sexta-feira, 31 de maio de 2013

O complexo de vítima

O complexo de vítima

Autopiedade, incapacidade fantasiosa, cárcere auto imposto, castigo, culpa, lamentação, resignação e reclamação. E tudo isso como se tivesse arrastando correntes com pesos de chumbo por onde passa. Esse é o retrato daquele que carrega em si o complexo de vítima.

Um perfil preocupante, justamente por fazer o indivíduo crer que não é capaz de ter a própria vida nas mãos. Buscam então através das reclamações que alguém se compadeça e os ajudem a mudar a própria vida. Alguns até se compadecem e tentam, mas existem coisas que ninguém realmente pode fazer por nós. Outros tantos sentem pena, repulsa, desprezo e aversão. O que só aumenta a sensação de ser um “coitadinho” realmente.
Numa psicoterapia temos que trabalhar para devolver à vítima a responsabilidade pela própria vida. Fazê-la compreender e experimentar outras formas de funcionamento que podem ser muito mais gratificantes. Ela precisa sim de um salvador, mas esse salvador não será encontrado fora, apenas dentro de si. Em termos psicológicos, é preciso resgatar toda a projeção que ela faz no mundo externo e devolvê-la ao seu domínio de direito. Só fica a mercê do mundo externo quem ainda não se deu conta das forças que possui no mundo interno. No fim das contas o algoz número 1 da vítima é ela mesma.

Aglair Grein - Psicanalista

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Dar de graça o que de graça recebemos

Dar de graça o que de
graça recebemos

“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebestes.” (Jesus – Mateus, X: 8.)


O que de graça recebemos da Providência Divina é a mediunidade e é a essa faculdade que Jesus se referiu quando informou nossa obrigação de dar de graça o que de graça recebemos.

A mediunidade é inerente ao ser humano, com maior ou menor intensidade todos nós a possuímos. Trata-se da possibilidade que temos de entrar em contato com o mundo espiritual, mais propriamente com os Espíritos, essa “multidão de testemunhas que nos cerca”, como bem sentenciou Paulo de Tarso.

Uma vez que a morte verdadeiramente não existe, pois o que morre é somente o corpo, sendo que continuamos a viver em outra dimensão, a espiritual, é muito natural que entre os que estão vivendo num corpo físico e aqueles que estão fora dele haja o desejo e o interesse em manter contatos, pois que o vínculo entre aqueles que se amam permanece. A morte física não é capaz de matar o amor, a afinidade e a sintonia que mantêm ligados os que se buscam pelos laços da afetividade.

Assim sendo, pela mediunidade, os “vivos” da Terra se comunicam com os “vivos” do mundo espiritual e nisso vemos a grandeza, o esclarecimento e o consolo que as Leis Divinas proporcionam aos homens.

Portanto, fazendo uso da mediunidade, nas suas mais variadas formas, conforme podemos verificar em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, temos imensas possibilidades de ajudar aqueles que caminham conosco pelas longas e muitas vezes pedregosas estradas da vida. Isso, obviamente, sem segundas intenções, sem interesses materiais, sem cobrar coisa alguma.

Aquele que conta com força magnética e com a ajuda dos bons Espíritos possui condições de socorrer enfermos, faça isso por amor à humanidade, se propondo, de forma desprendida, a aliviar a dor e os padecimentos daqueles que sofrem neste mundo.

Aquele que possui a palavra fácil e a inteligência desenvolvida, com o auxílio dos benfeitores da espiritualidade, divulgue a verdade, fale sobre as lições imorredouras de Jesus Cristo, espalhando consolo e esperança por onde andar.

Aquele que escreve com agilidade e competência, contando com a presença de emissários de Deus, produza páginas de orientação, de esclarecimento e contribua para a elevação cultural do povo, pois o Cristo, sabendo dessa necessidade, disse: “conhecereis a verdade e ela vos libertará”. (Jesus – João *: 32.)

Aquele que tem mãos ágeis e coração sensível, estimulado pela ação amorosa dos “amigos de mais além”, produza alguma peça ou realize algum serviço que possa atender às necessidades dos irmãos que passam pela vida em situação de carência e penúria, observando principalmente crianças, adolescentes e jovens que caminham, muitas vezes, sem perspectivas para o futuro.

De graça recebemos o incentivo e os recursos oriundos da Providência Divina, nas mais variadas formas, e, de graça, devemos distribuí-los em nosso derredor.

Quem procurar por qualquer benefício ou favorecimento pela distribuição das dádivas que vêm de Deus, por agir na contramão dos ensinamentos cristãos, responderá, mais cedo ou mais tarde, perante o tribunal da própria consciência e amargará o peso doloroso do reflexo da irresponsabilidade cultivada.

Doemos de graça o que de graça recebemos, sem qualquer interesse pessoal... Esse é o caminho. Reflitamos...

"De Graça Recebestes, de Graça Dai"


A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.
Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).
O Mestre não somente recomendou o exercício gratuito da mediunidade, Ele o exemplificou, nada cobrando dos discípulos pelo desenvolvimento mediúnico que neles promoveu e jamais cobrando nada de ninguém por qualquer das obras espirituais que realizou, inclusive as curas.
E, ao expulsar os vendilhões do Templo de Jerusalém, deu enérgica demonstração de que não se deve comerciar com as coisas espirituais, nem torná-las objeto de especulação ou meio de vida.

Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado.
O trabalho que fazemos na vida terrena é com o corpo ou com o intelecto e a paga que recebemos por ele se destina à nossa sobreviência corpórea, ao atendimento das nossas necessidades materiais. Como cada qual tem sua capacidade ou aptidão, todos podem trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia ( com exceção das crianças, dos idosos, dos muito deficientes ou enfermos).
O trabalho com a mediunidade é uam situação muito diferente.
Trata-se de uma faculdade que:
-enseja um trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;
-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promovendo o esclarecimento, a ajuda mútua e a fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;
-precisa estar ao alcence de todos os seres humanos em geral mas só pode ser exercida por médiuns, que são minoria na Humanidade.
Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer:
1) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.
"Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos e os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre."
2) O médium estará recebendo a paga pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.
No transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal?
Como receber pelo trabalho dos espíritos uma paga em coisas materiais, que só a nós beneficia e não a eles?
No caso de serem espíritos familiares e amigos, não nos repugna expô-los para, com isso, lucrar alguma coisa material?
3) Teremos de assegurar resultados, mas não o podemos fazer, pois, amediunidade é uma faculdade fugidia, instável, com a qual ninguém pode contar com certeza, já que não funciona sem o concurso dos espíritos. Ora, os espíritos, quando bons, não se prestam ao comércio mediúnico, pois não irão concorrer para a cupidez e ambição do seu intermediário; e, quando maus, também não gostam de ser explorados e nem sempre querem atuar. "Explorar a mediunidade é, portanto, dispor de uam coisa de que realmente não se é dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga".
4) Atrairá para junto do médium espíritos inferiores.
Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, pseudos sábios ou até malévolos mas, no mínimo, ignorantes.
O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.
5) Lançaremos descrédito sobre a mediunidade.
Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.
"A mediunidade séria nunca pode constituir uma profissão, isso a desacredita moralmente". Esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, a ignorância e a credulidade dos supersticiosos foi o que levou Moisés a proibi-la. O Espiritismo, compreendendo a feição honesta do fenômeno, elevou a mediunidade ao grau de missão".
Observemos que "paga" não é somente o dinheiro mas tudo aquilo que represente remuneração, lucro, vantagem, interesse puramente pessoal, satisfação da vaidade e do orgulho.
Quando um médium da seu tempo ao público, dizendo que o faz no interesse da causa espírita ma snão pode dá-lo de graça, perguntamos com Kardec:
"Mas será no interesse da causa ou no seu próprio que o dá? E não será porque ele entreve aí uma ocupação lucrativa? Por este preço, encontram-se sempre pessoas devotadas. Porventura haverá somente este trabalho à sua disposição?
"Quem não tiver com que viver, procure recurso fora da mediunidade. Se quiser, consagre-lhe materialmente o tempo disponível. Os espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifício, ao passo que se afastam de quem dela faça escabelo.
"À parte estas considerações morais. não contestamos de modo nenhum que possa haver médiuns interesseiros honrados e conscienciosos, porque há pessoas honestas em todas as profissões; mas se convirá, pelos motivos que expusemos, que o abuso tem mais razão de estar com os méduins pagos do que junto àqueles que, olhando sua faculdade como um favor, não a empregam senão para prestar serviços gratuitamente".
Kardec está com a razão. E podemos aduzir que a gratuidade dos serviços no meio espírita tem assegurado o afastamento das pessoas interesseiras e mal intencionadas. O desprendimento e o desinteresse exigidos valem, pois, como um dispositivo de segurança para o movimento espírita.

A remuneração espiritual
Todo o bem que fazemos, porém, sempre tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.
Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:
-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;
-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe ven do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;
-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.



Livros consultados:
De Allan Kardec:
-"O Evangelho Segundo o ESpiritismo", cap XXVI;
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, cap. XXVIII e XXXI, item X.

DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE (Mateus, 10: 8)

DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE (Mateus, 10: 8)
 
Relembrando um pequeno trecho dos ensinamentos do Cristo, quando nos alerta para não vendermos nada do que nos foi dado de graça.
Quando nos referimos a este trecho, é que temos observado em algumas Casas Espíritas a cobrança de taxas (*) em algumas atividades, especificamente, na realização de seminários.
Há grandes eventos ocorridos fora das Casas Espíritas, com despesas para promovê-lo e divulgá-lo, objetivando levar o conhecimento espírita de forma a atingir maior número de pessoas. No entanto, há também as instituições que nenhuma despesa extra contrai para realizar pequenos eventos e ainda assim cobram por ele, direcionando o lucro obtido indevidamente para despesas e necessidades da Casa. Ora, despesas da Casa Espírita deve ser supridas pelos sócios. 
Na verdade se cobra muito o estudo por parte do espírita, mas por outro lado, lhe é privado o direito do aprendizado devido à cobrança de taxas nos eventos.
Não estamos aqui sendo coniventes com o espírita que não gosta nem de ler e muito menos de estudar, até mesmo porque, o mesmo é portador do livre arbítrio.
O que tentamos mostrar no item citado, ou seja, seminário, é a grande dificuldade de ter em mãos, a quantia cobrada pelas Casas Espíritas, onde são realizados os eventos, dificultando para muitos o acesso. ▲

Carlos Roberto

(Carlos Roberto é vinculado ao Núcleo Espírita Joana D’Arc, Rua Augusto Reinaldo, 115 – Curado II – Jaboatão/PE).

Dai de Graça - Slides

clique aqui

Dai de graça o que de graça recebestes

Dai de graça o que de graça recebestes - 19/03/2011 - Edu Medeiros - Um Amigo do Bem

Será realmente possível vender ou mesmo cobrar monetariamente pelo uso de algo que nos foi dado de graça sem afetar a nossa moral, a nossa ética ou a nossa capacidade de praticar a caridade?
A resposta é NÃO e foi dada por Jesus Cristo, conforme consta no Novo Testamento - Mateus – Cap. X, versículo 8: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.”.
Por mais que possa parecer inadmissível, há pessoas que cobram ao praticarem a mediunidade, se bem que em muitos casos a cobrança existe pelo fato de se encomendar “um trabalho espiritual” visando o mal do próximo, fato que gerará graves consequências na “Lei Divina de Causas e Efeitos”, como também existem pessoas que cobram por uma simples cirurgia mediúnica, uma limpeza espiritual através da infusão de ervas ou banhos específicos, uma imposição de mãos (mais conhecido como passe mediúnico), uma fluidificação de água, uma comunicação com o mundo dos desencarnados ou ainda uma sessão de desobsessão que é equivalente a uma sessão de descarrego para os evangélicos ou um exorcismo para os católicos.
Como está escrito no capítulo XXVI do Evangelho Segundo o Espiritismo é preciso curar as doenças para dar gratuitamente alívio aos que sofrem, assim como é necessário dialogar com os espíritos endurecidos para ajudar gratuitamente a propagação da fé, pois Deus concede benefícios e atua com misericórdia sem custo financeiro, donde nenhuma criatura imperfeita está apta a colocar preço à sua Bondade, Justiça ou Clemência.
De que forma então é possível identificar um local em que há a prática da caridade através da mediunidade e que verdadeiramente esteja difundindo as palavras de Cristo? A resposta passa necessariamente pela NÃO COBRANÇA de quaisquer valores, ou seja, sempre que tivermos que pagar algum valor, mesmo que não seja moeda corrente (dinheiro), com certeza as pessoas que dirigem o local não estão aliadas com bons espíritos. Caso a gente procure um local desses, perceberá que um problema que parecia simples de resolver pode se transformar em uma tremenda perturbação espiritual, como por exemplo, o popularmente conhecido “encosto”, pois os espíritos levianos estão sempre prontos para responder a tudo que se lhes pergunte, sem se preocuparem com a verdade. A primeira condição para se assegurar a benevolência dos bons espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, e o mais completo desinteresse moral e material.
A mediunidade é uma missão à qual, se for o caso, deve ser dedicado o tempo de que se possa dispor materialmente. Os espíritos levam em conta o devotamento e o sacrifício do médium.
A mediunidade não é a mesma coisa que a capacidade adquirida pelo estudo e trabalho, ou seja, é uma missão e “MISSÃO DADA É MISSÃO CUMPRIDA”, como dizem os militares, grupo do qual este colunista faz parte.
Não é uma arte, nem uma habilidade e, por isso, não pode tornar-se uma profissão: não existe senão com o consentimento dos espíritos; e se estes se ausentarem, não há mais mediunidade.
Não há um só médium no mundo que possa garantir a obtenção de um fenômeno espiritual no momento que ele quiser, ou seja, “o telefone só toca de lá para cá”.
Explorar a mediunidade é algo abominável, pois a mesma é divina, e deve ser praticada RELIGIOSAMENTE, especialmente a de CURA, onde o médium curador transmite o fluido salutar dos bons espíritos, não possuindo o direito de vendê-lo, pois aquele que não tem do que sobreviver deve procurar em outras fontes, menos na MEDIUNIDADE.
Edu Medeiros - Um Amigo do Bem, 19/03/2011.
Artigo publicado no Jornal JC Regional de Pirassununga/SP - Edição de 19/03/2011.

DAI DE GRAÇA

DAI DE GRAÇA
(O que de graça recebeste)

            Uma das coisas que mais admiram as pessoas que vão pela primeira vez na Casa Espírita é a absoluta isenção de pagamento em qualquer atividade que transcorra neste ambiente (alguns insistem em pagar pelo benefício que tenham recebido, apesar da veemente recusa do trabalhador espírita).

            Em um mundo onde tudo é negociável, alguns não entendem como podem existir pessoas que, abdicando de seu tempo, sua família, seus afazeres e lazeres, dedicam-se a uma causa nobre e às necessidades de desconhecidos pelo simples prazer de ajudar, sem esperar nenhuma vantagem financeira.

            Quando Jesus disse (Mt 10,8) "Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido", ensinou que todos que desejam servi-lo, devem fazer de forma desinteressada, proporcionando alívio aos que sofrem, ajudando na propagação da fé e da esperança, não devendo jamais fazer desta atividade um meio de comércio, nem de especulação, nem meio de vida.1

            A expulsão dos mercadores do templo (Mc 11,15 a 18; Mt 21,12 e 13) simboliza recriminação de Jesus ao comércio e tráfico das coisas santas, pois Deus não vende as suas bênçãos, não dando a nenhum homem o direito de negociar em Seu nome.

            Assim, Allan Kardec enfatiza que também a mediunidade deve ser exercida de forma santa e gratuita, pois é um dom que Deus concedeu aos homens para auxiliá-los no esclarecimento, consolo e evolução - sua e dos outros.

            Divaldo Franco, Raul Teixeira, Yvone Pereira, Chico Xavier são exemplos de médiuns que exerceram e exercem a mediunidade com Jesus, desinteressada de qualquer benefício, doando todos os direitos autorais das obras psicografadas a entidades beneficentes e instituições de caridade. Chico Xavier, com mais de 400 obras mediúnicas, sempre viveu de forma humilde e pobre, primeiro com o salário de servidor público, depois com a aposentadoria a que teve direito.

            Kardec alerta que "procure, pois, aquele que carece do que viver, recursos em qualquer parte, menos na mediunidade; não lhe consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos lhe levarão em conta o devotamento e os sacrifícios, ao passo que se afastam dos que esperam fazer deles uma escada por onde subam"2

            Desta forma age a Sociedade séria, que se dedica ao estudo do Espiritismo e ao amparo dos necessitados (do corpo e da alma), não permitindo qualquer forma de comércio ou cobrança nas atividades em seu domínio. O espírita, seja qualquer função que exerça nesta sociedade (presidente, palestrante, passista, médium), não recebe remuneração alguma por sua atividade, realizando-se, conscientemente, apenas por amor ao próximo.

            As Sociedades Espíritas são mantidas no seu aspecto material pela colaboração livre e espontânea de seus associados e simpatizantes (que vêem nesta contribuição uma possibilidade de exercerem a caridade) e da venda de livros que tem por objetivo ser uma fonte de renda e, mais importante, como divulgação doutrinária.


1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 127 ed. Rio De Janeiro: FEB, 2007. cap. XXVI. Itens 1 e 2.
2Ibidem. Item 10, último parágrafo.

Dai de graça o que de graça recebeste

1- Como podemos entender o que Jesus quis dizer quando falou "Dai de graça o que de graça recebestes" ?

Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.

Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).

DAR DE GRAÇA
Primeira situação: Dar de graça o que recebeu de graça - Existe contrapartida, ou seja, o beneficiado do "receber de graça" praticou e/ou pratica o "dar de graça"

Segunda situação: Cobrar pelo que recebeu de graça   - : Não existe contrapartida, ou seja, o beneficiado do "receber de graça" não praticou e/ou não pratica o "dar de graça"

Terceira situação: Dar de graça o que não recebeu de graça, ou seja, dar de graça aquilo que conseguiu obter com seus próprios esforços .

2- O que é então, que temos nesse mundo mas não é nosso ?

a)Primeiramente nosso corpo. Ele é um empréstimo de Deus, que nos permite habita-lo para podermos aprender.

b) Depois temos os bens materiais, como dinheiro de família.

3- Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado?

Trata-se de uma faculdade que:

-o trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;

-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promover o esclarecimento, a ajuda, fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;

4- Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer?

a) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.

b) não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos .

c) O médium estará recebendo pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.

d) no transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal.

e) Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.

4) Quando mediunidade é cobrada atrairá para junto do médium espíritos inferiores?

Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, ignorantes.

O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.

5) Qual a vantagens do exercicio da mediunidade gratuita em favor da humalidade?

A remuneração espiritual - Todo o bem que faz, tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.

Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:

-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;

-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe vem do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;

-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.

6-   Preces pagas, como é visto na ótica espírita?

          A prece, é um ato de Caridade, um impulso do Coração. Fazer pagar um ato de se dirigir a Deus.

     Em favor de outros, é transformar-se em intermediário assalariado. A prece torna-se então, uma fórmula cuja extensão é proporcional a soma recebida. Deus não vende os benefícios que concede. A razão, o bom senso, a lógica dizem que Jesus, a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas, o direito de fixar um preço para a sua justiça.

          A justiça é de Deus, como o Sol que é para todos.

         As preces pagas tem um outro inconveniente; É que quem paga, isto é, quem as compra, as mais das vezes, se julga dispensado de orar, porque se considera quites, uma vez que as pagou.

          Não será reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?

7-  Eles vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, entrando no templo, começou por expulsar dali os que vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e os bancos dos que vendiam pombos: - e não permitiu que alguém transportasse qualquer utensílio pelo templo. - Ao mesmo tempo os instruía, dizendo: Não está escrito: Minha casa será chamada casa de oração por todas as nações? Entretanto, fizestes dela um covil de ladrões! - Os príncipes dos sacerdotes, ouvindo isso, procuravam meio de o perderem, pois o temiam, visto que todo o povo era tomado de admiração pela sua doutrina. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 15 a 18; - S. MATEUS, cap. XXI, vv. 12 e 13.), Como explicar atitude de Jesus?,

R- Jesus expulsou do templo os mercadores. Condenou assim o tráfico das coisas santas sob qualquer forma. Deus não vende a sua bênção, nem o seu perdão, nem a entrada no reino dos céus. Não tem, pois, o homem, o direito de lhes estipular preço.

Obs: O purgatório originou o comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no céu. Este abuso foi a causa primaria da Reforma, levando Lutero a rejeitar o purgatório.

8- Como é visto dizimo?

           Nunca ouvi fala que Jesus cobrava para curar as pessoas, para dar uma palavra de consolo, para alimentar os que tinha fome.
ELe mesmo sempre dizia: dai de graça o que de graça
recebeis.
         Ele veio ensinar o amor, a caridade, o perdão, veio ensinar os verdadeiros valores do espírito, enquanto hoje certas “religiões”, pregam que pra receber a graça de Deus voce tem que dar uma parte do seu pagamento. Isso é um absurdo. Tem pessoas que o pagamento não da nem pra levar uma vida com dignidade, pra sustentar os filhos, e tem que pagar dizimo?

9 - Todo o serviço espiritual é gratuito no centro Espirita?

O verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações.

Todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita.

10- Na sua opinião, por que o médium deve evangelizar-se?

Emmanuel, em O Consolador, respondendo a questões afirma: “(...) A maior necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo, poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão. “O primeiro inimigo do médium reside nele mesmo".

Freqüentemente é o personalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho”.



11- Como pode ser encarada a mediunidade séria?

A mediunidade séria não pode ser nem será jamais uma profissão, mesmo porque, e sobretudo no seu aspecto de concessão como prova, é uma faculdade essencialmente móvel e variável. Não é, portanto, a mesma coisa que a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho, da qual se tem o direito de usar.

12- Sobre a Meduinidade curador pode ser cobrada?
Sobretudo, a mediunidade curadora é que jamais deveria ser explorada, pois, como nenhuma outra, requer, com mais rigor, a condição de desprendimento e a capacidade de renúncia santificante. O médium curador é o veículo para a transmissão do fluido salutar dos Bons Espíritos e, nestas condições, jamais tem o direito de o vender.

Conclusão final:

vejo que meu sorriso, meus braços, meus ouvidos….tudo recebi de graça. A gente sempre se esquece que algumas coisas que possuímos nós não precisamos comprar, materialmente falando.

 Logo posso muito bem, sorrir sem que seja preciso receber um sorriso de volta. Quantas vezes no caixa do supermercado, ou em qualquer lugar, nosso sorriso de simpatia e cordialidade é recebido com gestos e respostas mecanicamente ditas, sem qualquer sentimento.

Posso abraçar e transmitir boas energias, sem que receba de volta a mesma. Posso apenas ouvir a quem precisa, sem interesse, mesmo que não me ouçam. Posso sim, doar meu amor fraterno, amar as pessoas mesmo que não me amem. Quão difícil é ver qualidades e respeitar aqueles que divergem de nós, que não simpatizam conosco.

 Isso sem falar em tantos outros dons que cada um tem, como a paciência, a alegria espontânea, a compaixão. Você conhece alguém que quando chega, vai logo envolvendo a todos e contando histórias engraçadas, alegrando o ambiente e fazendo a vida de todos mais leve? Eu conheci alguns nas mocidades deste meu Brasil.

 Conheço pessoas capazes de “adivinhar” que um amigo precisa de ajuda e simplesmente aparecer ou liga sem mais aquela, só pra ver como estamos. E aí nós desabafamos, conversamos e ficamos muito melhor, depois do contato com este amigo.

 Se doar sem esperar nada de ninguém, nem mesmo de Deus. Sim! Achar que por ser legal, caridoso, prestativo tenho certos privilégios com o Todo Poderoso; como não ter as dificuldades naturais da vida, que servem para o nosso crescimento… ledo engano.

 Só aí, quando menos espero, vou receber o que todos querem, mas poucos têm….a FELICIDADE E PAZ VERDADEIRA!

 PRÁTICA ESPÍRITA

· Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

· A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

· O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

· O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

· A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.

· Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

· O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amor com amor - Adenáuer Novaes

“De graça recebestes, de graça dai.” Mateus, 10:8.

Os objetivos que traçamos para nossa Vida determinam o modo como passamos por ela e como sentimos as experiências vivenciadas. Sempre que esses objetivos polarizarem conhecimentos ou aprendizados incompletos, necessitaremos vivenciar seus complementos. Se objetivamos, por exemplo, ganhar sempre, teremos, em dado momento, que aprender a lidar com o perder. Se intencionarmos agredir alguém, necessariamente passaremos pela dor com que atingiríamos o outro a fim de aprendermos a lidar com o que nos opõe, e, dessa forma, nos educarmos. O que vem ao nosso encontro é aquilo que precisamos aprender e, muito precisamente, é algo que sintoniza com nosso mundo interior. O interno atrai o externo, e, na maioria das vezes, o determina.

Quando endereçamos algo para alguém, receberemos de volta o que emitimos de acordo com o  objetivo que empregamos inicialmente. Se vendermos algo a alguém ou trocarmos um objeto por outro ou por dinheiro, não teremos o objeto inicial de volta, mas aquilo que nos propomos a buscar com o resultado da operação. Mesmo que seja um objeto semelhante ao primeiro, lidaremos antes com a energia do meio utilizado para a troca. Nossos objetivos últimos são balizas mestras para a Vida. Quando usamos a malícia nas relações que estabelecemos com o mundo, teremos de volta, em resposta, a mesma malícia que empregamos. Somente lobos caem em armadilhas para lobos. A medida que o mundo usa para nos medir é resposta à mesma que utilizamos para com a Vida.

Dar de graça o que de graça recebeu é agir na Vida como gostaria que o universo respondesse para  consigo. É atuar no mundo com uma certa dose de inocência e ingenuidade características de quem tem puro o coração. Não é a inocência e ingenuidade dos tolos, mas a pureza e consciência de quem sabe o que quer para si sem subtrair do outro.

Do ponto de vista psicológico, o efeito dessa forma de agir é o mesmo que ocorre quando abrimos nossa percepção da realidade, enxergando melhor as alternativas diante de um conflito. Essa atitude para com a Vida impede que os mecanismos de defesa sejam acionados como fuga à realidade, dando-nos melhores condições psíquicas frente aos problemas e desafios do cotidiano.

Quando se fala em gratuidade, imediatamente se pensa em dinheiro, em recursos financeiros e na própria subsistência. Muitas pessoas têm problemas financeiros, o que as coloca em situação difícil diante da necessidade de adquirir meios de se manterem. Isso dificulta uma melhor percepção do significado de viver as experiências de ter ou não ter dinheiro. Caso não vivêssemos sob a pressão de buscar recursos para a sobrevivência, entenderíamos que ambas as situações (riqueza ou pobreza) se assemelham. Elas nos possibilitam aprendermos as leis de Deus. Ter ou não recursos são estados externos a serem enfrentados, que nos capacitam a lidar com a gratuidade do universo a nosso favor. Quem já aprendeu a lidar com as duas formas e suas nuances, certamente não terá dificuldades no campo financeiro. Saber lidar com dinheiro é também não acreditar que tudo deva ser feito de graça. Tudo tem seu preço. Caso não paguemos por algo, alguém o estará fazendo. Receber de graça é responsabilidade maior do que imaginamos.

Para começar a aprender a lidar com recursos, vamos iniciar reduzindo a nossa natural cobiça em obtê-los e o desejo arquetípico de ganhar sempre e exclusivamente. Vale dizer, trabalhar o nosso egoísmo arquetípico, ampliando o significado do repartir e compartilhar. Participando dos processos naturais de competição para obtenção de recursos com a mente voltada para a solidariedade e o desejo de que os outros também obtenham sucesso.

Esse egoísmo ancestral decorre da excessiva valorização que atribuímos ao ego e seus processos de aquisição de poder. Isto funciona automaticamente como um padrão repetitivo de pensar e sentir. De tanto agirmos em proveito próprio acabamos por acreditar que a psiquê funciona dessa forma. É um padrão típico de comportamento que funciona como um comando, porém que pode ser modificado.

O nosso estado de espírito e nosso desejo em compartilhar o que ganhamos ou adquirimos pelo  esforço pessoal, possibilita a que nos habilitemos a receber da Vida, enfrentando menores dificuldades em obter novamente os recursos de que precisamos para viver. Quanto mais se cobiça, mais dificuldades se terá em obter o que se deseja.

Isto vale para recursos financeiros como para o relacionamento a dois. Quanto mais se quer ter a posse, mais dificuldades se apresentam na relação. Quem ama liberta, desejando a felicidade própria e, principalmente, a do outro. O desejo de posse, ou a vontade de obter vantagem, aprisiona a psiquê num processo de autopreservação que dificulta a percepção da Vida, alienando o ego da possibilidade de desenvolver-se. Buscar o progresso pessoal é dever de todos e tarefa inalienável,porém deve-se receber da Vida o que ela oferece em troca dessa atitude.

É sempre importante perguntar-se o porquê não se obteve o que se desejou. É sempre oportuno colocar-se na posição de quem não mereceu ou não soube desejar. Dessa forma, ninguém é responsável pelas perdas e derrotas a não ser o próprio indivíduo. Os outros que participaram ou desejaram nossa derrota, ou mesmo, atuaram conscientemente contra nós, são meros instrumentos da nossa necessidade em aprender a administrar perdas.

Dar de graça o que de graça recebeu é objetivar que a lei de Deus aja conosco como estamos agindo  com a Vida que Ele nos deu. Não há mérito em ganhar se não aprendemos a obter. Não há sentido em obter algo se não para aprender alguma lei de Deus. Obter por obter, mesmo por meios lícitos, não é o sentido de viver.

A nossa psiquê age por compensação. Muitas vezes, queremos obter materialmente para compensar o vazio espiritual que criamos em nós. A imaturidade espiritual promove a necessidade de compensação pela aquisição de valores amoedados. Certas afecções psicológicas, tais como a angústia, o ciúme, a raiva, a inveja, dentre outras, muitas vezes, são compensadas com a necessidade de alimentar-se em demasia, com a pressa em atirar-se às compras, ainda que sem recursos, com a valorização da posição social, com a ocupação de um cargo mais importante, com a prepotência e o autoritarismo, etc.

A gratuidade é uma forma de se viver melhor e num estado de espírito harmônico e preparado para  os dificultadores naturais da Vida. Dar de graça não significa ser perdulário ou premiar a ociosidade alheia; é, em realidade, predispor a psiquê a aprender a lidar com as perdas e os limites do Espírito.

Dar de graça o que de graça recebeu é utilizar a energia psíquica que temos em favor do nosso crescimento, em favor do outro em nossa Vida e em favor do próprio universo. Essa energia, a serviço da cura, é fator que contribui para a felicidade pessoal e do outro em nossa Vida. O ser humano em sua trajetória evolutiva acumula o potencial de curar a si mesmo e o de auxiliar seu próximo a crescer.

O bem que se tem é o bem que se faz. A gratuidade que recebemos da Vida é aquela que nós mesmos fizemos no passado reencarnatório como também a que fazemos hoje.

A atitude psicológica de dar de graça o que não se sabe como se obteve ou como chegou às nossas mãos, significa estar sempre disponível para continuar recebendo os mesmos recursos doados.

Fazer o bem gratuitamente alicerça no psiquismo o sentido de viver a Vida como um dom de Deus.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Tal da Resiliência


Lucieli Dornelles

Eu lembro com muita clareza, há alguns anos, quando ouvi falar no título deste post pela primeira vez.
Resili… o quê?
Resiliência, respondeu um amigo. Uma das palavras mais bonitas do dicionário.
- Como assim? Continuei, curiosa.
- Ser resiliente é ter a capacidade de se adaptar a um momento de adversidade. De crescer e de se tornar alguém melhor depois de passar por uma situação difícil.
resilience
Na física, o dicionário explica que resiliência tem a ver com flexibilidade. É a propriedade que um determinado corpo tem de recuperar a forma original após sofrer um choque ou uma deformidade. É a capacidade de se adaptar e evoluir positivamente.
Na vida real, eu poderia resumir em uma palavra: superação.
- Superar problemas, oras, mas isso eu já faço o dia inteiro, você pode ter pensado.
E é, né? A gente enfrenta o trânsito, o mau humor das pessoas, os nossos medos, as nossas angústias. Nos viramos em dez pra fechar as contas e pagar tudo direitinho no final do mês. Educamos nossos filhos, cuidamos da casa, preservamos o nosso relacionamento. Viver é superar, eu diria.
Mas o ponto onde eu quero chegar, o da tal da resiliência, ultrapassa uma simples superação. Tem a ver com transformação, com uma reforma íntima mesmo. Com algo que mexe com a gente, toca na ferida e promove uma mudança verdadeira, uma mudança pra melhor.
Confessemos: quantas vezes nos pegamos tirando lição nenhuma de uma fase difícil? Lembrando dela como uma pequena dor qualquer do passado? Quantas vezes olhamos pra uma situação do presente e percebemos que estamos tomando as mesmas atitudes e repetindo os mesmos erros de tempos atrás? Dá pra perceber como é tênue a linha que separa uma coisa da outra?
Resiliência. Será que somos capazes de sair, de fato, pessoas mais amadurecidas e preparadas de um acontecimento doloroso? Conseguimos nos tornar flor em meio ao deserto? Não seria muito mais fácil se acomodar diante da fraqueza? Fingir que o mundo só é cruel com a gente? Ô.
Admitir que estamos no fundo do poço, hoje tenho certeza, também é um ato de coragem. Principalmente quando demoramos a encontrar escadas pra sair de lá. Ser resiliente assusta, inquieta, aguça o nosso lado mais ansioso. Queremos respostas. Queremos crescimento imediato. E a vida é mais, bem mais do que isso.
Que tal então nos contentarmos em mudar as nossas atitudes, quando não conseguimos mudar as circunstâncias?
Que tal pararmos pra pensar nas mil e uma chances de crescimento que talvez tenhamos deixado escapar durante a vida?
Que tal?

terça-feira, 14 de maio de 2013

Reforma Íntima


Reforma Íntima

image
O que é a reforma íntima apregoada pelo Espiritismo?
Reforma íntima é o processo de aprimoramento do homem. O conhecimento do Evangelho do Cristo e das verdades reveladas pelos espíritos leva-nos a rever o conceito que temos da vida. Somos quais náufragos refugiados provisoriamente em uma ilha, mas com retorno certo para o nosso país de origem – o mundo espiritual. As coisas da Terra passam a ter para nós uma importância relativa, ou seja, os bens materiais são utilidades necessárias à nossa sobrevivência e devem ser usados com parcimônia, em nosso benefício e da coletividade, porque dependemos uns dos outros. As agruras e sofrimentos daqui são suportados com mais resignação e coragem, pois sabemos que têm seu termo com a viagem de volta – o desencarne. Compreende-se que o amor ao próximo não é simplesmente uma proposição religiosa, mas uma lei regulando a vida dos seres e determinando a nossa própria felicidade, porquanto recebemos na mesma medida em que damos.
Ao contato dessas novas informações, estabelece-se em nós uma luta, porque o Cristo disse que não veio trazer a paz, mas a espada. E é exatamente assim: perdemos a nossa paz. Não a verdadeira, mas a ilusória, que significa acomodação, indiferença. Passamos a guerrear conosco mesmo. Temos agora novas lições a seguir, mas o homem-velho, orgulhoso, egoísta e vingativo ainda teima em permanecer em nós. Como no dizer do apóstolo Paulo: O Bem que quero fazer não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço. A nossa consciência até então tranqüila já não nos deixa dormir sem refletir nos erros que cometemos sucessivamente. Passamos a nos arrepender das atitudes infelizes e para nosso sossego buscamos a reconciliação com quem ferimos. Isso tudo é para nós muito desgastante e doloroso. Para evitar outros erros e novos sofrimentos, estabelecemos uma ação preventiva, vigiando a nossa conduta, dedicando-nos mais à oração e às leituras sadias, abandonando vícios e hábitos perniciosos. Esse é o primeiro passo da reforma íntima.
Daí entra-se numa segunda fase, que decorre do ensinamento evangélico de que devemos fazer ao próximo todo o bem possível, tudo aquilo que desejamos para nós mesmos. Em razão dele também o lema espírita: Fora da Caridade não há salvação. Por outras palavras, não basta simplesmente não fazer o mal, não errar, mas é preciso fazer o bem. Quem não faz o bem, automaticamente está fazendo o mal por omissão, causa de tanta miséria e ignorância no mundo. Ciente disso, o candidato disposto à auto-reforma abandona o comodismo, vence a inércia e lança-se ao trabalho de ajuda às crianças abandonadas, à velhice desamparada, aos miseráveis e aos doentes. Já é um grande passo. Mas ainda assim, o bem em nós é quase um dever, que nem sempre cumprimos de boa vontade. Fazemos a caridade porque sabemos que deve ser assim, que é o melhor, que haverá uma recompensa divina, mesmo que seja ele espiritual.
Finalmente, a reforma íntima chega ao seu final quando fazer o bem torna-se um prazer. É uma ação incorporada à nossa personalidade, manifestando-se espontaneamente, sem que por ela esperemos qualquer recompensa. Então, já não seremos mais meros aprendizes, mas servos do amor de Jesus na grande obra de implantação da paz nos corações.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas – Edições Sonia Maria – 1ª Edição – Capítulo: 27 São Paulo – 1997

domingo, 12 de maio de 2013

Busca interior - palestra de Divaldo


clique aqui

Busca interior - video

clique aqui

A busca da iluminação interior - Divaldo


A busca da iluminação interior
Escrito por Divaldo Franco  
Queridos irmãos, queridos irmãos: nossos votos cordiais de muita paz.

Estive meditando a respeito de um tema para conversarmos no encerramento da pauta deste dia, conforme vimos fazendo nos últimos anos, e lembrei-me da vida agitada que todos vivenciamos, dos desafios que enfrentamos, da correria contra o relógio, das contrariedades mal absorvidas, das angústias não exteriorizadas, e ocorreu-me a idéia de reflexionarmos juntos em torno de um assunto de muita importância, qual seja a iluminação interior.

Normalmente nós, os espíritas, estamos empenhados em levar a mensagem a todos aqueles que se nos acercam, tanto quanto àqueloutros que estão à distância, que seriam os gentios, conforme eram designados nos dias de Jesus em Israel.

As atividades multiplicam-se, os problemas surgem e não nos lembramos de atender às necessidades de nossa vida interior. Jamais tivemos na Terra dias de tantas dificuldades emocionais, de tantos tormentos espirituais quanto atualmente, isto porque estamos atravessando a etapa da grande transição, que ainda não atingiu o seu clímax, mas que nos está levando a situações penosas, conflitivas e angustiantes. Necessitamos – penso – de fazer uma pausa para reflexionarmos em torno da nossa própria situação perante a Consciência Cósmica, recordando-nos de uma indagação que fez o confessor fráter Leone a São Francisco, quando ele estava capinando o jardim à porta do monastério:

Se você soubesse, meu Pai, que iria morrer hoje, o que faria?

Ele respondeu, suavemente:

Continuaria capinando o meu jardim.

Essa reflexão tem me chegado à mente todos os dias e, numa autoanálise, procuro observar como estaria, caso a pergunta me houvesse sido feita, se continuaria tranquilamente fazendo aquilo que estava realizando, e surpreendo-me ao constatar quanto ainda necessitaria fazer, a fim de poder viajar em paz.

Assim pensando, anotei algumas reflexões mentais, iniciando-as por uma história da autoria de Rabindranath Tagore, o poeta indiano, Prêmio Nobel de Literatura, que deixou mais de mil poemas, tido pelos que o leem como insuperável em razão da beleza com que vestia as suas mensagens...

Narrarei a história de Tagore com a minha própria emoção, o que não será certamente uma cópia fiel daquilo que escreveu.

Tratava-se de um místico muito famoso no sul da Índia, de nome Upagupta. Upagupta tornou-se uma verdadeira lenda pelo ser que era e pela mensagem de que se fazia portador. Certo dia, chegando a uma cidade muito populosa, em plena primavera, deteve-se, à porta de entrada da muralha que a circundava, para melhor aspirar o perfume das flores e, fascinado pela sombra generosa de um velho carvalho, optou por repousar sobre a grama, e adormeceu. Estava, portanto, nesse estado de tranquilidade e inconsciência, quando percebeu algo, e abriu os olhos. Teve uma visão quase mirífica. Ali estava uma jovem de beleza ímpar, que lhe sorria de maneira encantadora. Percebendo-o desperto, ela falou-lhe:

Desejo convidar-te para que venhas à minha casa. Eu sou vendedora de perfumes... Favoreço o encanto das ilusões aos meus convidados. Resido perto daqui, num quase palácio, onde recebo meus hóspedes. Hoje é o dia em que celebro o meu aniversário, permitindo-me a gentileza de escolher o parceiro para as minhas alegrias. Já recusei um sacerdote, um guerreiro, e, no entanto, elejo-te a ti. Tu virás?

Upagupta olhou-a, deslumbrado, e respondeu-lhe muito suavemente:

Gostaria tanto de ir!... mas hoje eu não posso...

A jovem, que não estava acostumada a recusas, recuou um pouco, e o interrogou:

Por que não? A todos que me buscam as carícias, eu cobro por alguns momentos de prazer uma verdadeira fortuna, enquanto que a ti não pedirei nada. Existe algo em ti que me fascina! Eu não saberia explicar-te. Por essa razão, volto a inquirir-te: Virás?

Naquele momento ela se houvera afastado um pouco, e Upagupta sentando-se, olhou-a, fascinado pela sua beleza terrena, respondendo-lhe algo melancólico:

Infelizmente, hoje, eu não posso. Nada obstante, eu atenderei ao teu convite na primeira oportunidade, quando irei ter contigo.

Ela sorriu, canhestra, e lhe respondeu:

Por que hoje não podes? Tu sabes que nós, as mulheres que vendemos prazeres, somos como as mariposas, que são devoradas pela chama em torno da qual voluteiam. Eu não tenho amanhã. Todas as minhas emoções e expectativas de gozos e alegrias são deste momento. Vem! Deixa-me dizer-te que descubro o fascínio que há em ti: são os teus olhos! Eles irradiam suave claridade que me envolve, e por isso, digo-te: Eu te amo. Vem, por favor. Nunca disse a homem algum que o amava. A todos eu vendi lascívia, mas a ti eu não cobrarei nada, repito, porque te amo!

Upagupta baixou os olhos negros e, ao abri-los, respondeu-lhe enternecido:

Mas hoje eu não posso. Um dia, que não está longe, eu atenderei ao teu convite.

A jovem mulher levantou-se, estremunhada, blasfemando, e desapareceu por detrás da porta imensa...

Dois anos depois, era outono, quando Upagupta voltou àquela mesma cidade. Não mais havia as flores, nem o carvalho venerando estava belo, mas quase despido. Aquela entrada, onde antes medravam tantas flores miúdas e perfumadas, agora se transformara em depósito de lixo da cidade... Animais em decomposição, monturo e dejetos, odores pútridos, significando, talvez, o também outono da vida...

Ele recordou-se da vendedora de ilusões, quando percebeu algo entre as latas de lixo. Atraído por movimentos estranhos, observou um corpo deformado que se cobria de trapos e, sem delongas, conseguiu alcançar-lhe com as mãos a cabeça que balançava sobre os ombros, exsudando pus. Em contato com os dedos, os cabelos se liberaram. Ele abaixou-se, enquanto tentava erguer o corpo ferido, e falou-lhe em tom coloquial:

Eis-me aqui! Eu venho agora atender ao teu convite.

Aquele corpo ferido recuou, tentando fugir, enquanto uma voz atribulada, estrugiu, indagando:

O que queres de mim? Se vieste comprar perfumes, não os tenho mais para vender e, se vieste por compaixão, é tarde, foge! Porque se eles, os meus perseguidores, souberem que estás comigo, também te perseguirão de forma inclemente. Deixa-me morrer em paz!

Não posso! – respondeu o missionário. Não há muito, me convidaste para o banquete na tua casa, e eu te disse que iria depois...Eis-me aqui, pois que cheguei agora.

O ser infeliz recuou ainda mais, a cabeça bamboleava sobre os ombros magros, que eram chagas vivas, o rosto coberto por lepromas, os olhos como duas crateras transformadas em depósito de pus, e todo o corpo ulcerado, era tudo o que restava da sofrida mulher.

Ouvindo-o, ela recordou-se e indagou-lhe, atormentada:

Por que demoraste tanto? Eu te esperei durante esses dois anos que passaram, e tu não vieste! Agora é tarde para nós dois. Vê-me: estou em decomposição embora viva, não sirvo para nada. Foge, eu te peço. Eu te agradeço, porque vieste, mas agora foge...

Havendo-se reclinado sobre ela, estendeu-lhe os braços fortes e musculosos, ergueu-a até ao tórax e estreitou-a num terno abraço.

Ela tremia, febril. Com uma das mãos, ele limpou-lhe os olhos ulcerados, enquanto a sofredora tentava escondê-los, e então retrucou-lhe:

Eu te houvera prometido que viria depois. E aqui estou.

Infelizmente, chegaste tarde demais. Desde aquele dia, eu que não tinha alegria de viver e fingia, depois que te conheci perdi também a falsa postura de prazer. Nunca mais fui a mesma. Toda noite eu colocava no peitoril da janela do meu quarto uma lâmpada acesa para que clareasse o teu caminho na expectativa de que virias, e não chegaste nunca. Agora...

Agora – interrompeu-a, generoso – aqui estou. Vem comigo, deixa-me levar-te nos meus braços.

E erguendo-a entre os ventos frios outonais, ele adentrou-se pela porta da cidade. Recordando-se da frase que ela dissera, balbuciou-lhe ao ouvido:

Não estranhes o meu procedimento, mas eu também te amo. Agora eu descubro nos teus olhos uma estranha claridade que me induz a amar-te. Se o teu corpo não serve mais para nada, dorme, dá-me a tua alma, e eu a encaminharei ao Soberano Senhor da Vida.

A mulher, tremendo e chorando, repousou no ombro de Upagupta, e liberando-se do corpo em decomposição iluminou-se.

A tradição a respeito da iluminação interior praticamente se inicia com Sidartha Gautama. Depois das longas peripécias, quando ele se sentou à sombra de uma árvore bodhi defronte de um rio e mergulhou no mundo íntimo interior para meditar, iluminou-se. Dias mais tarde, um jovem discípulo, vendo-o meditando, comoveu-se e ficou contemplando-o. Quando ele abriu os olhos, o jovem indagou-lhe:

Mestre, tu és Deus?
Não, não sou.
Então, tu és um anjo?
Não, também não sou. Por que me perguntas?
Porque brilhas, mestre! Por que brilhas?
Porque estou desperto, consciente da verdade. Todo aquele que encontra a verdade adquire brilho interior.

A iluminação faz parte dos ensinamentos de Jesus, por exemplo, quando Ele propõe: Busca primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo o mais te será acrescentado.

Buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça é o grande desafio que todos devemos enfrentar, qual aconteceu com Paulo, que após fazê-lo e consegui-lo, declarou: Já não sou eu que vivo, mas o Cristo que vive em mim.

A iluminação interior recebeu, ao largo da História, inúmeras denominações como: Messias, Cristo, paz interna, Paz de Deus que está além da compreensão, Consciência Cósmica, satori, samadhi ou moksha, fana... Gurdjieff, o grande psicólogo russo, costumava dizer que era uma autorrealização, a consciência objetiva, e Carl Gustav Jung denominou-a como o estado numinoso, quando nos enriquecemos de luz.

O que é, porém, a iluminação interior? Não se trata de um estado alterado de consciência, de paranormalidade, nem de mediunidade, ou de outra qualquer faculdade intelectiva. Trata-se de uma atividade de autoconscientização, é a revelação da verdade do Ser (Deus, Ser Cósmico, Ente Supremo), também é a busca do vir-a-ser... E, por isso mesmo, está ao alcance de todos os indivíduos, que não devem postergar a sua conquista.

Dizia Lao-Tsé:

Quem conhece os outros é um sábio, mas quem conhece a si mesmo é um iluminado.

Porque é muito fácil conhecer os outros, mas, para se autoconhecer, é indispensável realizar essa iluminação, que não passou desapercebida a Allan Kardec, conforme nos recordamos, e que se encontra na questão 919 de O Livro dos Espíritos, quando ele interrogou aos benfeitores da Humanidade:

Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Não se tratava de qualquer meio prático, mas daquele mais eficaz. Como consequência, a resposta foi incisiva:

Um sábio da antiguidade já vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo.”

E Santo Agostinho, que deu a resposta, comentou, numa bela página de filosofia ética, que podemos sintetizar:

Fazei como eu. Toda vez quando buscava o leito para o repouso, procurava revisar os meus atos daquele dia. Quando me dava conta dos erros, de imediato, no dia seguinte procurava reabilitar-me. E, quando estava certo, procurava seguir adiante...

Tratava-se de um exame de consciência. E por que exame de consciência? Allan Kardec, igualmente, teve a preocupação com essa consciência, ao interrogar as mesmas Entidades, conforme a questão 621 da citada obra – Onde está escrita a lei de Deus? – E recebeu como resposta: Na consciência.

É a segunda resposta mais sintética da filosofia espírita. A primeira é a resposta à questão de número 625, quando ele perguntou: Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo? – Jesus – foi a resposta.

Desse modo, a iluminação interior é uma conquista que não devemos postergar. Ainda mais, porque os outros veem em nós o que não é habitual encontrar-se em outras pessoas...Pelo fato de sermos espiritistas, buscando restaurar o Cristianismo em nossas vidas, apresentamos um comportamento diferenciado daquele que caracteriza o cidadão convencional do mundo, porque lutamos para superar as paixões ignóbeis, capitaneadas pelo egoísmo, para a superação dos vícios, para a eliminação da sombra. É necessário que enfrentemos a nossa sombra para poder dilui-la, que realizemos esse eixo ego – self, para lograrmos, ainda, segundo Jung, a individuação, isto é, tornarmo-nos ser integral e não um qualquer, como aqueles que estão no mundo semeando os costumes infelizes, as perturbações... Havendo encontrado Jesus, já pusemos a mão na charrua e não mais olhamos para trás.

Como será possível realizar essa iluminação interior? Existem vários métodos. Ela pode vir suavemente, a pouco e pouco, mediante o trabalho incessante do bem, através da oração, da meditação, da reflexão profunda, ou através de insight. De um momento para outro ela irrompe e domina o nosso íntimo.Eu tenho uma experiência muito curiosa e algo ridícula... Quando eu era criança, nordestino, e cantava o hino à Bandeira Nacional, porque era obrigatório nas escolas fundamentais, no trecho que diz a verdura sem par destas matas, eu muito me comovia.

Eu era apaixonado pelo Brasil por causa da verdura sem par destas matas, porque verdura, no interior do Estado da Bahia, onde eu nasci e vivia, era alface, couve, hortelã, pimentão etc. Eu reflexionava: Deus meu, como é possível matas de repolho, coentro etc.? Para mim, era demais. Então cantava com entusiasmo e orgulho, e, nesse momento, o peito parecia estourar, porque eu nascera em um país de tal riqueza.

Passaram-se os anos, e mesmo adulto continuei com a falsa interpretação. Certo dia, andando, subitamente tive uma iluminação: Meu Deus! Não é verdura, é verdura, são as matas verdes... Ah, que decepção! A minha iluminação foi para baixo. Então, podemos experienciar muitas vezes a iluminação, até mesmo em torno dos nossos equívocos.

Esse insight é o despertar da consciência, que nos proporciona a percepção do que somos, mas também do que poderemos lograr, deixando um pouco de lado a indumentária fantasiosa da humildade que, às vezes, não passa de um verniz aparente. Quantos indivíduos que se interrogam e concluem: Quem sou eu? Eu não sou nada, eu sou um lixo!

Esse conceito pessimista e depressivo nada tem a ver com humildade. Recordo-me de Jesus, o ser mais humilde que esteve na Terra, e nunca se considerou lixo.

Após tal conclusão, descobri-me como filho de Deus. E comecei a me sentir honrado em ser filho de Deus, trabalhando para corresponder à gênese sublime.

Recentemente li um livro escrito pelo Dr. Dean Hamer, um grande estudioso da genética do comportamento,. Que se intitula O Gene de Deus.

Depois da decodificação do genoma humano, ele constatou, com a sua equipe de pesquisadores nessa área, que o nosso DNA possui cerca de trinta e cinco mil genes – quando se pensava que eram cem mil – e um desses genes, ele definiu como sendo o gene de Deus: o VMAT2. O Dr. Hamer, com a sua equipe, pesquisou mais de dez mil gêmeos idênticos e constatou que gêmeos nascidos nas Filipinas – um sendo mandado para a Austrália, o outro para a Nova Zelândia, ou outro lugar qualquer – acreditavam em Deus.

As experiências foram longas e eles constataram que crer em Deus é um fenômeno genético. Ter uma religião é um fenômeno sociológico. Temos a religião dos nossos pais, da família, do meio social, da educação. Jesus referiu-se a essa questão de forma interrogativa: Não está escrito que vós sois deuses? Portanto, podeis fazer tudo que eu faço e muito mais, se quiserdes. Então, é necessário que desenvolvamos esse Deus interno. Também o Dr. Hamer diz que a nossa fé é natural, é espontânea, sendo científica, mesmo quando fé natural. Aliás, Allan Kardec estabeleceu que Fé inabalável só o é a que pode encarar frente e frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

Reflexionemos: estamos neste edifício, tranquilos e confiantes. Ninguém pediu a planta para ver se ele tinha segurança. Sabemos todos que ele é seguro, sim, mas será? Essa é a fé natural, mas é científica, porque, em nosso inconsciente, sabemos que esta construção, quando foi projetada, engenheiros e arquitetos calcularam com cuidado as estruturas, as colunas, os suporte, o teto, e depois mandaram à Prefeitura para que o Departamento de Engenharia avaliasse o trabalho e o liberasse, conforme ocorreu, sendo autorizada a sua construção, e depois, nova revisão foi feita para ser concedido o habite-se. Então, no inconsciente sabemos desses trâmites legais de segurança, dando origem à nossa fé natural. Quando entramos num avião, não nos ocorre que o piloto esteja num surto depressivo e queira suicidar-se naquele vôo.

Em nosso inconsciente sabemos que os pilotos de aeronaves a cada seis meses são submetidos a um rigoroso check-up, que lhes avalia o estado geral de saúde. Igualmente sabemos que ele é acompanhado por um copiloto e o avião possui um piloto automático. Mesmo que o comandante esteja em crise, ele não poderá destruir o avião, porque o piloto automático seria travado pelo copiloto que comandaria a aeronave.No caso em pauta, a nossa é também uma fé científica. Mas, quando tomamos um táxi, principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, ou Salvador – ainda respeito Brasília, apesar dos seus acidentes – nunca sabemos o que nos vai acontecer.

Eu estava no Rio de Janeiro onde proferi uma conferência no sábado à noite, e, às dez horas da manhã de domingo, eu deveria proferir outra na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Fui ao aeroporto Santos Dumont, para alcançar o voo das seis através da ponte aérea: são quarenta a quarenta e cinco minutos de voo. Quando lá cheguei, o irmão tempo estava complicado, e o voo atrasou. Consegui viajar somente às oito, e quando saltei em São Paulo eram quase nove horas. Corri, alcançando um táxi e pedi ao condutor, após dar-lhe o endereço do Hotel em que ficaria:

Por favor, corra, porém, com toda a prudência.

Tratava-se de um nissei que me olhou, e indagou:

É para correr, ou para ir com prudência?

Eu esclareci: Corra com prudência.

Ele deu uma especial arrancada e me jogou para trás. Saímos em alta velocidade. Adiante havia um semáforo vermelho: ele o passou. Assustei-me. No segundo vermelho, ele também passou. Fiquei mais assustado. No terceiro, um sinal verde, ele parou. Totalmente surpreendido, eu indaguei-lhe:

Mas, o que é isso? Você passou dois semáforos vermelhos e no verde você para!

Ele olhou para trás e respondeu-me com a sua lógica:

Sei lá, se não vem um outro japonês louco que nem eu do outro lado!?

Eu então saltei, porque a minha fé nem era científica nem natural, e tomei outro carro, por garantia.

A fé, portanto, é esse instrumento que nos vai levar à autoiluminação. Dois grandes especialistas, o Dr. Abraham Maslow – que criou a Psicologia Humanista – e o Dr. Robert Cloninger, um dos pais da Iluminação interior na atualidade, estabeleceram que podemos consegui-la através de três etapas: a primeira etapa, dizem eles, é o autoesquecimento, e contam a história sublime de um sacerdote italiano de nome Mateo Ricci que foi pregar na China, nos tempos heróicos de divulgação do Cristianismo, e esse homem deixou todas as comodidades da Itália, aprendeu os ideogramas – cinquenta mil – e adaptou-se de tal forma à vida chinesa, que deixou de ser o estrangeiro, para bem divulgar Jesus, logrando o autoabandono para poder servir.

A segunda etapa é a busca do transcendente, a identificação transpessoal. Não esquecermos nunca de que somos transcendentais. E eles citam Albert Schweitzer, o maior músico do século dezenove e parte do século vinte, que também renunciou a tudo para ir para a África Equatorial Francesa, a fim de ajudar as treze etnias em Lambaréné, explicando que nós, da chamada civilização branca, temos uma dívida para com a África, de quatrocentos anos de servidão. Não apenas de escravidão, mas também de sífilis, de gripe, que são doenças que os brancos lhes transmitiram.

E por fim, eles propõem o misticismo, no sentido profundo da palavra, que é a plena integração com o espírito do Cristo, tentando manter esse espírito do Cristo numa constância contínua dentro de nós. Então, ocorre, passo a passo, a nova iluminação.

Narrarei uma experiência que tive há três dias em São Paulo. Eu me encontrava em Porto Alegre e coloquei a carteira de identidade num bolso, e passei o casaco para um amigo segurar, esquecendo-me completamente. Quando cheguei ao aeroporto e fui apresentar a documentação, lembrei-me de que deixara a carteira no casaco, que agora não estava mais comigo. Raramente saio com a carteira, pois que quase nunca a uso, mas naquele dia, em Porto Alegre, não sei porquê, pensei: levarei o documento, para qualquer necessidade, razão porque a pus no bolso do casaco.

Quando estava no aeroporto, e dei-me conta, expliquei à funcionária que, por sua vez, demonstrou-me a necessidade de um documento com fotografia, de que eu não dispunha naquele momento. Felizmente, eu estava com um amigo da Polícia Federal do aeroporto, ele assumiu a responsabilidade, e eu viajei. Chegando a São Paulo, fui a Jaboticabal e a Bebedouro proferir palestras em duas instituições que completavam, respectivamente, cem anos.

Sem a documentação, fui à Delegacia de Polícia de Bebedouro, fiz uma notificação, o delegado, muito gentil, deu-me um BO (Boletim de Ocorrência), que eu não sabia o que era. Todo bonito, selado, eu fiquei tranquilo. Quando cheguei ao aeroporto em São Paulo e fui proceder ao check-in, a funcionária da TAM solicitou-me o documento de identificação, e como não o tinha, entreguei-lhe o documento da Polícia, que ela informou não servir.

A ANAC, segundo ela, não o considerava suficiente. Ela o apresentou ao Órgão, que confirmou a sua não validade. A pessoa da ANAC mandou chamar-me. A funcionária, para variar, estava de muito mau humor. (Não sei porque alguns funcionários públicos vivem com tanto mau humor. Poderiam largar o emprego e outros de bom humor os substituiriam.) Ela me olhou com tanto mal-estar que eu me senti intrigado. Eu me controlei, e esclareci:

Eu tenho que viajar. Eu estou com uma pessoa na UTI, em Salvador, morrendo, e vou visitá-la. Sou cardíaco e tenho oitenta e um anos.

Ela me olhou e, mal-humorada, redarguiu:

O senhor tem que preencher estes dois formulários. Depois deverá ir à Delegacia de Polícia aqui no aeroporto, apresente-os e, depois de serem assinados, traga-mos de volta.

Preocupado, informei-a que iria perder o voo. A moça continuou rude e deu-me uma resposta grosseira. Preenchi os documentos e comecei a orar. Entreguei-lhos, ela fez cópias e mos entregou, mandando-me autenticá-los na Delegacia de Polícia. Atendi-a, apressado. O delegado assinou-os e informou-me que não eram realmente necessários, porque eu poderia ter assinado qualquer nome e ele não teria como saber da sua legitimidade. Colocou um carimbo e devolveu-mos. Voltei, e entreguei-os à funcionária, que os olhou e me informou:

Ele esqueceu de assinar um outro.

Perguntei-lhe:

E tem mais um? Por que a senhora não mo entregou?

Toda poderosa, ela concluiu:

Tem sim, o que eu lhe vou dar agora.

Então ela tomou de uma outra página, mandou-me preencher e que retornasse à Delegacia. Eu voltei correndo, agora já sem fôlego.

O que foi agora? – perguntou-me o delegado, ao que respondi:

Ela mandou o senhor assinar de novo.

O homem ficou colérico. Procurei acalmá-lo e ele aquiesceu. Quando retornei, e entreguei-lhe, ela pos um carimbo e determinou-me:

Agora vá ao check-in e mostre tudo isso.

Eu prendi a respiração, Agradeci-lhe e obtemperei:

Minha filha, eu podia ser seu avô, por isso permito-me dar-lhe um conselho: Você ganha para servir - e senti por ela uma onda de compaixão.

Trate melhor as pessoas. Cada pessoa que sai daqui, com esse seu tratamento, sai vibrando contra você. Você deve ser muito infeliz, ter muitos problemas e recebe essas descargas de ódio sem necessidade. Eu lhe digo isso, porque eu sou acostumado a aconselhar pessoas.

E você é quem? – interrogou-me, desafiadora.

Respondi-lhe com bondade – naquela hora já não me importava perder o voo – Eu sou espírita, sou Divaldo Franco.

Não me diga! – exclamou. Eu também sou espírita!

Concluí, dizendo-lhe:

Notei, sim, que você é espírita... (Risos).

Seu Divaldo – solicitou-me – eu posso abraçá-lo? O senhor me desculpe, mas eu estou muito contrariada – e começou a justificar a má vontade e grosseria.

Ouvi-a, compadecido, e saí reflexionando sobre o que seria a Doutrina Espírita para ela, além de um rótulo, de um adorno. Ela deve ter uma vida muito difícil. Deve morar em subúrbio, pegar várias conduções e vive estressada.

Em face de acontecimentos dessa natureza, ocorreu-me a abordagem, mesmo que ligeiramente, sobre a iluminação interior, a nossa melhora íntima. Não importa que os outros saibam, mas que estejamos serenos, felizes.

Concluirei, narrando uma história que li na Internet e me sensibilizou muito. Tratava-se de um grupo de amigos de uma indústria metalúrgica (também irei contar à minha maneira, sem a fidelidade absoluta ao texto). Um deles apresentava-se como sendo um homem austero, introvertido. Parecia encontrar-se sempre de mau humor, embora fosse gentil. Trabalhava ali há cinco anos com os outros diretores e, nesse período, nunca proferira cinquenta palavras... À hora do lanche, quando todos se reuniam, ele se afastava, permanecendo a sós. Um deles, Mauro, muito brincalhão, zombava do colega provocando humor. Ele se chamava Ernani, e o Mauro fazia-lhe piadas, provocando o riso em todos.

Mauro era, aliás, o palhaço da corte, no bom sentido. Certo dia, na época da desova dos salmões, Mauro anunciou:

Eu irei pescar neste fim de semana e, se conseguir êxito, na segunda-feira, trarei boa parte para os amigos. Ao grupo, em particular, esclareceu que iria pregar uma peça no Ernani, colocando para ele as vísceras, as cabeças dos peixes e os rabos para, quando abrisse o embrulho, todos caírem na gargalhada. Na segunda-feira, quando retornou ao trabalho, Mauro trouxe oito embrulhos, o de Ernani era um pouco maior. Pediu a todos que fizessem um semicírculo, convidou Ernani, que veio, assentou-se, e ele foi entregando os presentes, elegendo o maior para aquele amigo.

Surpreso, Ernani olhou o volume a manteve-se silencioso. Cada qual foi abrindo o seu pacote e, à medida que o fazia, sorria e agradecia. Eram filés de salmão. Ernani começou a desatar o seu embrulho e todos notaram que o homem estava emocionado. O pomo de Adão movia-se e os olhos tinham lágrimas. Ele prendeu a respiração e esclareceu:

Eu sei que vocês me têm em péssima consideração. E eu faço jus a isso. Quando, por exemplo, eu vou lanchar distante de vocês não é pelo motivo que pensam...Mas... [ele não conseguia falar o eu queria] o que eu quero dizer, é que tenho um grande problema: a minha mulher é tetraplégica, temos cinco filhinhos [e começou a chorar]. Tudo quanto eu ganho é para atender a minha mulher a quem muito amo.

Eu tenho auxiliares vinte e quatro horas por dia para dela cuidar. Quando eu chego, à noite, é para dar-lhe um pouco de carinho. Tenho que cozinhar para os meus filhos. Deixo-os durante o dia, trancada a porta, e com a alimentação – eles não frequentam a escola porque não posso pagar. Às vezes, eu me afasto durante o lanche; é porque o meu é vergonhoso, eu trago os restos dos alimentos de casa e não gostaria que ninguém os visse...

Os colegas tiveram um impacto. Ele agora foi desatando o volume, e Mauro quis levantar-se para impedi-lo de prosseguir, mas era tarde. O embrulho apresentou o seu conteúdo, mas ele não olhou, e concluiu:

Hoje, por fim, meus filhos irão comer salmão. Faz muitos anos – cinco anos - que eles não têm alimentação digna. Mas hoje eles irão comer bem.

Só então ele olhou o pacote aberto, teve um choque, pegou uma cauda de peixe, ergueu-a no ar, e disse como todos o fizeram:

Muito obrigado!

Mauro olhou para os colegas. Aquele homem estava crucificado! Como é que eles não viram!? Teve uma iluminação. Levantou-se, pegou o próprio pacote e colocou-o no colo dele. Os outros levantaram-se. Cada qual colocou o seu pacote sobre as suas pernas, todos tocaram-lhe no ombro, e disseram-lhe:

Desculpe-nos!

Ele não disse nada. Na noite seguinte os sete amigos foram visitá-lo e ali, diante da esposa com escaras, eles assumiram o compromisso de cuidar da família. Recomendaram médicos mais eficientes, enfermeiros mais hábeis, contrataram uma auxiliar de cozinha, uma empregada para cuidar da casa, colocaram as cinco crianças na escola, e responsabilizaram-se pelas despesas. Um mês depois a enferma desencarnou sorrindo...

Já se passaram trinta anos. Ernani Filho, que era o último filho, agora é o presidente da empresa. Todos aposentaram-se. E, quando terminaram a educação dos filhos do amigo, perguntaram-se: E agora? Façamos uma ONG para atender às pessoas tetraplégicas, principalmente os seus filhos, que não têm a oportunidade de receber uma correta educação.

A iluminação interior acontece a qualquer hora, a qualquer instante. O venerável Chico Xavier, o apóstolo da mediunidade, dizia:

Eu não sou nada, eu sou apenas um cisco [por causa do nome Fran...cisco, tira o Fran, fica cisco]. Mas eu sou o secretário dos Espíritos que por mim escrevem.

E autoiluminou-se. Esbofeteado, não reagiu. Perseguido, sorriu com lágrimas. E quando alguém escarrou-lhe na face, depois que lhe lera mensagem de um familiar, o destinatário reagiu, ultrajado, gritando:

Mentira!

Rasgou-a, jogou-lhe os pedaços na cara e cuspiu-o . Todos ficaram petrificados, enquanto o homem saiu possesso. Chico ficou muito pálido, limpou o rosto e tentou continuar sorrindo. No dia seguinte, sábado, como eu houvera presenciado a cena, à véspera, perguntei-lhe:

E então Chico, o que aconteceu?

Calmamente, ele respondeu:

Ah! Meu filho, quando eu cheguei em casa, às duas da madrugada, Emmanuel estava à porta e, vendo-me muito triste, perguntou-me o que acontecera. Eu expliquei-lhe, e ele me confortou da seguinte maneira: “Quero dizer-te que, da próxima vez que alguém cuspir na tua face, olha para cima e dize: eu creio que está chovendo!”

Era, portanto, um iluminado, porque bater na face de alguém que não reage, escarnecer de quem não se pode defender, são atos de suprema covardia e que bem poucos suportam, mantendo a coragem de agir mediante o perdão e a misericórdia para com o agressor.

Que nós, os espíritas, possamos adquirir essa luminosidade interior, desculpar sempre, entender, nem digo perdoar, entender o mal e os maus que nos perseguem, a fim de que os outros, quando nos vejam, possam perguntar: Por que você é diferente? Por que você está nesse estado luminoso?

E nós, sorrindo, respondamos:

Porque estamos conscientes da verdade, apenas isto.

Mensagem de estímulo espiritual do médium Divaldo Pereira Franco aos membros do Conselho Federativo Nacional, na tarde do dia 8 de novembro de 2008, na Reunião Ordinária realizada na Federação Espírita Brasileira, em Brasília-DF.

buscai, e achareis - Peruibe


"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e, o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á." (Mateus, VII:7-8)


Queridos Irmãos:

As afirmações de Jesus não podem ser tomadas como desprovidas de sentido.

Se Ele mandou-nos buscar, que encontraríamos, o que dizer acerca do fato de que há pessoas que se entregam á oração, vivem uma vida de contemplação, e não conseguem retorno ao que pedem?

Oras, no mínimo, que não sabem pedir!

Percebamos todos que há uma fé ativa na passagem bíblica: pedimos, buscamos, batemos á porta, ou seja, há ação, e não mera contemplação.

É necessário que façamos a nossa parte, para podermos ser auxiliados pelos céus.

Os espíritos não deixaram dúvidas com relação á isto, e no Livro dos Espíritos, nas questões 657 á 663, especialmente nesta última, nos esclarecem sobre todos os aspectos da prece, a vida contemplativa, o caráter geral da prece, a força que esta nos proporciona, a oração pelos outros, etc.

Vamos reproduzir aqui a pergunta e a resposta de número 663, para ilustrar nossos argumentos, e pouco mais será necessário dizer.

663. Podem as preces, que por nós mesmos fizermos, mudar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?

“As vossas provas estão nas mãos de Deus e algumas há que têm de ser suportadas até ao fim; mas, Deus leva sempre em conta a resignação. A prece traz para junto de vós os bons Espíritos e, dando-vos estes a força de suportá-las corajosamente, menos duras elas vos parecem. Já o dissemos: a prece nunca é inútil, quando bem feita, porque fortalece aquele que ora, o que já constitui grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, bem o sabes. Aliás, não é possível que Deus mude a ordem da Natureza ao sabor de cada um. Porque aquilo que é um grande mal, do vosso ponto de vista mesquinho, para a sua vida efêmera, é quase sempre um grande bem na ordem geral do Universo. Além disso, de quantos males o homem é o próprio autor por sua imprevidência ou pelas suas faltas? Ele é punido naquilo em que pecou. Todavia, as súplicas justas são atendidas mais vezes do que supondes. Julgais que Deus não vos ouviu porque não fez um milagre a vosso favor, quando Ele vos assiste por meios tão naturais que vos parecem obra do acaso ou da força das circunstâncias. Muitas vezes também Ele vos sugere a idéia que vos fará sair da dificuldade pelo vosso próprio esforço."

O QUE BUSCAS TÚ NA CASA ESPÍRITA?


O QUE BUSCAS TÚ NA CASA ESPÍRITA?

- Consolação para meu espírito sofrido;
- Apaziguar meu coração desassossegado;
- Ajuda para meu filho rebelde;
- Orientação meu companheiro (a) alcoólatra;
- Passes a distância para minha mãezinha que se encontra doente;
- Ajuda dos céus para meu irmão desempregado;
- Dizem que todo espírita ganha bem, e tem uma vida tranqüila (revista Isto é, mostrou que os espíritas têm uma renda mensal acima de R$ 1.800,00).

Muito bem, essas e tantas outras respostas, às vezes esdrúxulas e descabidas têm-se ouvido. Mas, quando a pergunta é essa, ainda obtemos respostas, mesmo que descabidas; Pior quando perguntamos:

O QUE BUSCAS TÚ PARA E NA SUA VIDA?
Em geral quando não se ouve o clássico – Não sei, deixo a vida me levar! (também clássico, refrão de MPB). Ouve-se e com assombro – Não me preocupei com isso, ainda (afinal temos todo o tempo do mundo, né?). Sou novo, tenho uma vida toda pela frente! – Agora é hora de eu curtir a vida, estudar, ganhar muito dinheiro, quando estiver equilibrado na vida vou pensar nisso.
E olhe que, às vezes esse comentário é da parte daqueles que já entraram no ...enta (quarenta, cinqüenta, sessenta........) rs.rs.rs.

Pior ainda fica quando perguntamos:

VOCÊ JÁ SE PREOCUPOU COM O SEU LADO ESPIRITUAL, COM O SER ETERNO QUE VOCÊ É? (ESPÍRITO)
JÁ SE PREOCUPOU EM SABER?
DE ONDE VOCÊ VEIO? - Antes do nascimento
POR QUE E O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? - Nessa vida, nesse mundo
PARA ONDE VOCÊ VAI? – após a morte
AFINAL O QUE É NASCER, VIVER E MORRER? (Leon Denis – O Problema do Ser, do Destino e da Dor)

Nesse exato momento, sente-se com aperto (enorme, e bote enorme nisso) no coração e um peso imenso nos ombros, que o ser humano (se é que já podemos nos denominar assim) – Nada sabe ou de nada quer saber.

Para que saber disso – se quando morremos tudo se acaba. – MATERIALISTA.
Deus há de me reservar um bom lugar. – SEMI-ESPIRITUALISTA ESPERANÇOSO.
Se não for para o inferno, terei um bom lugar no céu, mas poderei ir para o purgatório, ou mesmo para o umbral como dizem os espíritas. - QUASE ESPIRITUALISTA BEM HUMORADO.
Sempre que posso ajudo quem precisa, procuro fazer caridade, faço doações para a Igreja, o Asilo, o Albergue, o Centro Espírita. – ESPIRITUALISTA QUE DOA O QUE SOBRA, COM MUITA DOR NO CORAÇÃO.
Olha, eu acho que vou para o umbral, quiçá para uma colônia espiritual como o Nosso Lar. – SIMPATIAZANTE ESPÍRITA.
Vou estar em grupo de espíritos afins com meu estado evolutivo. – INICIANTE ESPÍRITA QUE PARTICIPA OU JÁ PARTICIPOU DO ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.
O pessoal que faz palestra lá no centro, diz que a gente vai reencarnar. FREGUES DE CARTEIRINHA DA PALESTRA, DO PASSE E DA AGUA FLUIDIFICADA – Terapêutica e Terapia Espírita, mas nem sabe para que serve.
Sei que pouco faço, tenho ainda muitas mazelas e vícios, mas tento fazer a reforma íntima para melhorar. ESTUDANTE DO ESPÍRITISMO.

Essa é a dura realidade da condição atual da humanidade. Somos quase alguma coisa. É ainda difícil deixar de ser quase para simplesmente ser.

Busquemos então compreender o que é ser, para simplesmente sermos:
FILHOS DE DEUS;
SERES EM EVOLUÇÃO;
BEM AVENTURADOS, POR ESTARMOS EM AFLIÇÃO.

Para isso, necessitamos fazer algo simples – O AUTO conhece-o?
AUTO - conhecimento – homem conheça-te a ti mesmo;
- descobrimento – o que eu sou;
- reforma – mudança interior, renovação.

COMO FAZER? – auto, também, AUTO-ANÁLISE.

Perquirir-se, Inquirir-se, julgar-se – Resumindo, liberte sua consciência, deixe-a à vontade – Isso te incomoda? Sim, incomoda, sabe por que? Conseguimos justificar nossos erros para os outros, mas, jamais para nossa consciência . Afinal ela é o nosso tribunal interior, ela nos julga com severidade, rigorosa , mas com justiça e amorosidade. Ela é justa por que é exatamente aí que a centelha Divina, se nos apresenta. As leis Divinas estão impressas a fogo em nossa consciência e a ela nada escapa.

Quando nos analisamos - nos conhecemos melhor, nos descobrimos e nos julgamos, pela nossa consciente e desejamos fazer a Reforma Íntima, ou seja, simplesmente ser.
Chega-nos, então, o desespero, logo a seguir a desesperança e o desânimo – por nos descobrirmos em desarmonia com as Leis Divinas.

COMO FAZER A RENOVAÇÃO? Passa a ser a grande pergunta.

Renovando nossos atos, atitudes, pensamentos e sentimentos, perdidos no tempo e no espaço, ouvindo muita teoria e ninguém a nos ensinar e orientar a prática, até mesmo os mais evidentes bons exemplos somem como que por encanto (Chico Xavier, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Bezerra de Menezes, etc....)

Irmãos queridos; lembremo-nos: Quantas e quantas vezes, nos foi orientado à buscarmos dessedentar nossa sede de Conhecimentos e Luz para nossos caminhos na fonte primeira que é O Evangelho Segundo o Espiritismo?

Vejamos o que nos diz o Capítulo 25 do ESE – BUSCAI E ACHAREIS – Itens 4 e 5

4. Caminha e chegarás. Encontrarás pedra sob os teus passos: olha, e as tira tu mesmo; nós (os bons espíritos, anjos guardiães, protetores) te daremos a força necessária. Se a quiserdes empregar. (grifo nosso).
AJUDA-TE. QUE O CÉU TE AJUDARÁ

5. Sob o ponto de vista moral, as palavras de Jesus significam:
Pedi a Luz, que vos clareie o caminho, e ela vos serão dada;
Pedi a força de resistir ao mal, e a tereis;
Pedi a assistência dos bons Espíritos, e eles virão vos acompanhar, e como o anjo de Tobias, vos servirão de guias;
Pedi bons conselhos, e não vos serão recusados;
Batei à nossa porta, e ela vos será aberta.

MAS PEDI SINCERAMENTE, COM FÉ, FERVOR E CONFIANÇA;
APRESENTAI-VOS COM HUMILDADE E NÃO COM ARROGÂNCIA.

Sem isso sereis abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que tereis serão a punição do vosso orgulho.

ESSE É UM BOM INÍCIO.
MUITA PAZ.

Ajuda-te, e o céu te ajudará - ALTAMIRANDO CARNEIRO


Ajuda-te, e o céu te ajudará


Esclarece-nos o capítulo XXV (Buscai e achareis) de O Evangelho segundo o Espiritismo que a máxima: "Buscai, e achareis", que é semelhante a: Ajuda-te, e o céu te ajudará, é o princípio da lei do trabalho e, consequentemente, da lei do progresso.

Se não existisse o trabalho, o homem seria um ser inútil. "Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o tivesse liberado do trabalho intelectual, seu Espírito permaneceria na infância, nas condições instintivas do animal. Eis por que ele fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: “Busca e acharás; trabalha e produzirás; e dessa maneira serás filho de tuas obras, terás o mérito da tua realização, e serás recompensado segundo o que tiveres feito".

A comunicação de Lázaro (A lei de amor - item 8), do capítulo XI (Amar o próximo como a si mesmo), diz que, "no seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos".

Se analisarmos a história da Humanidade, verificaremos que no seu ponto de partida, o homem aplicava a sua inteligência para procurar alimentos, buscar os meios de preservar-se das intempéries e livrar-se dos inimigos. Com o passar dos séculos, Deus deu ao homem, mais que ao animal, o desejo de melhorar-se, o que o impulsiona à pesquisa, às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento.

A Ciência veio, então, para ajudar o homem, entendendo-se que as descobertas que visam à cura das doenças, ao conforto e às melhorias que beneficiam a espécie humana têm que surgir do esforço do próprio homem. Caso contrário, o homem cruzaria os braços e ficaria simplesmente esperando que as coisas acontecessem de acordo com o seu desejo.

O Evangelho registra a afirmação dos Espíritos em O Livro dos Médiuns, capítulo XXVI, números 291 e seguintes: "Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que o leve a ele, dizendo: Marcha e atingirás! Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la".

Importante atentarmos para esta questão, observada no Evangelho: o progresso que cada homem realiza individualmente é insignificante. A análise do assunto é bem mais esclarecedora quando consideramos a existência e preexistência da alma. "Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que os dos primeiros tempos do mundo, pois que para cada nascimento o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral."

Esclarece o Evangelho que as palavras de Jesus: "Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á" significam, conforme a compreensão moral, "Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei à nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho".