segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A casa mental e a reforma íntima sem martírio

A casa mental e a reforma íntima sem martírio


“Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados.No segundo localizamos o domicílio das conquistas atuais, onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a casa das noções superiores, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada. Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente e o futuro.” – André Luiz, capítulo 3, No Mundo Maior, FEB.

Entendendo a casa mental

O estudo deste tema é fundamental em quaisquer assuntos da reforma íntima. É um tema de fácil entendimento e usaremos da ilustração para ajudar a compreensão.

André Luiz fez uma comparação dos níveis mentais com uma casa. O porão é onde guardamos tudo aquilo que poderá nos servir em algum momento. É o armazém ou depósito da mente, denominado pelo autor espiritual como subconsciente, no qual se encontram todas as experiências boas ou infelizes, representando todo o nosso passado desde que fomos criados por Deus. Tudo que nós fazemos é registrado nessa parte da mente.

A parte social da residência é o local no qual mais movimentamos, assim como a cozinha, quarto, sala e demais cômodos mais usados em uma casa. É o nível chamado de consciente e corresponde a todas as operações relativas ao momento presente, constituindo a personalidade atual desde o renascimento na matéria até o momento atual.

O sótão é a parte da casa que mais raramente utilizamos no intuito de relaxar, descansar ou refletir. Representa o superconsciente ou região nobre da mente onde se encontram todos os germens divinos da perfeição, em estado latente. É o nosso futuro.

Na ilustração você pode ver uma relação entre as cores amarelo, branco e preto como sendo superconsciente, consciente e subconsciente e os respectivos andares da casa.

Os três níveis mentais têm correspondência com três áreas da vida cerebral no corpo físico, mas não vamos aqui aprofundar esse aspecto que poderá ser estudado no livro de André Luiz.





Os moradores dos três níveis

Segundo o autor espiritual André Luiz, no subsconsciente mora o automatismo e o hábito. No consciente reside o esforço e a vontade e no superconscienteencontramos o ideal e a meta.
A compreensão dos mecanismos de interação entre estes moradores auxilia-nos imensamente entender como se opera o grande objetivo espiritual da reforma íntima.

Conceituando reforma íntima

Essas três partes da vida mental estão em constante interatividade. Do subsconsciente partem apelos automatizados que foram consolidados ao longo de várias reencarnações e que podem dominar nossas ações, pensamentos e sentimentos. Por exemplo: quem já tenha fumado em outras reencarnações ou tenha desenvolvido o talento de tocar piano terá impulsos para fumar novamente e grande facilidade para aprender piano na presente existência corporal.
Na reforma íntima, como temos que superar muitos impulsos ou tendências do passado é necessário que os moradores do consciente, ou seja, o esforço e a vontade, sejam manejados decididamente para tomar conta da vida mental e escolher com sabedoria o que queremos fazer, pensar e sentir, diante dos ideais de transformação moral. Aqui temos um primeiro conceito de reforma íntima: a ascendência da vontade e do esforço sobre nossos milenares hábitos cristalizados no subconsciente.
O conflito interior nasce dessa luta entre consciente e subconsciente. É preciso muita disciplina para conter os impulsos, nem sempre nobres, dessa parte subconsciente da vida mental. 
Outro conceito importante de reforma íntima é o aprendizado de despertar os valores divinos que se encontram adormecidos no superconsciente. Educação é exatamente esse ato de extrair ou colocar para fora os tesouros de nossa divindade que se encontram adormecidos nesse nível.
Todos nós os temos guardado nesse campo da vida mental superior. Por exemplo: quando buscamos a calma, a alegria, a fé e tantos outros patrimônios espirituais, em verdade todos eles já se encontram no superconsciente. 
A meditação, a oração, o desenvolvimento da honestidade em relação aos nossos sentimentos, o hábito do auto-amor através do cuidado conosco e o serviço do bem são algumas das muitas formas de acessar essa zona mental nobre, e recolher o conteúdo energético que nos fará sentir o bem-estar de uma vida saudável e plena. 

A casa mental e a reforma íntima sem martírio

O estudo da casa mental lança uma luz sobre o tema reforma íntima, porque auxilia-nos a entender que não destruímos nada daquilo que fomos, apenas transformamos para melhor.
O subconsciente não morre, não acaba. Ele faz parte do processo de ascensão do Espírito. Ali estão gravadas as experiências felizes e infelizes e, ambas, serão importantes para seu progresso.
Portanto, focar o conceito da melhoria espiritual ou reforma íntima apenas na ótica de “matar o homem velho” ou exterminar o passado (subconsciente), pode conduzir-nos a um esforço de contenção e disciplina muito acentuado ao ponto de criarmos o martírio.
Mais do que contenção ou repressão, precisamos de educação, isto é, aprender a trabalhar o desenvolvimento das potencialidades que estão no superconsciente. Ninguém faz reforma íntima legítima apenas disciplinando o subconsciente. 
É sobre esse ponto que quero refletir com os leitores e amigos no próximo número da revista, quando desenvolverei a parte 2 deste artigo.
Procure fazer um estudo da obra “No Mundo Maior”, de André Luiz e conjugue-a com a obra “Reforma Íntima sem Martírio”, de Ermance Dufaux. Você verá o quanto aprenderá sobre seu mundo mental em favor da construção de uma pessoa nova e melhor a partir de você mesmo.

Fonte: Wanderley S. de Oliveira

domingo, 23 de agosto de 2015

MITO DE NARCISO: A FONTE DA VAIDADE

http://www.fafich.ufmg.br/~labfil/mito_filosofia_arquivos/narciso.pdf

Narciso era filho do deus-rio Cephisus e da ninfa Liriope, e era um jovem de extrema beleza. Porém, à despeito da cobiça que despertava nas ninfas e donzelas, Narciso preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que julgasse merecedora do seu amor. E foi justamente este desprezo que devotava às jovens a sua perdição.
Pois havia uma bela ninfa, Eco, amante dos bosques e dos montes, companheira favorita de Diana em suas caçadas. Mas Eco tinha um grande defeito: falava demais, e tinha o costume de dar sempre a última palavra em qualquer conversa da qual participava.
Um dia Hera, desconfiada - com razão - que seu marido estava divertindo-se com as ninfas, saiu em sua procura. Eco usou sua conversa para entreter a deusa enquanto suas amigas ninfas se escondiam. era, percebendo a artimanha da ninfa, condenou-a a não mais poder falar uma só palavra por sua iniciativa, a não ser responder quando interpelada.
Assim a ninfa passeava por um bosque quando viu Narciso que perseguia a caça pela montanha. Como era belo o jovem, e como era forte a paixão que a assaltou! Seguiu-lhe os passos e quis dirigir-lhe a palavra, falar o quanto ela o queria... Mas não era possível - era preciso esperar que ele falasse
primeiro para então responder-lhe. Distraída pelos seus pensamentos, não percebeu que o jovem dela se aproximara. Tentou se esconder rapidamente, mas Narciso ouviu o barulho e caminhou em sua direção:
- Há alguém aqui?
- Aqui! - respondeu Eco.
Narciso olhou em volta e não viu ninguém. Queria saber quem estava se escondendo dele, e quem
era a dona daquela voz tão bonita.
- Vem - gritou.
- Vem! - respondeu Eco.
- Por que foges de mim?
- Por que foges de mim?
- Eu não fujo! Vem, vamos nos juntar!
- Juntar! - a donzela não podia conter sua felicidade ao correr em direção do amado que fizera tal
convite.
Narciso, vendo a ninfa que corria em sua direção, gritou:
- Afasta-te! Prefiro morrer do que te deixar me possuir!
- Me possuir... - disse Eco.
Foi terrível o que se passou. Narciso fugiu, e a ninfa, envergonhada, correu para se esconder no recesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. Evitava o contato com os outros seres, e não se alimentava mais. Com o pesar, seu corpo foi definhando, até que suas carnes desapareceram completamente. Seus ossos se transformaram em rocha. Nada restou além da sua voz. Eco, porém, continua a responder a todos que a chamem, e conserva seu costume de dizer sempre a última palavra.

Não foi em vão o sofrimento da ninfa, pois do alto, do Olimpo, Nêmesis vira tudo o que se passou. Como punição, condenou Narciso a um triste fim, que não demorou muito a ocorrer.
Havia, não muito longe dali, uma fonte clara, de águas como prata. Os pastores não levavam para lá seu rebanho, nem cabras ou qualquer outro animal a freqüentava. Não era tampouco enfeada por folhas ou por galhos caídos de árvores. Era linda, cercada de uma relva viçosa, e abrigada do sol por rochedos que a cercavam. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça, e sentindo muito calor e muita sede.
Narciso debruçou sobre a fonte para banhar-se e viu, surpreso, uma bela figura que o olhava de dentro da fonte. "Com certeza é algum espírito das águas que habita esta fonte. E como é belo!", disse, admirando os olhos brilhantes, os cabelos anelados como os de Apolo, o rosto oval e o pescoço de marfim do ser. Apaixonou-se pelo aspecto saudável e pela beleza daquele ser que, de dentro da fonte, retribuía o seu olhar.
Não podia mais se conter. Baixou o rosto para beijar o ser, e enfiou os braços na fonte para abraçalo.
Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns
instantes, tão belo quanto antes.
Porque me desprezas, bela criatura? E por que foges ao meu contato? Meu rosto não deve causar-te repulsa, pois as ninfas me amam, e tu mesmo não me olhas com indiferença. Quando sorrio, também tu sorris, e responde com acenos aos meus acenos. Mas quando estendo os braços, fazes o mesmo para então sumires ao meu contato.
Suas lágrimas caíram na água, turvando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:
- Fica, peço-te, fica! Se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te.
Assim Narciso ficou por dias a admirar sua própria imagem na fonte, esquecido de alimento e de água, seu corpo definhando. As cores e o vigor deixaram seu corpo, e quando ele gritava "Ai, ai", Eco
respondia com as mesmas palavras. Assim o jovem morreu.
As ninfas choraram seu triste destino. Prepararam uma pira funerária e teriam cremado seu corpo se o tivessem encontrado. No lugar onde faleceu, entretanto, as ninfas encontraram apenas uma flor roxa, rodeada de folhas brancas. E, em memória do jovem Narciso, aquela flor passou a ser conhecida pelo seu nome.
Dizem ainda, que quando a sombra de Narciso atravessou o rio Estige, em direção ao Hades, ela debruçou-se sobre suas águas para contemplar sua figura.

http://hall_of_secrets.tripod.com/greciavaidade.htm

O Mito de NARCISO

http://ideiaespirita.blogspot.com.br/2008/09/o-mito-de-narciso.html


Caravaggio

O termo narcisismo encontra as suas origens na mitologia grega. Narciso era filho da ninfa Liríope e do deus fluvial Cefiso.


Um dia, Narciso viu a sua imagem reflectida na superfície duma fonte e apaixonou-se perdidamente pela beleza que o caracterizava. Esquecido de tudo o que o rodeava, ficou dias e dias contemplando-se a si próprio, até à autodestruição total, pela fome, sede e solidão experimentadas.


Mais tarde, as irmãs procuraram o corpo para realizarem as cerimónias fúnebres, mas em seu lugar, encontraram, junto da fonte, uma delicada flor amarela, cujo centro é rodeado por pétalas brancas parecendo folhas.


Em Psicologia, o mito de Narciso simboliza a vaidade, a auto-admiração e o excesso de fantasia, reprovados pela ética e pelo próprio inconsciente individual. Daí o final de Narciso que o conduz à autodestruição, fazendo lembrar a insatisfação generalizada que caracteriza a sociedade em que vivemos e que, embora mergulhada nos prazeres mundanos, em processo de fuga, dificilmente afasta a solidão e o vazio que invade os corações.

Como contraponto, lembrei-me duma história que li (já não sei onde) e que me marcou pela simplicidade do gesto e pelo simbolismo do acto espontâneo de doação.
Conta-se que uma senhora viajava diariamente de autocarro e, durante o percurso, ia atirando pela janela algo demasiado pequeno aos olhos dos demais. Um senhor que a observou algumas vezes, cheio de curiosidade, resolveu sentar-se ao seu lado e interrogá-la.


- É pela memória do meu filho; são pequenas sementes de flores que lanço à terra. – explicou a senhora.


- Mas aqui só existe mato selvagem!!!


- Não importa se algumas caiem na estrada, outras se perdem entre as pedras. As que caírem nesse mato um dia o modificarão. Eu faço a minha parte.

O senhor silenciou e esqueceu o assunto.


Tempos mais tarde, voltou a fazer o mesmo percurso de autocarro e lembrou-se da senhora com quem conversara e que atirava sementes de flores pela janela. Mas, por mais que olhasse em redor, não conseguiu avistá-la. Perguntou por ela ao motorista e foi informado de que a senhora havia falecido. No decurso da viagem foi reparando que nalgumas partes do que antes era apenas mato e terra abandonada, havia pequenas clareiras de flores coloridas e que embelezavam a paisagem, antigamente monótona e sem interesse.


Nos dias que se seguiram o senhor apanhou o autocarro com um saco de sementes na mão e foi lançando sementes pela janela.

Façamos também cada um de nós a nossa parte.

domingo, 2 de agosto de 2015

SÉCULO VINTE E UM: CONSTRUINDO A TOLERÂNCIA


“14. - (...) A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro passo de contato dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.”

Mencionávamos no artigo passado sobre a variedade das expressões da verdade, propostas pelo pensamento do homem, adequadas às visões de mundo e de si mesmo que ele já logrou atingir. À primeira vista essa observação pode parecer incoerente com a afirmação de Kardec acima, acerca da tolerância religiosa. Pois, se a verdade é relativa ao grau de amadurecimento do senso moral, então, como ficamos em relação às diferentes interpretações sobre o que comumente chamamos verdade? Nesse presente artigo, vamos, pois, explorar um pouco mais essa questão, i.e., tratemos da verdade. segundo as idéias que podemos colher na doutrina espírita. Antes, porém, façamos uma incursão sobre os significados que pode assumir a palavra verdade.

Três concepções da verdade [1]

Quando escutamos alguém mencionar a palavra verdade não nos ocorre que ela possa ter vários significados conforme o contexto. Em português a palavra verdade possui algumas variações quanto à significação, mas podemos agrupá-las em três grandes grupos.
           
Nossa ideia da verdade foi construída a partir de três concepções vindas do grego, do latim e do hebraico.
           
Aletheia, do grego, quer dizer não-oculto, não dissimulado. Verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão. As coisas, os fatos ou são reais ou imaginários. Surge aqui a dimensão das nossas experiências objetivas.
           
Veritas, do latim, refere-se á  precisão, à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes e fidelidade o que aconteceu. O enunciado corresponde aos fatos acontecidos. Os relatos e enunciados sobre as coisas e os fatos são verdadeiros ou falsos. Trata-se aqui da coerência lógica das idéias e das cadeias de idéias que formam um raciocínio. A marca do verdadeiro é a validade lógica de seus argumentos. Surge, então, a dimensão do pensamento, uma vez que a linguagem é sempre a expressão do pensamento para o Espírito.
           
Emunah, do hebraico, significa confiança. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada, ou seja, não traem a confiança. Aqui a verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro. Aqui percebemos surgir o outro no contexto de nossas experiências. A dimensão ética toma vulto no campo da compreensão mútua, da imparcialidade necessária para tal compreensão.
           
Assim, a verdade estará ligada ao ver, ao perceber; ao falar, às palavras (e, por conseqüência, ao pensar); por último, ao crer, ao acreditar. Teríamos, então:

•   ver-perceber

•   falar-dizer

•   crer-confiar

Por fim, a nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes, referindo-se, portanto, à realidade, à linguagem e à confiança-esperança.
           
Agora surge, então, uma questão interessante. Quando podemos saber se o que conhecemos é verdadeiro?             Tomemos três casos a título de exemplo. Um cientista, um juiz e uma mãe cuidadosa na relação com seu filho. Para um cientista, por exemplo, a marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é. a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pela nossa razão (uma idéia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu seu conteúdo). Para um juiz, ela vai depender da precisão e do rigor na criação e no uso de regras que devem exprimir o nosso pensamento ou nossas idéias, como também os fatos exteriores a nós e que nossas idéias relatam (coerência interna ou lógica). Finalmente, para uma mãe, a verdade depende de um consenso ou de um pacto de confiança entre ela e o filho, definindo um conjunto de convenções universais sobre o que é verdadeiro e que deve ser respeitado por ambos.
           
Qual das três concepções deveríamos adotar, então, em relação às nossas experiências? Pode parecer elas  são  independentes entre si, mas é justamente aqui que devemos examinar com mais cuidado essa questão. Qualquer que seja a concepção que tomemos como critério de validade para o que conhecemos, ela estará sempre incompleta. Vejamos. Há coisas que existem e nem sempre são percebidas diretamente, como a influenciação espiritual, entre outros. Por outro lado, por mais completa que seja uma linguagem, por melhor que procure descrever, simbolizar alguma coisa, há sempre o fato de que o exemplo vale por mil palavras, recurso sobejamente conhecido na educação. Por fim, a própria história mostra que nem sempre consensos levaram à verdade dos fatos, como no julgamento do Cristo levando-o à crucificação inocente.
           
Como ficamos, então, em relação ao tipo de verdade com que lidamos na Doutrina Espírita? Ela se caracteriza pela multidimensionalidade acima: é preciso perceber os fatos, dentro de um contexto lógico, racional, onde somos levados a "pensar por nós mesmos", animado de espírito de confiança-esperança, sem prevenções. Ou seja, trata-se de um amadurecimento espiritual acontecendo, propiciando-nos maior abertura, receptividade à Vida. Diante de cada experiência, somos convidados a dilatar a capacidade de ver o essencial (somos Espíritos em manifestações humanas), enquadrando essa experiência dentro da razoabilidade que conseguimos desenvolver (a nossa vida tem um propósito dentro de um planejamento realizado por nós), sem perdermos de vista o sentimento de compreensão cada vez maior a vitalizar a nossa própria manifestação (conseguido através do relacionamento de qualidade com o próximo pela segurança que a compreensão do Evangelho do Cristo nos dá).
           
Repensemos, então, a título de exercício do entendimento, no sentido que damos a colocações como:

• a verdade das comunicações mediúnicas;

• a verdade da vida após a morte;

• a verdade da lei de progresso, da lei de ação e reação;

• etc.

É interessante destacar que ocorre com o Espiritismo o mesmo que se dá com as concepções de caráter integral, holístico: não é possível classificar em um único critério ou grupo suas concepções básicas. Pelo menos com os instrumentos de percepção de que dispomos no momento (capacidade intelecto-moral), pois, sempre        

“Cada um vive nas dimensões do entendimento e na altura da visão espiritual que já conquistou.” [2]

Que grande apelo ao espírito de tolerância! Onde vemos que somente pela educação do caráter, das tendências passionais da animalidade ancestral, será possível dilatar as dimensões do entendimento e a própria visão espiritual. Eis aí a nossa grande contribuição aos dias do novo século. Somos chamados a educar educando-nos dentro das três dimensões da verdade:

·         viver o fato de sermos Espíritos, e não apenas dele falar,

·         explicando a vida com racionalidade, como a "prova buscada" [3] , por nós mesmos, sem as muletas das aparências e fantasias, dos mitos e das místicas,

·         tudo dentro de um clima emocional fraterno, de solidariedade, construtivo, no respeito à liberdade de pensar, e de gratidão e otimismo – numa "reverência à  Vida", no dizer de Albert Schweitzer.

Os dias de hoje pedem-nos, então, visão integral para a validação daquilo que conhecemos acerca do espírito humano, como afirma Ken Wilber, num dos seus inúmeros livros [4] . Em outras palavras, uma coalizão multicolor ou uma visão de muitos níveis, integrando diversos aspectos do espírito humano: arte, moral e ciência; eu, ética e meio-ambiente; o belo, o bem e o verdadeiro. E é segundo essa visão de ampla perspectiva (vision-logic) que encontraremos no Espiritismo os três aspectos mencionados integrados numa sinergia, numa coerência proposital por haver uma finalidade em tudo isso: o progresso espiritual, percebido como quota de maior felicidade para o Espírito.
           
Assim, a verdade na Doutrina Espirita pode ser compreendida pelas palavras de Kardec no nosso livro de estudo (capítulo I, item 13 – grifos nossos),

“O espiritismo dá coisa melhor (pois, apresenta um futuro condicionalmente lógico, digno em tudo da grandeza, da justiça da infinita bondade de Deus); eis porque é acolhido pressurosamente  por todos os atormentados da dúvida...O Espiritismo tem por si a lógica do raciocínio e a sanção dos fatos...“

O que vemos aqui? Aletheia (“fatos materias que se desdobram à nossa vista” sobre o futuro), veritas (coerência lógica na composição do seu corpo de princípios – não há contradição interna) e emunah (esperança-confiança na crença sobre o futuro condicionado à nossa capacidade de amar ao nosso irmão como a nós mesmos). Três raízes a sustentar a nossa experiência na Terra durante a encarnação e além dela! Mas há que fixá-las no solo das experiências reais, vividas, para que  possam ser sorvidos os nutrientes adequados ao nosso amadurecimento espiritual, firmando-nos no campo das nossas realizações. Em outras palavras, três nutrientes são necessários para validar nosso aprendizado no campo das verdades do espírito: o da ação no bem, o da reflexão em torno do que é o bem e o do sentimento de caridade que será sempre o nosso próprio bem em marcha triunfante. Nas palavras de João Lustosa, para nossa reflexão final,

“Por isso mesmo, se nos afeiçoamos ao trato com a verdade, é muito fácil reconhecer que há acontecimentos de fundo espírita, conversas de feição espírita, referências de caráter espírita, e realizações de inspiração espírita, mas o de que necessitamos, sobretudo, é de orientação espírita no sentimento e na experiência individual, de conformidade com o Espiritismo, porque o espírita que aceitou a supervisão do Cristo já não pode agir como quer e, sim, agir como deve querer.” [5]

Vanderlei Luiz Daneluz Miranda
Novembro / 2001

Bibliografia:
[1] CHAUÍ, Marilena, “Convite à Filosofia”, Unidade 3 – A Verdade, Cap. 3 – As concepções da verdade. Editora Ática. 5ª ed. São Paulo. 1995. [2] BATUÍRA (Espírito), Lourdes Catherine (Espírito),[psicografado por] Francisco do Espírito Santo Neto. “Conviver e Melhorar”, Boa Nova Editora, 1ª ed. Catanduva, SP,1999. [3] KARDEC, Allan – "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Capitulo VI – O Cristo Consolador. FEB [4] WILBER, Ken. “O Olho do Espírito”, Introdução A Visão Integral. Editora Cultrix., 10ª ed. São Paulo. 2001. [5] VIEIRA, Waldo, [psicografia de]. “Seareiros de Volta”, Estados da Consciência. FEB. 4ª ed. Rio, RJ. 1987.

Como anda a sua tolerância?

http://www.espiritoimortal.com.br/como-anda-sua-tolerancia/

Espiritismo e tolerância religiosa

Espiritismo e tolerância religiosa

Periodicamente, a humanidade recebe a presença de grandes espíritos que encarnam com a missão de reestruturar certas crenças e impulsionar a evolução coletiva. São os chamados “avatares”. Tivemos a presença de Sidarta Gautama, conhecido como Buda (o desperto), que colaborou com o avanço espiritual na Índia, dando início ao que conhecemos, hoje, como Budismo, nas suas variadas escolas. Assim também foi com Jesus, que era judeu, mas, procurou resgatar a pureza de coração na vivência diária. Seus discípulos iniciaram um movimento chamado Cristianismo, que, tempos depois, se tornou a religião oficial do Império Romano.
Lao Tzé, Confúcio, Krishna, Maomé, Moisés, Lutero, entre outros, trouxeram, sem sombra de dúvida, um grande avanço na evolução planetária. Sem falarmos dos filósofos, como Sócrates, Aristóteles, etc.
Claro que não pretendemos dizer, com isso, que estes grandes mestres do pensamento humano sejam representantes absolutos da Verdade. Não... e duvido que um grande mestre se coloque nesta posição. Mas, são como bússolas norteando nosso caminho.
Todo movimento religioso sofre diversas influências, ao longo dos séculos; algumas benéficas, que revigoram a própria religiosidade original. Outras, como valores culturais, interesses pessoais, preconceitos, etc., acabam deturpando a proposta dos grandes mestres.
No caso do movimento espírita, costumo dizer, ironicamente, que o que se pratica não é Espiritismo, mas, “kardecismo”, devido à tamanha autoridade que os espíritas dão às obras da codificação, algo que Kardec nunca impôs.
Sobre o movimento pela “pureza doutrinária”, que sempre contou com adeptos de “carteirinha” no Espiritismo, eu gostaria de dizer o seguinte:
Eu respeito imensamente a obra de Kardec, mas, baseando-me na História, reconheço que certos ensinamentos, na codificação, não condizem, necessariamente, com a realidade, mas, são fruto de um visão cultural da época, dos espíritos e até dos médiuns.
Reconheço grandes ensinamentos na codificação, mas, discordo de alguns, com base nos meus estudos de outras doutrinas espiritualistas e, principalmente, na minha experiência prática, na minha vivência.
Aqueles que fazem da codificação kardequiana uma obra representante da Verdade absoluta, inquestionável, estão criando uma ortodoxia dogmática e matando o princípio da dúvida filosófica.
A doutrina é evolucionista e seus fundamentos podem ser encontrados em outras religiões. Kardec chegou, inclusive, a sugerir um catálogo racional para se montar uma biblioteca espírita. Neste catálogo, ele indica, entre outros livros: o Bhagava Gita, o Alcorão, entre outros livros orientais. Kardec sugere, neste mesmo catálogo, que se inclua obras antiespíritas para que tenhamos conhecimento dos argumentos contrários. Isso, sim, é uma atitude filosófica.
Kardec nunca disse para os espíritas estudarem somente aquilo que estivesse de acordo com a codificação. Ao contrário, ele deixou claro que novas obras viriam complementar... bastava que usássemos o raciocínio e separássemos o joio do trigo.
Portanto, a codificação é obra de Kardec, mas o Espiritismo vai além dela. É uma doutrina em construção, um “edifício” inacabado em que todos nós trabalhamos.

Veja mais novidades no site da Revista Cristã de Espiritismo.
www.rcespiritismo.com.br

Tolerância

http://educadorespirita1.blogspot.com.br/2014/01/tolerancia-nao-e-conivencia.html

http://www.doutrinaespirita.com.br/?q=node/940


Tolerância e Respeito


Sérgio Biagi Gregório

SUMARIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Sobre a Tolerância: 4.1. Os Vícios e as Virtudes; 4.2. Formas Falsas e Formas Verdadeiras de Tolerância; 4.3. Tolerância é uma Virtude Difícil. 5. Sobre o Respeito: 5.1. O Respeito em Kant; 5.2. A Lei Áurea; 5.3. A Tolerância é Passiva e o Respeito Ativo. 6. Tolerância, Respeito e Espiritismo: 6.1. Lei de justiça, Amor e Caridade; 6.2. Cristo é o Ponto Chave da Tolerância; 6.3. O Respeito ao Próximo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
Tolerar é bom, mas respeitar é melhor. Respeitar é bom, mas amar é melhor.
1. INTRODUÇÃO
O que significa a palavra tolerância? E respeito? Tratamos o próximo da mesma forma que gostaríamos de ser tratados? Somos severos para com os outros e indulgentes para conosco ou severos para conosco e indulgentes para com os outros? Que tipo de subsídios o Espiritismo nos oferece para uma melhor interpretação do tema?
2. CONCEITO
Tolerância – do latim tolerantia, do verbo tolerare que significa suportar. É uma atitude de respeito aos pontos de vista dos outros e de compreensão para com suas eventuais fraquezas. Esta palavra está ligada a outros termos afins: paz, ecumenismo, diferença, intersubjetividade, diálogo, alteridade, não violência etc.
Respeito – do latim respectus, de reespicere que significa olhar. Sentimento de consideração àquelas pessoas ou coisas dignas de nossa veneração e gratidão, como aos pais, aos mais velhos, às coisas sagradas, aos sentimentos alheios etc.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em seu sentido estrito, a tolerância é o regime de liberdade concedido pelo governo de um país, onde já se tem uma forma de religião estabelecida, de praticar qualquer outra forma de religião, ou mesmo de não seguir nenhuma.
A completa liberdade religiosa é fato recente no mundo ocidental. Antes da Reforma, a Igreja católica aplicava todo o tipo de penalidades a quem quer que se desviasse da sua ortodoxia. A Reforma (1517) deu início à tolerância, mas não de forma absoluta, pois os próprios reformadores não toleravam as teses que combatiam. Os Protestantes quiseram não só submeter indivíduos, mas nações inteiras às suas opiniões. Com isso, vimos aparecer o movimento denominado "Contra-Reforma", encetado pela Igreja católica, dando origem à "guerra das religiões", de caráter político religioso. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
A intolerância religiosa foi, no processo histórico, a maior causadora das guerras entre nações. Nesse mister, o próprio catolicismo demorou muito a respeitar o pluralismo das diversas crenças. Foi somente no Concílio Vaticano II que deixou claro: 1.º) a tolerância religiosa não se baseia no falso princípio de que todas as religiões sejam verdadeiras, mas no princípio da liberdade de consciência; 2.º) esta não dispensa ninguém do dever fundamental de fidelidade à verdade, isto é, não significa que se pode mudar de religião como se muda de roupa, mas significa que a aceitação de uma fé é um ato soberanamente livre e espontâneo da consciência. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)
O ser humano moderno não é um Robinson Crusoe, desterrado em uma ilha, cuja única atividade era a de pescar e de caçar para sua sobrevivência. O homem tem que viver em sociedade, pois já se disse que ele é um animal político e social. E quando começa a se associar, a entrar em contato com mentes que pensam de forma diferente da sua, a contradição aparece. E é justamente aí que surge o ensejo de praticar a tolerância, que nada mais é do que o respeito para com o pensamento alheio.
4. SOBRE A TOLERÂNCIA
4.1. OS VÍCIOS E AS VIRTUDES
A virtude é a potência de um ato. É a atualização do que já existe no âmago do ser. A virtude do abacateiro é produzir abacate. A virtude do santo é produzir santidade. Segundo Aristóteles, a virtude deve ficar no meio, ou seja, nem se exceder para cima e nem para baixo. O relacionamento entre vício e virtude coloca-nos frente à lei da utilidade marginal decrescente, a qual nos ensina que o excesso de uma coisa pode transformar-se no seu oposto. Assim sendo, o excesso de humildade pode transformar-se em orgulho e o excesso de orgulho pode transformar-se em humildade. Tomemos o exemplo de Paulo. Depois da perda e recuperação de sua visão, no deserto de Damasco, o orgulhoso combatente de Cristo tornou-se o seu mais humilde servidor.
4.2. FORMAS FALSAS E FORMAS VERDADEIRAS DE TOLERÂNCIA
Existem formas falsas e verdadeiras de tolerância. Um exemplo de forma falsa é a do ceticismo, aquela que aceita tudo, subestima todas as divergências doutrinais, porque parte do princípio de que é impossível aproximar-se da verdade. A verdadeira tolerância é humilde, mas convicta. Respeita as idéias e condutas dos demais, sem desprezá-las, mas também sem minimizar as diferenças, porque sabe que é a contradição que leva ao bem comum. Nesse sentido, a frase atribuída a Voltaire, "Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim", é providencial para elucidar o respeito que devemos ter para com os nossos semelhantes, sejam de que condições forem.
4.3. TOLERÂNCIA É UMA VIRTUDE DIFÍCIL
O dilema dos limites da virtude da tolerância pode resumir-se em dois princípios: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" e "Não deixes que te façam o que não farias a outrem". O comodismo que norteia os nossos passos é o grande obstáculo para o não cumprimento desta virtude. Quantas não são as vezes que dizemos sim a um convite quando, com razão, deveríamos ter dito não, por faltar-nos a coragem de dizer que aquilo não faz parte de nosso projeto de vida.
Em se tratando dos erros alheios, a dificuldade está em delimitar aceitação dos mesmos. Pergunta-se: até que ponto devemos suportar as injúrias e violências, os agravos e os desatinos de nosso próximo? Qual é o limite? Jesus ensina-nos que devemos perdoar não sete, mas sete vezes sete, isto é, indefinidamente. É para sempre? Contudo, há um limite em que a paciência deixa de ser considerada virtude. Qual é o limite? Ainda: "O hábito de tudo tolerar pode ser fonte de inúmeros erros e perigos".
5. SOBRE O RESPEITO
5.1. O RESPEITO EM KANT
Em Kant, o respeito é o único sentimento comparável com o dever moral. Não é um sentimento "patológico" que procede da sensibilidade – como todos os outros – ou seja, da parte passiva do nosso ser. Ele procede da vontade. Em sua Fundamentação da Metafísica dos Costumes, define-o como a consciência da imediata determinação da vontade pela lei, ou seja, como a apreensão subjetiva da lei. Embora tenha certas semelhanças com as inclinações naturais e o temor, distingue-se de ambos porque não resulta de uma impressão recebida, mas de um conceito de razão. (Dorozói, 1993)
5.2. A LEI ÁUREA
A lei áurea já existia antes de Jesus. Os gregos diziam: "Não façais ao próximo o que não desejeis receber dele"; os persas: "Fazei como quereis que vos faça"; os chineses: "O que não desejais para vós, não façais a outrem"; os egípcios: "Deixar passar aquele que fez aos outros o que desejava para si"; os hebreus: "O que não quiserdes para vós, não desejeis para o próximo"; os romanos: "A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo".
Com Jesus, porém, a regra áurea solidificou-se plenamente, pois o mestre não só a ensinou como a exemplificou em plenitude de trabalho, abnegação e amor. (Xavier, 1973, cap. 41)
5.3. A TOLERÂNCIA É PASSIVA E O RESPEITO ATIVO
A palavra tolerância relaciona-se com o substantivo "respeito" e o verbo "suportar". Conseqüentemente, devemos não somente respeitar como também suportar Deus, o próximo e a nós mesmos. Suportar a nós mesmos deve vir em primeiro lugar, porque não há peso mais pesado do que o nosso próprio peso. Quantas não são as vezes que pensamos estar agradando aos outros e não percebemos o elevado grau de grosseria, hostilidade e autoritarismo que lhes causamos. Eles acabam nos aturando porque não têm outra saída. É o caso do relacionamento entre o funcionário e o seu chefe. Se não lhe obedecer, estará sujeito a perder o emprego.
A tolerância obriga-nos a respeitar a regra de ouro: "Não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem". Evitar fazer mal aos outros é uma atitude meramente passiva. O respeito, ao contrário, carrega uma polaridade ativa: "Amar ao próximo como a nós mesmos". De acordo com Aristóteles, enquanto o respeito constitui uma virtude que nunca pode pecar por excesso, porque quanto mais respeito se tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma virtude que se obriga ao meio termo porque, em excesso, resulta em indiferença, e, em falta, traz o sabor da intolerância. (Marques, 2001)
6. TOLERÂNCIA, RESPEITO E ESPIRITISMO
6.1. LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
A Lei de Justiça, Amor e Caridade ajuda a compreender a tolerância. Segundo o entendimento desta lei, a justiça, que é cega e fria, deve ser complementada pelo amor e pela caridade, no sentido de o ser humano conviver pacificamente com o seu próximo. Observe alguém, sem recursos financeiros, jogado ao sofrimento, como conseqüência de atos menos felizes do passado. Há justiça divina, porque nada ocorre por acaso. Mas o amor e a caridade dos semelhantes podem mitigar a sua sede e a sua fome.
6.2. CRISTO É O PONTO CHAVE DA TOLERÂNCIA
A base da tolerância está calcada na figura de Cristo. Foi Ele que nos passou todos os ensinamentos de como amar ao próximo como a nós mesmos. Ele nos deu o exemplo, renunciando a si mesmo em favor da humanidade. Fê-lo, sem queixas e sem recriminações, aceitando sempre as determinações da vontade de Deus e não a sua. Em suas prédicas alertava-nos que deveríamos ser severos para conosco mesmos e indulgentes para com o próximo, e não o contrário.
6.3. O RESPEITO AO PRÓXIMO
Respeitar o próximo é não lhe ser indiferente. É procurar vê-lo no interior do seu ser. Diz-se que o sábio pode se colocar no lugar do ignorante, mas este não pode se colocar no lugar do sábio, porque lhe faltam condições para bem avaliar o que é sabedoria, conhecimento e evolução espiritual. Contudo, os amigos espirituais nos alertam que penetrar no âmago do próximo não é tarefa fácil. Podemos fazer algumas ilações, algumas tentativas, mas como pensar com a cabeça do outro?
Numa Casa Espírita, o respeito ao próximo deve ser praticado com cada colaborador. Respeitar aquele que escolheu se dedicar aos animais, aquele que escolheu se dedicar ao trabalho de assistência social, aquele que escolheu transmitir os ensinamentos doutrinários. Nesse mister, não há trabalho mais ou menos importante, porque todos concorrem para a divulgação dos princípios doutrinários do Espiritismo.
7. CONCLUSÃO
O Espiritismo, entendido como ciência, filosofia e religião, é o que mais subsídios nos dá para respeitar as crenças e os comportamentos do nosso próximo. Isto porque, "quanto mais o ser humano sabe, melhor compreende os comportamentos humanos, desarmando-se de idéias preconcebidas, da censura sistemática, dos prejuízos das raças, de castas, de crenças, de grupos".
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
MARQUES, Ramiro. O Livro das Virtudes de Sempre: Ética para Professores. Portugal: Landy, 2001.
XAVIER, F. C. Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973.
São Paulo, agosto de 2007

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TOLERÂNCIA - II

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TOLERÂNCIA - II

Enquanto não usarmos de tolerância uns para com os outros, continuaremos distantes do “amar ao próximo como a si mesmo”. “Indispensável não entrar em área de atrito, quando se pode contornar o mal aparente a favor do bem real”, disse Joanna de Angelis no livro Convites da Vida. No caso do erro alheio, quase sempre, o bem real é manter a amizade, o relacionamento, e, principalmente, não ferir ou magoar o outro, porque se um dia temos de amar ao próximo como a nós mesmos, temos de começar a exercer a tolerância com os erros e omissões do nosso mais próximo no momento, tornado-o satisfeito conosco, para mantermo-nos em harmonia. Se houver a possibilidade de esclarecimento, tal ato deverá ser feito em ocasião propícia, que pode ser após o ato, e a sós. Todavia, tolerar não significa concordar com o erro. Tolerar os limites e os problemas do próximo, mas nunca dar apoio ao equivoco, ao erro, nem negligência para com o dever. Chamado a opinar, a verdade deve ser dita, mas mostrando-se amigo do que errou, evidenciando, com suas maneiras, que continua respeitando-o como amigo ou como pessoa.  Ser tolerante com as faltas alheias, mas não as assimilar, nem sintonizar com as fraquezas morais a pretexto de bondade ou gentileza. Condescendência para com os direitos alheios, não produzindo choque, não escandalizando, é relevante testemunho de tolerância. Abeiremos do companheiro infeliz, com os valores da compreensão e da fraternidade, porque sua fraqueza já lhe é uma punição. Isso é tolerância. Allan Kardec formulou uma tríade como base para a felicidade humana: Trabalho, Caridade e Tolerância. Assim, tolerância sempre, em qualquer lugar na família, no trabalho, nas ruas, nas filas, no Centro Espírita. Se tratarmos o erro do semelhante como quem cogita de afastar a enfermidade de um amigo doente, estamos, na realidade, concretizando a obra regenerativa, que cabe a todos nós, individual e coletivamente. O que é ser tolerante com os erros alheios? É ter compaixão de quem erra, porque seu juiz é a sua própria consciência. É ajudar o que tomba, pois sua fraqueza já lhe constitui punição. É compreender as dificuldades alheias, no seu processo evolutivo, tanto quanto queremos que os outros sejam tolerantes conosco. Colocarmo-nos no lugar de quem erra, sentir suas dificuldades, é um bom começo para o exercício da tolerância. “Fora da caridade não há salvação”, escreveu Allan Kardec e, se tolerância é o começo da caridade, como escreveu Joanna de Ângelis, precisamos nos esforçar por desenvolver em nós a tolerância com as falhas dos outros, graves ou pequenas, como queremos que os outros sejam tolerantes com as nossas falhas.  Ser tolerante é também, aprender com o infrator, pois ele representa o passado ou o futuro de quem não prossegue no bem, e, todos nós, Espíritos imperfeitos, vivendo em um mundo de expiações e de provas, já erramos muito e ainda continuamos errando, apesar da vontade de viver de acordo com as leis de Deus, ensinadas por Jesus.  Pensemos nisso sempre que formos tentados a criticar alguém. Ribeirão Preto, julho de 2004. Leda de Almeida Rezende Ebner Palestra no C. E. Pai Jacó em 30/07/04.   E utilizares para com os infelizes se transformará na medida emocional de compaixão que receberás, quando chegar a tua vez, já que ninguém é inexpugnável, nem perfeito.”  “Perdoai, Senhor as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores”, dizemos, toda vez que proferimos a prece do Pai Nosso.”  Bibliografia – Joanna de Angelis, médium D. P. F./  1- Jesus e Atualidade 2- Convites da Vida  3 - Otimismo Emmanuel, médium F. C. X. – Fonte Viva, cap. 37   Março de 2006, edição n°. 242 Jornal Eletrônico Verdade e Luz USE de Ribeirão Preto Copy and WIN : http://ow.ly/KNICZ

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Tolerância e Fraternidade

Tolerância e Fraternidade

O ser querido desertou do lar, vencido pela fragilidade das fôrças ainda impregnadas de alta dose de animalidade; todavia, acusa-te, fazendo-te responsável pela sua fuga. Sê tolerante e conserva-te fraterno em relação ao evadido.

O antigo dedicado de ontem não deseja mais a tua lealdade e sai, arremetendo diatribes que te maceram. Sustenta a tolerância e mantém a fraternidade pensando nele.

O beneficiário da tua bondade, navegando em situação de bonança, esquece as tuas dádivas e faz-se soberbo, malsinando o teu nome. Acautela-te na tolerância e reserva-lhe a fraternidade.

As tuas palavras de advertência, tocadas no mais nobre desejo de acertar, são agora transformadas por antigos comparsas que se fizeram teus adversários, em açoites que te alcançam. Continua tolerante e dissemina a fraternidade.

Os convidados pela tua lição de sacrifício a participarem do banquete de luz e vida do Evangelho, apontam-te mil débitos, e sofres. Porfia na tolerância e trabalha pela fraternidade.

Divulgas o bem por amor do bem, tentando viver o bem, mas, apesar disso, não faltam as agressões ao bem que fazes e desafios por parte daqueles que supões beneficiar. Confia na tolerância e aciona a fraternidade...

Tolerância e fraternidade sempre.

Em toda e qualquer circunstância essas duas armas cristãs, da "não violência", podem operar milagres. Talvez aqueles a quem as ofertas, recusem-nas momentaneamente, todavia, ser-te-ão benéficas utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a perdeste, ou manterão tua tranquilidade, se a conservas.

*

"Bem-aventurado aquele que sofre a tentação porque quando fôr provado receberá a coroa da vida à qual o Senhor tem prometido aos que o amam" - conforme ensinou o apóstolo Tiago, na sua Epístola universal, Capítulo um, versículo doze.

A tentação, por isso mesmo, possui as suas raízes no cerne daquele que é tentado, e como é natural, reponta frequentemente, ensejando-lhe a nobre batalha da própria redenção.

Viajores de muitas experiências malogradas, somos a soma das nossas dívidas em operação de resgate.

Cada ensejo depurador é bênção impostergável. Ora, se alguém nos fere ou magoa, nos acusa ou abandona, com fundamentos injustos, tentando nossa fraqueza ao revide ou à deserção do combate, mantenhamos tolerância para com ele - o instrumento inconsciente da Lei - e sejamos fraternos. facultando-lhe retornar com a certeza de se recebido pelo nosso coração.

A sombra é geratriz de equívocos como o êrro é matriz de tormentos íntimos naquele que o pratica. A punição mais severa, portanto, para o transviado é o despertar da consciência, hoje ou amanhã.

Jesus convocou-nos ao amor incondicional e ao perdão das ofensas, e Allan Kardec, o discípulo fiel, na tríade que formulou, situou a Tolerância como uma das bases da felicidade humana, sendo a fraternidade, dessa forma, o espelho onde se pode refletir a alma do amor, em todas as circunstâncias e lugares.

Tolerância e fraternidade, como roteiros para a harmonia que buscamos, são lições vivas de entendimento humano, nos deveres que esposamos à luz do Cristianismo Redivivo.

*

"Pois o filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Marcos: capítulo 10º, versículo 45.

*

"O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de RAÇAS NEM DE CRENÇAS, porque em todos os homens vê irmãos seus. Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º - Item 3, parágrafo 7.

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 50.

O limite da tolerância - Slide


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Tolerância - Emmanuel

Vive a tolerância na base de todo o progresso efetivo.

As peças de qualquer máquina suportam-se umas às outras para que surja essa ou aquela produção de benefícios determinados.

Todas as bênçãos da Natureza constituem larga sequência de manifestações da abençoada virtude que inspira a verdadeira fraternidade.

Tolerância, porém, não é conceito de Superfície.

É reflexo vivo da compreensão que nasce, límpida, na fonte da alma, plasmando a esperança, a paciência e o perdão com esquecimento de todo o mal.

Pedir que os outros pensem com a nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos caprichos, quando é nossa obrigação adaptar-nos, com dignidade, ao mundo, dentro da firme disposição de ajudá-lo.

A Providência Divina reflete, em toda parte, a tolerância sábia e ativa.
Deus não reclama da semente a produção imediata da espécie a que corresponde. Dá-lhe tempo para germinar, crescer, florir e frutificar. Não solicita do regato improvisada integração com o mar que o espera. Dá-lhe caminhos no solo, ofertando-lhe o tempo necessário à superação da marcha.

Assim também, de alma para alma, é imperioso não tenhamos qualquer atitude de violência.

A brutalidade do homem impulsivo e a irritação do enfermo deseducado, tanto quanto a garra no animal e o espinho na roseira, representam indícios naturais da condição evolutiva em que se encontram.

Opor ódio ao ódio é operar a destruição.

O autor de qualquer injúria invoca o mal para si mesmo. Em vista disso, o mal só é realmente mal para quem o pratica. Revidá-lo na base de inconseqüência em que se expressa é assimilar-lhe o veneno.

É imprescindível tratar a ignorância com o carinho medicamentoso que dispensamos ao tratamento de uma chaga, porqüanto golpear a ferida, sem caridade, será o mesmo que converter a moléstia curável num aleijão sem remédio.

A tolerância, por esse motivo, é, acima de tudo, completo esquecimento de todo o mal, com serviço incessante no bem.

Quem com os lábios repete palavras de perdão, de maneira constante, demonstra acalentar a volúpia da mágoa com que se acomoda perdendo tempo.

Perdoar é olvidar a sombra, buscando a luz.

Não é dobrar joelhos ou escalar galerias de superioridade mendaz, teatralizando os impulsos do coração, mas sim persistir no trabalho renovador, criando o bem e a harmonia, pelos quais aqueles que não nos entendam, de pronto, nos observem com diversa interpretação, compreendendo-nos o idioma inarticulado do exemplo.

Oferece-nos o Cristo o modelo da tolerância ideal, em regressando do túmulo ao encontro dos aprendizes desapontados. Longe de reportar-se à deserção de Pedro ou à fraqueza de Judas, para dizer com a boca que os desculpava, refere-se ao serviço da redenção, induzindo-os a recomeçar o apostolado do bem eterno.

Tolerar é refletir o entendimento fraterno, e o perdão será sempre profilaxia segura, garantindo, onde estiver, saúde e paz, renovação e segurança.

Emmanuel
(Pensamento e Vida)

Tolerância

Tolerância

Tolerância é caminho de paz.
Não julgues esse ou aquele companheiro ignorante ou desinformado, porquanto, se aprendeste a ouvir, já sabes compreender.

Diante de criaturas que te enderecem qualquer agressão, conversa com naturalidade, sem palavras de revide que possam desapontar o interlocutor.

Perante qualquer ofensa, não percas o sorriso fraternal e articula alguma frase, capaz de devolver o ofensor à tranqüilidade.

Nos empecilhos da existência, tolera os obstáculos sem rebeldia e eles se te farão facilmente removíveis.

No serviço profissional, suporta com paciência o colega difícil, e, aos poucos, em te observando a calma e a prudência, ele mesmo transformará para melhor as próprias disposições.

Em família, tolera os parentes menos simpáticos e, com os teus exemplos de abnegação, conquistarás de todos eles a bênção da simpatia.

No trânsito público, não passes recibo aos palavrões que alguém te dirija e evitará discussões de conseqüências imprevisíveis.

Nos aborrecimentos e provações que te surgem, a cada dia, suporta com humildade as ocorrências suscetíveis de ferir-te, e a tolerância se te fará a trilha de acesso à felicidade, de vez que aceitarás todos os companheiros do mundo na condição de filhos de Deus e nossos próprios irmãos.




Autor: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Plantão de Paz

sábado, 1 de agosto de 2015

AMIZADE E COMPREENSÃO.

AMIZADE E COMPREENSÃO.

Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem ainda agora podeis.

“ Paulo”. (I CORÍNTIOS, 3:2.)

 Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições, quanto às plantas, reclamam cultivo adequado.
 Compreensão não se improvisa.
 É obra de tempo, colaboração, harmonia.
 O próprio Cristo, primeiramente, semeou o ideal divino no coração dos continuadores, antes de recolher lhes o entendimento.
 Sofreu-lhes as negações, tolerou lhes as fraquezas e desculpou-lhes as exigências para formar, por fim, o colégio apostólico.
 Nesse particular, Paulo de Tarso fornece-nos judiciosa lição, declarando aos Coríntios que os criara "com leite".
 Tão pequena afirmativa transborda sabedoria vastíssima.
 O apóstolo generoso, gigante no conhecimento e na fé viva, edificara os companheiros de sua missão evangélica em Corinto, não com o alimento complexo das teses difíceis, mas com os ensinamentos simples da verdade e as puras demonstrações de amor em Cristo Jesus.
 Não lhes conquistara a confiança e a estima exibindo cultura ou impondo princípios, mas, sim, orando e servindo, trabalhando e amando.
 Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento.
 Como acontece ao trigo, no campo espiritual do amor, não será possível colher sem semear.
 Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva.
 Observa se estás exigindo flores prematuras ou frutos antecipados.
 Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador.
 Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros.
 Imita o lavrador prudente e devotado, se desejas atingir a colheita de grandes e precisos resultados.



Livro: Vinha de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier

Trabalhando Compreensão

http://www.cvdee.org.br/evangelize/pdf/1_0607.pdf

Razão e compreensão


O relacionamento com aqueles com quem convivemos e nos encontramos é sempre um desafio de alto significado.
O universo que cada um traz consigo, seu mundo particular, suas conquistas e dificuldades são expostas,  gerando, não poucas vezes, conflitos nas relações humanas.
Naturalmente que, quanto mais próximas e frequentes forem essas relações, mais elas exigem de nós.
Assim é que na vida em família, onde o verniz social e as aparências superficiais não se sustentam, os conflitos se mostram às vezes intensos.
Porém, não por acaso, a Providência Divina escolhe, define e, algumas vezes mesmo nos consulta, para estabelecer com quem e entre quem estaremos iniciando uma nova jornada.
Será no meio familiar que enfrentaremos os maiores desafios de relacionamento, e será ali, inúmeras vezes, que teremos as mais significativas lições para a vida.
Além do próprio lar, encontraremos outras oportunidades de aprendizado. Será o vizinho um tanto excêntrico, o chefe pouco tolerante, o colega de trabalho mal-humorado.
Porém, não podemos nos esquecer que será a vida de relação que nos possibilitará o exercício da compreensão, da tolerância, do amor ao próximo.
Ao entendermos cada ser humano como uma alma em evolução, que renasceu, como nós, mais uma vez, com bons desafios para enfrentar, veremos que somos todos mais parecidos do que podemos imaginar.
É claro que cada um traz suas peculiaridades, suas manias, suas falhas. Mas, em essência, somos todos almas buscando a perfeição.
Assim, quando alguma dificuldade acontece, no relacionamento com alguém, talvez seja melhor não buscar o enfrentamento.
Muitas vezes enfrentamos ao outro, discutimos, brigamos, gerando tensão e nervosismo, para deixar claro que estamos com a razão, que merecemos um pedido de desculpas.
E para isso, pagamos o preço de perdas de amizade, dificuldades no emprego, tensões familiares complexas.
Talvez, em nossas dificuldades de relacionamento, devêssemos nos perguntar quem está com a caridade, quem está com a compreensão, quem está com a humildade, e não quem está com a razão.
Afinal, a vida em sociedade, inevitável para nosso progresso, é a oportunidade de desenvolver valores morais de que ainda não dispomos.
Assim, o intolerante será nosso professor de paciência, o arrogante nos ensinará a humildade e o extravagante nos oportunizará o desenvolvimento da compreensão.
Todos aqueles que cruzam nossos caminhos nos trazem lições, de uma ou de outra maneira. Alguns pelo exemplo que oferecem, outros por aquilo que nos exigem para a convivência.
Nesse sentido, Jesus, o pedagogo por excelência, nos convida a, se alguém nos chamar para caminharmos mil passos, oferecermo-nos para andar dois mil. E, se alguém nos pedir a capa, oferecermos a túnica também.
Nessas aparentes perdas que imaginamos ter, aos olhos do mundo, estaremos ganhando, nas questões da alma, os verdadeiros e mais importantes valores que podemos amealhar para nós mesmos.

Redação do Momento Espírita.
Em 24.10.2012.

A Compreensão em Seu Coração

A Compreensão em Seu Coração

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Quando compreendemos nossa vida, nossas dificuldades, nossos problemas,
nossas escolhas, nossas amizades, nossos amigos, nossa família
e até aqueles que achamos ser nossos inimigos, colocamos em pratica
a benevolência e o discernimento, instalamos em nosso coração
um sentimento grandioso que é a Compreensão.
Se tivermos a capacidade de compreender todas as nossas dificuldades
e problemas, estamos colocando em prática a resignação
e quando compreendermos nossas escolhas e todas as pessoas que nos
cercam sem colocar o julgamento de suas ações, é porque realmente
estamos semeando o amor ao próximo
e a Caridade incondicional em nosso coração.
Ainda não somos perfeitos, compreendemos pouco da vida,
temos que nos empenhar diariamente para realmente compreendermos
os designos de Deus em nossa vida.
Compreendemos os seus recados quando não é conosco,
sempre temos uma palavra ao outro, e quando passamos por dificuldades
nos entregamos ao pessimismo e a angustia, não temos a compreensão
e a resignação como nossos amigos.
Sabemos que quando temos a compreensão em nós, nosso coração
fica mais aliviado e pode doar muito mais e principalmente nos dá
a sensação de estarmos caminhando corretamente
e buscando o caminho do bem.
Procuremos então todos juntos, verificar se em nossos corações
temos a Compreensão verdadeira e acima de qualquer julgamento,
desta forma estaremos hoje procurando tirar de nós aqueles
sentimentos que nos levam a incompreensão e as mágoas tão maléficas
para nossa saúde física e espiritual.
Fonte Site Gotas de Paz

A compreensão da vida

 Por Antônio Moris Cury

18 de abril de 1857, sábado de primavera em Paris, França, lançamento público de O Livro dos Espíritos, a obra fundamental do Espiritismo, que registrou por escrito, entre outros fatos, a existência do Mundo Invisível, explicando e comprovando que a Vida tem seu curso regular tanto no plano material quanto no plano espiritual, de tal modo que, além do mundo físico visível, existem seres invisíveis que constituem o Mundo dos Espíritos. Como era de se esperar, causou impacto e verdadeira revolução no campo do conhecimento humano.

Em pálida comparação, algo assemelhado ocorreu por ocasião da invenção do microscópio. Antes desse equipamento, que é um Instrumento óptico que usa uma combinação de lentes para produzir imagens ampliadas de pequenos objetos, especialmente daqueles que não podem ser vistos o olho nu (Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, 2ª edição, 2008, página 858), quando muito, havia mera suspeita da existência, por exemplo, de micróbios, de microrganismos, visto que até então nada se via, nada se enxergava, mas que nem por isso deixavam de existir.

O mesmo se dá com o ar, que não se vê, mas que ninguém duvida que exista.

Por isso, com o advento da obra fundamental do Espiritismo, ficou demonstrado e claro que todos somos Espíritos, os seres pensantes da Criação, ora encarnados (como nós, agora, aqui na Terra, por exemplo), ora desencarnados (os que saíram do corpo, diante de sua morte física, mas que não saíram da vida, porque passaram a integrar o Mundo dos Espíritos).

A propósito, esclarece o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o nosso Allan Kardec: Os Espíritos não são seres à parte, mas as próprias almas daqueles que viveram na Terra ou em outras esferas, e que deixaram seus invólucros materiais. Os Espíritos apresentam todos os graus de desenvolvimento intelectual e moral. Há, por consequência, bons e maus, esclarecidos e ignorantes, levianos, mentirosos, velhacos, hipócritas, que procuram enganar e induzir ao mal, como os há muitos superiores em tudo, e que não procuram senão fazer o bem. Esta distinção é um ponto capital.

E, logo adiante, enfatiza o eminente e culto professor: Os Espíritos não são, pois, seres abstratos, indefinidos, mas seres reais e limitados, tendo sua própria existência, que pensam e agem em virtude de seu livre-arbítrio. Estão por toda parte, ao redor de nós; povoam os espaços e se transportam com a rapidez do pensamento (Revista Espírita de 1859, também conhecida por Jornal de Estudos Psicológicos, 1ª edição do Instituto de Difusão Espírita, 1993, páginas 1 e 2).

Vale a pena ler e estudar as obras basilares que compõem a veneranda e abençoada Doutrina Espírita (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, O Evangelho segundo o Espiritismo, o Céu e O Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo e A Gênese – Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo), com ênfase, de modo particularmente especial, para O Livro dos Espíritos, fundamental por todos os títulos.

Tal empreitada tornará clara a compreensão da Vida e certamente retirará os estreitos limites que sobre ela costumamos estabelecer, a começar pelo fato de que todos nós, sem exceção, somos Espíritos, ou seja, imortais e indestrutíveis. Morre o nosso corpo físico, sim, que se decompõe e se transforma ou pode ser cremado, mas o Espírito, o verdadeiro ser, o ser pensante, continua vivo, vivíssimo, e retorna ao Mundo dos Espíritos, de onde proviemos e para onde regressaremos.

Consideramos este dado, por si, de enorme importância, pois, se bem entendido e sobre o qual haja convicção, não restará qualquer dúvida, por mínima que seja, de que realmente somos seres imortais, que viveremos para todo o sempre; seres indestrutíveis, portanto, cada qual com a sua individualidade inteiramente preservada, assim como preservados ficarão o conhecimento adquirido, as virtudes conquistadas e, como o indicam a lógica e o bom senso, os erros, males e equívocos que ainda não tenhamos conseguido corrigir e reparar.

Resta clara também a ampla possibilidade de progresso intelectual e moral, continuamente, com o nosso aperfeiçoamento pessoal permanente, através de outras reencarnações, por exemplo, razão pela qual um dia vivenciaremos a felicidade completa.

Deus, que é a inteligência suprema e a causa primeira ou primária de todas as coisas (questão nº 1 de O Livro do Espíritos), não erra. O Universo está sob o seu comando e controle. E Jesus, Seu filho, modelo e guia da Humanidade, é o governador espiritual do planeta Terra.

Basta que prestemos atenção para percebermos que a Natureza é perfeita, que as Leis Naturais são perfeitas e, exatamente por isso, imutáveis.

Mutável é a lei humana, mutável é o comportamento humano, que incontáveis vezes provoca erros, danos e prejuízos. A Terra é um planeta de expiações e de provas, de categoria inferior no Universo, onde prevalecem o mal e a imperfeição, ainda.

Responsabilidade total nossa, que nos deixamos conduzir por interesses e sentimentos inferiores, saltando aos olhos a presença do orgulho, do egoísmo, da vaidade, da maledicência, da mentira, da arrogância, do desrespeito, da desonestidade etc.

Para dizer o mínimo, no dia em que houver mais seriedade e maior consciência de que, sendo imortais, teremos que nos acertar com a Vida, mais dia menos dia, certamente mudaremos nossa postura e compostura, para melhor, e procuraremos fazer a parte que nos cabe do melhor modo possível, com zelo, qualidade e amor, e principalmente sem hesitar, ainda que por um átimo, em optar pelo Bem, em fazer o Bem sempre, em qualquer circunstância e em qualquer situação.

Nesse ponto, importante registrar a notável advertência de Emmanuel, Espírito, através do médium Francisco Cândido Xavier: E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas (Caminho, Verdade e Vida, 28ª edição FEB, 2008, página 96).

Quando tal acontecer, o amor, a lei maior da vida, estará prevalecendo em nosso dia a dia. E, sem a menor sombra de dúvida, seremos mais felizes.

Com estas ligeiras observações, desejamos expressar nossa gratidão, nosso melhor agradecimento, nossa admiração e nosso profundo respeito a todos os que tornaram possível a elaboração e a veiculação desta monumental obra [e de modo muitíssimo especial ao Espírito Verdade e a Allan Kardec, bem como aos seus inúmeros colaboradores], que em 2013 completa 156 anos como verdadeiro farol a propagar luzes de esclarecimento, orientação e consolo.

Compreensão


Os 12 Apóstolos de Jesus, foram preparados pelo próprio Cristo, no plano espiritual antes de virem a Terra. Todos possuíam muita sabedoria, muito raciocínio e a grande maioria, muita simplicidade.
Bezerra de Menezes nos diz que, todos carregavam em seus espíritos, defeitos que deveriam ser eliminados e que deveriam aprender a caminhar sob os passos da consciência do Cristo.
Em Betsaída, pequena cidade da Galiléia, Jesus, ficou por várias semanas, junto de seus apóstolos. Todas as noites eles se reuniam no antigo casarão dos pescadores, assim era conhecido, pois durante o dia os pescadores usavam para descansar e trocar experiências. À noite durante as reuniões havia uma verdadeira chuva de luzes...
Foram nessas reuniões que o Evangelho criou raízes nos corações dos Apóstolos.
Foram nessas reuniões que Jesus aperfeiçoou a todos eles.
E foi nessas reuniões que todos conseguiram eliminar de seus espíritos o ódio..., o ciúme..., a inveja..., aprenderam a perdoar..., disciplinaram a língua..., deixaram de julgar... e aprenderam a andar sob os passos da consciência do Cristo.
Felipe um dos Apóstolos, era um homem de muito raciocínio, tinha uma sede muito grande por conhecer as verdades da vida material e da vida espiritual. Sua mente não parava de buscar respostas a todas suas dúvidas. Mas era muito cauteloso, quando encontrava uma doutrina que lhe atraía, não aceitava de pronto; analisava..., colocava sob o crivo da razão e muita vez apresentava a alguém de sua confiança, a fim de conhecer o seu parecer.
Felipe tinha também, uma grande dificuldade; expor seu ponto de vista ao outro. Tudo isso o incomodava bastante.
Um dia passeando nos arredores de Betsaída ele se pôs a pensar: - "Será que minha mente é como o estômago, quando está cheio se sente satisfeito, mas logo depois começa pedir alimento?”.
Quando saio das reuniões com Jesus, me sinto entendedor de todas as verdades, mas quando encontro alguém que não crê na vida espiritual, logo me encho de dúvidas e me questiono se estou buscando o caminho certo!
Nisso... Logo mais à frente havia algumas ovelhas passeando e uma delas veio em sua direção, passando bem rente à sua perna, Felipe com o instinto de uma criança, acariciou a ovelha, e fez menção que iria pegá-la... A ovelha saiu correndo e em seguida volta e passa a cabeça na perna de Felipe, que continua a acarinhar o animal e se pôs a pensar: ... Olha... a ovelha entendeu que não queria lhe fazer mal algum e retribui o carinho!
Nisso chega seu amigo Natanael lhe saudando "A paz esteja contigo" e Felipe, muito sério diz: - Natanael... quando pensamos no Mestre Jesus ele nos atende da maneira que estiver mais próxima de nós...pode ser até um animal!
Natanael não entendeu o amigo, mas ficou curioso! Olhou para o céu, viu que o sol já estava se ponde e disse; - Vamos... vamos! Temos um compromisso. Saíram caminhando apressadamente e com a visão lateral, Felipe percebeu que estavam sendo seguidos pela ovelha narrando o ocorrido ao amigo.
Chegando à reunião com o Mestre, todos os Apóstolos já estavam sentados e muito felizes, pois ser evangelizados pelo próprio Cristo era extasiante!
Jesus passa o olhar sob os Discípulos e para em André, que sente uma forte vontade de fazer uma prece. Levanta-se e roga a Deus as bênçãos daquela noite.
Em seguida Felipe se levanta e com todo o respeito fala a Jesus; - Mestre Jesus, o Senhor poderia explicar a todos nós, mas com especialidade a mim, o que vem a ser a inconstância da Compreensão? Quando saio dessas reuniões, me sinto fortalecido na Fé e me sinto um gigante em virtudes; mas quando encontro alguém que não pensa exatamente com eu, me desequilibro e se não tomar cuidado parto para a agressão verbal. Aí Mestre me encho de dúvidas se é esse mesmo o meu caminho.
Jesus olha para Felipe com Seu doce e meigo olhar e começa a falar: ... Felipe quando vamos construir uma morada, é preciso que ela seja segura! Abrimos uma vala... fazemos o alicerce...erguemos as paredes...e cobrimos com o telhado. Assim ela está pronta para a entrada dos moradores. Todo ser humano deve ter uma casa mental sólida. Devemos limpar as valas eliminando os pensamentos deprimentes... Ruins... Enchemos com pedras que representem os ideais superiores misturados com a argamassa da boa vontade. Erguemos as paredes, onde cada tijolo represente um conceito das Leis de Deus e o telhado... É a vivencia diária, com o conhecimento adquirido. Jesus deu uma pausa para que seus apóstolos pudessem digerir as informações e continuou...
Felipe é através das inconstâncias do dia-a-dia que saberemos se aprendemos a lição da Vida! Todos os aparelhos são testados várias vezes para saber se funcionam... É nós... somos testados diariamente até estarmos aptos a sermos servidores do Pai.
Nisso ouve-se um barulho lá fora... é a ovelha, parecendo estar chamando à Felipe. Ele olha para o amigo Natanael, trocam um leve sorriso e Jesus continua...
Felipe compreender a ovelha foi fácil não! Porque ouve ali, uma troca de entendimento. Agora, compreender o outro que nos ofende, nos calunia e usa da maledicência é difícil. Use sua mente para entender o próximo, pois quando entendemos a forma de pensar do outro... nosso coração, transforma todo sentimento em perdão.
E Jesus, olhando para todos os Apóstolos falou... E todos vós a compreensão deve ser envolvida em muita pureza, pois a luz de entendimento que recebeis, segaria a quaisquer outros olhos, e há quem muito é dado, muito é pedido. Todos nós, sem exceção, viemos para servir sem esperar ser servidos e o maior mal, até daquele que esta despertando para a luz, é ajudar esperando ser ajudado..., é perdoar, esperando ser perdoado..., é sorrir esperando receber um sorriso de volta..., é dar pousada a um viajante esperando que a vida lhe ofereça oportunidade de viajar.
Todos vós conheceis a Deus através de mim.
Assim, todos os Apóstolos ficaram maravilhados e com a mente repleta de ensinamento, terminando a reunião da noite, todos saíram em silêncio com seus pensamentos...




E a todos nós:Ave Luz...
Que possamos estar sempre atentos aos nossos pensamentos.
Pois,

"Veja você que, no fim das contas, é entre você e Deus... nunca foi entre você e os homens” Madre Tereza de Calcutá.

Elaine Saes
Texto baseado no livro Ave Luz - Compreensão. (João Nunes Maia - Espírito Shaolin)
Palestra I - Casa da Prece Jesus nos Guie - 12 de abril de 2012.

A força da compreensão


Um brinquedo de Jonas havia desaparecido. Irritado, suspeitando que seu irmão Lucas, de apenas três anos de idade, era o culpado, gritou:

— Lucas, devolva meu carrinho vermelho novo.

— Não sei onde está. Não peguei seu carrinho — respondeu o pequeno.

— Pegou sim. Diga onde você o escondeu, Lucas!

Mas o garotinho repetia, batendo o pé no chão e chorando:

— Não peguei, não peguei, não peguei.

Ao ver a confusão armada e Lucas em prantos, a mãe pega o pequeno no colo e diz ao filho mais velho:

— Jonas, meu filho, você já tem onze anos e não pode ficar brigando com seu irmãozinho. Se Lucas disse que não pegou, acredite. Procure direito e acabará encontrando seu brinquedo.

Bufando de raiva, Jonas sai da sala e começa a procurar o carrinho. Procurou no quarto de dormir, no quintal, na varanda, na sala e até no banheiro. Nada de encontrar seu brinquedo preferido.

Sem saber mais onde buscar, Jonas entrou no escritório e, olhando para a estante de livros do seu pai, pensou: Só pode estar aí!
Retirou todos os livros da estante.
Quando o pai chegou, ao entardecer, levou um susto. Encontrou Jonas perdido no meio dos livros, desanimado.

— O que aconteceu, meu filho? — perguntou, espantado.

— Estava procurando meu carrinho, papai.

— No meio dos meus livros? E você o achou?

— Não, papai.

— Bem. Então, agora coloque os livros no lugar.

— Mas, papai! Estou cansado! — reclamou o garoto, fazendo uma careta.

Com muita paciência, o pai considerou:

— Jonas, foi você que fez essa bagunça. Logo, é você que deve arrumar tudo, colocando os livros no lugar! Pode começar já, caso contrário não terminará até a hora de dormir.

Eles não viram que o pequeno Lucas tinha entrado, se escondido atrás da mesa, e ouvia a conversa.

Assim que o pai saiu da sala, Lucas se prontificou com seu jeitinho:

— Quer ajuda, Jonas?

Com uma grande pilha de livros nos braços, que mal podia carregar, o irmão respondeu mal-humorado:

— Você?! Saia daqui, pirralho! Você não tem força para levar livros tão pesados. Agora me deixe trabalhar!

Não demorou muito, Jonas estava exausto. Resolveu parar um pouco para descansar e tomar um lanche, mas estava tão cansado que se sentou no sofá da sala, diante da televisão, e acabou cochilando.

Ao acordar, levou um susto!

"Meu Deus! Eu adormeci e não acabei de arrumar os livros do papai!"

Correu para o escritório e teve uma grande surpresa.

Parecia um milagre! Apesar de um pouco desalinhados, os livros estavam todos no lugar!

— Quem terá feito isso? — perguntou baixinho, sem poder acreditar.

Uma voz alegre e cristalina respondeu:

— Fui eu!

Era Lucas, satisfeito com seu serviço, carregando o último livro.

— Como você conseguiu fazer isso, Lucas? Eles são muito pesados! Como pôde carregar uma pilha de livros?

— Ora, não carreguei uma pilha de livros. Levei um por um!

Jonas fitou o irmão, admirado do trabalho que ele tinha realizado. Compreendeu que menosprezara a ajuda do pequeno Lucas julgando-o incapaz. No entanto, o irmãozinho provara que podia realizar aquela tarefa. Certamente, não conseguiria levar um peso grande, mas tinha usado a cabecinha e transportado os livros aos poucos.

Jonas aproximou-se do irmão e abraçou-o com carinho.

— Lucas, hoje você me mostrou que sempre podemos realizar aquilo que desejamos. Basta que tenhamos boa vontade e criatividade. Obrigado, irmãozinho.

Os pais, que passavam naquele momento e pararam para observar a cena, também ficaram satisfeitos ao ver os irmãos abraçados e em paz.

Sorridente, a mãe considerou:

— Para que a lição seja completa ainda falta uma coisa, Jonas. Lembra-se do seu carrinho vermelho? Pois eu o encontrei, meu filho. Estava no meio das suas roupas, no armário.

Corando de vergonha, Jonas virou-se para o irmão e disse:

— Lucas, nem sei como me desculpar pela maneira como agi. Por duas vezes hoje eu o julguei mal e errei. Além disso, você mostrou que é pequeno no tamanho, mas que tem um grande coração. Apesar de ter sido maltratado por mim, suportado o meu mau humor, minha irritação, esqueceu tudo e, quando viu que eu estava em apuros, ajudou-me com alegria, realizando uma tarefa que era minha. Você pode me perdoar?

O pequeno abraçou Jonas com um largo sorriso:

— Claro! Você me leva para passear amanhã?

Todos riram, satisfeitos por fazerem parte de uma família que tinha problemas como qualquer outra, mas que acima de tudo era feliz, porque existia compreensão, generosidade e amor entre todos.

                       Celia Xavier de Camargo


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QUANDO A COMPREENSÃO ESTIVER CONOSCO

QUANDO A COMPREENSÃO ESTIVER CONOSCO

Quando a compreensão estiver em nossos olhos, fixaremos na cicatriz do próximo a dificuldade respeitável de um irmão.

Quando a compreensão morar em nossos ouvidos, receberemos a injúria e a maldade, nelas sentindo o incêndio e o infortúnio que ainda lavram no espírito daqueles que nos observam, sem exato conhecimento.

Quando a compreensão se nos aninhar no próprio verbo, o falso julgamento surgirá, junto de nós, por enfermidade lamentável, de quem nos procura, e saberemos fazer o silêncio bendito com que se possa, tanto quanto possível, impedir a extensão do mal.

Quando a compreensão se nos associar ao raciocínio, identificaremos nos pensamentos infelizes a deplorável visitação da sombra, diante da qual acenderemos a luz da fé para a justa resistência.

Quando a compreensão clarear-nos o sentimento, a rigidez espiritual jamais encontrará guarida em nós outros, porque o calor da benevolência irradiar-se-nos-á do espírito, estimulando a alegria dos bons e reduzindo a infelicidade dos companheiros que ainda se confiam à ignorância.

Quando a compreensão brilhar em nossas mãos, a preguiça não nos congelará a boa vontade e aproveitaremos as mínimas oportunidades do caminho para as tarefas do amor que o Mestre nos legou.

“Bem-aventurados os limpos de coração!” — proclamou o Excelso Amigo.

Sim, bem-aventurados os que esposam o bem para sempre, porque semelhantes trabalhadores da luz sabem converter a treva em claridade, os espinhos em flores, as pedras em pães e a própria derrota em vitória, criando invariavelmente o Céu onde se encontram e apagando os variados infernos que a ignorância inflama na Terra para tormento da vida.

(De “Luz e Vida”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)


Compreensão

“Na vida não basta saber, é imprescindível compreender. Os livros ensinam, mas só o esforço próprio aperfeiçoa a alma para a grande a abençoada compreensão”. (Emmanuel).

    A compreensão é a capacidade de entender o significado de algo. É condição, característica ou prédisposição para aceitar e respeitar opiniões ou comportamentos alheios. Nem todos tem a capacidade de compreender os problemas colocados pelas pessoas, isso gera discórdias. A compreensão está diretamente ligada à capacidade intelectual e o conhecimento espiritual de cada um. Por isso, deve-se ter cuidado ao expor as suas opiniões, porque nem todos possuem conhecimento suficiente, ou a evolução espiritual necessária para entender as colocações. Essa situação pode gerar muitos conflitos.
    Vejamos o que nos disse André Luiz sobre esse tema: -“Reclamar compreensão e resultados de criaturas e situações, ainda incapacitadas para no-los dar, constitui exigência mais cruel que a solicitação de recompensas imediatas. Os que auxiliam alguém, interessados no reconhecimento ou na compensação, quase sempre permanecem de olhos cerrados para o concurso divino e invisível que de Mais Alto recebem. Exigem que outros lhes identifiquem a posição de benfeitores, mas nunca se recordam de que amigos sábios e desvelados lhes oferecem a melhor cooperação de planos superiores, sem deles reclamar a mínima nota de gratidão pessoal”.
    O Espiritismo chegou para fazer o homem compreender melhor a sua trajetória aqui na Terra. Seus ensinamentos levam o cidadão a compreender que cada ser humano é diferente do outro, nas aquisições intelectuais e na evolução do Espírito.  Mostra que não se pode tratar todos num mesmo patamar de conhecimento e com isso a compreensão das diferenças são aceitas com naturalidade.
    Queixa-se, amiúde, o homem de não compreender certas coisas e, no entanto, curioso é ver-se como multiplica as dificuldades, quando tem ao seu alcance explicações muito simples e naturais. (João Gonçalves Filho). Para melhorar a humanidade urge que continue a proliferação dos conhecimentos espíritas, somente assim o entendimento entre os homens ficará cada vez melhor.
    Não sejas menino no entendimento, mas sede meninos na malicia e adultos no entendimento. (João Gonçalves Filho).
Fontes:
Romeu Leonilo Wagner, Belém, Pará;
Missionários da Luz, de André Luiz, por Chico Xavier;
www.guia.heu.nom.br.