado pelo Brasil e diversos países que também falam o idioma português, as palavras formadas pelo prefixo auto escreviam-se assim: auto-estrada, auto-retrato, auto-hipnose, autodeterminação, autobiografia, auto-ônibus, auto-análise, auto-ajuda, auto-escola, auto-estima, auto-imune, auto-imagem, auto-regulagem, auto-serviço, auto-suficiência, auto-sugestão.

Com o Acordo, algumas modificações foram aí introduzidas.

De forma sintética, o Acordo determina:

1. Haverá hífen quando o prefixo auto anteceder palavras:

iniciadas pela letra h: auto-hipnose, auto-hemoterapia, auto-humilhação.
Iniciadas pela letra o: auto-ônibus, auto-observação, auto-oscilação.
2. Se o prefixo auto for seguido por palavras iniciadas por r ou s, essas consoantes serão duplicadas: autorretrato, autorregulagem, autosserviço, autossuficiência, autossugestão.

3. Não haverá hífen quando o prefixo auto anteceder palavras iniciadas por letras que não sejam h, o, r ou s: autodeterminação, autobiografia, autoanálise, autoajuda, autoescola, autoestima, autoimune, autoimagem, autopeça, autoproteção, autoaprendizagem, autoestrada.

*

Embora semelhantes, apóstrofe e apóstrofo têm significados bem diferentes.

Apóstrofo [do gr. apóstrophos, pelo lat. tard. apostrophu], substantivo masculino, é o nome que se dá ao sinal diacrítico, em forma de vírgula (´) para  indicar  supressão  de  letra(s),  como,  por exemplo,  nestas  palavras:
copo d´água e pau d´alho.

Apóstrofe [do gr. apostrophé, pelo lat. apostrophe], substantivo feminino, significa interpelação direta e inopinada, catilinária e também uma figura que consiste em dirigir-se o orador ou o escritor, em geral (e não sempre) fazendo uma interrupção, a uma pessoa ou coisa real ou fictícia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Como desenvolver nossa auto estima

http://www.clinicaselfcare.com/artigo.php?id=114&como_desenvolver_nossa_autoestima.html

O Problema Com a Auto-Estima


PAUL C. VITZ

A teoria da auto-estima, com a qual tantas pessoas estão obcecadas hoje em dia, prediz que só os que se sentem bem consigo se sairão bem — motivo por que acham que todos os estudantes precisam disso. Contudo, as pesquisas não têm apoiado essa teoria.

Hoje, a parte maior e mais familiar da psicologia americana é a popular psicologia da auto-estima, que agora se encontra em toda a sociedade americana. Quase todos nós conhecemos bem a auto-estima e a obsessão que muitos têm com essa teoria em nossa época. Os programas de auto-estima afetam a vida de um número incontável de alunos de escola, pois essa idéia, realmente um ideal, foi adotada e aplicada principalmente na educação.

Historicamente, o conceito de auto-estima não tem origens intelectuais claras ou óbvias. Nenhum teórico de assuntos psicológicos de grande importância a tornou um conceito central. Muitos psicólogos, porém, enfatizaram o ego de várias maneiras, mas o foco costumeiro era a auto-realização ou cumprimento do potencial da própria pessoa. Como resultado, é difícil rastrear e chegar até a fonte dessa ênfase na auto-estima. Aparentemente, essa preocupação generalizada é uma destilação da preocupação geral com o ego encontrada em tantas teorias psicológicas. A auto-estima parece o denominador comum impregnando os escritos de tais variados teóricos como Abraham Maslow, Carl Rogers, psicólogos da força do ego e educadores morais, principalmente em época mais recente. Em qualquer caso, a preocupação com a auto-estima paira em todas as partes dos EUA hoje. No entanto, é impossível não achá-la no mundo da educação — dos mestres da educação, aos diretores, professores, conselhos de alunos e programas de televisão que se ocupam com a educação, de modo particular os programas que se ocupam com a educação pré-escolar, como Sesame Street.

O valor do ego, um sentimento de respeito e confiança na própria pessoa, tem mérito, conforme veremos. Mas um ego centrado em si, uma auto-estima do querer sentir-se bem com os próprios sentimentos, em que podemos ignorar nossos fracassos e nossa necessidade de Deus, é outra coisa bem diferente. O que há de errado com o conceito da auto-estima? Muita coisa, e é de natureza fundamental. Há milhares de estudos psicológicos sobre a auto-estima. Muitas vezes o termo auto-estima é confuso, pois seu rótulo é usado para vários aspectos como auto-imagem, auto-aceitação, autovalor, amor próprio, autoconfiança, etc. O ponto importante é que não há consenso acerca da definição ou medição para avaliar a auto-estima. E seja o que for a auto-estima, não há evidência confiável que apóie os resultados da auto-estima como se chegassem a ter muita importância.

Não há evidência de que a auto-estima provoque algum resultado. Aliás, um grande número de pessoas com pouca auto-estima realizou muito num tipo de atividade ou outra. Por exemplo, Gloria Steinem, que escreveu muitos livros e foi uma das principais líderes do movimento feminista, recentemente revelou numa longa declaração num livro que ela sofre de baixa auto-estima. E muitas pessoas com elevada auto-estima sentem-se felizes em ser ricas, belas ou ter ligações sociais importantes. Algumas outras pessoas, cuja elevada auto-estima foi observada, são bem sucedidos traficantes de drogas, de grandes cidades, que geralmente se sentem muito bem acerca de si mesmos. Afinal, eles tiveram sucesso em fazer muito dinheiro num ambiente hostil e competitivo.

Um estudo de conhecimentos matemáticos de 1989 comparou estudantes de oito países diferentes. Os estudantes americanos se classificaram em último lugar na capacidade matemática e os estudantes coreanos se classificaram em primeiro lugar. Mas os pesquisadores também pediram aos estudantes que dessem uma nota para si mesmos e que revelassem se eles se achavam bons em matemática. Os americanos se classificaram em primeiro lugar na opinião de si mesmos acerca da capacidade matemática, enquanto os coreanos se classificaram em último lugar. A auto-estima matemática teve uma relação inversa ao desempenho matemático. Isso com certeza é um exemplo da psicologia do sentir-se bem impedindo os estudantes de ter uma percepção acurada da realidade. A teoria da auto-estima prediz que só os que se sentem bem consigo se sairão bem, motivo por que acham que todos os estudantes precisam disso. Mas de fato, sentir-se bem consigo pode simplesmente fazer com que você tenha confiança exagerada, tenha uma vaidade exagerada e seja incapaz de trabalhar pra valer. Agora, não estou insinuando que uma elevada auto-estima tem sempre uma relação negativa com o desempenho. Em vez disso, a pesquisa mencionada acima mostra que as medições de auto-estima não têm nenhuma relação confiável com a conduta, positiva ou negativa. Em parte, o motivo simples disso é que a vida é complexa demais para uma noção simples ser de muita utilidade. Mas por outros motivos devemos de antemão esperar esse fracasso.

Nós todos conhecemos pessoas que são motivadas por inseguranças e dúvidas internas. Essas pessoas muitas vezes são os heróis e vilões da história. É um fato bem documentado que na história das realizações militares fanáticas há o predomínio de certos homens de estatura baixa. Júlio César, Napoleão, Hitler e Stálin eram todos homens determinados a provar que eles eram grandes. Muitos grandes atletas e outros tiveram de vencer deficiências físicas e falta de auto-estima. Poderíamos chamar isso de efeito de Demóstenes, de acordo com o grego da Antigüidade que tinha problemas de fala. Ele praticava a fala com a boca cheia de pedrinhas e mais tarde se tornou um orador famoso.

Muitas realizações superiores parecem ter sua origem no que o psicólogo Alfred Adler chamou de complexo de inferioridade. O ponto importante não é que sentir-se mal sobre nós mesmos é bom, mas que só duas coisas podem verdadeiramente mudar o modo como nos sentimos sobre nós mesmos. O desempenho real e o amor real.

Primeiro, o desempenho no mundo real afeta nossas atitudes. Uma criança que aprende a ler, que consegue fazer matemática, que consegue tocar piano ou jogar futebol, terá um sentimento genuíno de desempenho e um sentimento adequado de auto-estima. As escolas que fracassam no ensino da leitura, escrita e aritmética corrompem o entendimento adequado da auto-estima. Os educadores dizem: “Não dê notas a eles. Não os rotule com classificações. Faça-os se sentirem bem consigo”. Esses educadores causam esses problemas. Não faz sentido algum os estudantes estarem cheios de auto-estima se não aprenderam nada. A realidade logo furará seu balão de ilusões e eles terão de enfrentar dois fatos perturbadores: que eles são ignorantes; e que os adultos responsáveis pelo ensino deles lhes mentiram.

No mundo real, o elogio deve ser a recompensa por algo que valha a pena. O elogio deve estar ligado à realidade.

Há um modo ainda mais fundamental em que a maioria das pessoas chega à genuína auto-estima, realmente chega a sentimentos de se valorizarem ou ao que os psicólogos chamam de “confiança básica”. Tais sentimentos vêm através do amor que se recebe.

Em primeiro lugar, o amor de nossa mãe, normalmente. Mas não dá para falsificar essa experiência fundamental de amor e autoconfiança. Quando os professores tentam criar essa emoção profunda e motivadora fingindo que eles amam todos os seus estudantes por uma hora ou menos por dia, e louvando-os indiscriminadamente, eles entendem mal a natureza desse tipo de amor. Não dá simplesmente para um professor produzir o amor dos pais em poucos minutos de interação por dia. A criança não só sabe que tal amor é falso, mas também que os professores reais têm de ensinar, e que isso envolve não só apoio, mas também disciplina, requisitos, repreensões e, em resumo, amor e firmeza.

Os bons professores mostram seu amor se importando o suficiente para usar a disciplina. Assim os melhores e mais admirados professores na maioria das escolas secundárias americanas de hoje são os treinadores de esportes. Eles ainda ensinam, mas exigem desempenho e raramente se preocupam com a auto-estima. Uma das melhores coisas que podem acontecer para um jogador de futebol iniciante que não é bom é ser cortado do time, porque então ele poderá começar a ir atrás daquilo em que ele é bom. Em vez de ficar lutando para avançar no futebol — esporte em que ele poderia desperdiçar cruciais anos de sua vida como um jogador de terceira categoria — ele poderia ser um jogador de golfe, ou estudante de matemática ou artista de primeira. Muitas coisas na vida descobrimos pelo processo de eliminação e precisamos ter fé suficiente em nossos professores que eles nos eliminarão de algumas das matérias das quais não fazemos parte de modo que possamos encontrar o lugar ao qual pertencemos.

Problemas semelhantes surgem para os que tentam construir sua lenta auto-estima falando carinhosamente com sua própria criança interior ou outro ego interior inseguro. Tais tentativas estão condenadas ao fracasso por dois motivos: primeiro, se temos insegurança acerca de nosso próprio valor, como é que poderemos crer em nosso próprio elogio? Pense bem nisso. Se não achamos que somos realmente importantes, como é que então poderemos dizer a nós mesmos que somos e crer nisso? A realidade tem de existir — o amor de outras pessoas ou o desempenho real de algo. Então sabemos: “Ei, tem fundamento”. Caso contrário, a auto-estima é apenas um pequeno narcótico psicológico em nossa vida. E segundo, como toda criança, sabemos a necessidade de autodisciplina e desempenho. Em resumo, deve-se entender a auto-estima como uma reação, não uma causa. É principalmente uma reação emocional ao que nós e ao que os outros têm feito para nós. Embora seja um sentimento ou estado interior desejável, como a felicidade, não tem muito efeito. Além disso, como a felicidade e como o amor, é quase impossível se obter a auto-estima tentando obtê-la. Tente obter a auto-estima e você provavelmente fracassará, mas faça o bem aos outros e realize algo para si e você terá tudo o que precisa.

O assunto é vital para os cristãos em parte porque tantos estão preocupados com essa questão, e em parte porque a recuperação da auto-estima vem sendo enfatizada de modo bem explícito, principalmente no Cristianismo protestante. Precisamos observar, porém, que a auto-estima é um conceito profundamente secular, e não é um conceito no qual os cristãos deveriam ter um envolvimento especial. Nem há necessidade alguma que eles se envolvam. Os cristãos deveriam ter um senso tremendo de valor próprio. Deus nos fez conforme Sua imagem, Ele nos ama, Ele enviou Seu Filho para salvar cada um de nós, nosso destino é estar com Deus para sempre. Cada um de nós tem tanto valor que os anjos se regozijam com todo pecador arrependido.

Mas por outro lado, não temos nada em nós mesmos do que nos orgulharmos. Recebemos vida com todos os nossos talentos, e somos todos pobres pecadores. Certamente não há nenhuma razão teológica para crer que os ricos ou os bem-sucedidos ou os que têm elevada auto-estima são mais favorecidos por Deus e têm mais probabilidade de chegar ao céu. Aliás, bem-aventurados sãos os humildes.

Além disso, a auto-estima é baseada na própria noção americana de que cada um de nós é responsável por nossa própria felicidade. Assim, dentro de um sistema cristão, a auto-estima tem um efeito sutil e negativo; podemos adotar a busca da felicidade como uma meta pessoal bem mais intensa do que a busca da santidade.

Hoje, a auto-estima se tornou muito importante porque é considerada essencial para a felicidade. A menos que amemos a nós mesmos, não seremos felizes. Mas presumir que devemos amar a nós mesmos, que Deus não nos amará tanto quanto precisamos ser amados é uma forma de ateísmo prático. Dizemos que cremos em Deus, mas não confiamos nEle. Em vez disso, muitos cristãos vivem de acordo com uma idéia que não tem base na Bíblia: “Deus ama aqueles que se amam”.

Outro problema é que os cristãos começaram a desculpar o mal ou comportamentos destrutivos na base da auto-estima. Mas a auto-estima, quer baixa ou elevada, não decide nossas ações. Temos de prestar contas por nossas ações e temos a responsabilidade de tentar fazer o bem e evitar o mal. A baixa auto-estima não torna alguém alcoólatra, nem faz com que uma pessoa finalmente seja capaz de confessar seu vício e fazer algo sobre o problema. Essas duas decisões competem a cada um de nós, independente de nosso nível de auto-estima.

Finalmente, colocar todo o foco em nós mesmos alimenta um amor a nós mesmos que não tem base nenhuma na realidade. É o que os psicólogos muitas vezes chamam de narcisismo. Poderíamos achar que os Estados Unidos já tiveram problemas demais com o narcisismo da década de 1970, que foi a Geração do Eu e na década de 1980 com os yuppies. Hoje, a busca da auto-estima é apenas uma expressão mais recente da velha egomania dos Estados Unidos.

Ao dar uma face feliz aos alunos de escola por seu dever de casa só porque foi entregue ou lhes dar troféus só por estarem presentes no time é bajulação do tipo vista durante décadas em nossos slogans comerciais: “Você merece uma pausa hoje”, “Você é o chefe”, “Faça do jeito que quiser”. Tal amor próprio é uma expressão extrema de uma psicologia individualista que nosso mundo consumista há muito tempo sustenta. Agora, quem reforça esse amor próprio sãos os educadores que gratificam a vaidade até mesmo de nossas crianças novas com mantras repetitivos como “Você é a pessoa mais importante do mundo inteiro”.

A ênfase narcisista na sociedade americana e principalmente na educação e até certo ponto na religião é uma forma disfarçada de adoração ao ego. Se aceita, os Estados Unidos terão 250 milhões das “pessoas mais importantes do mundo inteiro”. Duzentos e cinqüenta milhões de egos de ouro. Se tal idolatria não fosse socialmente tão perigosa, seria embaraçosa, e até de dar pena. Vamos esperar que o bom senso consiga fazer um retorno às nossas vidas.

Paul C. Vitz, Ph.D. (Universidade de Stanford, 1962), é professor emérito de psicologia, departamento de psicologia da Universidade de Nova Iorque.

Copyright © 1995 Paul C. Vitz.

Traduzido do original em inglês: “The Problema with Self-Esteem”.

Traduzido e adaptado por Julio Severo: www.juliosevero.com.br