terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Você já ouviu falar em reforma íntima?


Quase sempre, o termo desperta nas pessoas a idéia de que tudo em si está errado e necessita ser reformulado, que é portador somente de coisas negativas, ruins, que devem ser modificadas.
O termo reforma quer dizer retificação, mudança. Mas, também, melhoria, aprimoramento, dar melhor forma a alguma coisa.
Quando dizemos que vamos fazer uma reforma em nossa casa, isto não significa que ela esteja ruim. Pode simplesmente querer dizer que desejamos melhorá-la, ampliá-la, torná-la mais confortável.
Assim, a reforma pode compreender uma nova pintura externa, porque a atual está começando a descascar ou se encontra desbotada, pelo longo tempo de exposição às intempéries.
Durante uma inspeção para reforma, poderemos descobrir que precisamos substituir o assoalho de um cômodo, uma parede, um pedaço do teto. Talvez substituir algumas telhas quebradas ou consertar as calhas.
Com certeza, haveremos de encontrar na casa que nos dispomos a reformar, um cômodo quase ideal, que, ao menos no momento, não precisa nenhum retoque.
É um lugar aconchegante, com boa iluminação, móveis bem colocados, pintura excelente. Enfim, ali tudo está bem e não necessitará ser tocado, por enquanto.
Pois assim também é quando se fala em reforma íntima. Analisando as nossas disposições individuais, a nossa forma de ser, de pensar e de agir, vamos descobrir que temos defeitos, sim. Entretanto, também temos virtudes.
Os defeitos são aqueles dos quais devemos nos libertar. Naturalmente, a pouco e pouco.
Exatamente como a reforma de qualquer casa, quer seja por condições financeiras, quer seja por condições técnicas, não se faz de um dia para o outro.

Tempo, esforço, atenção é do que precisamos para nos liberar de pequenos e grandes defeitos.
É o ciúme que teima em aparecer, a impaciência que nos faz explodir por quase nada, o egoísmo falando mais alto.
Como toda reforma tem a ver com uma certa desarrumação, sujeira de caliça, madeira e pó, quando iniciamos a reforma íntima, por vezes vamos nos sentir como se tudo estivesse muito mal.
Parecer-nos-á que só temos defeitos e não os iremos superar nunca.
Devemos ter paciência conosco! A natureza não dá saltos. Vícios de muitos anos precisam de tempo para ser modificados.
Um dia, quando a reforma estiver completa, tudo estará arrumado, bem disposto, no lugar correto.
E, é claro, nossa alma estará enfeitada com flores viçosas nos vasos delicados das virtudes conquistadas.

***
Jesus, o Mestre, no intuito de incentivar as criaturas à própria melhoria, ensinou que quem estivesse no telhado, não descesse para o interior da casa; quem estivesse no campo, não retornasse para a cidade.
O convite é para que, vencidas as etapas, as pequenas deficiências, abolidos alguns erros, não voltemos a cometê-los outra vez.

* * *
Redação do Momento Espírita.

Reforma Intima - Ricardo Faerman


Este tema é muito interessante, pois quando falamos em reforma podemos pensar em várias coisas ao mesmo tempo. Se fosse uma reforma na casa já teríamos a resposta imediata. Se fosse no carro, também. Em alguma roupa, mais fácil ainda. E assim por diante. Mas e essa reforma íntima, o que visa?


Pois bem, vamos lá. A reforma íntima se faz necessária em nossos dias, porque, como podemos ver e sentir na pele, muitas coisas estão mudando. Mudam na nossa casa, cidade, estado, país e no mundo. Sutilmente ou não, pois muita gente ainda não se deu conta disso, mas o mundo anda nervoso.

Quantas desgraças, brigas, desavenças, guerras! Tudo isso porque estamos sendo amassados pela natureza que tenta nos avisar que está na hora da mudança. Claro que cada um de nós poderá dizer que está fazendo sua parte. Mas quer ver como não está? Se alguém lhe tirar fora da paciência você não ficará irritado com essa pessoa? Se alguém lhe irritar você poderá reagir com palavras ríspidas e até com agressão física. Se alguém lhe magoar a sua reação natural não será lamentar-se e culpar essa pessoa por estar lhe magoando? Se alguém lhe deixar triste por algum motivo, você não apontará e culpará esta pessoa por lhe deixar triste? Aí está uma pequena amostra de que talvez você não esteja fazendo a sua parte.

Toda reforma íntima requer um reconhecimento pessoal para que possamos produzir uma mudança de comportamento, atitudes e atos que estamos carregando desde nosso nascimento (E MUITO ANTES). Dirá alguém: "Mas como posso eu me conhecer mais para poder mudar?" Aparentemente é difícil mas não impossível.

É preciso começar e para isso serão necessários alguns instrumentos simples: um lápis, uma folha de papel e um espelho. Devemos sentar-nos confortavelmente em uma cadeira, a sós e em um ambiente silencioso. Olhando nossa imagem no espelho, vamos começar a conversar conosco fazendo alguns questionamentos do tipo: "O que tenho que mudar? Como está sendo meu relacionamento com o(a) companheiro(a), filhos, amigos e todas as pessoas de meu convívio? O que reclamam de mim? O que continuo fazendo igual? Na minha adolescência o que os namorados(as) ou amigos daquela época reclamavam de mim? E que continuo agindo igual até hoje?" E assim por diante. E a cada resposta você deve ir anotando. No final chegará à conclusão de que você mudou muito pouco e continua com o mesmo comportamento de muito tempo atrás.

Sabe porque? Não? Então vai saber!!

Todos nós recebemos de presente do Criador uma coisa chamada livre-arbítrio. Em nosso livre-arbítrio absolutamente ninguém deve interferir. Somos os responsáveis por toda decisão tomada. Sabemos também que em outras vidas não fomos propriamente bons e continuamos não sendo perfeitos Mas lá em outras existências, conforme a vida que tínhamos, o ambiente e pessoas com quem convivíamos, fomos adquirindo algumas imperfeições que estão gravadas em nosso inconsciente (ainda hoje).

Por exemplo: irritabilidade, mágoa, impaciência, tristezas, etc. Como havia citado no início: mas nós podemos irritarmo-nos sozinhos? Magoarmo-nos sozinhos? Perdermos a paciência sozinhos? É difícil, não é?

Pois o nosso universo é tão perfeito que ele nos promove encontros com pessoas que possuem características de personalidade especiais para fazer aflorar de nosso inconsciente, exatamente aquelas imperfeições que devemos equilibrar.

Nós precisamos da ajuda de pessoas para promover situações. Infelizmente em vez de olharmos para nós e entendermos que a pessoa está nos ajudando, nós a afastamos culpando-a por nos fazer sentir assim, perdendo mais uma oportunidade de mudar.

Trago aqui um exemplo de um cliente: um adolescente trazido pelo tio. Ele começou contando o porque de ter ido embora de casa. Dizia ter muita raiva do pai porque este agia de forma um pouco brusca na sua educação. Por outro lado, não lhe faltava nem conforto material nem carinho. Fiz-lhe então a seguinte pergunta: "Você sente raiva somente do seu pai?" E a resposta foi instantânea: "Não, tenho raiva também da minha irmã."

Perguntei-lhe se esse sentimento era só contra eles. Imediatamente respondeu que não, citando outras várias pessoas. Fiz-lhe ver, então, que a raiva é um registro dele e que enquanto ele não olhar para si mesmo para melhorar a sua raiva, ele vai passar o resto de sua vida culpando os outros e perdendo oportunidades de mudar.

Da mesma forma, se você quiser começar a mudar formule a si próprio perguntas do tipo: "Porque briguei com meu pai, mãe ou outra pessoa que estava fazendo seu papel e tentando me ajudar?"

REFORMA ÍNTIMA JÁ !!!!!!

Ricardo Faerman
Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Psicoterapeutas Reencarcionistas www.abpr.org
Visite meu site e confira os cursos: www.ricardo.faerman.nom.br

Reforma Íntima - Paulo Antonio Ferreira

A vida não é uma coisa fácil de se viver. É algo muito complexo e difícil de ser transmitido por palavras, além de se constituir em uma imensidade de situações com uma infinidade de nuances.

Na falta de uma educação adequada na infância, feita por pais que já tenham atingido um grau de evolução incomum, a maioria de nós cresce sem entender a vida, sem compreender as razões que estão por trás das atitudes das pessoas e, pela ausência de referências sobre como devemos agir, sem capacidade de escolher a atitude correta para cada situação.
Na juventude a maioria passa por problemas de adaptação ao mundo, acabando por criar um sentimento de revolta contra os pais e contra a sociedade. Os colegas possuem os mesmos problemas e com eles os jovens podem se sentir à vontade, passando assim a servirem de modelos uns para os outros, aprendendo mecanismos de defesa mais fáceis de compreender como a ironia, a hostilidade e a violência. Procuram referências de comportamento na televisão, nos livros, nos filmes e nas notícias de jornais, embora esta não seja a melhor forma de aprender. Aos poucos começam a achar que seus pais sabem ainda menos do que eles, que estão atrasados em relação ao que se passa no mundo de hoje.
Ao enfrentarem mais tarde a competição no trabalho, pressionados pela profissão que abraçam, a tendência será de que, colocando então uma prioridade menor na compreensão da vida, muitos problemas existenciais acabem ficando sem solução. Ao se acomodarem terminarão como seus pais, sem condição de passar a seus filhos um entendimento maior da vida, e esse estado de coisas tende a se perpetuar por milênios.
Se a vida nos pressionar, poderemos precisar do auxílio de um profissional que nos orientará em seções de Análise. Porém a Psicologia poderá contribuir apenas com o conhecimento dos traumas e recalques não resolvidos de nossa presente existência. Modernamente alguns Psicólogos e Terapeutas já estão trabalhando com A Terapia de Vidas Passadas (TVP) onde os traumas ocorridos em outras vidas poderão ser trabalhados, trazidos para o consciente e eventualmente suplantados. Alguns porém não recomendam esse tratamento devido ao risco de encontrar pessoas não preparadas a realizá-lo corretamente.
O Espiritismo parece trazer a contribuição definitiva pela compreensão de como se processa a evolução espiritual através de sucessivas encarnações, trazendo respostas para todas as nossas questões existenciais. Fornece ainda métodos para a solução de muitos de nossos problemas, como por exemplo o Tratamento Mediúnico, a Apometria e a Reforma Íntima. Neste artigo vamos considerar apenas a Reforma Íntima, pois os outros dois métodos citados poderão ser conhecidos teoricamente na literatura espírita, sendo sua prática feita nos Centros Espíritas por médiuns devidamente treinados. Mesmo a Reforma Íntima necessita, para sua consolidação, de um estudo da Doutrina Espírita que será tanto mais efetivo quando realizado nos Centros Espíritas. Entretanto, sendo um conhecimento básico que será útil no dia a dia de todas as pessoas, e por exigir principalmente uma vontade firme de se regenerar, daremos aqui algumas noções deste procedimento.

AVALIE A SI MESMO

Se você possuir o VB 5.0 instalado, pode optar pelo download do aplicativo:

O QUE É

A Reforma Íntima é um processo contínuo de auto-análise, de conhecimento de nossa intimidade espiritual, libertando-nos de nossas imperfeições e permitindo-nos atingir o domínio de nós mesmos.

O QUE SE PODE TRANSFORMAR INTIMAMENTE

Podemos e devemos substituir nossos defeitos como, o Orgulho, a Inveja, o Ciúme, a Agressividade, o Egoísmo ou Personalismo, a Maledicência, e a Intolerância por virtudes, tais como a Humildade, a Resignação, a Sensatez, a Generosidade, a Afabilidade, a Tolerância e o Perdão.

QUANTO TEMPO?

Algumas pessoas que estão iniciando estes estudos imaginam que bastará a primeira leitura para ficarem livres de todos os seus defeitos. Ao verificarem na vida prática que não houve nenhuma mudança, desanimam e abandonam seu propósito inicial de se reformarem. Porisso devemos dizer, logo de início, que este estudo é para a vida toda. A leitura deste artigo e dos livros da referência permitirá a você conhecer o assunto, mas sua reforma total só virá depois que você começar a identificar estes defeitos em cada situação da vida e aprender aos poucos a prática das virtudes que irão substituí-los. Portanto, esta leitura é importantíssima pois com ela você começará a pensar no assunto. Continue estudando sempre e no futuro, quando a vida já tiver lhe ensinado bastante, você ainda verá que a cada dia, um dado defeito, considerado como vencido, retorna com nova roupagem em outra situação, surpreendendo-o.

COMO FAZER

O Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para a reforma. A melhor maneira de fazê-lo é pelo estudo de dois excelentes livros, o primeiro de Ney Prieto Peres1 da Editora Pensamento e o segundo um novo lançamento da Editora O Clarim, de Abel Glaser2, pelo Espírito Caibar Schutel. E, sem dúvida, o estudo da Doutrina Espírita e sua prática em Centros Espíritas, que seguem a Doutrina de Allan Kardec, será de fundamental importância para a realização dessa reforma.
Lembre-se que temos a tendência natural de sempre justificar nossos defeitos com racionalismos. São artimanhas e tramas inconscientes, muitas delas sugeridas por espíritos inferiores que desejam ver a nossa queda. Portanto conheça a fundo esses defeitos em todas as suas particularidades, em como eles o afetam, localizando as ocasiões em que estamos mais vulneráveis à sua manifestação. Procure então se afastar desses momentos propícios em que eles se manifestam, para não ser mais envolvido por seus tentáculos, nem cair nas suas teias.
Um terceiro ponto importante é que precisamos contar com as quedas. Até que cresçamos espiritualmente somos como crianças aprendendo a andar. São as quedas que fortalecem nossa vontade, e nos ensinam a ter persistência. Nós somos aquilo que conseguimos realizar e não aquilo que prometemos. Através as quedas aprendemos mais sobre nós mesmos e podemos aperfeiçoar o modo de evitá-las. Mas se cairmos porque nos falta vontade de acertar estaremos no caminho descendente e, de queda em queda, nos enfraqueceremos. Percebem a sutileza? A criança aprende a andar porque está determinada a fazê-lo. Não desanime, levante-se logo e siga em frente tranqüilamente, sem se martirizar, com conhecimento de causa, na firme determinação de não mais errar.
Por último recomendamos que em cada minuto de sua vida, antes de iniciar qualquer ação, você faça este exercício de se perguntar sempre:
  • Isto que estou fazendo agora seria bem aceito entre os bons Espíritos?
Se for, o procedimento é correto; se não for descontinue imediatamente o que iria fazer e não pense mais nisso. Nas situações em que ficar em dúvida, por não saber o que os bons Espíritos pensam a respeito, lembre-se de estudar as obras espíritas.
Concentremo-nos em nosso interior e procuremos melhorar nosso espírito eterno, esquecendo o que esta sociedade transitória estabeleceu como "normal" para nós. Lutemos o bom combate e não a luta mesquinha dos materialistas. A humanidade continuará ainda por muito séculos como é agora, mas nós que já cansamos de ver o sangue correr nestes dois últimos milênios, que já sentimos o amor que nos é transmitido pelos Espíritos em nossos corações, que estamos aqui para a realização de nossos últimos resgates, que já começamos a compreender as palavras de nosso querido amigo e mestre Jesus, nós não precisamos participar dessa insensatez, nós podemos fazer a nossa pequena parte vivendo com Jesus, com caridade, realizando a transformação no íntimo de cada um, fazendo a Alquimia moderna de transformar chumbo em ouro.
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para dominar suas más inclinações."
(Allan Kardec. "O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sedes Perfeitos. Os bons Espíritas.)
Rio de Janeiro, 21 de Junho de 1999.

Referências:

1"Manual Prático do Espírita" de Ney Prieto Peres, da Editora Pensamento.
2"Fundamentos da Reforma Íntima" de Abel Glaser pelo Espírito Caibar Schutel, da Editora O Clarim.
Estes artigos podem ser encontrados na Internet no endereço http://users.bmrio.com.br/unidual

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O centro espírita e as duas alavancas para a reforma íntima

Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo, Ceepa

Mirassol - SP
A grande síntese evolutiva e de religação da criatura humana com as leis do Criador, conforme ensinamento dos espíritos superiores, consiste no seguinte:
1 - Aquisição de conhecimento, através de nossa predisposição à busca pessoal de conhecimento;
2 - Trabalho no bem, como esforço persistente pela reforma íntima e conseqüente disseminação de valores e atitudes de conduta espiritualizadora.
Ao centro espírita cabe desenvolver e aplicar a didática estratégica e eficientemente afinada com essas duas alavancas de elevação.

Alterando cogitações mentais

É interessante o quanto a espiritualidade superior, através de mensagens enviadas à Terra, bate insistentemente nessas duas teclas: educação espiritual e autoconhecimento.
O estudo e a prática assimilativa dessas mensagens possui a peculiaridade de alterar nossas cogitações mentais, freqüentemente infelizes e limitadas. Quando adquirimos novos referenciais, pelo estudo e vivência, é como se espraiássemos o olhar interior pelas vastidões das próprias potencialidades. Não basta ser, é necessário ser mais e melhor, afirma Léon Denis, ao desdobrar a lógica existencial cartesiana.
Desde as "mesas girantes" à transcomunicação, a mensagem é automelhorar-se e praticar o bem
Desde o surgimento das "mesas girantes" aos mais modernos contatos realizados pela transcomunicação, os espíritos não sugerem outra coisa aos homens senão a necessidade de aprimoramento de seu senso espiritual e a prática do bem, como resultante. Ou seja, cabe ao homem redirecionar sua vontade, auto-edificando-se, permitindo o despertamento da sensibilidade em agir amenizando o sofrimento alheio, o quanto possível, quer seja de natureza material, moral ou espiritual.

O raiar da compaixão

Embora ainda haja muita incompreensão e dores, afirma o espírito de Franz Liszt à célebre médium inglesa Rosemary Brown, estamos próximos do que ele chama o "raiar da compaixão", em que aqueles que não se preocupam com os outros perceberão que é apenas mais prático cuidar dos menos afortunados. E enfoca o problema que parece insistirmos não ver: "Qualquer parte de uma comunidade que sofre, ocasiona uma série de reações sobre a restante". O que equivale dizer: não há como viver, muito menos auto-realizar-se sozinho, isolado.
Para elevar-se, há que se aprender também a elevar o semelhante. Não é possível entender nada sobre realização espiritual sem que provoquemos, em nosso íntimo, uma motivação para o despertar da compaixão, para o sentido da caridade dinâmica, eficazmente consoladora, educativa e dignificante.

Mais que desejar o bem é preciso praticá-lo

Certa vez, uma afortunada senhora, muito culta e "espiritualizada", criticava um entusiasmado praticante espírita ao saber de suas incursões semanais a uma determinada favela, na periferia de São José do Rio Preto, dando ensejo às suas pequeninas iniciativas de auxílio espiritual e material. Junto a um grupo de confrades de um centro espírita atento aos benefícios do estudo e do trabalho no bem, reunia-se para um sistematizado contato fraterno, de esclarecimento e afeto, com a criançada sofrida daquele local.
Advertiu a senhora: "(...) além de não resolver nunca o infortúnio deles, você não precisa ir fisicamente até lá. Basta fazer vibrações, evocar os grandes mestres espirituais, as poderosas falanges cósmicas e para lá projetar visualizações de luz, paz e amor".
Ao que o modesto praticante espírita explicou: "É bem verdade que nossas preces e intenções são aproveitadas pelos bons espíritos, mas o grande Mestre Jesus, quando nas esferas resplandecentes, não se limitou a visualizar e a desejar o bem aos terrícolas, mas veio e exemplificou, ensinando que não há outro meio de amar e consolar, em plenitude, senão amando e consolando, doando da própria presença física, compartilhando a dor alheia...

Buscando o sincronismo entre o centro espírita e a doutrina de Allan Kardec

Lembrando das bênçãos da oportunidade presente, pensamos em nosso centro espírita. É essencial que ele esteja ajustado à essência doutrinária de Allan Kardec, sabendo promover benefícios consistentes, dentro e fora de suas dependências, com eficiência capaz de revitalizar a mente e o coração de seus trabalhadores e assistidos, encarnados e desencarnados, sempre atento a essas duas alavancas da reforma íntima: estudo superior e trabalho no bem.

A Casa Mental e a Reforma Íntima sem Martírio - parte 1

 

A CASA MENTAL E A REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO – parte I

“Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro.” – André Luiz,  capítulo 3, No Mundo Maior, FEB.


ENTENDENDO A CASA MENTAL

O estudo deste tema é fundamental em quaisquer assuntos da reforma íntima. É um tema de fácil entendimento e usaremos da ilustração para ajudar a compreensão.  
André Luiz fez uma comparação dos níveis mentais com uma casa. O porão é onde guardamos tudo aquilo que poderá nos servir em algum momento. É o armazém ou depósito da mente, denominado pelo autor espiritual como subconsciente, no qual se encontram todas as experiências boas ou infelizes, representando todo o nosso passado desde que fomos criados por Deus. Tudo que nós fazemos é registrado nessa parte da mente.  
A parte social da residência é o local no qual mais movimentamos, assim como a cozinha, quarto, sala e demais cômodos mais usados em uma casa. É o nível chamado de consciente e corresponde a todas as operações relativas ao momento presente, constituindo a personalidade atual desde o renascimento na matéria até o momento atual. 
O sótão é a parte da casa que mais raramente utilizamos no intuito de relaxar, descansar ou refletir. Representa o superconsciente ou região nobre da mente onde se encontram todos os germens divinos da perfeição, em estado latente. É o nosso futuro.
Na ilustração você pode ver uma relação entre as cores amarelo, branco e preto como sendo superconsciente, consciente e subconsciente e os respectivos andares da casa.
Os três níveis mentais têm correspondência com três áreas da vida cerebral no corpo físico, mas não vamos aqui aprofundar esse aspecto que poderá ser estudado no livro de André Luiz.   

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OS MORADORES DOS TRÊS NÍVEIS 

Segundo o autor espiritual André Luiz, no subsconsciente mora o automatismo e o hábito. No consciente reside o esforço e a vontade e no superconsciente encontramos o ideal e a meta.
A compreensão dos mecanismos de interação entre estes moradores auxilia-nos imensamente entender como se opera o grande objetivo espiritual da reforma íntima.

CONCEITUANDO REFORMA ÍNTIMA

Essas três partes da vida mental estão em constante interatividade. Do subsconsciente partem apelos automatizados que foram consolidados ao longo de várias reencarnações e que podem dominar nossas ações, pensamentos e sentimentos. Por exemplo: quem já tenha fumado em outras reencarnações ou tenha desenvolvido o talento de tocar piano terá impulsos para fumar novamente e grande facilidade para aprender piano na presente existência corporal.
Na reforma íntima, como temos que superar muitos impulsos ou tendências do passado é necessário que os moradores do consciente, ou seja, o esforço e a vontade, sejam manejados decididamente para tomar conta da vida mental e escolher com sabedoria o que queremos fazer, pensar e sentir, diante dos ideais de transformação moral. Aqui temos um primeiro conceito de reforma íntima: a ascendência da vontade e do esforço sobre nossos milenares hábitos cristalizados no subconsciente.
O conflito interior nasce dessa luta entre consciente e subconsciente. É preciso muita disciplina para conter os impulsos, nem sempre nobres, dessa parte subconsciente da vida mental. 
Outro conceito importante de reforma íntima é o aprendizado de despertar os valores divinos que se encontram adormecidos no superconsciente. Educação é exatamente esse ato de extrair ou colocar para fora os tesouros de nossa divindade que se encontram adormecidos nesse nível. Todos nós os temos guardado nesse campo da vida mental superior. Por exemplo: quando buscamos a calma, a alegria, a fé e tantos outros patrimônios espirituais, em verdade todos eles já se encontram no superconsciente. 
A meditação, a oração, o desenvolvimento da honestidade em relação aos nossos sentimentos, o hábito do auto-amor através do cuidado conosco e o serviço do bem são algumas das muitas formas de acessar essa zona mental nobre, e recolher o conteúdo energético que nos fará sentir o bem-estar de uma vida saudável e plena. 


A CASAMENTAL E A REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO

O estudo da casa mental lança uma luz sobre o tema reforma íntima, porque auxilia-nos a entender que não destruímos nada daquilo que fomos, apenas transformamos para melhor.
O subconsciente não morre, não acaba. Ele faz parte do processo de ascensão do Espírito. Ali estão gravadas as experiências felizes e infelizes e, ambas, serão importantes para seu progresso.
Portanto, focar o conceito da melhoria espiritual ou reforma íntima apenas na ótica de “matar o homem velho” ou exterminar o passado (subconsciente), pode conduzir-nos a um esforço de contenção e disciplina muito acentuado ao ponto de criarmos o martírio.
Mais do que contenção ou repressão, precisamos de educação, isto é, aprender a trabalhar o desenvolvimento das potencialidades que estão no superconsciente. Ninguém faz reforma íntima legítima apenas disciplinando o subconsciente. 
É sobre esse ponto que quero refletir com os leitores e amigos no próximo número da revista, quando desenvolverei a parte 2 deste artigo.
Procure fazer um estudo da obra “No Mundo Maior”, de André Luiz e conjugue-a com a obra “Reforma Íntima sem Martírio”, de Ermance Dufaux. Você verá o quanto aprenderá sobre seu mundo mental em favor da construção de uma pessoa nova e melhor a partir de você mesmo.      

A Casa Mental e a Reforma Íntima sem Martírio - parte 2 - Wanderley


“Sem dúvida, todos sofremos para crescer; martírio, no entanto, é o excesso que nasce da incapacidade de gerir com equilíbrio o mundo emotivo, assumindo proporções e facetas diversificadas conforme o temperamento e as necessidades de cada qual.” – Reforma Íntima sem Martírio, capítulo 1, autora espiritual Ermance Dufaux, Médium Wanderley Oliveira. 

Sinopse da Parte I deste Artigo

Na primeira parte deste artigo, estudamos os níveis da casa mental abordados por André Luiz no livro No Mundo Maior, psicografado por Francisco Cândido Xavier.
André Luiz compara os três níveis da mente a uma casa. No porão (cor preta na ilustração) é guardado todo material utilizável ou não de uma residência e representa o subconsciente. É o depósito da vida mental onde são arquivadas as experiências, os fracassos e toda trajetória evolutiva da alma.
O ambiente social da casa é composto por quarto, banheiro, cozinha e sala. É a parte na qual mais transitamos no nível mental, representando o consciente (cor branca na ilustração), a atuação do presente momento.
E o sótão de uma moradia é parte menos freqüentada cujos fins são relax ou atividades de refazimento, simbolizando o superconsciente (cor amarela na ilustração) ou a parte nobre da mente, somente alcançada pelos estados elevados de consciência como, por exemplo, a oração e meditação.

Ninguém Mata o Homem Velho

O subconsciente, assim como o superconsciente da casa mental estudada por André Luiz, pode ser designado como sendo a sombra da mente, isto é, aquela parte ignorada, ainda pouco explorada ou quase completamente desconhecida por nós.
Vou abstrair da conceituação técnica da sombra, uma terminologia usada pelo Dr. Carl Gustav Jung, para facilitar nosso entendimento prático. Sombra não significa algo ruim dentro de nós. Existe também a sombra positiva. Nessa divisão didática da casa mental, poderíamos dizer que a sombra negativa é o subconsciente, conquanto também nela encontramos muitas qualidades e registros positivos. E o superconsciente seria a sombra positiva, onde residem todos os germens da perfeição humana que um dia alcançaremos.
Entre outros conceitos, a sombra é o que nós espíritas chamamos de “homem velho” ou aquilo que necessita ser transformado em nós. Costumamos usar a expressão “matar o homem velho” e é sobre isso que hoje quero refletir. Ninguém elimina partes de si para alcançar a reforma íntima. Temos que aplicar ao nosso mundo íntimo o conceito de destruição contido em O Livro dos Espíritos. Nada pode ser destruído, mas transformado, aprimorado, reciclado.
Vamos dar uma olhadinha em nosso gráfico ilustrado. O superconsciente representa a individualidade do Ser e o subconsciente é o repositório das personalidades arquivadas ao longo de várias existências. Uma forma mais comum de entender a reforma íntima seria usar de vontade férrea (a tesoura na ilustração) para podar os hábitos negativos ou infelizes, entretanto, somente por esse caminho da disciplina ficaremos na superfície da tarefa de melhoria moral. Mais do que a “tesoura”, temos que aprender como manejar a “lupa” da amorosidade para conhecer com sabedoria o nosso mundo íntimo. A lupa amplia nossa capacidade de enxergar o mundo interior e nos capacita com mais acuidade, percepção e sensibilidade.   
Portanto, quando se trata de nossa melhoria interior estamos falando de criar uma relação amigável, conciliadora e pacífica com nossa sombra. Aprender a conquistar essa parte da vida mental que ainda não conhecemos suficientemente reciclagem maus hábitos (subconsciente) e desenvolvendo valores (superconsciente).

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Auto-conhecimento somente não basta para se Libertar


Na questão 919-a de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec demonstrou curiosidade sobre qual seria o método mais eficaz para se melhorar nessa vida, e os Sábios Guias lhe apontaram o caminho do auto-conhecimento como resposta.
Inegavelmente o auto-conhecimento é a porta de entrada para a investigação dessa sombra desconhecida na nossa intimidade. Porém, além disso, precisamos aprender algo que o estudo de si não nos oferece automaticamente: o ato de aprender a amar o que você vai conhecer em você mesmo.
Muitas pessoas buscam o auto-conhecimento e terminam tendo comportamentos mais cruéis ainda consigo e, o pior, não alcança a pacificação de seu íntimo, tombando no que Ermance Dufaux chama de martírio ou as dores adicionadas ao processo da auto-analise, pelo motivo de não sabermos como gerir a vida interior. Isso pode aumentar ainda mais os nossos conflitos.

A Sombra Amigável

O estudo da casa mental de André Luiz, conciliado com o livro “Escutando Sentimentos”, de Ermance Dufaux, é um bom caminho para aprendermos a atitude de amar-nos como merecemos, usando a “lupa” do amor a si na analise cuidadosa da vida mental.
Temos que usar a “tesoura” da boa vontade para evitar que os hábitos infelizes tomem conta do nosso consciente, entretanto, isso é apenas uma parcela da verdadeira transformação íntima, porque chegará um momento em que seremos chamados a usar menos a “tesoura” e aprender a usar mais a “lupa” da amorosidade na investigação de nossa sombra, fazendo dela uma aliada na lenta e árdua tarefa de nossa melhoria moral e espiritual.
A lupa é a nossa capacidade de olhar com cuidado para o nosso “eu real” e aprender a criar uma relação de amor com o que somos. Isso não significa conformidade com nossa parcela menos nobre ou ter que assumir as personalidades enfermas que ainda carregamos, mas apenas olhar com compaixão sem julgamentos ou punição a nós mesmos. 
Esse, sem dúvida, é nosso primeiro e mais importante passo para iniciarmos uma reforma íntima sem martírio e com resultados mais motivadores. 
Diante disso, temos urgência de métodos nos Centros Espíritas que auxiliem a estudar Espiritismo com um objetivo muito além do que hoje é estudado. É preciso estudar doutrina para compreender melhor a si mesmo. Que hajam estudos básicos e sistematizados de Espiritismo e Evangelho, todavia comecemos a pensar também em estudos sistematizados de si mesmo à luz da doutrina espírita. Sem isso, corremos um risco lamentável de acumular muito saber sobre o que nos cerca, sem noções claras sobre como nos comportar diante do que verdadeiramente somos.
Não é o conhecimento para fora que liberta. A esse respeito, no estudo da casa mental, Calderaro afirma a André Luiz:
“Porque, se o conhecimento auxilia por fora, só o amor socorre por dentro – acrescentou o instrutor tranqüilamente –. Com a nossa cultura retificamos os efeitos, quanto possível, e só os que amam conseguem atingir as causas profundas.” – No Mundo Maior, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Editora FEB.

REFORMA ÍNTIMA = Comunidade Espírita



1 - QUE É REFORMA ÍNTIMA?
RESP.: O Espírito de Verdade nos disse: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo". Todas as verdades se encontram no Cristianismo. Para tanto, é preciso educar o Espírito para que possa, à Luz dos Ensinamentos de Jesus, transformar-se no "homem novo", substituindo o "homem velho" do passado. Como? Transformando seus defeitos e vícios em qualidades e virtudes. E, aos poucos, seus efeitos irão se manifestar nos sentimentos, nos pensamentos e nos atos exteriores. São as transformações morais.

2 - QUAL O SIGNIFICADO DA TRANSFORMAÇÃO DO "HOMEM VELHO" EM "HOMEM NOVO"?
RESP.: O significado é que o "homem velho" é aquele que possui os seus defeitos, os seus vícios enraizados. E o "homem novo" é aquele que sofreu sérias transformações morais pois, ele agora é constituído de qualidades. Essas transformações morais modificou a sua conceituação de vida, afinando-se bem com os ensinamentos do Divino Mestre.
3 - COMO DISTINGUIR O INDIVÍDUO QUE SE ESPIRITUALIZA?
RESP.: É fácil distinguir aquele que se espiritualiza: basta ver como se manifesta na vida comum os seus sentimentos, pensamentos e atos. Espiritualização é a exteriorização, é o vir à tona da centelha, isto é, do EU interior, no esforço de sintonizar-se à vibração universal divina, que é harmonia, luz, amor, é sobrepor-se ao homem material purificando-se para conquistar o direito de viver em mundos mais perfeitos.
4 - SOB QUE ASPECTO A ANÁLISE DE NOSSAS TENDÊNCIAS INSTINTIVAS É IMPORTANTE PARA A REFORMA ÍNTIMA?
RESP.: Mas, se não temos, durante a vida corpórea uma lembrança precisa daquilo que fomos e do que fizemos de bem ou de mal em nossas existências anteriores, temos, entretanto, a sua intuição. E as nossas tendências instintivas são uma reminiscência do nosso passado, às quais a nossa consciência,- que representa por nós concebido de não mais cometer as mesmas faltas - adverte que devemos resistir. Se o homem não tem, portanto, lembranças precisas do passado, tem sempre a voz da consciência e suas tendências instintivas, que lhe permite o conhecimento de si mesmo.
5 - O REMORSO É UMA PUNIÇÃO?
RESP.: O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.
6 - COMO SE INTERPRETA O CIÚME NO PLANO ESPIRITUAL?
RESP.: O ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo, dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor universal, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram, guardando também a disposição sadia para cooperar na elevação de cada um. Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme no coração, de modo a cerrar-se a porta ao perigo, pela qual toda alma pode atirar-se a terríveis tentações, com largos reflexos nos dias do futuro.
7 - COMO DEVEMOS EFETUAR NOSSA AUTO-EDUCAÇÃO, ESCLARECIDA PELA LUZ DO EVANGELHO, NOS PROBLEMAS DAS ATRAÇÕES SEXUAIS, CUJAS TENDÊNCIAS EGOÍSTAS TANTAS VEZES NOS LEVAM A ATITUDES ANTIFRATERNAIS?
RESP.: Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser entendido como o impulso da vida que conduz o homem às grandes realizações do amor divino, através da progressividade de sua espiritualização no devotamento e no sacrifício. Toda vez que experimentardes disposições antifraternais em seu círculo, isso significa que preponderam em vossa organização psíquica as recordações prejudiciais, tendentes ao estacionamento na marcha evolutiva. É aí que urge o esforço da auto-educação, porquanto toda criatura necessita resolver o problema da renovação de seus próprios valores. Haveis de observar que Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las evolutir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo às criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as tendências, na evolução sublime dos seus sentimentos. Examinando-se, ainda, o elevado coeficiente de viciação do amor sexual, que os homens criaram para os seus destinos, somos obrigados a ponderar que, se muitos contraem débitos penosos, entre os excessos da fortuna, da inteligência e do poder, outros o fazem pelo sexo, abusando de um dos mais sagrados pontos de referência de sua vida. É por esse motivo que observamos, muitas vezes, almas numerosas aprendendo, entre as angústias sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício, em marcha para as mais puras aquisições do amor divino. Depreende-se, pois, que, ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.
8 - QUAL A ATITUDE MENTAL QUE MAIS FAVORECERÁ O NOSSO ÊXITO ESPIRITUAL NOS TRABALHOS DO MUNDO?
RESP.: Essa atitude deve ser a que voz é ensinada pela lei divina, na reencarnação em que vos encontrais, isto é, a do esquecimento de todo o mal, para recordar apenas o bem e a sagrada oportunidade de trabalho, e edificação, no patrimônio eterno do tempo. Esquecer o mal é aniquilá-lo, e perdoar a quem o pratica é ensinar o amor, conquistando afeições sinceras e preciosas. Daí a necessidade do perdão, no mundo, para que o incêndio do mal possa ser exterminado, devolvendo-se a paz legítima aos corações.
9 - COMO PODEREMOS ENCONTRAR, DENTRO DE NÓS MESMOS, O ELEMENTO ESCLARECEDOR DE QUALQUER DÚVIDA, QUANTO À QUALIDADE FRATERNAL E EXCELENTE DO ATO QUE PRETENDAMOS REALIZAR NAS LUTAS COTIDIANAS DA VIDA DE RELAÇÃO?
RESP.: Aqui somos compelidos a recordar o antigo preceito do "amar o próximo como a nós mesmos". Em todos os seus atos, o discípulo de Jesus deverá considerar se estaria satisfeito, recebendo-os de um seu irmão, na mesma qualidade, intensidade e modalidade com que pretende aplicar o conceito, ou exemplo, aos outros. Com esse processo introspectivo, cessariam todas as campanhas levianas dos atos e das palavras, e a comunidade cristão estaria integrada, em conjunto, no seu legítimo caminho.
10 - COMO ENCARAM OS GUIAS ESPIRITUAIS AS NOSSAS QUEIXAS?
RESP.: Muitas são consideradas verdadeiras preces dignas de toda a carinhosa atenção dos amigos desencarnados. A maioria porém, não passa de lamentação estéril, a que o homem se acostumou como a um vício qualquer, porque, se tendes nas mãos o remédio eficaz com o Evangelho de Jesus e com os consoladores esclarecimentos da doutrina dos Espíritos, a repetição de certas queixas traduz má-vontade na aplicação legítima do conhecimento espiritista a vós mesmos.
11 - O "AMOR-PRÓPRIO", O "BRIO", O "CARÁTER", A "HONRA", SÃO ATITUDES QUE A SOCIEDADE HUMANA RECLAMA DA PERSONALIDADE; COMO PROCEDER EM TAL CASO, QUANDO OS FATOS COLIDEM COM OS NOSSOS CONHECIMENTOS EVANGÉLICOS?
RESP.: O círculo social exige semelhantes atitudes da personalidade e, contudo, essa mesma sociedade ainda não soube entendê-las, senão pela pauta das suas convenções, quando o amor-próprio, o brio, o caráter e a honra deveriam ser traços do aperfeiçoamento espiritual e nunca demonstrações de egoísmo, de vaidade e orgulho, quais se manifestam, comumente na Terra.
Quando o homem se cristianizar, compreendendo essas posições morais no seu verdadeiro prisma, não mais se verificará qualquer colisão entre os acontecimentos da existência comum e os seus conhecimentos do Evangelho, porquanto o seu esforço será sempre o da cooperação sincera a favor do reerguimento e da elevação espiritual dos semelhantes.
12 - QUAL O MODO MAIS FÁCIL DE LEVAR A EFEITO A VIGILÂNCIA PESSOAL, PARA EVITAR A QUEDA EM TENTAÇÕES?
RESP.: A maneira mais simples é a de cada um estabelecer um tribunal de autocrítica, em consciência própria, procedendo para com outrem, na mesma conduta de retidão que deseja da ação alheia para consigo próprio.
13 - NOS TRABALHOS ESPIRITISTAS, ONDE PODEREMOS ENCONTRAR A FONTE PRINCIPAL DE ENSINO QUE NOS ORIENTE PARA A ILUMINAÇÃO? PODEREMOS OBTÊ-LA COM AS MENSAGENS DE NOSSOS ENTES QUERIDOS, OU APENAS COM O FATO DE GUARDARMOS O VALOR DA CRENÇA NO CORAÇÃO?
RESP.: Numerosos filósofos hão compendiado as teses e conclusões do Espiritismo no seu aspecto filósofico, científico e religioso; todavia, para a iluminação do íntimo só tendes no mundo o Evangelho do Senhor, que nenhum roteiro doutrinário poderá ultrapassar. Aliás, o Espiritismo em seus valores cristãos não possui finalidade maior que a de restaurar a verdade evangélica para os corações desesperados e descrentes do mundo.
Teorias e fenômenos inexplicáveis sempre houve no mundo. Os escritores e os cientistas doutrinários poderão movimentar seus conhecimentos na construção de novos enunciados para as filosofias terrestres, mas a obra definitiva do Espiritismo é a da edificação da consciência profunda no Evangelho de Jesus-Cristo.
O plano invisível poderá trazer-vos as mensagens mais comovedoras e convincentes dos vossos bem-amados; podereis guardar os mais elevados princípios de crença no vosso mundo impressivo. Todavia, esse é o esforço, a realização do mecanismo doutrinário em ação, junto de vossa personalidade. Só o trabalho de auto-evangelização, porém, é firme e imperecível. Só o esforço individual no Evangelho de Jesus pode iluminar, engrandecer e redimir o espírito, porquanto, depois de vossa edificação com o exemplo do Mestre, alcançareis aquela verdade que vos fará livres.
14 - QUE SIGNIFICA O CHAMADO "TOQUE DA ALMA", AO QUAL TANTAS VEZES SE REFEREM OS ESPÍRITOS AMIGOS?
RESP.: Quando a sinceridade e a boa-vontade se irmanam dentro de um coração, faz-se no santuário íntimo a luz espiritual para a sublime compreensão da verdade. Esse é o chamado "toque da alma", impossível para quantos perseverem na lógica convencionalista do mundo, ou nas expressões negativas das situações provisórias da matéria, em todos os sentidos.
15 - HÁ TEMPO DETERMINADO NA VIDA DO HOMEM TERRESTRE PARA QUE SE POSSA ELE ENTREGAR, COM MAIS PROBABILIDADE DE ÊXITO, AO TRABALHO DE ILUMINAÇÃO?
RESP.: A existência na Terra é um aprendizado excelente e constante. Não há idades para o serviço de iluminação espiritual. Os pais têm o dever de orientar a criança, desde os seus primeiros passos, no capítulo das noções evangélicas, e a velhice não tem o direito de alegar o cansaço orgânico em face desses estudos de sua necessidade própria.
É certo que as aquisições de um velho, em matéria de conhecimentos novos, não podem ser tão fáceis como as de um jovem em função de sua instrumentabilidade sadia, fisicamente falando; os homens mais avançados em anos têm contudo, a seu favor as experiências da vida, que facilitam a compreensão e nobilitam o esforço da iluminação de si mesmos, considerando que, se a velhice é a noite, a alma terá no amanhã do futuro a alvorada brilhante de uma vida nova.
16 - AS ALMAS DESENCARNADAS CONTINUAM IGUALMENTE NO SERVIÇO DA ILUMINAÇÃO DE SI PRÓPRIAS?
RESP.: Nos planos invisíveis, o Espírito prossegue na mesma tarefa abençoada de aquisição dos próprios valores, e a reencarnação no mundo tem por objetivo principal a consecução desse esforço.
17 - COMO ENTENDER A SALVAÇÃO DA ALMA E COMO CONSEGUÍ-LA?
RESP.: Dentro das claridades espirituais que o Consolador vem espalhando nos bastidores religiosos e filosóficos do mundo, temos de traduzir o conceito de salvação por iluminação de si mesma, a caminho das mais elevadas aquisições e realizações no Infinito. Considerando esse aspecto real do problema de "salvação da alma", somos compelidos a reconhecer que, se a Providência Divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais.
Jesus é o Modelo Supremo. O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos superiores do Ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do espírito. No turbilhão das tarefas de cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida".
Se vos cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas palavras: "Ninguém pode ir ao Pai senão por mim". E se vos sentis tocados pelo sopro frio da adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouví-Lo sempre no imo d'alma: - "Quem deseje encontrar o Reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus passos".
18 - A AUTO-ILUMINAÇÃO PODE SER CONSEGUIDA APENAS COM A TAREFA DE UMA EXISTÊNCIA NA TERRA?
RESP.: Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos outros. No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.
19 - COMO ENTENDER O TRABALHO DE PURIFICAÇÃO NOS AMBIENTES DO MUNDO?
RESP.: A purificação na Terra ainda é qual o lirio alvo, nascendo do lodo das amarguras e das paixões. Todos os Espíritos encarnados, porém, devem considerar que se encontram no planeta como em poderoso cadinho de acrisolamento e regeneração, sendo indispensável cultivar a flor da iluminação íntima, na angústia da vida humana, no círculo da família ou da comunidade social, através da maior severidade para consigo mesmo e da maior tolerância com os outros, fazendo cada qual, da sua existência, um apostolado de educação onde o maior beneficiado seja o seu próprio espírito.
20 - COMO INICIAR O TRABALHO DE ILUMINAÇÃO DA NOSSA PRÓPRIA ALMA?
RESP.: Esse esforço individual deve começar com o auto domínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões. Nesse particular, não podemos prescindir do conhecimento adquirido por outras almas que nos precederam nas lutas da Terra, com as suas experiências santificantes - água pura de consolação e de esperança, que poderemos beber nas páginas de suas memórias ou nos testemunhos de sacrifício que deixaram no mundo.
Todavia, o conhecimento é a porta amiga que nos conduzirá aos raciocínios mais puros, porquanto, na reforma definitiva de nosso íntimo, é indispensável o golpe da ação própria, no sentido de modelarmos o nosso santuário interior, na sagrada iluminação da vida.
21 - EM MATÉRIA DE CONHECIMENTO, ONDE PODEREMOS LOCALIZAR A MAIOR NECESSIDADE DO HOMEM?
RESP.: Como nos tempos mais recuados das civilizações mortas, temos de reafirmar que a maior necessidade da criatura humana ainda é a do conhecimento de si mesma.
22 - POR QUE RAZÃO O HOMEM DA TERRA TEM SIDO TÃO LENTO NA SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO SEU CONHECIMENTO PRÓPRIO?
RESP.: Isso é explicável. Somente agora, a alma humana poderá ensimesmar-se o bastante para compreender as necessidades e os escaninhos da sua personalidade espiritual. Antigamente a existência do homem resumia-s na luta com as forças externas, de modo a criar uma lei de harmonia entre ele próprio e a natureza terrestre. Muitos séculos decorreram, até que lobrigasse a conveniência da solidariedade para enfrentar os perigos comuns.
A organização da tribo, da família, das tradições, das experiências coletivas, exigiu muitos séculos de luta e de infortúnios dolorosos. A ciência das relações , o aproveitamento das forças materiais que o rodeavam, não requisitaram menor porção de tempo. Agora, porém, nas culminâncias da sua evolução física, o homem não necessitará preocupar-se, de modo tão absorvente, com a paisagem que o cerca, razão pela qual todas as energias espirituais se mobilizam, nos tempos modernos, em torno das criaturas, convocando-as ao sagrado conhecimento de si mesmas, dentro dos valores infinitos da vida.
23 - QUE DIZER DOS QUE PROPUGNAM LEIS PARA O BEM-ESTAR SOCIAL, POR PROCESSOS MECÂNICOS DE APLICAÇÃO, SEM ATENDER À ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DOS INDIVÍDUOS?
RESP.: Os estadistas ou condutores de multidões, que procuram agir nesse sentido, em pouco tempo caem no desencanto de suas utopias políticas e sociais. A harmonia do mundo não virá por decretos, nem de parlamentos que caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira. Não vedes que o mecanismo das leis humanas se modifica todos os dias? Os sistemas de governo não desaparecem para dar lugar a outros que, por sua vez, terão de renovar-se com o transcorrer do tempo? Na atualidade do planeta, tendes observado a desilusão de muitos utopistas dessa natureza, que sonharam com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus, os homens, por suas próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligência, virtude, compreensão e moralidade.
O homem que se ilumina conquista a ordem e a harmonia para si mesmo. E para que a coletividade realize semelhante aquisição, para o organismo social, faz-se imprescindível que todos os seus elementos compreendam os sagrados deveres de auto-iluminação.
24 - HÁ OUTRAS FONTES DE CONHECIMENTO PARA A ILUMINAÇÃO DOS HOMENS, ALÉM DA CONSTITUÍDA PELOS ENSINAMENTOS DIVINOS DO EVANGELHO?
RESP.: O mundo está repleto de elementos educativos mormente no referente às teorias nobilitantes da vida e do homem, pelo trabalho e pela edificação das faculdades e do caráter. Mas, em se tratando de iluminação espiritual, não existe fonte alguma além da exemplificação de Jesus, no seu Evangelho de Verdade e Vida.
Os próprios filósofos que falaram na Terra, antes d'Ele, não eram senão emissários da sua bondade e sabedoria, vindos à carne de modo a preparar-lhe a luminosa passagem pelo mundo das sombras, razão por que o modelo de Jesus é definitivo e único para a realização da luz e da verdade em cada homem.
25 - A VIRTUDE É CONCESSÃO DE DEUS, OU É AQUISIÇÃO DA CRIATURA?
RESP.: A dor, a luta e a experiência constituem uma oportunidade sagrada concedida por Deus às suas criaturas, em todos os tempos, todavia, a virtude é sempre sublime e imorredoura aquisição do espírito nas estradas da vida, incorporada eternamente aos seus valores, conquistados pelo trabalho no esforço próprio.
26 - QUE É A PACIÊNCIA E COMO ADQUIRÍ-LA?
RESP.: A verdadeira paciência é sempre uma exteriorização da alma que realizou muito amor em si mesma, para dá-lo a outrem, na exemplificação. Esse amor é a expressão fraternal que considera todas as criaturas como irmãs, em quaisquer circunstâncias, sem desdenhar a energia para esclarecer a incompreensão, quando isso se torne indispensável.
É com a iluminação espiritual do nosso íntimo que adquirimos esse valores sagrados da tolerância esclarecida, faz-se mister educar a vontade, curando enfermidades psíquicas seculares que nos acompanham através das vidas sucessivas, quais sejam as de abandonarmos o esforço próprio, de adotarmos a indiferença e de nos queixarmos das forças exteriores, quando o mal reside em nós mesmos.
Para levarmos a efeito uma edificação tão sublime, necessitamos começar pela disciplina de nós mesmos e pela continência dos nossos impulsos, considerando a liberdade do mundo interior, de onde o homem da qual pode a alma atingir, mais facilmente, o desiderato da sua redenção.
27 - DEVEMOS NÓS, OS ESPIRITISTAS, PRATICAR SOMENTE A CARIDADE ESPIRITUAL, OU TAMBÉM A MATERIAL?
RESP.: A divisa fundamental da codificação kardequiana, formulada no "FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO", é bastante expressiva para que nos percamos em minuciosa considerações. Todo serviço da caridade desinteressada é um reforço na obra da fraternidade humana e da redenção universal.
Urge, contudo, que os espiritistas sinceros, esclarecidos no Evangelho, procurem compreender a feição educativa dos postulados doutrinários, reconhecendo o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência.
Dentro desses imperativos, é lícito encarecermos a excelência dos planos educativos da evangelização, de modo a formar uma mentalidade espírita-cristã, vistas ao porvir. Não podemos desprezar a caridade material que faz do Espiritismo evangélico um pouso de consolação para todos os infortunados; mas não podemos esquecer as expressões religiosas sectárias também organizaram as edificações materiais para a caridade no mundo, sem olvidar os templos, asilos, orfanatos e monumentos. Todavia, quase todas as suas obras se desvirtuaram vista do esquecimento da iluminação dos Espíritos encarnados.
A Igreja Romana é um exemplo típico. Senhora de uma fortuna considerável e ha' construído numerosas obras tangíveis, de assistência social, sente hoje que as suas edificações são apenas pedra, porquanto, em seus estabelecimentos suntuosos o homem contemporâneo experimenta os mais dolorosos desenganos.
As obras da caridade material somente alcançam a sua feição divina quando colimam a espiritualização do homem, renovando-lhe os valores íntimos, porque, reformada a criatura humana em Jesus-Cristo, teremos na Terra uma sociedade transformada, onde o lar genuinamente cristão será naturalmente o asilo de todos os que sofrem.
Depreende-se, pois, que o serviço de cristianização sincera das consciências constitui a edificação definitiva, para a qual os espiritistas devem voltar os olhos, antes de tudo, entendendo a vastidão e a complexidade da obra educativa que lhes compete efetuar, junto de qualquer realização humana, nas lutas de cada dia, na tarefa do amor e da verdade.
28 - COMO INTERPRETAR A ESMOLA MATERIAL?
RESP.: No mecanismo de relações comuns, o pedido de uma providência material tem o seu sentido e a sua utilidade oportuna, como resultante da lei de equilíbrio que preside o movimento das trocas no organismo da vida. A esmola material, porém, é índice da ausência de espiritualização nas características sociais que a fomentam.
Ninguém, decerto, poderá reprovar o ato de pedir e, muito menos, deixará de louvar a iniciativa de quem dá a esmola material; todavia é oportuno considerar que, à medida que o homem se cristianiza, iluminando as suas energias interiores, mais se afasta da condição de pedinte para alcançar a condição elevada do mérito, pelas expressões sadias do seu trabalho.
Quem se esforça, nos bastidores da consciência retilínea, dignifica-se e enriquece o quadro de seus valores individuais. E o cristão sincero, depois de conquistar os elementos da educação evangélica, não necessita materializar a idéia da rogativa da esmola material compreendendo que, esperando ou sofrendo, agindo ou lutando, nos esforços da ação e do bem, há de receber, sempre, de acordo com as suas obras e de conformidade com a promessa do Cristo.
29 - A ESPERANÇA E A FÉ DEVEM SER INTERPRETADAS COMO UMA SÓ VIRTUDE?
RESP.: A Esperança é a filha dileta da Fé. Ambas estão, uma para outra, como a luz reflexa dos planetas está para a luz central e positiva do Sol. A Esperança é como o luar que se constitui dos bálsamos da crença. A Fé é a divina claridade da certeza.
30 - NO CAMINHO DA VIRTUDE, O POBRE E O RICO DA TERRA PODEM SER IDENTIFICADOS COMO DISCIPULOS DE JESUS?
RESP.: O título de discípulo é conferido pelo Divino Mestre a todos os homens de boa-vontade, sem distinção de situações, de classes ou de qualquer expressão sectária. Com responsabilidade dos bens materiais ou sem ela, o homem é sempre rico pela sua posição de usufrutuário das graças divinas e, além do mais,temos de ponderar que, em toda situação, a criatura encontrará responsabilidade na existência, razão por que os sinceros discípulos do Senhor são iguais aos seus olhos, sem preferência de qualquer natureza.
31 - NO QUE SE REFERE À PRATICA DA CARIDADE, COMO INTERPRETAR O ENSINAMENTO DE JESUS: "ÀQUELE QUE TEM SERÁ CONCEDIDO EM ABUNDÂNCIA E ÀQUELE QUE NÃO TEM ATÉ MESMO O QUE TIVER, LHE SERÁ TIRADO"?
RESP.: A palavra de Jesus, em todas as circunstâncias, foi tocada de uma luz oculta, apresentando reflexos prismáticos, em todos os tempos, para a alma humana, na sua ascensão para a sabedoria e para o amor. Antes de tudo, busquemos ajustar o conceito a nós próprios. Se possuímos a verdadeira caridade espiritual, se trabalhamos pela nossa iluminação íntima, irradiando luz, espontaneamente, para o caminho dos nossos irmãos em luta e aprendizado, mais receberemos das fontes pura dos planos espirituais mais elevados, porque, depois de valorizarmos a oportunidade recebida, horizontes infinitos se abrirão no campo ilimitado do Universo.
Para as nossas almas, o que não poderá acontecer aos que lançaram mão do sagrado ensejo de iluminação própria nas estradas da vida,com a mais evidente despreocupação de seus legítimos deveres, esquecendo o caminho melhor, trocado, então, pelas sensações efêmeras da existência terrestre, contraindo novas dívidas e afastando de si mesmo as oportunidades para o futuro, então mais difíceis e dolorosas.

Aprimoramento através do amor por si e pelo próximo

Katya
Muitas vezes temos muitos sonhos e ideais que não conseguimos atingir na época. Ficamos frustrados, infelizes e acabamos nos acomodando, por nos sentirmos incapazes de concretizar e tornar realidade estes anseios remotos. Quando temos nossos filhos, a grande maioria, projeta na criança – seu filho ou filha – a sua imagem e tenta, através deles, obter aquela conquista frustrada. Não perguntamos ou analisamos imparcialmente a criança se ela realmente deseja esta projeção, pois cada um é um ser individual com sua própria capacidade de agir, sentir e pensar.
Então, se gostaríamos de ter sido médicos, tentamos, sutilmente, infiltrar na cabeça da criança o gosto pela medicina e muitas vezes ela – a criança, acaba se tornando este profissional sem aptidão ou gosto pela profissão e acabam frustrados ou revoltados ou impotentes, etc.
Da mesma forma a mãe que sempre calou ante a vida, se anulando, desejando clamar aos berros sua independência sem nunca ter conseguido. Esta mãe tende a querer que seu filho ou filha seja forte o suficiente para se rebelar contra todas as coisas das quais discorda, e assim poder se orgulhar de haver conseguido finalmente, através de seu filho (a) dar o berro de independência, como se isto fosse possível.
O narcisismo dos pais é uma fascinação por si mesmos refletida nos filhos.
Este exemplo ilustra a incapacidade que temos de buscar, cada qual ao seu tempo, a concretização de nossas metas.

Na sua essência ninguém muda ninguém, cada qual é responsável por suas atitudes.
Para crescer e progredir espiritualmente não é preciso fazer nada fora do comum, é simplesmente viver normalmente como qualquer ser humano.
Você acredita que viver humanamente é viver na irresponsabilidade, no vício, na ilusão, enfim nas chamadas imperfeições terrenas. No entanto, a grande falha das pessoas, ou mesmo, o seu pecado oculto, é viver longe do senso de realidade.
Há uma enorme dificuldade em compreender que, para evoluir, ninguém precisa tornar-se santo, mas apenas um homem normal.
A evolução faz parte de um processo natural da humanidade. Decorre de múltiplas experiências e vivências que produzem graduais e profundas mudanças na visão interior das criaturas. Desejar planejar para si ou para o outro uma renovação íntima planejada e imposta é a mesma coisa que tornar-se alguém artificial, sem transformações reais e verdadeiras.
               
                                          HISTÓRIA

Os poetas gregos e romanos descrevem a união de Flora, a divindade dos vegetais, com Zéfiro, o vento Oeste.
Diz-se que um dia ambos se encontraram: A “senhora da primavera” recuou amedrontada e, num gesto de brandura, estende as mãos sobre plantas e flores para protegê-las do ímpeto destruidor de Zéfilo.
Ele tinha como único prazer desacatar a natureza, danificar as florestas, devastar as plantações, arruinar as flores com seu sopro devastador e impiedoso.
Todavia, ante a luminosa beleza de Flora, a divindade do vento refreia o sopro, enamorando-se ternamente por ela. Após esse encontro, ele não mais se empenhou em desrespeitar a natureza – a protegida de sua amada.
Embora apaixonada, Flora recusa triste a corte de Zéfiro; teme a sua índole tão diferente da sua. Para não perdê-la, ele promete aprender com o equilíbrio da Natureza a paciência e a serenidade do reino vegetal.
Então, na festa de núpcias, entre cores fulgurantes e perfumes dulcíssimos, une-se Flora a Zéfiro. E desde esse acontecimento, o vento Oeste passa a ser apenas uma doce brisa que tremula as pétalas das roseiras e a ramagem das campinas.

Obs: Zéfiro continuou sendo vento, porém agora em branda aragem. Sua transformação foi íntima, movida pelo amor à Flora.
É possível ser feliz? Obviamente que sim, porém não se esqueça de que quanto mais você se respeitar, mais sua felicidade dependerá de você e menos dos outros, apesar da incompreensão das pessoas.
Não existe bem-estar sem liberdade de pensar e agir. Portanto, nossa felicidade é o resultado da maneira pela qual vivenciamos aquilo que somos.
O importante não é a “ etiqueta” que usamos, mas é o que faço “ da” vida, “ com” a vida e “ pela” vida.
Quem acha que em si não há nada para mudar e se sente perfeito está imaturo espiritualmente. A vida é dinâmica; é mudança ininterrupta. A procura interior é prenúncio de progresso.
Lembre-se que assim como Zéfiro, as mudanças devem ser feitas naturalmente, sem forçá-las; devem representar um ato espontâneo, devem ser desejadas.
A pior tristeza é viver toda uma existência sem amar. Como seria lamentável atravessar uma encarnação sem nunca ter falado de seu amor a todos aqueles que você ama.
O que agrada ao Senhor não é aquele que dá o pão de trigo, mas aquele que dá o pão do amor.