quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Tempo de despertar a alma - Adenáuer Novaes


“Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa que saiu de madrugada para assalariar trabalhadores para a sua vinha.” Mateus, 20:1.

O Cristo propôs salário àqueles que começassem a trabalhar mais tarde de igual valor aos que tivessem iniciado mais cedo. À primeira vista é um contra-senso, pois que, hoje em dia, se paga o salário pela hora trabalhada. Por outro ângulo, do ponto de vista ainda legal, pode-se afirmar que, depois de admitido no emprego, quando nada há para fazer no início de sua jornada de trabalho, o operário receberá a diária independente de ter iniciado a tarefa apenas no final do dia. Seria, portanto, pertinente o pagamento do mesmo salário independente da produção do operário, se não havia trabalho a ser feito.

Podemos, no entanto, estabelecer outras considerações a respeito do tema, tendo em vista a aparente injustiça na afirmação de que, cabe o mesmo salário ao que trabalhou o dia inteiro e àquele que só o fez na última hora do dia.

A complexidade da vida na Terra requer do ser humano a habilidade de aprender a fazer escolhas, pois muitos são os caminhos e processos a seguir. Há muito que aprender, não sendo possível fazê-lo numa única encarnação. Ao fazer suas escolhas estará, automaticamente, renunciando a outras, as quais poderá ter que optar mais tarde. Parecerá que, ao escolher determinada via, tenha negligenciado outras que, aparentemente, seriam mais importantes. Quando tiver que retomar aquelas vias não escolhidas, outros já a terão trilhado, parecendo displicência sua. Os que optaram primeiro pela via por ele não escolhida, serão os trabalhadores da primeira hora. Quando ele optar, será o trabalhador da última hora.

De um ponto de vista psicológico poderíamos afirmar que se trata de escolher aquilo que está mais próximo da consciência, como também o que é mais importante para o Espírito naquele momento. As escolhas recaem, muitas vezes, em resolver e vivenciar, o quanto antes, as questões primeiras do processo de Vida, tais como: profissão, casamento, filhos, dinheiro, etc, deixando-se de lado o que seria mais fundamental. Relega-se, na maioria das vezes, a último plano as questões ligadas à espiritualidade. Na visão junguiana existe uma zona psíquica consciente e outra inconsciente, sendo esta muito mais abrangente que aquela. Ao decidir-se cuidar de seu mundo interior, o ser humano pode iniciar seu processo com suas questões ligadas à área inconsciente como também iniciar pelas ligadas à área consciente. Se optar pela primeira, saberá que se trata de um processo longo e mais difícil do que se optasse pela última. Na primeira, terá que fazer um mergulho maior em sua essência, tendo que buscar aspectos mais profundos de sua personalidade, isto é, suas motivações espirituais, suas capacidades evolutivas, sua tendências arquetípicas, etc. Na última, tenderá a cuidar dos aspectos mais recentes de sua vida: infância, relacionamento familiar, escolha profissional, vivência afetiva, etc., todos estes da atual reencarnação.

Para quem optou pela primeira, ao se deparar com aqueles que optaram pela última, parecerá futilidade ou superficialidade tal preferência. Talvez ele não perceba que, um dia, terá que fazer semelhante caminho. Parecerá injusto para ele, por ter trilhado um caminho mais difícil e longo, chegar ao mesmo ponto que aquele que viveu processos, por ele considerados superficiais e, às vezes, fúteis. São os caminhos humanos e deverão ser trilhados por todos nós.

Psicologicamente, na idade adulta, é dar atenção às questões transcendentes do Self, além de cuidar das questões ligadas ao ego. Pode ser um equívoco não dar atenção à estruturação do ego na ascensão espiritual. Há pessoas que enveredam pela religiosidade exacerbada sem cuidar de sua vida pessoal.

O salário é o mesmo, porém o trabalho de estruturação do Espírito como ser interexistente da vida material e da vida espiritual é fundamental. Há que se buscar realizar-se em ambos os campos.

A última hora é o tempo não contado onde não se tem mais esperança quanto ao futuro. É o momento do entardecer na vida do ser humano. É o instante do desânimo e da possibilidade de fracasso. É também nesse momento que se deve buscar o crescimento espiritual, isto é, a atenção às coisas do Espírito. Não deve o candidato ao crescimento espiritual culpar-se por começar mais tarde e após ter vivido uma vida material preenchida de equívocos. É sempre tempo de começar a plantar a semente do próprio crescer.

Uma análise mais profunda nos levaria a entender que o Cristo também nos alertava quanto ao tempo e sua premência. Chamava-nos a atenção para que aproveitássemos todos os momentos de nossa Vida. É
sempre a última hora, o derradeiro minuto, isto é, nunca é tarde para buscarmos a transformação de nossos hábitos equivocados em atitudes positivas. Talvez ele também nos alertasse quanto ao momento do planeta Terra, que passa por uma fase transitória de provas e expiações para uma outra de renovação moral. Alerta-nos para valorizarmos todos os momentos de nossa Vida na busca do equilíbrio e da paz, pois o ‘salário’ será recompensador.

Àquele que reclamara por ter recebido o mesmo salário, embora tenha trabalhado mais, ele diz: “Mas o
proprietário respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te; pois quero dar a este último, tanto quanto a ti. Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos].”26 O preço do trabalho é o mesmo para todos os Espíritos, quer tenham começado seu processo evolutivo mais cedo ou não. Todos alcançaremos a felicidade através do conhecimento e da vivência das leis de Deus.

As palavras contidas na parábola do trabalhador da última hora nos levam a entender que não se deve retirar a esperança da vida das pessoas. Mesmo que a pessoa viva iludida, não se deve sumariamente eliminar o motivo que a mantém viva. É preciso aproveitar sua última cota de esperança e de motivação para lhe fazer perceber uma nova realidade. É dar-lhe o ‘salário’ necessário para que rompa com os equívocos do passado.

A mensagem da parábola nos convida a não viver do passado nem reclamar do que não tivemos. Fixar-se no passado é perder tempo no presente. A investigação do próprio passado só tem sentido quando buscamos acertar no presente para não mais cometermos equívocos no futuro.

O trabalhador da última hora não perde tempo em disputas estéreis com seu semelhante, uma vez que enxerga em si mesmo seu próprio adversário interior. É esse seu campo de batalha onde terá de sair vitorioso no futuro. Sua felicidade, isto é, seu ‘salário’ lhe é dado pelo seu próprio esforço em se melhorar.

As frustrações da infância ou de outras encarnações não devem se constituir em exigências do presente, mas tão somente em caminhos percorridos a fim de se apreender as leis de Deus.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NINGUÉM É VÍTIMA


Ninguém é Vítima!

A vida é sábia e justa. Sempre estaremos diante das situações que precisamos enfrentar.

Ninguém é uma vítima inocente do acaso, do destino ou do azar.

Temos a vida que construímos com os nossos próprios atos e ações.

A vida que vivemos hoje é resultante dos créditos e débitos que já contraímos com o uso do livre arbítrio, em vidas anteriores.

Não podemos culpar a Deus e nem aos nossos pais por algo que nos falte ou por situação econômica adversa em que nos encontremos. Ou não soubemos lidar com a abastança e a riqueza, em vida anterior, ou a virtude que nos compete adquirir, nesta vida, será de mais fácil aprendizado sendo pobres.

Condições adversas de saúde, desde o nascimento, ou mesmo as que nos atingem na maturidade, também elas são frutos de nossas atitudes perante as vidas anteriores.  Todos os desregramentos e excessos (vícios) trazem uma cobrança posterior.  Os que se suicidam na vida presente receberão corpos mutilados ou deficientes em vidas futuras.

Deus não escolhe uns para a felicidade e outros para o sofrimento...

É a Lei da Ação e da Reação corrigindo erros e reparando danos causados. É o carma de que nos fala a cultura oriental.

Ninguém escapa da colheita obrigatória dos frutos que semeou.

Se temos ou não temos algo, se vivemos dessa ou daquela forma, se somos felizes ou infelizes, estejamos conscientes de que ninguém interferiu  para que assim fosse. Fomos nós mesmos que construímos essa realidade.

A vida de hoje é a oportunidade de saldarmos os débitos e conquistarmos créditos para o que será a nossa próxima vida terrestre.

Se aceitamos as condições presentes  e as compreendemos como justiça e graça divinas, teremos aprendido a lição e estaremos livres para conquistar melhores condições ainda nesta vida presente.

Ninguém está preso ao “karma”, tem, apenas,  que passar por ele, aprender com ele e superá-lo.

Não estamos sozinhos nessa empreitada, Deus designou um Guia e Anjo da Guarda para nos orientar e ajudar nessa conquista.


Jesus é a Luz e o Caminho

Caminhar para Luz é decisão de cada um.

A Síndrome de Vítima




A incapacidade de aceitar o mundo como ele é...



Todo o comportamento humano decorre da concepção que nós temos da realidade e nessa realidade existem dois pólos bastante distintos: aquilo que nós somos e aquilo que nos cerca. Nossa postura na vida depende do modo como estabelecemos essa relação: a relação entre nós e os outros, entre nós e os membros da nossa família, entre nós e outros membros da sociedade, entre nós e as coisas, entre nós e o trabalho, entre nós e a realidade externa. A nossa maneira de sentir e de viver depende de como cada um de nós interioriza a relação entre essas duas partes da realidade. E uma das formas que aprendemos de nos relacionarmos com os outros é a postura que designamos por vítima.


O que é a vítima? A vítima é a pessoa que se sente inferior à realidade, é a pessoa que se sente esmagada pelo mundo externo, é a pessoa que se sente desgraçada face aos acontecimentos, é aquela que se acostuma a ver a realidade apenas em seus aspectos negativos. Ela sempre sabe o que não deve, o que não pode, o que não dá certo. Ela consegue ver apenas a sombra da realidade, paralelo a uma incrível capacidade para diagnosticar os problemas existentes. Há nela uma incapacidade estrutural de procurar o caminho das soluções e, neste sentido, ela transfere os seus problemas para os outros; transfere para as circunstâncias, para o mundo exterior, a responsabilidade do que está lhe acontecendo. Esta é a postura da justificativa. Justificar-se é o sinal de que não queremos mudar. Para não assumirmos o erro, justificamo-nos, ou seja, transformamos o que está errado em injusto e, de justificativa em justificativa, paralisamo-nos, impedimo-nos de crescer. A vítima é incompetente na sua relação com o mundo externo. Enquanto colocarmos a responsabilidade total dos nossos problemas em outras pessoas e circunstâncias, tiraremos de nós mesmos a possibilidade de crescimento. Em vez disso, vamos procurar mudar as outras pessoas.


Este tipo de postura provém do sentimento de solidão. É quando não percebemos que somos responsáveis pela nossa própria vida, por seus altos e baixos, seu bem e seu mal, suas alegrias e tristezas; é quando a nossa felicidade se torna dependente da maneira como os outros agem. E como as pessoas não agem segundo nosso padrão, sentimo-nos infelizes e sofredores. Realmente, a melhor maneira de sermos infelizes é acreditarmos que é à outra pessoa que compete nos dar felicidade e, assim, mascaramos a nossa própria vida frente aos nossos problemas.

A postura de vítima é a máscara que usamos para não assumirmos a realidade difícil, quando ela se apresenta. É a falta de vontade de crescer, de mudar‚ escondida sob a capa da aparição externa. Essa é uma das maiores ilusões da nossa vida: desejarmos transferir para a realidade que não nos pertence, sobre a qual não possuímos nenhum controle, as deficiências da parte que nos cabe. Toda relação humana é bilateral: nós e a sociedade, nós e a família, nós e o que nos cerca. O maior mal que fazemos a nós próprios é usarmos as limitações de outras pessoas do nosso relacionamento para não aceitarmos a nossa própria parte negativa.

Assim, usamos o sistema como bode expiatório para a nossa acomodação no sofrimento. A vítima é a pessoa que transformou sua vida numa grande reclamação. Seu modo de agir e de estar no mundo é sempre uma forma queixosa, opção que é mais cômoda do que fazer algo para resolver os problemas. A vítima usa o próprio sofrimento para controlar o sentimento alheio; ela se coloca como dominada, como fraca, para dominar o sentimento das outras pessoas. O que mais caracteriza a vítima é a sua falta de vontade de crescer. Sofrendo de uma doença chamada perfeccionismo, que é a não aceitação dos erros humanos, a intolerância com a imperfeição humana, a vítima desiste do próprio crescimento. Ela se tortura com a idéia perfeccionista, com a imagem de como deveria ser, e tortura também os outros relativamente àquilo que as outras pessoas deveriam ser. Há na vítima uma tentativa de enquadrar o mundo no modelo ideal que ela própria criou, e sempre que temos um modelo ideal na cabeça é para evitarmos entrar em contato com a realidade. A vítima não se relaciona com as pessoas aceitando-as como são, mas da maneira que ela gostaria que fossem. É comum querermos que os outros sejam aquilo que não estamos conseguindo ser, desejar que o filho, a mulher e o amigo sejam o que nós não somos.

Colocar-se como vítima é uma forma de se negar na relação humana. Por esta postura, não estamos presentes, não valemos nada, somos meros objetos da situação. Querendo ser o todo, colocamo-nos na situação de sermos nada. Todavia, as dificuldades e limitações do mundo externo são apenas um desafio ao nosso desenvolvimento, se assumirmos o nosso espaço e estivermos presentes.

Assim, quanto pior for um doente, tanto mais competente deve ser o médico; quanto pior for um aluno, mais competente deve ser o professor. Assim também, quanto pior for o sistema ou a sociedade que nos cerca, mais competentes devemos ser com pessoas que fazem parte desta sociedade; quanto pior for nosso filho, mais competentes devemos ser como pai ou mãe; quanto pior for a nossa mulher, mais competentes devemos ser como marido; quanto pior for nosso marido, mais competentes devemos ser como esposa, e assim por diante. Desta forma, colocamo-nos em posição de buscar o crescimento e tomamos a deficiência alheia como incentivo para nossas mudanças existenciais. Só podemos crescer naquilo que nós somos, naquilo que nos pertence. A nossa fantasia está em querermos mudar o mundo inteiro para sermos felizes. Todos nós temos parte da responsabilidade naquilo que está ocorrendo. Não raras vezes, atribuímos à sociedade atual, ao mundo, a causa de nossas atribulações e problemas. Talvez seja esta a mais comum das posturas da vítima: generalizar para não resolver. Os problemas da nossa vida só podem ser resolvidos em concreto, em particular. Dizer, por exemplo, que somos pressionados pela sociedade a levar uma vida que não nos satisfaz, é colocar o problema de maneira insolúvel. Todavia, perguntar a nós mesmos quais são as pessoas que concretamente estão nos pressionando para fazer o que nos desagrada, pode ajudar a trazer uma solução. Só podemos lidar com a sociedade em termos concretos, palpáveis. Conforme nos relacionamos com cada pessoa, em cada lugar, em cada momento, estamos nos relacionando com a sociedade, porque cada pessoa específica, num determinado lugar e momento, é a sociedade para nós naquela hora. Generalizamos para não solucionarmos, e como tudo aquilo que nos acontece está vinculado à realidade, todas as vezes que quisermos encontrar desculpas para nós basta olhar a imperfeição externa.


Colocar-se como vítima é economizar coragem para assumir a limitação humana, é não querer entender que a morte antecede a vida, que a semente morre antes de nascer, que a noite antecede o dia. A vítima transforma as dificuldades em conflito, a sua vida num beco sem saída. Ser vítima é querer fugir da realidade, do erro, da imperfeição, dos limites humanos. Todas as evidências da nossa vida demonstram que o erro existe, existe em nós, nos outros e no mundo. Neurótica é a pessoa que não quer ver o óbvio. A vítima é uma pessoa orgulhosa que veste a capa da humildade. O orgulho dela vem de acreditar que ela é perfeita e que os outros é que não prestam. Crê que se o mundo não fosse do jeito que é‚ se sua esposa não fosse do jeito que é‚ se seus filhos não fossem do jeito que são, se o seu marido fosse diferente, ela estaria bem, porque ela, a vítima, é boa, os outros é que têm deficiências, apenas os outros têm que mudar.


A esse jogo chama-se o "Jogo da Infelicidade". A vítima é uma pessoa que sofre e gosta de fazer os outros sofrerem com o sofrimento dela, é a pessoa que usa suas dificuldades físicas, afetivas, financeiras, conjugais, profissionais, não para crescer, mas para permanecer nelas e, a partir disso, fazer chantagem emocional com as outras pessoas.

A vítima é a pessoa que ainda não se perdoou por não ser perfeita e transformou o sofrimento num modo de ser, num modo de se relacionar com o mundo. É como se olhasse para a luz e dissesse: "Que pena que tenha a sombra...", é como se olhasse para a vida e dissesse: "Que pena que haja a morte...", é como se olhasse para o sim e dissesse: "Que pena que haja o não...". E se nega a admitir que a luz e a sombra são faces de uma mesma moeda, que a vida é feita de vales e de montanhas.


Não são as circunstâncias que nos oprimem, mas, sim, a maneira como nos posicionamos diante delas, porque nas mesmas circunstâncias em que uns procuram o caminho do crescimento, outros procuram o caminho da loucura, da alienação. As circunstâncias são as mesmas, o que muda é a disposição para o alvorecer e para o desabrochar, ou para murchar e fenecer.



Texto de Antônio Roberto Soares/Psicólogo



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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Os trabalhadores da última hora


“Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
 (S. Mateus, cap. XX VV 1 a 16).


A interpretação desta passagem do Evangelho de S Mateus, pela Doutrina Espírita, quando bem entendida, traz mais um dos tantos benefícios consoladores aos que anseiam por definir rumos mais ditosos em suas vidas.

Na parábola dos Trabalhadores da Última Hora, o Mestre Jesus compara o proprietário de uma vinha ao Pai Maior e os trabalhadores a seus filhos, nós todos.
Bem entendida, a parábola nos esclarece que as oportunidades de trabalho surgem sempre a todos, mesmo em horas tardias, e que se atendido este convite, que chega sempre em hora certa, a paga será compensadora, visto que estivera o trabalhador sempre pronto.
Já nos diz o espírito André Luiz no livro Nosso Lar, psicografado por Chico Xavier: “Quando o trabalhador está pronto, o serviço aparece”.
Falamos sim do trabalho que a Doutrina Espírita oferta a todos que se dispõe a divulgá-la e a vivê-la.
Assim como um profissional especializado precisa de uma formação, de um treinamento para iniciar seu trabalho de forma produtiva e eficiente, dá-se o mesmo com aquele que poderá servir ao Cristo Jesus, seja em que âmbito for, na divulgação e testemunho do Seu Evangelho.
E para a Doutrina Espírita não é diferente.
Em sua célula básica de divulgação, a Casa Espírita, tem-se a oportunidade de inicialmente usufruir dos benefícios que esta lhe alcança e, posteriormente, se aceito o convite que lhe for feito, contribuir para a continuidade das atividades da Casa.
Como em qualquer organização humana, existem muitas tarefas que podem ser realizadas em uma Casa Espírita, cuja preparação não começa quando do início do convívio, mas muito antes, quando o mundo espiritual nos guia e nos oferta trilhas, algumas tortuosas mas necessárias, para que possamos passar pela vinha do Amor.
Nessa “Casa do Caminho” que por vezes nos demoramos para descansar de algum sofrimento, realinhando nossa trajetória pessoal, podemos encontrar o amparo redentor que a caridade de um trabalho voluntário nos traz, e cujo valor ainda não conhecíamos.
Podemos experimentar as tarefas mais simples, colocando nossa humildade em prática, enquanto nos aprofundamos nos virtuosos conhecimentos da Codificação Kardequiana.
Sendo pequenos, mas fazendo parte de um todo maior, sentiremos a felicidade de estarmos apenas colaborando, sem nada esperar em troca.
Podemos experimentar aquela sensação de fazer parte de um grupo que visa somente o bem do próximo, anulando nosso personalismo e por vezes até com a sublime sensação de sermos percebidos apenas como instrumentos de amor do Pai.
Muitas vezes nós nos surpreendemos pensando: “não tenho condições, não sou capaz”, ante uma oportunidade de sermos úteis.
Este momento é delicado, pois é o Pai que nos conclama a sermos os “trabalhadores da última hora”.
Se nos refugiarmos em justificativas que sabemos vazias, aí sim a paga nos será menor quando finalmente nos decidirmos a seguir o caminho da fraternidade, que chega-nos cedo ou tarde.
A Casa Espírita é, como outras obras de amor, semelhante a vinha da parábola, aguardando quem nela trabalhe na semeadura, e na colheita.

PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA VINHA



PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA VINHA OU PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA OU PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DAS DIVERSAS HORAS DO DIA

"Porque o Reino dos Céus é semelhante a um proprietário, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E feito com os trabalhadores o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Tendo saído cerca hora terceira, viu estarem outros na praça desocupados, e disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha, e vos darei o que for justo. E eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta, e da nona, e fez o mesmo. E cerca da undécima, saiu e achou outros que lá estavam e perguntou-lhes: Por que estais aqui todo o dia desocupados? Responderam-lhe: Porque ninguém nos assalariou. Disse-lhes: Ide também pra a minha vinha.À tarde, disse o dono da vinha ao seu administrador. Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. Tendo chegado os que tinham sido assalariados cerca da undécima hora, receberam um denário cada um. E vindo os primeiros, pensavam que haviam de receber mais; porém, receberam igualmente um denário cada um. Ao receberem-no, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor extremo!. Mas o proprietário disse a um deles: Meu amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo por um denário? Toma o que é teu e vai-te embora, pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é licito fazer o que me apraz do que é meu? Acaso o teu olho é mau, porque eu sou bom? Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos".

(Mateus, XX, 1-16)

1 - CAIRBAR SCHUTEL

As condições essenciais para os trabalhadores são: a constância, o desinteresse, a boa vontade e o esforço que fazem no trabalho que assumiram. Os bons trabalhadores se distinguem por estes característicos. O mercenário trabalha pelo dinheiro; seu único fito, sua única aspiração é receber o salário. O verdadeiro operário, o artista, trabalha por amor à Arte. Assim é em todas as ramificações dos conhecimentos humanos: há os escravos do dinheiro e há o operário do progresso. Na lavoura, na indústria, como nas Artes e Ciências, destacam-se sempre o operário e o mercenário.

O materialismo, a materialidade, a ganância do ouro arranjaram, na época em que nos achamos, mais escravos do que a vinha arranjou mais obreiros. Por isso, grande é a seara e poucos são os trabalhadores! Na parábola, pelo que se depreende, não se faz questão da quantidade do trabalho, mas sim da qualidade, e ainda mais, da permanência do obreiro até o fim. Os que trabalharam na vinha, desde a manhã até à noite, não mereceram maior salário que os que trabalharam uma única hora, dada a qualidade do trabalho.

Os que chegaram por último, se tivessem sido chamados à hora terceira, teriam feito, sem dúvida, o quádruplo do que fizeram aqueles que a essa hora foram ao serviço. Daí a lembrança do proprietário da vinha de pagar primeiramente os que fizeram aparecer melhor o serviço e mais desinteressadamente se prestaram ao trabalho pra o qual foram chamados. Esta parábola, em parte, dirige-se muito aos espíritas. Quantos deles andam por aí, sem estudo, sem prática, sem orientação, fazendo obra contraproducente e ao mesmo tempo abandonando seus interesses pessoais, seus deveres de família, seus deveres de sociedade!

Na seara chega-se a encontrar até os vendilhões que apregoam sua mercadoria pelos jornais como o mercador na praça pública, sempre visando bastardos interesses. Ora são médiuns mistificadores que exploram a saúde pública; ora são "gênios" capazes de abalar os céus para satisfazerem a curiosidade dos ignorantes. Enfim, são muitos os que trabalham, mas poucos os que ajuntam, edificam, tratam como devem a vinha que foi confiada à sua ação. Há uma outra ordem de espíritas que nenhum proveito tem dado ao Espiritismo. Encerram-se entre quatro paredes, não estudam, não lêem, e passam a vida a doutrinar Espíritos.

Não há dúvida de que trabalham estes obreiros, mas, pode-se comparar a sua obra com a dos que se expõem ao ridículo, ao ódio, à injúria, à calúnia, no largo campo da propaganda? Podem-se comparar os enclausurados numa sala, fazendo trabalhos secretos e às mais das vezes improfícuos, com os que sustentam, aqui fora, renhida luta e se batem, a peito descoberto, pelo triunfo da causa que desposaram? Finalmente, a parábola conclui com a lição sobre os olhos maus: os invejosos que cuidam de si próprios que da coletividade; os personalistas, os egoístas que vêem sempre mal as graças de Deus em seus semelhantes, e a querem todas para si.

Na História do Cristianismo realça a Parábola da Vinha com os característicos dos seus obreiros. "O que era é o que é", diz o Eclesiastes; e o que se passou é o que se está passando agora com a revelação complementar do Cristo. Há os chamados pela madrugada, há os que chegaram à hora terceira, à hora sexta, à nona e à undécima. Na verdade, estamos na hora undécima e os que ouvirem o apelo e souberem trabalhar como os da hora undécima de outrora, serão os primeiros a receber o salário, porque agora como então, o pagamento começará pelos últimos. Aí dos que clamarem contra a vontade do Senhor da vinha! Aí dos malandros, dos mercenários, dos inscientes!

CAIRBAR SCHUTEL

2 - Em busca do Mestre - Pedro de Camargo ( Vinícius)

"O reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu pela manhã a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Feito com eles o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a vinha. Saindo à hora terceira, viu outros na praça, desocupados, e disse-lhes: 'Ide também vós para a minha vinha, e eu vos darei o que for justo. Eles foram. Saiu às horas sexta e nona e fez o mesmo. Finalmente, indo à praça à hora undécima, e encontrando ali jornaleiros, disse-lhes: 'Por que estais todo o dia ociosos? 'Porque ninguém nos assalariou, responderam. Ide também vós à minha vinha e eu vos darei o que for justo. À tarde chamou o seu mordomo, dando a seguinte ordem: Chama os jornaleiros e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. Chegaram, então, os da undécima hora e perceberam um denário cada um. Vindo os primeiros, esperavam receber mais; porém, lhes foi dada igual quantia. Ao receberem-na, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam uma hora e os igualastes a nós que suportamos o calor do dia? Retrucou o proprietário a um deles: Meu amigo, não te faço agravo nem injustiça: não ajustastes comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te embora; pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que me apraz daquilo que é meu? Acaso teu olho é mau, porque sou bom? Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os derradeiros; porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos."


A alegoria acima — como, aliás, toda alegoria — exprime e revela um princípio diferente daquele que literalmente enuncia. Parece, à primeira vista, haver injustiça da parte daquele proprietário que manda pagar igual salário aos obreiros das diversas horas do dia. Pois então — como alegam os que iniciaram o labor pela manhã — será justo pagar o mesmo jornal a nós e aos que entraram às 9, ao meio-dia e até mesmo à undécima hora?

Para entrarmos no mérito do critério em que se baseou o proprietário da vinha, cumpre lembrarmos que a parábola em apreço tem relação com o reino dos céus, isto é, com os meios e processos empregados para sua conquista. Neste particular, o tempo constitui elemento de somenos importância. "A cada um será dado segundo as suas obras" e não segundo o tempo, mais ou menos dilatado, de sua atuação nos arraiais do credo que professa. Assim, pois, se os jornaleiros da hora nona e do meio-dia fizeram, pela maior soma de atividade empregada, tanto como os da manhã, é natural que recebessem o mesmo jornal, por isso que o proprietário havia prometido dar-lhes o que fosse justo. E aos da undécima hora? Seria possível, em tão minguado tempo, fazer o mesmo que os demais? Pelo dedo se conhece o gigante, reza o rifão popular.

Que teriam produzido aqueles assalariados ao decurso de uma hora? Aqui entra em jogo um fator de sabida importância, no que respeita ao merecimento do obreiro: a qualidade da obra. Certamente, o pouco que fizeram os da undécima hora supera tanto em qualidade, ao que fizeram os outros, em quantidade, que os bons olhos do proprietário entenderam ser de justiça dar-lhes a mesma paga. Em realidade o que ele viu é que o trabalho destes valia mais que os dos outros, fazendo nesse cômputo abstração do fator tempo. A sabedoria da sentença evangélica — a cada um será dado segundo as sua obras — abrange dois aspectos distintos: o objetivo e o subjetivo. Somente no conhecimento exato de ambos é possível apurar com acerto e com justiça.

Os homens julgam comumente através do prisma objetivo das obras, porque não lhes é dado penetrar no plano subjetivo. Daí a precariedade dos seus juízos e das suas sentenças. Por vezes, há mais estimação nos feitos sem maior importância, que nas vultosas obras que impressionam os sentidos. Aquela pobre viúva que lançou no gazofilácio do templo duas moedinhas de cobre de valor ínfimo, deu mais, disse o intérprete da divina justiça, do que os argentários que ali despejaram moedas de ouro a mancheias. O valor da oferta da viúva é de natureza subjetiva, está no que se não pode ver nem tocar, porquanto está na intenção e nos motivos com que a oferta foi feita; está finalmente, no sacrifício daquela mulher que se havia privado de tudo que possuía, mesmo do que se achava reservado ao seu sustento.

Os olhos humanos não podem medir os valores dessa natureza, mas os do Filho de Deus vão descobri-los nos íntimos recessos da alma humana. Recapitulando, recordemos mais uma vez que a semelhança ora comentada se relaciona com o reino dos céus. Somos todos jornaleiros da vinha do Senhor, que é o planeta onde nos achamos. Cada um age no setor que lhe foi destinado, iniciando o trabalho em horas diversas. O Proprietário observa atentamente a maneira como os seareiros mourejam, julgando o mérito individual, não pelo tempo nem pelo volume da produção, mas pelo cunho de perfeição imprimido à obra. O bom obreiro tem os olhos fixos no mister que executa e não nos ponteiros do relógio. Pensa menos na recompensa que no bom acabamento da sua tarefa. O trabalho é santo pela sua mesma natureza e, sobretudo, pela alma do operário nele encarnada. "Só canta bem quem canta por amor". Os músculos refletem as vibrações do cérebro e do coração.

A inteligência e os sentimentos dirigem as mãos, tanto do humilde operário como as do maior e mais consumado artista. É com o Espírito, e não com o corpo, que se constróem as obras que dignificam e imortalizam seus autores. Nós, portanto, jornaleiros encontrados ociosos na praça, trabalhemos com simpleza e santidade na vinha do Senhor. Imprimamos em nossos atos aquela naturalidade com que os pássaros gorjeiam e aquela dedicação com que eles fazem os seus ninhos. Não os preocupemos com o peso e a suntuosidade das nossas obras; tampouco nos deixemos impressionar com o tempo que temos empregado em produzi-las e, menos ainda, com a recompensa presente ou futura: Deus nos dará o que for justo. Confiemos, como confiaram os jornaleiros das derradeiras horas, pois "os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros; porque muitos serão os chamados e poucos os escolhidos". E, assim, verificamos que a parábola em apreço encerra a mais bela e excelente apologia da JUSTIÇA.

PEDRO DE CAMARGO "VINÍCIUS"

3 - PAULO ALVES GODOY

Em perfeita similitude com todas as demais parábolas de Jesus, esta também encerra um ensinamento velado, dirigido a todos os seres humanos.

Nela não sabemos o que mais apreciar, se o encanto representando pelo elevado discernimento do seu principal protagonista, quando diz: "ou é mau o teu olho porque sou bom?", revelando inequívoca forma de expressar a magnitude do amor que nutria em seu coração; ou, o conteúdo intrínseco da mensagem, representando autêntico sinal de alerta dirigido àqueles que se encastelam em princípios arcaicos, dogmatizados, petrificados, sustentando as suas idéias em qualquer terreno, mesmo que elas sejam conflitantes com a verdade, desde que lhes propiciem a oportunidade de se manterem nas posições de líderes ou como participantes de uma casta privilegiada.

De forma reiterada, deparamos com "homens de dura cerviz e incircuncisos de coração", conforme exarado judiciosamente nos Evangelhos, os quais não se conformam com as idéias novas e com as situações que venham a ferir o seu orgulho de pseudo-sábios, esquecendo-se das ponderações do grande apóstolo dos gentios, quando afirmou que "a sabedoria humana é loucura perante Deus".

O homem fanatizado, dificilmente, se dispõe a negar as suas convicções mais caras, fazendo-o somente após esgotar todos os recursos, na vã tentativa de fazer com que elas prevaleçam. Foi por isso que Jesus Cristo nos recomendou "não colocar vinho novo em odres velhos". Unicamente, após disparar o último cartucho na defesa da muralha que julgou inexpugnável, cede ele terreno em suas emaigadas convicções, e passa a palmilhar o terreno adredemente preparado por aqueles que já foram "libertos pela verdade".

O objetivo básico do ensinamento propiciado por Jesus, ao ensinar a Parábola dos Trabalhadores da última Hora, foi fazer com que seus seguidores, contemporâneos ou pósteros, vissem nela o mais irretorquível desmentido àqueles que pensam fazer com que suas idéias pessoais anulem ou protelem a implantação das idéias universais, já consagradas pela comprovação da verdade.

O Meigo Pastor é incisivo na demonstração clara e precisa de Sua assertiva. Os convocados da primeira hora nem sempre são os mais animosos no desempenho das tarefas nobilitantes que lhes são confiadas: criam sistemas, eregem esquemas, articulam propósitos menos edificantes, malbaratam valores e, sobretudo, procuram fazer salientar um personalismo crasso, esquecidos dos reflexos de que seus ensinos, puramente humanos, possam ter no processo de divulgação das verdades eternas, que são o sustentáculo e a razão primária do advento dos antigos profetas e do próprio Jesus Cristo, na face da Terra.

Os Trabalhadores da última Hora são aqueles que se insurgem contra os tradicionalismos das doutrinas deletérias, contra as idéias preconcebidas e contra toda a forma de superstições, libertando-se das cadeias do obscurantismo e adentrando a porta larga dos princípios liberais e sadios, os quais impulsionam as criaturas rumo ao Criador. São aqueles que não pactuam com o "fermento do farisaismo", e tem a verdade como paradigma para o seu idealismo. São aqueles que, no dizer evangélico, colocam a luz sobre o velador, para a iluminação de todos, sem exceção.

Os Trabalhadores da última Hora são os cristãos-novos aqueles que atendem a voz do pastor, no sentido de restabelecer na Terra as primícias do Vero Cristianismo; e cegos que querem; ver, que não se conformam com a cegueira.

Por outro lado, os trabalhadores das primeiras horas foram os primitivos hebreus, com seus vãos tradicionalismos, entrecortados de normas rígidas e apenas suportáveis naquela época; foram os primitivos cristãos indecisos no tocante ao verdadeiro sentido libertador do Cristianismo nascente, divididos entre "homens da circuncisão e homens da incircuncisão"; foram os cristãos da Idade Medieval, subjugados pela tara hedionda do fanatismo, do ódio, da vingança, do monopólio de uma suposta verdade, que pretendiam fazer prevalecer à ferro e fogo; foram os cristãos do fim da Idade-Média, digladiando-se por causa de irrisórias divergências doutrinárias de bitola estreita, aniqüilando-se por causa de reformas e contra-reformas, enquadrando-se na figura evangélica do "coar um mosquito e engolir um camelo"; foram os invigilantes filósofos cristãos dos séculos XVIII e XIX, impotentes para conter as investidas do materialismo desintegrador.

No desenvolvimento da parábola, Jesus Cristo não anulou o esforço e a lide dos trabalhadores das primeiras horas, afirmando mesmo que receberam salário compatível com as tarefas desempenhadas, tendo havido apenas a diferença que eles foram tardios na execução das tarefas que lhes foram atribuídas, pois, perderam precioso tempo com a prática de tradições e no preparo das algemas dogmáticas, das quais vieram a se tornar os próprios prisioneiros.

A lei da reencarnação torna a parábola em apreço bastante equitativa, porque, através dela os trabalhadores das primeiras horas, no desenvolvimento de novas vidas sucessivas, se tornaram também os próprios obreiros das horas subsequentes, percebendo salários compatíveis.

Uma particularidade deve, no entanto, ser ressaltada na parábola: quando foram convocados os obreiros da undécima hora. O senhor lhes perguntou: -Por que estais ociosos? Ao que responderam: -Por que ninguém nos assalariou! Tais homens não estavam malbaratando o tempo deliberadamente ou por negligência, mas sim, porque não foram convocados para o trabalho.

Como vê, existe grande diferença entre estes e aqueles que são convocados para o trabalho do Senhor entretanto não se dispõem a essas tarefas edificantes, preferindo perder o tempo precioso em vícios e prática de coisas negativas. Somente podem ser considerados autênticos TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA aqueles que alimentam uma vontade robusta de servir a causa do Cristo, vivento os seus edificantes ensinamentos.

Paulo Alves Godoy

4 - RODOLFO CALLIGARIS


À primeira vista, pode parecer que Jesus, nesta parábola, esteja consagrando a arbitrariedade e a injustiça.

De fato, não seria falta de equidade pagar o mesmo salário, tanto aos que trabalham doze horas, como aos que trabalham dois terços, a metade, um terço, ou apenas um duodécimo da jornada?

Sê-lo-ia, efetivamente, se todos os trabalhadores tivessem a mesma capacidade e eficiência. Tal, porém, não é o que se verifica. Há operários diligentes, de boa vontade, que, devotando-se de corpo e alma às tarefas que lhes são confiadas, produzem mais e melhor, em menos tempo que o comum, assim como há os mercenários, os que não têm amor ao trabalho, os que se mexem somente quando são vigiados, os que estão de olhos pregados no relógio, pressurosos de que passe o dia, cuja produção, evidentemente, é muito menor que a dos primeiros.

Uma vez, pois, que o mérito de cada obreiro seja aferido, não pelas horas de serviço, mas pela produção, que interessa ao dono do negócio saber se, para dar o mesmo rendimento um precisa de doze horas, outro de nove, outro de seis, outro de três e outro de uma?

Malgrado a diversidade das horas de trabalho, a remuneração igual, aqui, é de inteira justiça.

Transportando-se esta parábola para o campo da espiritualidade, o ensino não se perde; pelo contrário, destaca-se ainda mais. O pai de família é Deus; a vinha somos nós, a Humanidade; e o trabalho, a aquisição das virtudes que devem enobrecer nossas almas.

Para realizar esse desiderato, uns precisam de menos tempo, outros de mais, conforme cumpram, bem ou mal, os seus deveres.

O prêmio, entretanto, é um só: a alegria, o gozo espiritual decorrente da própria evolução alcançada.

Neste texto evangélico confirma-se, ainda que de forma velada, a doutrina reencarnacionista.

Os trabalhadores da primeira hora são os espíritos que contam com maior número de encarnações, mas que não souberam aproveitá-las, perdendo as oportunidades que lhes foram concedidas para se regenerarem e progredirem. Os trabalhadores contratados posteriorrmente simbolizam os espíritos que foram gerados há menos tempo, mas que, fazendo melhor uso do livre-arbítrio, caminhando em linha reta, sem se perderem por atalhos e desvios, lograramem apenas algumas existências o progresso que outros tardaram a realizar. Assim se explica porque "os primeiros poderão ser dos últimos e os últimos serem os primeiros" a ganhar o reino dos céus.

Esta interessante parábola constitui, ainda, um cântico de esperança para todos. Por ela, Jesus nos ensina que qualquer tempo é oportuno para cuidarmos do aperfeiçoamento de nossas almas, e, quer nos encontremos nos albores da existência, quer estejamos, já, beirando a velhice, desde que aceitemos, com boa disposição, o convite para o trabalho, haveremos de fazer jus ao salário divino.

Rodolfo Calligaris

Ainda sobre a Parábola dos Trabalhadores da Vinha



Queridos irmãos:

Vamos retornar á Parábola dos Trabalhadores da Vinha, os trabalhadores da última hora, para comentar alguns aspectos que nos foram cobrados.

Os Espíritas, entre os quais nos incluímos, têm a interpretação de que os primeiros assalariados, logo ao nascer do dia, possam ter sido os Hebreus, á quem, através de Moisés, Deus teria “chamado” ao trabalho, lhes enviando o conceito de monoteísmo.

Os trabalhadores assalariados nas demais horas, poderiam, segundo essa interpretação, ser os profetas do povo hebreu, depois os apóstolos do Cristo, os formadores da Igreja Cristã nascente, e assim por diante.

E os últimos, os trabalhadores da última hora, então, seriam os Espíritas, convocados ao trabalho a partir da publicação de “O Livro dos Espíritos”.

Sem querer polemizar, cremos ser esta interpretação apenas mais uma, que não pode adquirir ares de verdade inconteste, haja vista alguns aspectos, que comentaremos a seguir.

Em primeiro lugar, as Parábolas são alegorias, não são para serem tomadas ao pé da letra, e têm caráter universalizante: não são dúbias, em seu aspecto moral, mas são suficientemente abertas em seu conteúdo para serem usadas amplamente no tempo e no espaço cultural de quem delas se aproxime.

Em segundo lugar, e vinculado ao primeiro aspecto mencionado, os trabalhadores da última hora recebiam seu pagamento perante os demais trabalhadores. Portanto, não poderiam ser os mesmos espíritos, e bem o sabemos no Espiritismo, muitos de nós que hoje nos esforçamos para nos manter trabalhando para o Senhor, já fomos convocados ao trabalho em outras épocas, e não demos continuidade á tarefa iniciada.

Assim é que a bondade divina nos concede sempre novas oportunidades, novos chamados, e esta verdade sofreria prejuízo em uma interpretação literal da parábola, haja vista que nós podemos ter feito parte do povo hebreu, á época de Moisés, ou convivido no tempo do Cristo, com os Apóstolos, etc.

Por fim, e sem querer ofender á ninguém, não concordamos com este entendimento de que com o Espiritismo a História está completa.

E se a última hora ainda não chegou?

Deus não “assalaria”, á cada novo dia, trabalhadores para a sua obra?

Porque com os Espíritas chegou o momento do pagamento?

Acaso isto não nos confere um certo ar de “eleitos”, que pode nos fazer adquirir uma certa “superioridade”, com relação á nossos irmãos de outras designações religiosas?

Para bem nem que fosse apenas da dúvida, se isto nos fizesse prestar mais atenção nas advertências de Kardec quanto ao orgulho e ao egoísmo, seria melhor que não propagassemos este tipo de interpretação entre nós, é o que pensamos.

Fiquemos todos em paz.

Aos trabalhadores da última hora


VERA GAETANI
de Ribeirão Preto, SP

Entre as parábolas de Jesus, existe uma que, por sua atualidade, convém ser relembrada. É a parábola dos trabalhadores da vinha, também conhecida como a dos trabalhadores das diversas horas. É narrada por Mateus, cap. XX, v. 1 a 16.
É ponto pacífico que a vinha é o nosso planeta e que, como todo o universo, pertence ao Pai. Quanto à espécie de trabalho, trata-se do trabalho espiritual consciente, visando à transformação de nossa casa terrestre num lugar onde todos possam viver, trabalhar e aprender em paz.
O que se discute nesta parábola é o seu desfecho, isto é, se os trabalhadores da última hora merecem ou não o salário da jornada integral e por que receberam o pagamento em primeiro lugar.
Em defesa do trabalhador da última hora há, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, uma comunicação de Constantino (1.863) que diz assim: “O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o havia de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho”.
É a tese de que cada um chega ao trabalho quando é chamado, isto é, quando acorda para o entendimento espiritual, uns mais cedo, outros mais tarde, uns por amor, outros pela dor, uns atrasando-se por ilusão (…) mas todos chegam e podem aproveitar bem a última hora porque, em matéria de trabalho, é preciso considerar não só a quantidade mas também a qualidade e, em matéria de trabalhadores, há os mercenários e os que trabalham por amor ao progresso.
Constantino conclui dizendo que os espíritas são todos trabalhadores da última hora.
Partindo de outro enfoque, mas chegando à mesma conclusão, Henri Heine, em comunicação de 1.863 que se encontra também em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, entende que” os obreiros da primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, pelos espíritas. Estes, que por último vieram, (…) receberão a mesma recompensa. Que digo? recompensa maior. Últimos chegados, eles aproveitam dos labores intelectuais dos seus predecessores, porque o homem tem que herdar do homem e porque coletivos são os trabalhos humanos: Deus abençoa a solidariedade.”
É a tese de que o progresso intelectual é obra solidária e se faz por etapas. É assim que os últimos são os primeiros.
A criança do século XXI, recém chegada ao mundo, ao utilizar-se de um computador para realizar suas tarefas escolares, para brincar ou viajar pela Internet, não avalia o que ela deve aos seus “predecessores que marcaram etapas do progresso”, homens que descobriram ou inventaram coisas para que um dia o computador pudesse aparecer. Entretanto, ela o utiliza em primeira mão e, se trouxer em sua bagagem espiritual um ideal elevado, com essa ferramenta de trabalho ela fará, durante a sua existência, mais e melhor, em termos de comunicação, do que todos aqueles que datilografaram ou escreveram a mão.
Mencionar a bagagem espiritual é aludir à reencarnação, conceito que ajuda a esclarecer ainda melhor a parábola. Henri Heine afirma, na referida comunicação, que “muitos dentre aqueles (trabalhadores da primeira hora) revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que começaram outrora (…) porém mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando, não já na base e sim na cumeeira do edifício. Receberão, pois, salário proporcionado ao valor da obra”. E conclui: “E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não mais murmuram, adoram”.
A humanidade atual vive uma hora decisiva. Por um lado, a atmosfera espiritual do planeta está carregada de nuvens sombrias mas, por outro, há muita gente trabalhando em silêncio, quer no campo da assistência social e promoção humana, quer no campo do esclarecimento e consolo, ou ainda exemplificando o Evangelho no lar e no trabalho.
No rol dos acordados estão também os espíritas aos quais a espiritualidade superior recomenda não confundirem, em seu trabalho da última hora, precipitação com diligência. “Precipitação é pressa irrefletida e diligência é zelo prestimoso”. (André Luiz)
Se o labor a que se refere a parábola é o trabalho espiritual consciente, esse trabalho pede paz à alma.


Bibliografia:
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o espiritismo
XAVIER, Francisco C./André Luiz, Opinião Espírita
SCHUTEL, Cairbar, Parábolas e Ensinos de Jesus

Os Trabalhadores da Última Hora



Os Trabalhadores da Última Hora
                                            Cap. XX, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec
O reino dos Céus é semelhante a um pai de família que, ao romper do dia, saiu a fim de assalariar trabalhadores para sua vinha; tendo combinado com os trabalhadores que eles teriam uma moeda por sua jornada de trabalho, enviou-os à vinha. Saiu ainda na terceira hora do dia e, tendo visto outros que permaneciam na praça sem nada fazer, lhes disse: Ide também vós outros à minha vinha, e vos darei o que for razoável; e eles para lá se foram. Saiu ainda na sexta  e na nona hora do dia, fez a mesma coisa. E saindo na décima primeira hora, encontrou outros que estavam sem nada fazer, aos quais disse: Por que permaneceis aí durante todo o dia sem trabalhar? Foi porque ninguém nos assalariou, disseram. Ele lhes disse: Ide também vós outros para minha vinha. Chegada a noite, o senhor da vinha disse àquele que tomava conta de seus negócios: Chamai os trabalhadores e pagai-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. Aqueles, pois, que vieram para a vinha apenas na décima primeira hora, aproximando-se, receberam uma moeda cada um. Os que foram assalariados primeiro, vindo por sua vez, julgaram que deveriam receber mais, mas não receberam mais que uma moeda cada um; e, ao recebê-la, murmuraram contra o pai de família, dizendo: Os últimos trabalharam apenas uma hora, e pagastes tanto quanto a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. Mas, como resposta, disse a um deles: Meu amigo, não cometi injustiça para convosco; não combinamos receberdes uma moeda por vossa jornada? Tomai o que vos pertence e ide; quanto a mim, quero dar a este último tanto quanto dei a vós. Não me é permitido fazer o que quero? Vosso olho é mau porque sou bom? Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.

Missão dos Espíritas, pelo Espírito Erasto
Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? Ah! Bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres.
Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo!... Sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito! Lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras. Ide, homens que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz.
Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios do sol nascente. A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesadas do que as maiores montanhas, jazem depositadas nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã.
Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos.
Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina.
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! O arado está pronto; a terra espera; arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! Entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.
Pergunta: - Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho?
Resposta: - Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua Lei; os que seguem Sua Lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa Lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição.

Muito interessante esta mensagem do Espírito Erasto, transmitida em 1863, em Paris, para Allan Kardec, demonstrando, claramente, que Deus quer que todos tomem conhecimento da realidade espiritual, exortando os Espíritas a trabalharem com muito afinco, deixando de lado os lazeres, as horas vazias em frente à televisão, as perdas de tempo com vícios que só degradam, com futilidades em geral, para auxiliar no esclarecimento da Humanidade. Quem não dispõe de algum tempo durante o dia para fazer algo de útil, como visitar alguém doente, ou criança abandonada, ou deficiente, ou idosos, levando um sorriso, um olhar amigo, uma palavra de conforto?
Quanto tempo nos dedicamos ao trabalho no Centro Espírita, onde podemos ser úteis atendendo, encaminhando, orientando, estudando, colaborando na limpeza e higiene, bem como em quaisquer outras tarefas, todas importantes na Casa? Temos parceiros que vão uma vez por semana no Centro e acham que fazem muito. Também muitos não vão ao Centro à noite porque é muito perigoso. Ora, a pessoa que se diz Espírita, pois, já compreendeu o que seja o Espiritismo, já deve ter a noção mínima de que Deus providencia proteção especial, através dos bons Espíritos, àqueles que se dedicam ao Bem, desinteressadamente, isto é, com amor. Contudo, muitos companheiros, que se mantêm bem longe dos livros Espíritas, titubeiam, têm medo de sair à noite para fazer caridade. Por isso, o Espiritismo é uma Doutrina que exige estudo daqueles que o adotam, pois, como disse Jesus, “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Como iremos colaborar com Jesus se não temos noção da missão que nos compete desempenhar, se ainda não incorporamos a real atitude de um cristão, que não se limita a visitas semanais às instituições e necessitados, porém, exige que nos transformemos em servos sinceros do Senhor, vinte e quatro horas por dia?
Toda a Espiritualidade Superior nos aguarda, muitos Espíritos amigos de longa data observam-nos e torcem por nós, a fim de que deixemos de lado os preconceitos, as perdas de tempo, as futilidades, e cumpramos com nossos programas, nossos planejamentos, para concretizarmos, efetivamente, os ideais superiores que todos temos adormecidos dentro de nós e, que, por acomodamento, por distração, passamos pela Terra sem fazer o que já deveríamos ter feito há bastante tempo, mas, que, as ilusões do mundo, quase sempre, foram mais fortes do que a nossa vontade.
Somos os trabalhadores da última hora, principalmente, porque estamos na derradeira oportunidade de servirmos junto com Jesus ao Pai de Infinita Bondade nesta Nova Era que já se iniciou, dando oportunidade à Terra de tornar-se um mundo de regeneração. Se não aproveitarmos mais esta chance, com certeza, demorará muito para ganharmos uma nova, pois, segundo estamos sendo informados há bastante tempo, muitos Espíritos daqui deste planeta terão que reencarnar e manter-se por um  bom tempo em outro planeta de nível evolutivo primitivo, onde tudo está sendo preparado para este grupo que não quer mudar a mentalidade, cultivando o mal aqui na Terra. Tão cedo os que forem expurgados daqui não poderão voltar, pois, deverão melhorar-se no exílio, a fim de que, um dia, quando tiverem, então, atingido o desenvolvimento moral requerido, possam retornar para esta paisagem querida. É isto que Jesus dizia quando falava da separação dos bodes e das ovelhas, do choro e do ranger de dentes, em suas parábolas tão magníficas, ajudando-nos a compreender que somos Espíritos eternos e que Deus se importa com todos. Ele fez muitas vezes o convite a todos nós. Por milhares de anos, cuidados e orientações não  nos faltaram. Por todo este tempo sempre tratamos as coisas sérias com leviandade, deixando sempre para depois, só que o depois nunca chegou. Finalmente, agora atingimos a reta final. Não podemos mais adiar a nossa entrada no Reino, sob pena de termos que enfrentar “outras” experiências que nos marcarão definitivamente, só que em outro orbe, bem fora da rota que costumamos fazer com amigos e parentes, porém, agora, com a tripulação não muito conhecida, redundando em uma saudade imensa de todos aqueles que para lá não irão, pois aceitaram o convite para as núpcias e fizeram a vontade do Senhor.

Significativa é a expressão de Jesus: “Meu Pai trabalha desde sempre, e eu também”.
Deus, o Ser Absoluto, sustenta tudo e a todos desde sempre. Jesus, o Espírito mais elevado que já passou por aqui como encarnado e, na maior parte do tempo, como desencarnado, é um Espírito pleno que, há mais de quatro bilhões de anos trabalha somente para nós, desde a organização e a formação do planeta Terra, com todos os seus elementos,  com todos os bilhões de seres visíveis e invisíveis que o habitam, até a nossa transformação, passando de seres inferiores, irracionais, para seres pensantes, conquistando, então o pensamento contínuo, descobrindo, assim, a cada passo evolutivo, o Universo maravilhoso em que estamos inseridos, tornando-nos, desse modo, colaboradores, co-criadores, verdadeiros filhos do Altíssimo.
Todos os dias o Criador está a convidar-nos para a Seara Divina. E Ele espera que nos comportemos, em qualquer lugar, conscientes de que somos Seus servidores. Por que Jesus diz que muitos são chamados e poucos são escolhidos? Porque grande parcela dos habitantes deste planeta não atende ao convite, regressando ao Mundo Espiritual com lamentáveis comprometimentos morais, desajustando-se e fazendo jus ao sofrimento amargo por um bom tempo. Eles não têm tempo, pois, uns precisam cuidar de seus negócios, outros de seus afazeres particulares. São as ilusões deste mundo que nos arrebatam. Fazer a vontade do Senhor sempre é mais difícil para nós os iludidos. Mas, chegará o dia em que, cansados de tanto não termos “olhos de ver”, pediremos ao Pai que nos cure da cegueira interior, passando realmente a enxergar as maravilhas que Ele sempre fez para todos os Seus filhos.

Como ensina Públio, em Relembrando a Verdade, pela psicografia de André L. Ruiz, o Evangelho pode ser comparado a um desses cursos avançados para a maioria dos alunos renascidos no mundo, a lhes permitir a matrícula nos curso do Espírito, como representantes Daquele que tem, no trabalho, a grande fonte de realização e modificação do Universo. Jesus a cristaliza na parábola do senhor que sai buscando trabalhadores para a sua vinha e que, a cada hora, recruta e assalaria os que aceitam. Todavia, deixa claro que não há distinção entre os que aceitam o trabalho no início da jornada e os que o aceitaram ao final do dia, quando só havia pouco tempo para ser usado na obra. Desde que os que chegaram à vinha ao final do dia não tenham desperdiçado as outras horas anteriores em descansos indevidos, desde que tenham tido interesse de fazer algo sem que encontrassem o que realizar, desde que não sejam aqueles que se transformam apenas por medo da noite que se aproxima, os trabalhadores da última hora que foram  convocados e aceitaram o trabalho, oferecendo o melhor de seus esforços ainda que ao final do período, receberão por Bondade Soberana o sinal da aprovação de sua boa vontade, merecendo, simbolicamente, o mesmo tipo de remuneração que os primeiros receberam tendo trabalhado desde o início da obra. Injustiça, poderão pensar muitos. No entanto, Jesus estabelece bem a diferença. Os primeiros aceitaram um preço em seu trabalho para o dia todo e o patrão, sem discuti-lo, enviou-os à vinha, garantindo-lhes que, ao final do período, receberiam o que haviam combinado. Nesta relação, estamos diante da remuneração, tendo o princípio da justiça estabelecido a efetiva e correta proporção entre o dia trabalhado e o pagamento recebido. Os últimos, no entanto, aqueles que estavam à cata de trabalho, mas não haviam encontrado o senhor da vinha até a última hora do dia, tendo oferecido o melhor, tendo aproveitado o tempo que lhes faltava, não deixando para o dia seguinte e trabalhando obedientes, foram estimulados pelo senhor, recebendo de sua Bondade – não de sua Justiça – a quota superior aos esforços empreendidos.
A Misericórdia atua sempre em favor daqueles que, apesar de sua precariedade, aceitam o convite do trabalho, que recebem do Amor o investimento na Boa Vontade demonstrada, de tal maneira, que, se à primeira vista deveriam receber da Justiça apenas a undécima parte de uma moeda pelo tempo proporcional que trabalharam, receberam as outras onze partes da Bondade que os acolheu e os estimulou para que nunca deixassem de trabalhar.
Perante o Criador de todas as coisas, não interessa a que horas se tenha decidido a criatura pelo exercício de sua característica essencial. A partir do instante em que a Vontade deu o primeiro passo sincero na direção da obra, o Senhor e a vinha o recebem e o remuneram, seja pela Justiça seja pela Misericórdia, de tal maneira que o efetivo trabalhador nunca se veja prejudicado e nunca se arrependa de ter saído da inércia e da omissão.
Seja a Justiça, seja a Misericórdia ou a Bondade, todos nós estaremos sendo avaliados por olhos generosos que nos endereçarão os melhores rendimentos, muito mais pelo sincero devotamento que nosso coração traduza do que pelas toneladas ou miligramas que tenhamos transportado. E, sem sombra de dúvidas, todos nos encontramos na condição dos trabalhadores da última hora, nos momentos finais do dia, quando a noite vem cobrar de todos a própria prudência, a sabedoria de terem amealhado azeite para as lamparinas, lenha para o fogo, provisões para o frio.
Aproveitemos a oportunidade de realizar, a benefício de todos, os esforços mais pequeninos, aproveitando todo o tempo que tenhamos. Do que fizermos, buscando ser úteis, dependerá nossa condição futura. O que é certo é que, ninguém que não tenha se oferecido na obra do Bem usurpará o pagamento dos que, na primeira ou na última hora, tenham trabalhado como cooperadores de Deus no embelezamento e na harmonização da maior de todas as Suas obras: o coração das criaturas.
Você é o convidado. Não pense na moeda. Pense na obra.

“Não É Fácil Ser Espírita”

De repente, vi-me diante de uma senhora de seus 50 anos de idade, muito culta, viajada, que, segundo suas próprias palavras, fora Espírita. Fora. Verbo no passado, pretérito mais-do-que perfeito, quer dizer, um passado já remoto, muito distante. Fora. Não é mais! Embora fosse psicóloga, e psicólogo só pergunta e você só responde, inverti os papéis e, sem nenhuma psicologia (sem discrição também) eu quis saber por que não era mais Espírita. Por que não continuava a sê-lo. E ela, com um sorriso amistoso, sereno mesmo, explicou:
- Porque ser Espírita não é fácil!
Achei que não deveria perguntar mais nada. Eu entendera tudo! Com efeito, embora o Espiritismo não cobre perfeição de ninguém (Kardec inclusive define o Espírita verdadeiro como sendo aquele que luta por empreender a sua reforma moral), o Espírita se sente na obrigação de buscar melhorar-se. E nisto aquela senhora estava mais do que certa: Não é fácil ser Espírita, não! Tiro a conclusão por mim mesmo! Eu que o diga! Eu que o diga! Nem me tentem consolar dizendo ser falsa modéstia de minha parte. Não é modéstia, não! É a realidade mesmo... Não é fácil ser Espírita porque arrastamos imperfeições milenárias como se fosse a nossa própria sombra. Temos muitas limitações a vencer. E levar em frente tal tarefa (tarefa que é nossa e ninguém poderá fazê-la por nós), como dizem os cariocas não é mole, não!
Entendamos bem que a Doutrina Espírita não prega a ideia obstinada de perfeição. Querer ser perfeito da noite para o dia ou  leva a criatura à dissimulação(e aí estará enganando a si mesma antes de enganar o semelhante); ou leva ao desânimo. Por isso, Deus que é Justo e é Bondoso, dá-nos muitas existências corporais. Não é para que pensemos assim: - Ah! Vou aproveitar bem a vida material agora. Vou deixar esta história de reforma moral e de progresso do Espírito para OUTRA ENCARNAÇÃO! Quem pensa assim, também está redondamente enganado. O que deve e pode ser feito aqui e agora, não pode ser transferido para amanhã, que isto é atraso de vida! É perda de tempo!...
No entanto, não se recomenda aquela sofreguidão e querer abraçar o mundo com as pernas como se diz em linguagem coloquial. Sem santarronice, sem ideias  salvacionistas, tratemos de melhorar a nossa situação em todos os sentidos. Quer dizer, não apenas do ponto de vista material, mas também da moralidade, do saber, do conhecimento, da cultura enfim... Mas seja este esforço algo natural, sereno, tranquilo, espontâneo. Bem sei que todo começo exige esforço, exige trabalho, mostra-se por vezes até desanimador. Contudo, insistamos. A espontaneidade virá depois da disciplina, como, aliás, já disse Emmanuel.
Alguns pensamentos otimistas gostaria de lembrar aos leitores no sentido de sugestão na área deste  progresso indispensável ao nosso crescimento integral.
- Trabalhe quanto puder, tornando-se útil quanto possível;
- Mobilize o tempo de que disponha no serviço ao semelhante;
- Esqueça você mesmo, criando alegria para os outros.
Três pensamentos apenas que, no entanto, podem sugerir-nos um vasto programa de vida.
Ser Espírita não é fácil porque ainda temos defeitos, defeitos estes que tanto nos têm feito sofrer. Todavia, a pouco e pouco podemos e devemos transformá-los em virtudes. E aí seremos realmente felizes! Termino estes escritos com o relato do que sucedeu a um colega Espírita. Ao lado de outro amigo, ele seguia viagem de trem a fim de assistir a uma palestra doutrinária, levando um exemplar de O Evangelho Segundo o Espiritismo debaixo do braço. O trem ia cheio, lotado, com passageiros e mais passageiros empurrando-se mutuamente numa tarde de verão intenso. E nossos dois confrades naquela viagem desconfortável. Lá num trecho do percurso, um passageiro menos educado deu uma cotovelada nas costelas do companheiro Espírita que levava o exemplar de O Evangelho. Sentido a dor daquela cotovelada, nosso confrade instintivamente sentiu vontade de responder à agressão com outra cotovelada também. E quando esboçou a reação, eis que seu irmão de crença, vendo que o livro estava escorregando e ia cair, gritou:
- Cuidado, Fulano, olha o Evangelho...
Ouvindo semelhante advertência, nosso companheiro esqueceu-se da cotovelada e perdoou àquele passageiro mal-educado.
Sem querer ser impertinente, eu perguntaria ao leitor: - Quando você leva uma cotovelada, você olha o Evangelho?
Perguntar-me-ia a mim mesmo: - Quando alguém “me pisa o calo de estimação”, eu olho o que diz o Evangelho? Eu levo em conta o que pregou e o que viveu Jesus? Ou “solto os bichos” em cima do meu próximo e depois fico a dizer que não é fácil ser Espírita? (Do livro “Semeando Ideias”, de Celso Martins e Deolindo Amorim)

Cairbar Schutel, no livro Parábolas e Ensinos de Jesus, diz-nos que “esta parábola, em parte, dirige-se aos Espíritas, pois, quantos deles por aí andam, sem estudo, sem prática, sem orientação, fazendo obra contraproducente e ao mesmo tempo abandonando seus deveres de família, seus interesses pessoais, seus deveres de sociedade! Na seara chega-se até a  encontrar os vendilhões que apregoam sua mercadoria pelos jornais como o mercador na praça pública, sempre visando bastardos interesses. Ora são médiuns mistificadores que exploram a saúde pública, ora são “gênios” capazes de abalar os céus para satisfazerem a curiosidade dos ignorantes. Enfim, são muitos os que trabalham, mas poucos os que ajuntam, edificam, tratam como devem a vinha que foi confiada à sua ação. Há uma outra ordem de Espíritas que nenhum proveito tem dado ao Espiritismo. Encerram-se entre quatro paredes, não estudam, não lêem, e passam a vida a doutrinar espíritos.

Os trabalhadores da última hora




Meus irmãos em Cristo estava aqui meditando sobre o Dia do Trabalho e pensei na parábola que está no Evagelho Segundo o Espiritismo, que reporta aos trabalhadores da última hora.

Mateus 20:1-16:

O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. – Tendo convencionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. – Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, – disse-lhes: Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável. Eles foram. – Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. – Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar? – É, disseram eles, que ninguém nos assalariou. Ele então lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. – Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. – Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. – Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. – Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, – dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. – Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? – Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? – Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.

Pelo lado materialista o trabalho as vezes parece desumano e o salário injusto. Muitos fazem quase nada e ganham somas imensas, enquanto outros a jornada de trabalho é enorme e ganham tão pouco, são inúmeros e diversos os trabalhos materiais, mas não podemos deixar de fazer a nossa parte, em qualquer uma das funções existentes, aqui no nosso planeta, e por mais humilde que seja nosso trabalho devemos fazê-lo com amor.
Na visão espirita a mensagem deixa bem claro que temos que evitar a todo custo a preguiça e a indiferença, e assim, trabalhar na vinha do Sublime Peregrino.
A parábola não se refere ao trabalho material, mas as horas que podemos nos dedicar ao nosso trabalho espiritual, seja: nas casas espíritas, nas igrejas, nos templos ou em qualquer lugar que professamos nossa fé.
As vezes meus irmãos o que ocorrem nas casas espíritas, com todos nós (médiuns atuantes ou não) é que não nos sentimos preparados e muitas vezes fugimos ou ignoramos o chamado, na verdade é porque muitos querem vantagens pessoais e acham que o trabalho mediunico trará essas vantagens para sua vida material, o que não ocorre, deixando-os decepcionados, portanto, devemos buscar antes de tudo nossa melhora espiritual porque somos os trabalhadores da última hora que Jesus citou na parábola e assim doar um pouco do nosso tempo nos trabalhos diversos existentes nas casas espíritas.
Muita Paz!

OS TRABALHADORES DE TODAS AS HORAS


Rogério Coelho

"O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha". - Jesus (Mt., 20:1 a 16)

Em todas as épocas da História da Humanidade, a Misericórdia Divina sempre beneficiou a Terra com a vinda dos Missionários da Luz que esparziam a mancheias as benesses do Mundo Maior, atenuando, destarte, as sombras da ignorância e do sofrimento...

A eclosão de uma idéia, de uma filosofia de Vida, não se dava de forma repentina, inesperada, surgida do nada. Todo o arcabouço da idéia já fora adredemente desenhado no Mundo Espiritual e sua aplicação obedece a um planejamento criterioso, dividido em fases que vão desde os minúsculos e singelos primórdios até à exuberância da idéia já implantada, sedimentada e definitivamente adotada pela maioria e, finalmente, por todos em sua fase final. Conhecendo esse mecanismo e prevendo o futuro - ainda remoto - é que Jesus afirmou: (Jo., 10:16).

"(...) e haverá um rebanho e um Pastor".

A Parábola dos Trabalhadores da Última Hora expõe com peregrina clareza as diversas fases dos movimentos regeneradores da Humanidade.

O Pai de Família envia para sua vinha cinco levas de trabalhadores:

1ª - Sai de "madrugada" e contrata os primeiros;

2ª - Sai à hora 3ª;

3ª - Sai à hora 6ª;

4ª - Sai à 9ª, e, finalmente,

5ª - Sai à hora 11ª e contrata os últimos.

Observemos a simetria existente entre o tempo de contratação dos primeiros até os da hora 9ª. Os períodos são iguais: existe uma diferença de três horas entre cada um. Isso nos leva a observar o planejamento e a perseverança em cumpri-lo dentro de uma cronologia perfeita e harmoniosa.

Agora, observemos que o período compreendido entre a 9ª hora e a 11ª hora é menor. Isso significa que a idéia, já sedimentada, implanta-se com mais rapidez e menos dificuldades, porque passa a ser aceita com mais presteza, dadas à sua lógica e racionalidade, tendo, também, menos obstáculos a enfrentar do que em sua origem.

O Cristianismo obedeceu a esse critério.

a "madrugada" do Cristianismo começa com o início (Moisés) e o apagar das luzes do Velho Testamento em Malaquias (4:5), quando é anunciada a vinda de Elias que não é outro senão João Batista (o percursor de Jesus) e temos nele (em João Batista) a hora 3ª, extinguindo-se o período anterior(da madrugada) em Sócrates e Platão que esboçaram de forma ostensiva os primeiros desenhos das idéias cristãs e pasmem!... das idéias espíritas também!...

A hora 6ª é caracterizada pela chegada do Meigo Zagal Celeste e de Seus Apóstolos, responsáveis pela semeadura no solo sáfaro dos corações das primeiras sementes da Era Nova.

Na hora 9ª surge a figura de Paulo, o Apóstolo dos Gentios e de tantos outros que deram continuidade à obra inicial, estendendo-se esse período por todo o tempo em que as idéias cristãs foram se expandindo, mercê do trabalho incansável e profícuo dos vexilários do amor e da abnegação cujos nomes honram a História dos Povos.

Eis que surge a última hora: a 11ª. Entram na liça os sustentadores da idéia que pouco a pouco invade a estrutura da sociedade em todas as latitudes.

Aqueles que colaboraram nas fases iniciais reencarnam para continuar a obra. Daí a assertiva messiânica exarada no capítulo vinte, versículo dezesseis do Evangelho escrito por Mateus:

"Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos".

Assim é porque os trabalhos humanos são coletivos e Deus abençoa a solidariedade. Não nos pode, portanto, surpreender o fato de que muitos dentre aqueles que participam dos movimentos primitivos revivem hoje e reviverão amanha para terminar a obra que começaram outrora.

Cada vez retornam mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando não na base mas no acabamento do edifício e, por estarem mais familiarizados com o serviço pela experiência adquirida nos milênios, a fase final (da 9ª à 11ª hora) se processa em mais curto lapso de tempo.

Assim, podemos resumir:

Madrugada - Moisés, Malaquias, Sócrates;

Hora 3ª - João Batista (percursor)

Hora 6ª - Jesus e Seus Apóstolos (semeadura)

Hora 9ª Paulo a Francisco de Assis

Hora 11ª - Allan Kardec

*

Constantino, Espírito protetor, afirma (1):



... Bons Espíritos, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminei ao anoitecer... Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chama para a Sua Vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugidio na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade".

Não significa, porém, que os trabalhadores das diversas fases estejam restritos à elas de forma estanque. Os mesmos Espíritos podem participar das várias fases, mesmo que permeadas por séculos: a reencarnação explica.



Henri Heine detalha (2):

"(...) O belo dogma da reencarnação eterniza e precisa a filiação espiritual. Chamado a prestar contas do seu mandato terreno, o Espírito se apercebe da continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Ele vê, sente que apanhou de passagem, o pensamento dos que o precederam. Entra de novo na liça, amadurecido pela experiência, para avançar mais. E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não mais murmuram; adoram.



Tal um dos verdadeiros sentidos desta parábola, que encerra, como todas as de que Jesus se utilizou falando ao povo, o gérmen do futuro, sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação da magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no Universo, da solidariedade que liga todos os seres presentes ao passado e ao futuro".



(1) - Kardec, A. in "O Evangelho segundo o Espiritismo" -Capítulo XX, item 2

(2) -Kardec, A. in "O Evangelho segundo o Espiritismo" - Capítulo XX, item 3.



A eclosão de uma idéia, de uma filosofia de Vida, não se dava de forma repentina, inesperada, surgida do nada.

TRABALHO DE ÚLTIMA HORA


TRABALHO DE ÚLTIMA HORA

            A pretexto de cansaço ou necessidade urgente de repouso, não postergues a ensancha abençoada do trabalho que agora te chega, na Vinha do Senhor.
            O trabalho do bem não apenas engendra o progresso, mas estatui a paz.
            Dínamo gerador do desenvolvimento e estímulo da ordem, o trabalho é manifestação de sabedoria, desde que o esforço encetado se dirija à execução superior.
            Sejam quais forem as circunstâncias, reverencia o trabalho como meio e meta para a harmonia íntima e o equilíbrio externo.
            Enquanto trabalhas, olvidas problemas e superas limitações, consubstancializas ideais e incrementas a felicidade. Em retribuição, a atividade ordeira te proporciona esperanças, modificando as paisagens por mais complexas e pressagas se te apresentem.
         
            Convidado à Seara do Senhor não examines dificuldades nem recalcitres ante as necessidades urgentes com que depares.
            Mediante a operação socorrista na lavoura dos corações, lograrás vantajosas conquistas contra os contumazes verdugos do espírito: egoísmo, paixão, ódio que dormem ou que se agitam nos dédalos da vida mental. . . .
            Quase sempre ajudas com a esperança de imediata retribuição e reages porque não recebes em seguida...
            Consideras as circunstâncias em que os outros atuam e conferes resultados, arbitrando com a visão distorcida do que supões merecer.
            A honra do trabalhador, no entanto, se exterioriza pela satisfação do labor executado.

            O serviço de Deus é comum para todos, facultando operações incessantes com que se pode desenvolver a felicidade na Terra.
            Pouco importa a hora que se haja compreendido a significação do divino chamado.
            Assim, não te deixes perturbar ante os que estão à frente, nem lamentes os que seguem à retaguarda.
            Importa-te em proceder com dedicação desde hoje, aqui e agora.
            Descobre uma dentre as mil maneiras de atuar edificando e serve, atendendo o chamado do Senhor, que prossegue aguardando os que desejam trabalhar na Sua vinha.
            Nenhum olhar para trás, nenhuma medida de distância à frente.
            Os últimos chamados, qual o que ocorre contigo, receberão a recompensa prometida, não obstante o pouco tempo de que disponham para trabalhar com Jesus e por Jesus.

LEIS MORAIS DA VIDA – Joanna de Ângelis – Divaldo Pereira Franco – Cap. 8

PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA


PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA



“-1- O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. – 2 - Tendo convencionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. – 3 - Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, - 4 - disse-lhes: Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável. – 5 - Eles foram. - Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. – 6 - Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar? -7- É, disseram eles, que ninguém nos assalariou. Ele então lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. – 8 - Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros.- 9 - Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. – 10 - Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. – 11 - Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, dizendo: - 12- Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. – 13 - Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? – 14 - Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – 15 - Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? – 16 - Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.” (MATEUS, cap. XX, vv.1-16).

INTERPRETAÇÃO

Que a paz de Jesus permaneça sempre em vossas mentes.

Meus irmãos, minhas irmãs! Aqui estamos, mais uma vez, para os nossos humildes estudos das grandes palavras do Mestre.

Voltemos à parábola de hoje; a vinha nada mais é do que a vida, esta vida que representa uma oportunidade maravilhosa para que todos, sem exceção, cumpram as suas missões e resgatem os seus débitos.

O Senhor dá a todos a oportunidade de, nela ingressando, participar do banquete divino em que Ele oferece às criaturas a dádiva de um novo corpo, para nele, desenvolver o intelecto e aprimorar o eu espiritual. Eis que alguns, ansiosos de cedo alcançarem os páramos celestiais, solicitam ser os primeiros e Deus, em sua bondade, os acolhe e lhes dá uma parcela de Seu amor, uma semente de Sua inteligência, para que na Terra possam discernir com acerto e com vigilância, o bem e o mal. E esses espíritos ingressam no mundo terreno. Ao virem, comprometeram-se a bem cumprir as determinações recebidas tendo por recompensa a ascensão de seus espíritos, representada na parábola por um denário.


Mas, uma vez no corpo físico, esquecem os compromissos assumidos. Deixam que os dias passem e não exploram o terreno do seu próprio eu.

Esta vinha é agraciada pelo Pai para dar frutos belíssimos a todos aqueles que dela os procurarem, assim como a sua sombra acolhedora. Perdidos ficam no vendaval de suas paixões e, dominados pelo egoísmo, esquecem-se daqueles a quem tudo devem.


O Senhor, em Sua labuta pelo aprimoramento de Seus filhos, chama outros ao redil do Seu amor; oferece-lhes as mesmas oportunidades, distribui as mesmas sementes, aquece-as, com o calor do Seu amor e as criaturas vêm do orbe terráqueo para resgatar o pesado fardo contraído em outras vidas. E assim, sucessivamente.

Eis que se aproxima o fim da colheita. Espíritos ainda no mundo espiritual, conhecedores de que têm necessidade de aproveitar essas vindas ao planeta, suplicam, submissos ao Pai, oportunidade e o Pai, abrindo os Seus braços, chama essas criaturas para Ele, avisando-as de que terão necessidade de mais se aprimorarem, porque os tempos são chegados; tempo em que esse planeta passará e se expandirá, deixando para trás os maus, porque para esses não haverá mais outro tempo.

Esses são os últimos a serem chamados e terão que tudo dar de si para bem cumprirem a tarefa recebida.



Chegando o momento do ajuste de contas, esses que progredirem, que se esforçarem e retribuírem ao Pai todo o amor recebido com o amor aos seus irmãos, recebem com o mesmo, a elevação dos seus espíritos e aqueles da primeira hora, não compreendendo, os invejarão, porque se julgarão privilegiados por terem sido os primeiros escolhidos. Para a bondade do Pai não há privilégios. Todos são Seus filhos e têm a mesma oportunidade dela saírem vencedores ou vencidos, portanto, não interessa esse egoísmo, essa cólera, essa inveja e essa luta que há na Terra para alcançar o primeiro lugar.

Importa, sim, a diligência com que foi feito o trabalho, o aprimoramento demonstrado e, principalmente, o amor com que foi o mesmo executado.

Na balança da justiça, até os pensamentos têm peso. Sendo assim, nada se pode negar nem esconder. Para o Pai nada é mistério; tudo Ele vê, tudo Ele sabe.

Se aquele da última hora, distribuiu amor, teve fé em seu coração, procurou com esforço, com boa vontade, vencer a si próprio, vencendo tudo aquilo que o prendia ainda à sua esfera inferior, dela se livrando, será sempre abençoado pelo Pai o seu esforço.

Não há, pois, desculpas para aquele que não se aprimorou, não procurou vencer, para querer tudo receber, sem nada dar.

Eis porque, meus irmãos, minhas irmãs, são dados agora os últimos toques, os últimos chamados!




Esforçai-vos por merecer a confiança do Pai.

Procurai vencer as vossas próprias paixões.

Na vinha do Pai, não vos esqueçais de que a chuva e orvalho são representados pelo carinho, pela paciência e, principalmente, pela fé com que cuidais dos vossos sentimentos em vigiar, procurando sempre podá-los para que outras ervas daninhas não venham prejudicá-los.

As sementes que recebeis do Pai são delicadas e precisam ser aprimoradas. Não poupeis esforços para conseguirdes esse aprimoramento, que só vós sereis os beneficiados; só vós sereis agraciados com a benção do Pai.

Procurai, através do esforço, progredir. 

Não sejais daqueles que, sentados à beira da estrada, esperam apenas que corações bem formados mitiguem a sua fome e matem a sua sede.

A estrada é para todos e com todos, o Senhor caminha ao lado, amparando-os em suas quedas, confortando-os em seus sofrimentos, porque o Seu amor não tem limites, não tem fim.

Que a paz do Mestre permaneça com todos. Graças a Deus!

(Extraído do livro: As Divinas Parábolas – Autor: Samuel, médium: Neusa Aguiló de Souza – Centro Espírita Oriental “Antônio de Pádua”, Recife, PE - 1982)


Julio Flávio Rosolen participa da Sociedade Espírita 
Casa do Caminho, em  Piracicaba, é Coronel (da reserva) do Corpo de
Bombeiros, Espírita e  colabora com este BLOG.