sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Máscaras e outras "defesas" emocionais

Máscaras e outras "defesas" emocionais

Enquanto escrevia o texto "10 coisas que aprendi com o Espiritismo" (link) veio à tona este tema, que é de extrema importância nos dias de hoje.

Se tivermos paciência e atenção para observar, perceberemos que as pessoas não sabem lidar com as suas emoções. Vivemos em tempos acelerados e se não conseguirmos nos adaptar, somos acometidos de depressão, estresse ou outros males.

E nesse mundo acelerado, temos ainda menos tempo para aprender. Talvez em um mundo menos conectado e veloz fosse um pouco mais fácil. Ou talvez a infinidade de informações disponíveis na rede torne as coisas mais fáceis. Ainda assim, não sabemos como lidar com as emoções.

Isso decorre de falta de conhecimento interior. Peça para uma pessoa listar as suas características físicas e não faltarão adjetivos. Peça para a mesma pessoa listar a sua personalidade e teremos sorte se conseguirmos três palavras.

Estamos muito orientados ao exterior. Não conhecemos a nós próprios. Os orientais com a sua enigmática meditação e as frases emblemáticas como "as respostas estão dentro de você" povoam os guias de auto-ajuda. E com razão!

E enquanto não nos conhecemos e nem sabemos lidar com as nossas emoções, acabamos nos valendo de alguns recursos.

- Máscaras: um recurso muito comum que utilizamos para nos proteger emocionalmente. Costumamos ter "um rosto" apropriado para cada ocasião. No trabalho, somos sérios e dedicados. Com os amigos, somos bagunceiros e irresponsáveis. Ao tentar conquistar uma pessoa, somos rechados de virtudes. Na casa espírita, somos as pessoas mais santas da Terra.

Não haveria problema se não estivéssemos exibindo uma pessoa que não somos realmente. Não adianta passarmos por boas pessoas na casa espírita e na frente do chefe, enquanto em casa maldizemos e amaldiçoamos a todos que não compactuam com as nossas opiniões. Não adianta mostrarmos a pessoa divertida e ativa que somos para os amigos ou para o novo par, se em casa ficamos atirados no sofá reclamando de tudo.

As máscaras então servem para que evitemos de mostrar a pessoa que realmente somos. E é exatamente aí que está o problema! Ao deixarmos de ser autênticos, as pessoas acabam gostando dos nossos "personagens" e não de nós. Criamos um vazio existencial tremendo, porque percebemos que sem aqueles personagens, sem aquelas máscaras, não somos nada.

Ser autêntico é bem difícil no início. Estamos expostos a tudo. Todas as críticas serão para nós (e não para os nossos personagens). Mas também todos os méritos serão nossos. Este é o primeiro passo para a nossa realização pessoal: sermos aceitos (e amados) exatamente como somos.

- Muros: os muros são também muitíssimo comuns, e podem atuar em conjunto com as máscaras. Os muros são basicamente barreiras emocionais que colocamos para que as pessoas não tenham acesso a nós. São linhas imaginárias de intimidade às quais se é impossível transpor.

Todos nós conhecemos aquelas pessoas que até são bem simpáticas e agradáveis, mas por mais que tentemos, não conseguimos abertura para nos aproximar mais e aprofundar os laços de amizade. Sempre damos de cara com essa muralha que nos impede de interagir em um nível mais íntimo e de mais cumplicidade. Algumas pessoas inclusive adicionam "espinhos" às suas muralhas, mantendo um contra-ataque preparado para quem se aproximar muito.

O problema desses muros é que eles nos deixam trancados em uma prisão solitária. As coisas ruins não entram, mas as boas também não. E também nada sai. Ficamos isolados do mundo com nossas tristezas, medos, amarguras e dores.

Desse modo, deixamos de receber tudo de bom que as pessoas tentam nos dar. Também deixamos de extravasar aquilo que sentimos, o popular "desabafo". Então nos debatemos e gritamos dentro de uma prisão que nós mesmos construímos e que nós temos a chave da porta.

- Vícios: os vícios, como já muito mencionado aqui, são utilizados como válvula de escape da realidade. O indivíduo lotado de problemas, e não sabendo lidar com toda essa pressão, busca nos vícios um alívio rápido para sua tensão.

Mas como sabemos os vícios são extremamente corrosivos, e em muitos casos se tornam um caminho sem volta.

Abordamos isso na série "O que está por trás dos vícios?" (link).

- Conclusão: muitos são os mecanismos que utilizamos para nos proteger emocionalmente. O medo das lesões afetivas e outras frustrações nos leva a todas essas armaduras que tanto nos protegem quanto nos aprisionam.

Quando aprendemos a lidar com as emoções e quando começamos a nos auto-conhecer, vamos nos libertando dessas prisões e percebemos como a vida pode ser leve e fácil. As complicações somos nós que criamos.

Paremos de nos esconder do mundo. Mais temos a perder do que a ganhar.

Só podemos ser felizes quando nossa alma é livre e leve. E isso só depende de nós.

sábado, 11 de outubro de 2014

Veja dicas para vencer a insegurança e construir uma autoimagem positiva

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/12/01/inseguranca-razoes-aparecem-ja-na-infancia-mas-e-possivel-mudar-isso.htm


Rosana Faria de Freitas
Do UOL, em São Paulo 01/12/201207h00
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Thinkstock
Relacionamentos na infância, com pais ou cuidadores, são fundamentais no desenvolvimento da autoimagem
Relacionamentos na infância, com pais ou cuidadores, são fundamentais no desenvolvimento da autoimagem
Há algumas pessoas que parecem estar permanentemente andando na corda bamba, tal a insegurança que permeia seus passos no dia a dia. O ruim é que, muitas vezes, tal sentimento não só gera um desconforto diário como atrasa, inviabiliza ou impede muitas realizações. Então, se você já se sentiu assim, ‘prejudicado’ por sua falta de confiança, está na hora de pensar sobre o assunto para mudar. E adivinha por onde começar? Sim, pelo início de tudo, os primeiros anos de vida.

“A capacidade do indivíduo de acreditar ou não em si mesmo depende de sua história. Os relacionamentos na infância com os pais ou cuidadores são fundamentais no desenvolvimento do self – o eu, a autoimagem”, explica Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP), que atua em psicoterapia de família e casal, aconselhamento de carreira e coaching.

Pergunta básica: eu gosto de mim?

A construção de uma autoimagem positiva depende, então, da maneira como experimentamos nossas relações afetivas e, também, de fatores sociais e relacionais que o meio externo propicia para a qualidade dessas vivências. “A maior ou menor insegurança tem a ver com o autoconceito: o que a pessoa acha que é, seja consciente ou inconscientemente. Isso envolve características físicas e psicológicas, pontos positivos e negativos, autoestima. Em resumo, a percepção de seu próprio valor”, diz a psicóloga.

A insegurança traz, a reboque, uma série de situações e sentimentos negativos. O sujeito, por exemplo, paralisa quando tem que tomar uma decisão, encontra dificuldade de saber qual o melhor caminho a seguir, acredita que está sempre sendo julgado e criticado. “Enfim, não há confiança em si mesmo e, a partir daí, surgem vários ‘medos’: alguns específicos, como o de dirigir, e outros gerais, como o de enfrentar opiniões contrárias a sua”, salienta Leonard F. Verea, médico psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão (Itália), especializado em Medicina Psicossomática e Hipnose Dinâmica.


Autossabotagem

É possível, também, que a insegurança leve o indivíduo a não se considerar merecedor de ser feliz ou alcançar seus objetivos e sonhos. “Ele acaba desenvolvendo crenças e valores que limitam seu olhar sobre si mesmo e a vida. Daí para se autossabotar, ou seja, criar situações que bloqueiam sua felicidade, é um pulo”, diz o psiquiatra. Além da influência dos primeiros anos de vida – conceitos que lhe foram transmitidos verbalmente ou por atitudes –, o quadro é agravado pelas condições da sociedade moderna. “Há muita competição e exigência de que cada um seja perfeito em todas as áreas da vida. Como se isso fosse possível, e fazendo com que sejamos cobrados além de nossa capacidade.”

A falta de autoconfiança é, no mínimo, limitante. O inseguro perde a oportunidade de conhecer e experimentar o novo – seja uma pessoa, um lugar, um desafio. Por não valorizar seu potencial e não identificar suas habilidades, ele se fecha em si mesmo. “Nessa, deixa passar possíveis parceiros interessantes, não enxerga uma boa chance de emprego, não se lança em estudos e viagens, não investe em projetos pessoais e profissionais – e assim por diante”, considera Leonard Verea, acrescentando que tudo isso faz com que a pessoa se sinta infeliz, não fazendo o que gosta e não buscando prazeres.

Aprovação alheia

Há outro aspecto que ronda a insegurança: a dependência excessiva de pessoas e situações. “A opinião alheia influencia e direciona as ações. Existe uma real dificuldade de construir a vida com independência afetiva e até financeira. Dessa forma, fica travado o crescimento psicológico e social”, destaca Cristiane Moraes Pertusi. E tem outro lado: como não confia em si mesmo, alguns inseguros também não acreditam no outro. “E, aí, se tornam perfeccionistas ou controladores, pois esta é a única forma de se sentirem mais seguros.”

A boa notícia é que tal sentimento é passível de modificação. Uma criança insegura pode se tornar um adulto seguro. “O caminho é se valorizar mais, acreditar no seu potencial, ir atrás do autoconhecimento”, recomenda Verea. “Como o desenvolvimento psicológico e social é contínuo durante a vida, dá para melhorar o autoconceito e a autoestima. As relações experimentadas são como o oxigênio ou o ar que respiramos: se ele for bom e puro, construiremos nosso self positivo; se for poluído, trará distorções e prejuízos”, completa Pertusi. Veja, a seguir, dicas de ambos os terapeutas para ter mais segurança:

DICAS PARA SE TORNAR UMA PESSOA MAIS SEGURA

Cultive o pensamento positivo. “Avalie os bons aspectos da sua vida, valorizando-os. Ao mesmo tempo, considere o que você poderia aprimorar ou modificar para se fortalecer em todos os sentidos”, aconselha Cristiane Moraes Pertusi
Confie em si mesmo. Isso, claro, requer autorreflexão e autoconhecimento. “Caso esteja se sentindo vacilante em seus relacionamentos e sua carreira, busque auxílio de um psicoterapeuta ou coaching”
Corra atrás do autoconhecimento, recomenda Leonard Verea. “Observe quais sentimentos e pensamentos o levam à insegurança. E, ao descobrir, tente se lembrar quando foi a primeira vez que se viu assim. Talvez você perceba que é possível olhar para o fato de forma diferente”
Não tenha medo de mudanças. E vá além: analise se alguma área está precisando de uma virada radical. Em caso positivo, liste ações que ajudarão a melhorar seu desempenho
Faça uma lista de suas qualidades e seus pontos fortes. “Trata-se de um ótimo exercício para encher o copo da autoestima”, avalia Pertusi. Pense no que o faz ser único e especial, escreva e, se possível, fixe em um lugar visível para conferir sempre. “Identifique suas habilidades e as coloque em prática”, completa Verea
Converse com pessoas que são importantes para você. Peça um feedback de seus pontos fortes. “Só depois solicite que falem dos aspectos que precisaria desenvolver”, diz a psicóloga
Invista em relações afetivas positivas – amorosas ou de amizade –, que lhe façam bem e onde você é admirado
Valorize sua opinião frente a fatos e situações
Seja paciente e flexível consigo próprio e pare de se criticar por qualquer coisa. Não exija tanto de você, e tenha tolerância e positividade em relação a seus pensamentos, não se martirizando à toa. “Não se menospreze ou se rebaixe. Em vez disso, modifique o que acredita não ser legal em você”, sugere Leonard Verea
Não se leve tão a sério. “Você pode aprender com seus erros e reformular suas atitudes sempre que necessário”, salienta Pertusi
Se necessário, procure apoio com psicoterapia e aconselhamento psicológico

A Angústia da Reforma Íntima - palestra

http://www.redeamigoespirita.com.br/group/audiosespiritas/forum/topics/palesta-a-angustia-da-reforma-intima-com-marilene-lisboa

terça-feira, 7 de outubro de 2014

INVEJA II - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)

INVEJA II - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)


Se tivermos o hábito de investigar nossos comportamentos autodestrutivos e fizermos uma análise desses antecedentes históricos em nossa vida, poderemos, cada vez mais, compreender o porquê de permanecermos presos em certas áreas prejudiciais à nossa alegria de viver.

Esses comportamentos infelizes a que nos referimos não são apenas as atitudes evidentemente desastrosas  mas os diminutos atos cotidianos que podem passar como aceitáveis e completamente admissíveis. Entretanto, tais atos são os grandes perturbadores de nossa paz interior.

Muitos indivíduos não se preocupam em estudar as raízes de seus comportamentos rotineiros, porque acreditam que, para assumir a responsabilidade da renovação íntima, precisariam despender um enorme sacrifício  Sendo assim, preferem permanecer apegados aos antigos costumes, utilizando-se dos preconceitos e de crenças distorcidas, sem se darem conta de que estes são as matrizes de seus pontos vulneráveis.

Para afastar todo e qualquer anseio de transformação interior, utilizam-se de um processo psicológico denominado "racionalização" artifício para desviar a atenção dos "verdadeiros motivos" das atitudes e ações; para se verem livres das "crises de consciência", procurando assim justificar os fatos inadequados de suas vidas.

Somente alteraremos nossos atos e atitudes doentios quando tomarmos plena consciência de que são eles as raízes de nossas pertubações emocionais e dos inúteis desgastes energéticos. É examinando nosso dia-a-dia à luz das escolhas que fizemos ou que deixamos de fazer é que veremos com clareza que somos, na atualidade, a "soma integral" de nossas opções diante da vida.

Os indivíduos que possuem o hábito da crítica destrutiva estão, em verdade, dissimulando outras emoções, talvez a inveja ou mesmo o despeito. Existem posturas efetuadas tão costumeiramente e que se tornam tão imperceptíveis que poderíamos denominá-las "atitudes crônicas".

Inveja é definida como sendo o desejo de possuir e de ser o que os outros são, podendo tornar-se uma atitude crônica na vida de uma pessoa. É uma forma de cobiça, um desgosto em face da constatação da felicidade e superioridade de outrem.

Observar a pessoa sendo, tendo, criando e realizando provoca uma espécie de dor no invejoso, por ele não ser, não ter, não criar e não realizar. A inveja leva, por consequencia, a maledicência, que tem por base ressaltar os equívocos e difamar, eis a estratégia do depreciador: "Se eu não posso subir, tento rebaixar os outros; assim, compenso meu complexo de inferioridade".

A inveja nasce quase sempre por nos compararmos constantemente com os outros. Nessa comparação, o homem desconhece o fato de que é um ser único com expressões íntimas completamente diferente das dos outros seres. É verdade, porém, que possuímos algumas semelhanças e características comuns com outras pessoas, mas, em essência, somos almas criadas em diferentes épocas pelas mãos do Criador e, por isso, passamos por experiências distintas e trazemos na própria intimidade missões peculiares.

Anormalidade, normalidade, sobrenaturalidade e paranormalidade são de fato catalogações da incompreensão humana alicerçadas sobre as chamadas comparações.

A ausência do amadurecimento espiritual faz com que rotulemos de forma humilhante e pretensiosa, os credos religiosos, a heterogeneidade das raças, os costumes de determinados povos, as tendências sexuais diferentes, os movimentos sociais inovadores, as decisões, o comportamento, o sucesso dos outros e muitas coisas ainda. Tudo isso ocorre porque não conseguimos digerir com ponderação a grandeza do processo evolutivo agindo de forma diversificada sob as leis da natureza.

O autêntico impulso natural quer que sejamos simplesmente nós mesmos. Não faz parte dos impulsos inatos da alma humana a pretensão de nos considerarmos melhor que as outras pessoas. O que devemos fazer é admirar-nos como somos, é respeitar nossas diferenças e reconhecer nossos valores.

O extraordinário educador Rivail questiona os Mensageiros do Amor: "Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo?. E eles respondem com notável orientação: "... isso lhes é um suplício, porque compreendem que estão dela privados por sua própria culpa..."

A inveja é o extremo oposto da admiração. É uma ferramenta cômoda que usamos sempre que não queremos assumir a responsabilidade por nossa vida. Ela nos faz censurar e apontar as supostas falhas das pessoas, distraindo-nos a mente do necessário desenvolvimento de nossas potencialidades interiores. Em vez de nos esforçamos para crescer e progredir, denegrimos os outros para compensar nossa indolência e ociosidade.

Não há nada a nos censurar por apreciarmos os feitos das pessoas e/ou por a eles aspirarmos; o único problema é que não podemos nos comparar e querer tomar como modelo o padrão vivencial do outro.

A inveja e a censura nascem da auto-rejeição que fazemos conosco, justamente por não acreditarmos em nossos potenciais evolutivos e por procurarmos fora de nós as explicações de como deveremos sentir, pensar, falar, fazer e agir; ora dando uma importância desmedida aos outros, ora tentando convencê-los a todo custo de nossas verdades.

Hammed - as dores da alma

INVEJA I - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)

INVEJA I - LIVRO: AS DORES DA ALMA (HAMMED)


A inveja sempre foi uma emoção sutilmente disfarçada em nossa sociedade, assumindo aspectos ignorados pela própria pessoa. As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria "prepotência da competição", que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.

O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre armado e alerta contra tudo e todos. Faz o gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado; por isso, quase sempre deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, para ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.

Acreditamos que, apesar de a inveja e o ciúme possuírem definições diferentes, quase sempre não são diferenciados ou corretamente percebidos por nós. As convenções religiosas nos ensinaram que jamais deveríamos sentir inveja, pelo fato de ela encontrar ligada à ganância e à cobiça dos bens alheios. Em relação ao ciúme, os padrões estabeleceram que ele estaria, exclusivamente, ligado ao amor. É por isso que passamos a acreditar que ele é aceitável e perfeitamente admissível em nossas atitudes pessoais.

Analisando as origens atávicas e inatas da evolução humana, podemos afirmar que a emoção da inveja não é uma necessidade aprendida. Não foi adquirida por experiência nem por força da socialização, mas é uma reação instintiva e natural e, como tal, também é encontrada no reino animal. O agrado e carinho a um cão pode pode provocar agressividade e irritação em outro animal, por despeito.

Nos adultos essas manifestações podem ser disfarçadas e transformadas em atos simulados de menosprezo ou de indiferença. Já as crianças, por serem ingênuas e naturais, mordem, batem, empurram, choram e agridem.

A inveja entre irmãos é perfeitamente normal. Em muitas ocasiões, ela surge com a chegada de um irmão recém-nascido, que passa a obter, no ambiente familiar, toda a atenção e carinho. Ela vem à tona também nas comparações de toda espécie, feitas pelos amigos e parentes, sobre a aparência física privilegiadas de um deles. Muitas vezes, a inveja manifesta-se em razão da forma de tratamento e relacionamento entre pais e filhos. Por mais que os pais se esforcem para tratá-los com igualdade, não o conseguem, pois cada criança é uma alma completamente diferente da outra. Em vista disso, o modo de tratar é consequentemente desigual, nem poderia ser de outra maneira, mas os filhos se sentem indignados com isso.

A emoção da inveja no adulto é produto das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à idade cronológica, os quais, embora ocupem corpos desenvolvidos, são verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que querem chamar a atenção dos maiores no lar.

O Mestre de Lyon interroga as Vozes do Céu: "Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?" E elas, com muita sabedoria, informam: "... Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade (...) São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja ..."

A necessidade de poder e de prestígio desmedidos que encontramos em inúmeros homens públicos nas áreas religiosas, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e outras tantas, deriva de uma "aspiração de dominar" ou de um "sentimento de onipotência", com o que tenhamos contrabalançar emocionalmente o complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.

Encontramos esses indivíduos, aos quais os Espíritos se reportam na questão acima, nas lutas partidárias, em que, só aparentemente, buscam a igualdade dos "direitos humanos", prometem a "valorização da educação", asseguram a melhoria da "saúde  da população" e a "divisão de terras e rendas". Sem ideais alicerçados na busca sincera de uma sociedade equânime e feliz, procuram, na realidade, compensar suas emoções de inveja mal elaboradas e guardadas desde a infância, vivida em dificuldades e carências no mesmo ambiente de indivíduos ricos e prósperos.

Tanto é verdade que a maioria desses "defensores do povo", quando alcançam os cumes sociais e do poder, esquecem-se completamente das suas propostas de justiça e igualdade.

Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que poderemos enumerá-los como dissimulados e negados:

perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiadas;

inclinações superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria;

insatisfação permanente, nunca se contendo com nada;

manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes;

elogios afetados e amores declarados exageradamente;

animação competitiva que leva às raias da agressividade.
O caráter invejoso conduz o indivíduo a uma imitação perpétua à originalidade e criação dos outros, e como consequência lógica a frustração  acarretando uma sensação crônica de insatisfação  escassez, imperfeição e perda, estimulando sempre uma crescente dor moral e prejudicando o crescimento e desenvolvimento espiritual das almas em evolução.

Hammed - as dores da alma

A INVEJA - Ney Prieto


A - A INVEJA

"- Invejais os prazeres dos que vos parecem os felizes do mundo. Mas sabeis, por acaso, o que lhes está reservado? Se não gozam senão para si mesmos, são egoístas e terão de sofrer o reverso. Lamentai-os, antes de invejá-los! Deus às vezes permite que o mau prospere, mas essa felicidade não é para se invejar, porque a pagará com lágrimas amargas. Se o justo é infeliz é porque passa por uma prova que lhe será levada em conta, desde que a saiba suportar com coragem. Lembrai-vos das palavras de Jesus: 'Bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados'."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quar­to. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte da resposta à pergunta 926.)

Com um pouco de observação de nós mesmos, facilmente reconheceremos as manifestações de inveja que, até mesmo de forma sutil, podem limitar o necessário esforço que devemos desenvolver para elevar o padrão dos nossos sentimentos. A inveja reflete a fragilidade em que o nosso espírito ainda vive, deixando-se consumir em desejos inconsistentes, até mesmo ilusórios, principalmente de ordem material, em lugar de lutar pelas conquistas dos valores eternos que enobrecem o espírito.

É ela resultante da nossa limitada compreensão da lei de causa e efeito, aplicada a nós mesmos, segundo a qual as atuais condições da nossa existência, escolhidas e programadas na Espiritualidade, são as que melhores resultados nos podem proporcionar no resgate dos desacertos do passado. Então, às vezes, momentaneamente enfraquecidos, esquecidos da luta que selecionamos ao programarmos essa existência, caímos nas teias dos desejos mais recônditos, refletindo as reminiscências de vidas que tivemos em existências anteriores.

Interessante é que, ao constatarmos nos outros algo que desejaríamos possuir, manifestamos uma vibração de ódio gratuito para com eles, como se fossem os culpados da nossa condição precária, da remuneração baixa no trabalho material, ou de qualquer outro aspecto limitante dentro das dificuldades em que vivemos.

Vivemos no permanente erro de sempre culpar alguém pelos males que sofremos, como fuga a um olhar corajoso para dentro de nós mesmos, onde encontraríamos as causas, remotas ou próximas, dos tormentos de hoje.

Vejamos as características mais comuns da inveja:

a) Desejo manifestado dentro de nós de possuir algo que vemos em alguém ou na propriedade de alguém;

b) Crítica a alguém que pouco faz e muito possui, comparando sua posição com os sacrifícios que a vida nos apresenta;

c) Estados de depressão, causando tristeza, sofrimento, inconformação e revolta com a própria sorte;

d) Sentimento penetrante e corrosivo que emitimos quando assim olhamos para outrem, nos deixando entregues a ódios infundados, por deterem o que ambicionamos;

e) Sentimento destruidor da resignação, da tolerância, da conformação e da fé, que devemos alimentar em nossos corações nas ocasiões de penúria material;

f) Resultado do apego, ainda presente em nós, aos valores transitórios da existência, tais como: posição social, objetos de uso pessoal, bens materiais, recursos financeiros.

O próprio conhecimento popular já definiu o conceito de "mau olhado", que, ao ser dirigido por determinadas criaturas, a tantos causa prejuízos em seus bens materiais, quando não o mal-estar e a indisposição. É a vibração que o invejoso emite de tão forte envolvimento negativo, que, ao atingir alguém desprotegido e desprevenido, realmente pode provocar vários males.

Muito cuidado, portanto, com os sentimentos de inveja que venhamos a emitir para quem quer que seja, lembrando sempre que colheremos, para nós mesmos, todo o mal que aos outros provocarmos.

B - CIÚME

"— Inveja e ciúme! Felizes os que não conhecem esses dois vermes vorazes. Com a inveja e o ciúme não há calma, não há repouso possível. Para aquele que sofre desses males, os objetos da sua cobiça, do seu ódio e do seu despeito se erguem diante dele como fantasmas que não o deixam em paz e o perseguem até no sono. O invejoso e o ciumento vivem num estado de febre continua. É essa uma situação desejável? Não compreendeis que, com essas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários, e que a terra se transforma para ele num verdadeiro inferno?"
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte da resposta à pergunta 933.)

O nosso apego aos objetos e às pessoas tem, no ciúme, uma das suas formas de manifestação. O zelo demasiado, o cuidado excessivo, a valorização descabida aos nossos pertences chegam às raias da preocupação, do desequilíbrio, do desassossego, nas reações do indisfarçável ciúme. É mesmo um estado febril de intranquilidade, que pode nos tirar o sono muitas vezes.

O ciúme anda próximo da inveja. Ambos são expressões da cobiça, e se manifestam no nosso desejo de posse ou na nossa condição possessiva, ambiciosa, egoísta. Quando o ciúme se refere às pessoas do nosso relacionamento, é indício da paixão, do amor ainda condicionante, dominante, restritivo, exclusivista. Ninguém em verdade pertence a outrem. Alguns pares, no entanto, podem desenvolver laços afetivos que os liguem a compromissos ou a tarefas comuns, como entre cônjuges, por exemplo, assumindo responsabilidades a dois, num desejável clima de compreensão, tolerância e respeito mútuo.

Os suplícios ou tormentos muitas vezes são criados voluntariamente, quando começamos a exigir, a cobrar do outro, o que achamos ser de sua obrigação: o ciúme impõe condições. É assim que quase sempre se origina a inconformação, o desespero, o desentendimento entre casais. Respeito e liberdade, de ambas as partes, na confiança que edifica e fortalece, aprofunda a amizade para muito além dos limites de uma paixão, tudo isso pela admiração construtiva, mútua, que estimula o bem proceder e amplia o reconhecimento dos valores individuais dos dois.

Quantos ciúmes doentios não geram desconfianças e desarmonias desnecessárias? Por que vamos, então, transformar nossa vida num verdadeiro inferno? Procuremos serenamente indagar o porquê dos nossos ciúmes. Com que sentido nos deixamos envolver por eles? Será por carência, ou por insegurança? Por apego ou desespero? Localizemos as causas do aparecimento desse fantasma que é o ciúme.

Fantasma criado pela nossa imaginação, que pode estar mal informada ou até deformada, e que precisa ser realimentada com a confiança, a fé, o otimismo, a esperança, a alegria, a dedicação e o desprendimento, para sermos felizes em profundidade, gerando felicidade e bem-estar em volta de nós.

C - AVAREZA

"Aquele que acumula sem cessar, e sem beneficiar ninguém, terá uma desculpa válida ao dizer que ajunta para deixar aos herdeiros? - É um compromisso com a consciência má." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 900.)

"Rico, dá do que te sobra; faze mais; dá um pouco do que te é necessário, porquanto o de que necessitas ainda é supérfluo, mas dá com sabedoria."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritis­mo. Capítulo XVI. Não se Pode Servir a Deus e a Mamom. Emprego da Riqueza )

A avareza diz respeito igualmente ao apego específico ao dinheiro e aos objetos materiais que possuímos. O homem avaro é o egoísta que nega o auxílio pecuniário a quem lhe bate à porta, desprezando as oportunidades de servir, e até mesmo de ouvir quem lhe venha pedir socorro. O avaro centraliza sua preocupação na aquisição do dinheiro ou nas diversas formas de enriquecimento. Para ele, o objetivo principal da existência é o dinheiro e o que ele lhe proporciona para usufruto.

A atmosfera vibratória do avaro é certamente obscura, densa. Ele tem grande dificuldade em sentir a inspiração que vem de mais alto, em captar sugestões mais nobres com relação ao seu proceder. É exatamente a eles que a ironia do destino causa os maiores impactos quando a desventura os atinge. A queda é grande e o sofrimento, profundo, pois retira o que lhes é mais valioso: o dinheiro. Guardamos, em diferentes gradações, as manifestações de avareza, que também se refletem nas nossas preocupações diárias, com maior ou menor intensidade.

A importância que damos aos nossos pertences e as inquietações que tantas vezes nos desequilibram, pelo fato de termos perdido esse ou aquele objeto de maior estima, representam nosso apego a eles. O zelo demasiado quando relutamos em emprestar algumas das nossas quinquilharias, com receio de perdê-las ou desgastá-las, é igualmente" uma forma de avareza, como também um aspecto do ciúme.

A mania de guardar por tempo indeterminado, até mesmo sem usar, jóias, roupas ou outros pertences pessoais, reagindo em dar a alguém que mais necessite, sem justificativas, caracteriza também o avaro. Nenhum benefício real, dentro dos valores eternos que os Aprendizes do Evangelho já conheceram, pode resultar da avareza e, por isso mesmo, precisa ser identificada e combatida.

Como exemplo de desprendimento dos valores materiais, lembremos um episódio da vida do estimado benfeitor espiritual, Dr. Bezerra de Menezes. Certo dia, ao consultar em seu gabinete médico uma senhora de parcas posses, entregando-lhe o receituário, ouviu suas lamentações, pois ela não contava com numerário suficiente para a compra dos remédios. Então, o magnânimo médico, não encontrando em seus bolsos o correspondente em moeda corrente, entregou à senhora o seu anel de formatura, para que com ele obtivesse dinheiro que lhe permitisse medicar a criança doente que trazia ao colo.

Ney P. Peres

A Inveja

A Inveja

       Inveja. Eis um dos sentimentos mais torpes e difíceis de serem eliminados da alma humana. Trata-se de um dos vícios que mais causa sofrimento à humanidade. Onde houver apego à materialidade das coisas, notadamente em seu significado, naquilo que o objeto de desejo simboliza em termos de bem-estar e status que, aí estará a inveja, sobrevoando os pensamentos mais íntimos qual urubu ou abutre insaciável, esfomeado pela carniça. A cobiça é o seu moto-contínuo.

        Há pessoas que se colocam como cães de guarda, sempre alertas ao menor ruído. Basta alguém se destacar em alguma área, por mais ínfima que seja e lá estará o invejoso, pronto para apontar o dedo e tentar minimizar o feito de seu próximo. Uma roupa diferente, um calçado da moda ou mesmo um brico ou pulseira bem colocados, já torna-se motivo para elogios, nem sempre sinceros. As mulheres, e que me perdoem as mulheres, elas são pródigas nesse tipo de expediente.


COBIÇA E BEM-ESTAR

        Torna-se necessário, contudo, diferenciar a inveja, a cobiça, da busca do bem-estar. Não há nada de errado em trabalhar para se conquistar o conforto necessário à subsistência e às condições materiais imprescindíveis, visando o aprimoramento e a eficiência em determinada atividade, sem causar prejuízo ao próximo. Se alguém possui um objeto ou uma virtude que nos falta, desejá-los com humildade e sinceridade não é inveja.

        Todavia ela surge, graciosa e sedutora, quando sentimos uma sensação de perda, um vazio não preenchido pelo objeto de desejo, principalmente quando, numa formulação mental mesquinha e destrutiva, nos consideramos muito mais dignos do que aquele que possui o que não temos.

“902. É repreensível cobiçar a riqueza com o desejo de praticar o bem?
— O sentimento é louvável, sem dúvida, quando puro. Mas esse desejo é sempre bastante desinteressado? Não trará oculta uma segunda intenção pessoal? A primeira pessoa a quem se deseja fazer o bem não será muitas vezes a nossa?” (O Livro dos Espíritos - Ed. LAKE)

        A acepção desta pequena palavra, contida no dicionário Aurélio, é deveras interessante. “Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio.” Os Espíritos que perturbam a nossa relativa felicidade, erroneamente chamados de obsessores, a fim de nos ver nivelados ao seu estado de inferioridade moral, agem movidos pela inveja.

        Invejosos eram os fariseus e os saduceus na época de Jesus de Nazaré. Invejoso foi Judas. E Barrabás, ao se ressentir do carisma que o mestre possuía naturalmente em profusão, sem precisar lançar mão de artifícios, poses e posturas afetadas, às vezes até necessárias para um político profissional.

        Quantos reis e rainhas não foram massacrados, mortos em circunstâncias misteriosas, efeito direto dessa viciação moral? A chamada “puxada de tapete”, que ocorre nas empresas, nos vários locais de trabalho, inclusive na família e onde quer que se reúnam pessoas, sempre acontece sob inspiração desse vício hediondo e asqueroso.


TRIO DE FERRO

        A vaidade e o orgulho, esses dois gigantes da imoralidade, filhos diletos do egoísmo, combinados proporcionalmente com a inveja, formam um trio de ferro corrosivo, uma espécie de três mosqueteiros às avessas. Um triunvirato repugnante e nauseabundo, espécie de tríade repulsiva e sinistra.

        Se nos consideramos mais merecedores do que o próximo que tenha aquele belo carro do ano, imaginando que seria mais “justo” que aquele objeto fosse de nossa propriedade, essa fantasia traz consigo um ranço de origem, proporcionado pela inveja.

        Em função desse sentimento mesquinho, muitos grupos espíritas se dividem (aliás, o movimento espírita cresce mais por divisão do que por uma multiplicação previamente planejada) na busca tresloucada de espaços de trabalho, na direção de determinadas atividades, no exercício do poder. É muito comum vermos subgrupos dentro de um mesmo grupo, a popular panelinha, um tipo de trincheira, um gueto mesmo, que se arma contra os que conquistaram, ao longo do tempo, o seu espaço por mérito moral e intelectual.
   
        Esses grupelhos promovem fofocas, queimam pessoas, malham as legítimas lideranças como se fossem Judas, desmerecem o trabalho realizado e promovem intrigas. Tudo por inveja. Não há dor de cotovelo que suporte o sucesso alheio. É por isso que a cobiça, a avidez desmesurada e destrutiva proporcionam um quadro de morbidez e infelicidade para aquele que se alimenta desse sentimento maligno.


O INVEJOSO EM AÇÃO

        O invejoso não suporta ver um novato invadir espaços que ele, em sua santa indolência, deixou de ocupar por pura incompetência e comodismo. Se sente atingido, usurpado e se agarra, com unhas e dentes, ao espaço que ele acha que é seu e somente seu. Uma sutileza interessante, já que o homem pré-histórico, movido pelo instinto brutal, destroçava o seu algoz, a fim de se apropriar de seus pertences. O tempo passou, a evolução se processou como convém à estrutura das leis naturais, mas o princípio permanece o mesmo.

        O invejoso passa para o boicote, vai minando com fofocas e pequenas atitudes estrategicamente montadas, a fim de destruir o novo trabalhador da Doutrina. Quer provar, ao menos para si mesmo, que o espaço é dele, e somente dele.

        Do micro-universo do centro à macro-estrutura do movimento espírita, acontece, analogamente, a mesma situação. Os burocratas do Espiritismo brasileiro, cercados por seus porta-vozes, asseclas e pseudo-intelectuais, se arrepiam só em pensar na perda do poder. Quando algum grupo surge, contestando sua concepção doutrinária e seus esquemas, tratam logo de persegui-lo, taxando-o de antro de obsedados, de anti-fraternos, anti-espíritas etc.

        Não dá para negar que muitos até escrevem livros atacando esses grupos, se esmeram na elaboração de artigos e fazem palestras, movidos pela boa intenção. Mas será que, no fundo, não há também uma razoável dose de inveja do vigor da juventude intelectual e moral que, inevitavelmente, agride os indiferentes?


INSTINTO DEGENERADO

        A inveja é uma das facetas do instinto de destruição degenerado, estagnado, pois ela conduz o invejoso ao extermínio, ao transtorno e à ruína de si mesmo.

        “Puxa, que belo quadro, gostaria de tê-lo pintado!”
        “Que livro interessante, desejaria tê-lo escrito!”
        “Caramba, que sacada, por que não tive essa idéia antes!”

        Se o sentimento de surpresa diante de uma obra, de um feito ou de uma rara virtude for digno e generoso, não há inveja. Trata-se apenas de um incentivo, um grande estímulo para que nos empenhemos em adquirir novas virtudes, produzir quadros mais belos se formos artistas, textos mais requintados se formos escritores, tortas mais saborosas se formos um mestre-cuca.

        O Espiritismo nos ensina que as pessoas que agem de modo desinteressado, com benevolência e ternura, de forma natural, sem afetações, sem hipocrisia, são como velhos guerreiros que no passado já autoconstruíram e conquistaram sua grandeza moral. Ter o desejo de se comportar como essas pessoas não é inveja. Se fosse, seria uma inveja deveras singular.

        Daí que o modelo de virtude eleito pelo Espiritismo, Jesus de Nazaré, torna-se ao menos para nós, ocidentais, uma referência longínqua e ao mesmo tempo muito próxima, uma baliza, um marco para a busca necessária da virtude, de uma ética condizente com as leis naturais.


A VIRTUDE

        Segundo Platão e Sócrates, virtude não se ensina. A virtude (aretê) nada tem de opiniático. Trata-se de um dom ofertado por Deus, segundo a concepção socrática. Mas virtude é conhecimento, e como tal, segundo os gregos, não pode ser ensinada. Ou seja, não é uma técnica, um conhecimento formal, que possua o mesmo sentido lógico e racional de uma equação matemática ou mesmo de um teorema. Esse aforismo conhecer a si mesmo, a grande máxima inscrita no Templo de Delfos e adotada por Sócrates, é um dos fundamentos de sua doutrina.

        Com Sócrates e Platão entendemos que aprender é recordar, relembrar, é rever, revisitar. Eles eram reencarnacionistas e inauguraram uma concepção toda nova do que se convencionou chamar de alma (psiquê), algo imponderável e que sobrevive à matéria. Não foi à-toa que Allan Kardec os considerou, e com razão, como precursores do Espiritismo.
   
        Essa questão da virtude, na história da filosofia, é uma das muitas questões ainda em aberto. Os neo-platônicos, existencialistas, marxistas, positivistas, neo-evolucionistas, e outros istas não se entendem em relação a essa questão. Nem mesmo os espiritistas. Intelectuais espíritas, de mentalidade cristã e formação religiosa, possuem pontos de vista nem sempre compatíveis com espíritas de mentalidade laica e formação mais filosófica e científica.

        Segundo o Espiritismo, a evolução moral nem sempre acompanha a evolução intelectual. No processo evolutivo é necessário primeiramente o conhecimento do bem e do mal, somente possível em função do desenvolvimento do livre-arbítrio, consequência natural do aprimoramento intelectivo. A evolução moral é uma consequência da evolução intelectual. “A moral e a inteligência são duas forças que não se equilibram senão com o tempo” ( LE - p. 780-b).

        A virtude, segundo o Espiritismo, é uma qualidade primária, um atributo, uma característica variável em função do nível evolutivo do Espírito, o sujeito pensante, que sente, reflete e age. A virtude é uma propriedade moral adquirida, consquistável. Segundo Kardec, “aquele que a possui a adquiriu pelos seus esforços nas vidas sucessivas, ao se livrar pouco a pouco das suas imperfeições” (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Introdução - LAKE).

        Para se combater os vícios, nada melhor do que aprimorar as virtudes, com conhecimento de causa. Aí está a chave da questão. O ato de reprimir as viciações é sempre louvável, mas se não vier acompanhado de um processo de autoconhecimento, de autopercepção, não terá sentido. Sem uma atitude racional, sem o devido bom senso, o que temos é a hipocrisia, a repressão cega e insensata com o verniz da virtude piedosa, uma usina produtora de sepulcros caiados.


A EDUCAÇÃO

        O Espiritismo nos oferece uma compreensão racional muito bem fundamentada na observação, na experimentação. A base de todas as viciações se acha no abuso das paixões. “As paixões são como um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando governa.” (LE - p. 908).

        O princípio das paixões não é um mal. O mal está no exagero, nos excessos e nas conseqüências nefastas que possam existir quando há o abuso. Segundo o provérbio latino, “o abuso não desmerece o uso”.

        A saída que o Espiritismo propõe é a educação. Nesse sentido, podemos afirmar que, ao contrário dos filósofos clássicos, a virtude pode ser ensinada, não no sentido tecnológico, formal, mas como um conjunto de caracteres passíveis de serem moralmente formatados.

        O comentário de Allan Kardec, a esse respeito, é bem elucidativo: “A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam plantas novas. Essa arte, porém, requer muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter a ciência para aplicá-la de maneira proveitosa.” (LE - p. 917)

        A educação segundo o Espiritismo é moralizante. O moralismo hipócrita não cabe em seus princípios. A educação espírita é libertária sem ser libertina. Ela não é religiosa; é cultural, reflexiva e tolerante.

          Trabalho, solidariedade e tolerância, o lema que Kardec adotou para si se constitui, em termos sintéticos, numa atitude entusiasta e viril diante da vida. Sentimentos viciosos como a inveja, o orgulho, a hipocrisia, dentre tantos outros, se esvaem, tendem a se diluir e se reordenar diante do processo de transformação moral que o Espiritismo propõe, na incessante busca da sabedoria e da virtude.




Escreve: Eugenio Lara - julho/1998 – Santos/SP
Fonte: http://www.viasantos.com

INVEJA E COBIÇA

INVEJA E COBIÇA




“A inveja é uma das mais feias e tristes misérias do vosso globo. A
caridade e a constante emissão da fé extirparão todos esses males,
que desaparecerão, um a um, à medida que se multiplicarem os
homens de boa vontade que virão depois de vós"

(SÃO LUÍS, 1858. Revista Espírita).


A inveja é um dos tristes vícios que mais causa tristeza, especialmente, em quem sente. Inveja não é cobiça. A cobiça é o desejo de querer algo que não se tem, mas, que não se incomoda que o outro tenha. Admiração é prezar o talento do outro em conquistar algo. A inveja não é nenhuma coisa e nem outra, é não querer que o outro tenha aquilo que se deseja e, que não se tem talento suficiente para conseguir.

Não existe, assim, "inveja branca" ou "inveja boa", como se costuma acreditar. Existe sim, segundo teóricos, graus de inveja: (1) leve - quando eu gosto do que você tem; (2) médio - eu quero o que você tem, incomoda-me, mas, não vivo em função disso e; (3) grave - o outro não merece ter, então, passo a viver em função disso. Este é considerado uma patologia, a qual merece maiores cuidados. A inveja não é natural, é um vício adquirido. A fome, por exemplo, é natural, o indivíduo para sua subexistência terrena precisa alimentar-se. A gula, no entanto, é uma patologia, uma doença que precisa ser tratada, pois, tem várias causas, desde a oralidade (psicologia) e, pode acarretar sérios danos físicos ao indivíduo, como a obesidade.

A inveja e tantos outros vícios são causadores de infelicidade e sofrimento. Descartes (Paixões da Alma, art. 182) define como inveja: "uma perversidade de natureza, que faz certas pessoas ficarem contrariadas com o bem que veem acontecer aos outros homens". O filósofo romano Cícero, considerou que “a inveja é a amargura que se sofre ao ver a felicidade alheia”. Vejamos o quão profundo é o ensinamento de Jesus sobre a inveja contido na parábola que se segue:

"Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. – Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. – Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. – Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família – dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom?" (Trabalhadores de Última Hora, cap. XX. E.S.E.).

Provavelmente, se o patrão tivesse pago um valor menor aos trabalhadores da última hora, os da primeira não tivessem reclamado, o que indica claramente um sentimento de inveja, ou seja, achar injusto que o outro receba.

Desde cedo somos todos propensos à inveja, apenas não entendemos ou conhecemos o seu significado. Muitas vezes, confundimos com outro sentimento negativo, que também causa tristezas, o ciúme. Os irmãos brigam entre si, em muitos casos, mais movidos pela inveja do que pelo ciúme, como gostam de acreditar as mães: "é ciúme!". Logo, as mães devem estar atentas a estes vícios (ciúme ou inveja) e buscar, como ensina o Evangelho de Jesus, "cortar o mal pela raiz", através da boa educação, não a educação que torna o homem instruído, mas, a que o torna um homem de bem. Como ensina o Espírito Fénelon, livro dos Espíritos, questão 917: "A educação se bem entendida, é a chave do progresso moral".

O progresso moral é uma virtude que se conquista pelo esforço, como nos esclarece Allan Kardec: "aquele que a possui a adquiriu pelo seus esforços nas vidas sucessivas, ao se livrar pouco a pouco de suas imperfeições" (E.S.E. - Introdução). É possível vencer a inveja através da prática da benevolência, do querer bem ao outro. Jesus ensina: "Amai-vos uns aos outros" (E.S.E.).

Esclarecem os Benfeitores: "Os Espíritos que perturbam a nossa relativa felicidade, erroneamente chamados de obsessores, a fim de nos ver nivelados ao seu estado de inferioridade moral, agem pela inveja" (L.E.). Sentir prazer quando o outro perde o que se quer ter, ou, se doer de angústia pela vitória do outro é sentir-se incapaz de viver a própria a vida, resultado do egoísmo. O egoísmo é a fonte de todos os vícios: o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme que o magoam a todo instante (L.E. Q. 917). O amor é a fonte de todas as virtudes.

Eu posso controlar a minha inveja a partir do momento que passo a admitir que aquilo me incomoda.  Logo, o primeiro passo para qualquer transformação é o reconhecimento de si mesmo: "Conhece-te a ti mesmo". Muitos são capazes de dizer-se prejudicado por "olho gordo" ou "mau-olhado", poucos, porém, são incapazes de reconhecer que sofrem com a felicidade do outro. Antes de culpar os outros pelo próprio fracasso, é necessário olhar para si mesmo e perceber se não é você mesmo o causador de seus infortúnios. Para combater o "mau-olhado", Jesus ensina: Vigiai e Orai. Vigiai os próprios pensamentos e as más inclinações. Maus pensamentos atraem espíritos inferiores, o bom pensamento é oração que eleva-nos à Deus e afasta todo o mal, de encarnado e desencarnados.

É possível administrar a inveja pela medida do "suficiente", não querer mais do que se pode ter, ou do que se pode ser. Trabalhe o seu próprio talento através da generosidade. Toda conquista se dá pelo trabalho, cobiçar somente não basta, é preciso esforço para se conseguir realizar. É preciso sonhar, idealizar e realizar, ou seja, acreditar no sonho e torná-lo ideal e realizável - palpável. Deus não disponibiliza os bens senão pelas necessidades, não físicas, e sim morais, de cada ser para o seu próprio aprendizado e evolução. Todos têm talento próprio, não é preciso desejar o que é do outro. Pode-se até cobiçar algo que não se tem, mas não querer tirar o que o outro tem. "Deus é justo e não condena senão aquele cuja existência é voluntariamente inútil e vive na dependência do trabalho dos outros. Ele quer que cada um se torne útil, segundo as suas faculdade" (L.E. Q. 643). Que Assim Seja!

Luz e amor!




"Toda moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, ou seja, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinamentos, mostra essas virtudes como sendo o caminho da felicidade eterna. Bem-aventurados, diz ele, os pobres de espírito, quer dizer: os humildes, porque deles é o Reino dos Céus; Bem-aventurados os mansos e pacíficos; Bem-aventurados os misericordiosos. Amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que desejaríeis que vos fizesse; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas se quereis ser perdoados; fazei o bem sem ostentação; julgai a vós mesmos antes de julgar os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar. Orgulho e egoísmo, eis o que não cessa de combater. Mas ele faz mais do que recomendar a caridade, pondo-a claramente como a condição absoluta da felicidade futura". (Fora da Caridade não há Salvação, cap. XV; 3. E.S.E.)

Remédio infalível contra ciúme e inveja, por Allan Kardec

Remédio infalível contra ciúme e inveja, por Allan Kardec


"Para todos os sentimentos de inveja e ciúme por parte de outras pessoas, nós possuímos um meio infalível para torná-los inócuos. Vamos nos esforçar para desenvolver a nossa inteligência, para melhorar os nossos corações e mentes. Vamos competir com os outros na prática das boas obras, no exercício da caridade e do auto-sacrifício. Deixe o lema do "amor fraterno" ser inscrito em nossa bandeira, e deixe que a busca da verdade seja o objetivo da nossa existência.

Imbuídos destes sentimentos, podemos desafiar a zombaria dos nossos contraditores e da má vontade de nossos inimigos. Se nos enganarmos, vamos reconhecer o nosso erro, e superá-lo: observando estritamente as leis da caridade e auto-sacrifício, evitando todo sentimento de inveja e ciúme, temos a certeza de que estamos no caminho certo. Estes devem ser os nossos princípios, são eles os laços de unidade, que deverão reunir todos os 'homens de boa vontade sobre a terra', enquanto o egoísmo e a falsidade definitivamente os separariam."

Allan Kardec, Revista Espírita, página 307, 1869

A Inveja - Mensagens espíritas


Alegrar-se com o próximo

Na vida social, o homem é convidado a partilhar as experiências dos semelhantes.
Em situações as mais diversas, ele presencia o espetáculo das dores e alegrias humanas.
De modo curioso, costuma ser mais fácil participar ativamente das derrotas do que das vitórias alheias.
Ante a fome ou a enfermidade, ordinariamente surge um apelo aos sentimentos mais elevados.
Eles concitam o ser humano a mover as mãos em auxílio, de modo automático e rápido.
Sem dúvida, todo socorro que se oferta a alguém que sofre é valioso.
É interessante, contudo, não se deter em uma análise rasa a respeito dos próprios motivos para agir.
Muitos são solidários na dor, pois assim assumem o papel de benfeitores.
Com essa posição de destaque perante o próximo ou a sociedade, realizam-se interiormente.
Todavia, quando defrontam companheiros em prosperidade, não conseguem se manter em padrão saudável de sentimento e de conduta.
Se o próximo surge em evidência, francamente vitorioso, ralam-se de mágoa injustificada.
Transformam-se em fiscais impenitentes e acusadores severos.
Simplesmente, não conseguem perdoar o sucesso alheio.
Sentem como se isso os diminuísse, de alguma forma.
Passam a acumular profundos e inexplicáveis ressentimentos.
É com azedume e sarcasmo que se referem ao êxito do outro, vencidos de torpe inveja.
Essa forma de sentir e agir revela uma certa infantilidade espiritual.
Trata-se de alguém que quer ser sempre o centro das atenções positivas.
Até convive bem em sociedade, desde que seja sua a posição de realce.
Estende as mãos a quem sofre, mas não movido por genuína misericórdia.
Age antes de mais nada para aparecer, porque gosta de surgir vitorioso e magnânimo.
Quer ser admirado e esse constitui o móvel de seus atos.
Justamente por isso, não suporta quando a admiração deve ser naturalmente dirigida aos outros.
Ocorre que as posições de destaque sempre têm seu preço.
Elas são habitualmente acompanhadas de uma série de desconfortos.
Ora são as farpas da maledicência e do ciúme.
Ora surgem as perseguições sistemáticas disfarçadas de sorrisos.
Também a ausência de amigos legítimos costuma tornar angustiosas as ilusórias horas douradas do homem importante.
Assim, assuma posição diferente.
Sem objetivar qualquer vantagem pessoal, aprenda a se alegrar com o sucesso do próximo.
Seja solidário na dificuldade do seu irmão, mas também participe da alegria dele.
Abdique da posição de fiscal gratuito de quem brilha.
Afinal, ser feliz com a felicidade alheia também é um modo de caridade.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 32 do livro Leis morais da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 03.02.2011.

Companhia perturbadora

Nem sempre estamos bem acompanhados, e uma dessas companhias perturbadoras é a que nos faz infelizes ao perceber a felicidade do outro.
A inveja não está na simples constatação do triunfo alheio. Ela se apresenta quando essa constatação nos faz mal, produz em nós sentimentos negativos de revolta, de indignação.
Essa filha do orgulho instala-se em nossa alma e nos leva aos precipícios morais do ódio sem razão.
Muito mais fácil do que buscar nossa felicidade, nossas próprias conquistas é criticar, questionar, destruir a dos outros.
A inveja é preguiça moral, é acomodação do Espírito que ainda não está desperto e disposto a empreender a necessária luta pelo crescimento.
Ao invés de se empenhar na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu. Apela, muitas vezes, para a intriga e a maledicência, fica no aguardo do insucesso do suposto adversário, perseguindo-o, buscando satisfazer seu prazer mórbido.
Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro da atenção, credor de todos os cultos e referências.
Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral, que não considera a vida como patrimônio divino para todos.
Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.
Esse sentir doentio descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia. Porém, os danos ocorrem em quem gera esse sentir, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.
Assim, o invejoso sempre sairá perdendo. Não apenas não resolverá seu problema - se é que ele existe - como sempre aumentará sua frustração, sua infelicidade.
*   *   *
A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro.
Consiste em avaliar os recursos de que dispõe e considerar que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.
O cultivo da alegria, pelo que é e dos recursos para alcançar novos patamares, enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.
Esse despertar facultará à criatura a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na grande unidade.
*   *   *
Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus.
Essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas.
A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo.
A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, à medida que os homens de boa vontade se multiplicarem.

Redação do Momento Espírita com base em texto da Revista Espírita, de Allan Kardec, de julho de 1858  e no cap. 5 da obra O ser consciente, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 02.03.2011

 Inveja

        Os homens são Espíritos destinados à Angelitude.

        Foram criados simples e ignorantes e gradualmente desenvolvem suas potencialidades e virtudes.

        Por muito tempo viveram os instintos em sua plenitude.

        Atualmente, deixam de forma paulatina a vida instintiva e pautam seu atuar pela razão.

        No lento processo evolutivo, alguns antigos vícios perdem sua força.

        Em seu lugar, algumas novas virtudes vicejam.

        É no trato com os semelhantes que o homem toma contato com sua realidade espiritual.

        Os embates do dia-a-dia tornam possível ao ser humano perceber suas fraquezas.

        Ciente delas pode dedicar-se ao seu combate.

        Uma das fissuras morais bastante comuns na Humanidade atual é a inveja.

        São Tomás de Aquino definiu esse vício como a tristeza que se tem em relação às coisas boas dos outros.

        O invejoso simplesmente se sente mal porque o próximo tem sucesso.

        Não há necessidade de que algo lhe falte.

        Ele apenas se considera diminuído com a grandeza alheia.

        Na realidade, por vezes se perdoa ao semelhante mais facilmente um erro do que um acerto.

        É mais fácil auxiliar quem cai do que suportar a vitória do outro.

        Ante a fome e a enfermidade, não tardam mãos que auxiliam.

        Os benfeitores, sob o prisma material, sempre ocupam lugar de realce.

        O auxílio aos miseráveis pode propiciar, de algum modo, a satisfação da vaidade.

        Bem mais difícil é ser feliz com a felicidade alheia.

        Perante alguém que vence na vida, a animosidade com freqüência torna-se acirrada.

        Não faltam fiscais e acusadores de alguém que sempre obtém algum sucesso.

        Muitas vezes ouvimos a respeito de quem enriquece: Deve estar roubando!

        Na escola, o aluno que obtém boas notas não raramente é objeto de maldosas observações.

        Ele ganha apelidos grosseiros e sofre comentários pouco generosos.

        ­Comenta-se que cola e que goza de favoritismos.

        A inveja está muito presente em nossa sociedade.

        A vontade de apontar os defeitos alheios é um indicativo desse vício em nós.

        Trata-se de uma fissura moral bastante freqüente e reveladora de grande mesquinharia.

        Prestemos atenção em nosso comportamento.

        Apliquemos firmemente a vontade em alijar de nosso íntimo esse triste defeito.

        Ser caridoso não é apenas amparar a miséria.

        Ser feliz com a felicidade alheia também é uma forma de caridade cristã.

        Valorizemos as conquistas e as virtudes dos outros.

        Somos todos companheiros na imensa jornada da vida.

        O clima psíquico da Terra é fruto da soma da vibração de todas as criaturas que nela habitam.

        Todos os homens têm a ganhar com a felicidade dos semelhantes.

        Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a Humanidade.

        Quando alguém cai, é prejuízo na economia moral do planeta.

        Alegremo-nos com as vitórias de nossos irmãos.

        Ao vencerem, eles não nos tiram nada.

        Muitas vezes dão preciosos exemplos, que podemos seguir.

        Sejamos solidários nas dificuldades do próximo.

        Mas participemos também, sinceramente, de seus júbilos.
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo VII do livro Leis morais da vida, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

Não tenha inveja dos ricos

        Quem nunca sonhou em ser milionário? Viver entre luxo e festas, divertimentos, viagens e alegria?

        Essa aspiração é universal e é comum a pessoas de todos os países e épocas.

        É que a maior parte da Humanidade fixa seus interesses apenas na vida material. Acreditamos mesmo que a boa condição financeira vai nos trazer a completa felicidade.

        É uma ilusão. Associamos o bem-estar a coisas que nos dão prazer ou satisfazem nossos sentidos: boa comida, conforto, pessoas que nos servem e atendem aos nossos mínimos desejos.

        Aos poucos passamos a acreditar que os ricos é que são felizes em suas vidas que nos parecem uma permanente festa.

        Quando passam em seus carros de luxo, elegantemente  vestidos, suspiramos ao contemplar a beleza das jóias e sequer imaginamos que algo possa estragar tal felicidade.

        Mas nos enganamos. As belas residências também abrigam gente que se entristece, que tem problemas, que está sujeita a doença, morte, traições, decepção.

        E quantas vezes os ricos carregam excessiva carga de dores que não vemos...

        Sim, pois o dinheiro tem o poder de trazer consigo falsas amizades, ambição, paixões e excessos.

        A riqueza tem um componente ainda mais grave. Não raro ela nos escraviza. Muros altos, cercas eletrificadas, guardas de segurança, cães e grades atestam o medo que deixa sitiadas as grandes fortunas.

        É o temor de ladrões, de seqüestradores, de gente que tentará enganar ou levar algum tipo de vantagem.

        E o que dizer do medo de que os amores e amizades sejam interesseiros? O que pensar das brutais disputas por heranças? São escravizações.

        O dinheiro tem, ainda, um estranho poder: o de fazer com que se gaste tanto quanto se ganha. E que sempre se queira muito mais do que se tem.

        É comum vermos as pessoas passarem horas a buscar os melhores investimentos, as aplicações mais rentáveis.

        Atormentam-se com as oscilações da Bolsa de Valores e acompanham trêmulos o comportamento do mercado. Escravos do dinheiro que deveria lhes trazer benefícios.

        Por isso, não tenha inveja dos ricos. Não queira ser mais um a ser dominado pelo dinheiro. Se tiver que admirar alguém, que seja aquele que consegue viver satisfeito com o que tem.

        Se tiver de imitar alguém, que seja o sábio Francisco de Assis, que sentiu a força escravizadora da fortuna e optou pela liberdade.

        Francisco pobre, feliz Francisco, que escolheu o amor em vez do dinheiro.
* * *
        A riqueza, sob qualquer aspecto considerada, é bênção que Deus concede ao homem para sua felicidade.

        Ao homem compete bem utilizá-la, multiplicando-a em dons de misericórdia e progresso a benefício do próximo.
Redação do Momento Espírita, com pensamento extraído do
verbete Riqueza, do livro Repositório de sabedoria,
pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, v.2, ed. Leal.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 19.05.2008
Tola inveja


A inveja é um sentimento inferior que se traduz pelo desejo da pessoa ser o que o outro é, ou possuir o que o outro detém.
É comum se invejarem as pessoas ricas, famosas, as que têm poder. Invejam-se  reis, artistas, empresários de sucesso.
O que não se analisa, nem se cogita é que a riqueza, a fama e postos de comando têm um preço.
Vendo as personagens que invejamos desfilarem nas páginas das revistas ricamente ilustradas, ou nas imagens televisivas, constatamos somente a parte boa, positiva.
As pessoas famosas, entretanto, não conseguem ter vida particular e nem realizar coisas simples, que desejariam.
Para saírem à rua, necessitam de esquemas de segurança, disfarces, horários próprios, uma série de cuidados.
Vivem em mansões ou palácios, mas não têm o direito de andar pelas ruas, olhando vitrines, descontraídas.
Não podem sentar num banco de jardim público, comer pipocas e ficar olhando o ir e vir das pessoas, numa tarde de sol morno.
Viajam em jatos particulares, têm uma agenda disputada, compromissos infindáveis e não conseguem um minuto de paz. Onde quer que estejam, fotógrafos, repórteres se encontram à espreita para fotografar, criticar, mostrar ao público.
Frequentam lugares sofisticados e caros, onde se sentem sempre como se estivessem em uma vitrine, observadas por todos.
Quando não, perseguidas por uma legião de fãs que tudo querem ver, saber, conhecer, disputar.
Se adoecem, não têm direito à privacidade. Detalhes dos exames realizados, do diagnóstico, tudo é do interesse do público.
Dramas familiares, que desejariam ficassem guardados entre as paredes do lar, logo se tornam de domínio público. Já pensamos como se sentiram aqueles que, porventura, tiveram apresentados a público a filha que se envolveu com drogas, ou o filho que se prostituiu?
Nos momentos de luto e dor, nem podem expressar toda a sua verdadeira dor, porque as câmeras de TV os estão focalizando, os microfones estão a postos para tudo registrar, captar.
Talvez prezassem ficar em silêncio e a sós, velando o corpo do afeto que partiu. Contudo, não lhes é permitido. Elas não se pertencem. A sua vida é do interesse da sociedade. Todos querem ver, falar, opinar, tocar.
Antes de invejarmos a vida do outro, o cargo, o poder, a riqueza, pensemos se teríamos condições de suportar e pagar o preço que é exigido.
Porque a fama, a riqueza, o poder não são meras circunstâncias na vida. São provações ou expiações para o Espírito reencarnado. Tanto quanto o anonimato, a pobreza, a subalternidade.
Todas são etapas de crescimento e de progresso e cada um, onde esteja, delas se deve utilizar com sabedoria, extraindo toda a experiência que oferecem.
*   *   *
Cada um de nós está colocado no lugar exato. Ninguém que esteja recebendo o que não merece.
Enquanto nos colocamos na posição de invejosos, sonhando e desejando ardentemente o que os outros usufruem, nos esquecemos de valorizar o que possuímos e o que somos.
Esquecemo-nos das bênçãos da família que nos sustenta afetivamente, do emprego que nos permite aprendizado e nos garante o salário da honra.
Esquecemos do amor de Deus que, todos os dias, posiciona o sol, dispõe a chuva, alimenta os campos e reproduz os grãos.
Amor divino que se estende para todos, ricos e pobres, famosos e anônimos, poderosos ou subalternos.
Redação do Momento Espírita com base em conferência de Raul Teixeira,
proferida em  22.08.1999, no IV Simpósio Paranaense de Espiritismo,
 em Curitiba, Paraná.
Em 23.01.2009

A inveja que mata

A inveja que mata


“Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis.” (Tiago 4:1-2).

A inveja é um sentimento que leva ao invejoso a idéia de que o bem alheio é considerado um mal próprio. A inveja provém de olharmos o bem do outro e ver que não possuímos, formando um sentimento de inferioridade, incapacidade, deixando-nos menores perante o sucesso alheio.

O coração que se contamina com a inveja vai se tornando amargo, inconformado, revoltado com o que não possui, o que leva à frustração, travando uma competição paranóica com o outro, a ponto de chegar a odiar e até desejar o mal ao invejado. O ser invejoso não se convence da própria mazela, a satisfação dele é ver o outro triste, aniquilado, arrasado e amargurado com as derrotas. Infelizmente, este estado de consciência leva o indivíduo à depressão, ao desânimo, a perder o sentido da vida, que passa a ser vista somente pelo ângulo daquilo que não se tem, de modo que o invejoso é um eterno descontente com tudo e com todos.

A inveja tem por características o desejo por atributos, posses, status, habilidades de outra pessoa. Não é necessariamente associada a um objeto: sua característica mais típica é a comparação desfavorável do status de uma pessoa em relação à outra.

O ser em posse da inveja vive desconfiado, como se estivesse numa espécie de estimulante ou droga que penetra a consciência, mesmo que venhamos a imitar o desenvolvimento ou a capacidade do outro, porque achamos positivo, caímos na essência da mesma que é a comparação, e a cada ato de comparação nos afastamos ou aniquilamos a nossa própria realidade, destruindo tudo aquilo que tínhamos formado a nosso respeito.

A inveja é como uma árvore que tem raízes e frutos. A raiz da inveja é a vanglória, e seus frutos são a maledicência, que consiste em falar mal dos outros e difamar a vida alheia, e a insatisfação constante, pois o invejoso acha que a felicidade está sempre “na casa do vizinho” e é, assim, incapaz de se satisfazer com aquilo que tem.

Conforme São Tomás de Aquino, a inveja tem a sua raiz no orgulho. A vanglória é o desejo de se destacar em função do brilho e não do bem em si mesmo, do sucesso ou o bem alcançado, de modo que o sucesso passa a ser a meta de vida, a ponto de se fazer qualquer coisa para alcançá-lo. Não que o sucesso seja ruim, ele é bom, mas não se pode viver em função dele, ou seja, nossa felicidade não está em função do sucesso ou dos bens e, sim, em função de nossa comunhão com Deus.

O grande Santo Agostinho dizia que “a inveja é o pecado diabólico por excelência”. E se referia a ela como “o caruncho da alma, que tudo rói e reduz a pó”. A inveja é amiga daquele que não suporta a felicidade dos outros, e que não se conforma em ver alguém realizado, melhor do que ele mesmo. Fica torcendo pelo mal do outro e, quando este fracassa, diz no seu interior: “bem feito!”.

Vemos acontecimentos que ocorrem na humanidade sobre a inveja, a história dos irmãos Caim e Abel, no qual Caim matou o seu irmão Abel por inveja (Cf. Gen. 4). Também por causa da inveja os filhos do  patriarca Jacó venderam o seu filho caçula, José, para os mercadores do Egito. Também por causa da inveja, vimos o rei Saul odiar a Davi e caçá-lo como se fosse um animal a ser morto. (Cf. 1Sm 18,8;19,1.)

As escrituras sagradas nos relatam, por causa da inveja, a morte de Jesus. O evangelista São Mateus deixa claro: “Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: “Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?” Ele sabia que tinham entregado Jesus por inveja” (Mateus 27, 18).

Santo Agostinho fala sobre a gravidade da inveja: “Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos  à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!”

O apóstolo Paulo de Tarso, em sua carta a Tito, dizia: “Porque também nós outrora éramos insensatos, rebeldes, vivendo na malícia e na inveja”. Essa embriaguez da inveja consiste justamente na incapacidade de perceber que este sentimento nos leva a uma vida infeliz, solitária e amarga, por mais que tenhamos nunca teremos tudo, ou seja, sempre haverá algo a que invejar.

O psicólogo Alfred Adler diz que “A mais grave contradição é que a pessoa que mais sente a inveja é justamente aquele tipo de personalidade que mais poderia desfrutar o prazer ou sucesso pessoal, deslocando sua fonte de satisfação e crescimento para o inferno de ter de observar ou medir o que o outro obteve primeiro. Neste ponto podemos afirmar que o amor sempre invejou qualquer tipo de vício, pois este último possui uma capacidade de impregnação na alma humana além de qualquer outro sentimento positivo. É só refletirmos para o problema das drogas ou da violência, que não demoraremos a perceber a veracidade de tal conceito. Há muito que não sabemos o que fazer com nosso lado íntimo e pessoal, sendo inevitáveis os desastres na história de nossa afetividade. Podemos até ser treinados para a convivência de determinada limitação causada por doença física; mas as sequelas psicológicas de infelicidades passadas são tabus na compreensão total sobre o que nos tornamos após todas as experiências vividas”.

Segundo o psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung (1875-1961), todas as faces escuras, ameaçadoras e indesejáveis da personalidade são chamadas de sombra: “Reconhecer e aceitar seu lado sombrio é o primeiro passo para ter equilíbrio emocional e melhorar a qualidade de todas as relações. A sombra faz parte de nosso inconsciente e, se não for encarada, dominará todas as ações, nos rouba a tranquilidade para aceitar os ciclos da vida, nos tira a beleza, o ânimo e, o pior de tudo, a capacidade de amar, que é justamente o mais iluminado dos sentimentos”.

Sigmund Freud diz que “A inveja jamais nos dará trégua ou férias acerca de uma autoestima precária que conquistamos; sendo uma “espada dilacerante” que corta nossa alma quando lembramos dos grandes desejos irrealizados, mas que nosso “vizinho” talvez os tenha obtido. Temos um vício quase que perpétuo de achar que o fracasso apenas é reservado para nossa pessoa. Isto se agrava pela hipocrisia social e pelo fato das pessoas a cada dia estarem mais treinadas na arte da dissimulação ou disfarce de sua real condição”.

Ninguém no mundo filosófico analisou sobre a inveja melhor do que o filósofo Nietzsche, colocando a inveja como categoria descritiva. Quando ele comenta sobre o “fraco”, “escravo” ou “doente”, antes de estes indivíduos serem só ressentidos, são invejosos, corroídos com um tacão no peito, que o sangra dia após noite: a inveja.

Ele dizia que o invejoso não aparece. Ele se esconde, é sorrateiro, resguardado pelo seu nome que é uma capa, pois ninguém sabe quem é ele. O nome de alguém que nada fez é um nome que vale como uma máscara de ladrão. Pode usar o nome, mas o nome não diz nada. É assim que o invejoso, o “fraco” de Nietzsche, age rotineiramente: ele é como o inseto, também um exemplo nietzschiano, que muda de cor para se parecer com a paisagem. A covardia e a inveja são irmãs.

Uma equipe de cientistas japoneses conseguiu identificar a região do cérebro que controla o sentimento de inveja. A descoberta poderá ajudar os profissionais da área de saúde a lidar melhor com pessoas que sofrem do problema.

“A inveja pode levar uma pessoa a praticar um ato destrutivo e até criminoso, para conseguir o que deseja”, disse Hidehiko Takahashi, 37 anos, pesquisador-chefe do Departamento de Neuroimagem Molecular do Instituto Nacional de Ciência Radiológica. A pesquisa, que durou um ano e meio, estudou o comportamento de 19 pessoas em boas condições de saúde. Durante os experimentos, eles tiveram os cérebros monitorados por aparelhos de ressonância magnética.

Explicou Takahashi: “Antes de monitorarmos as atividades cerebrais, pedíamos aos participantes para se imaginarem integralmente nas situações descritas, como se fossem reais e estivessem acontecendo com eles”. Disse Takahashi que as pessoas eram induzidas a imaginar um cenário que envolvia outras três personagens, duas delas seriam hipoteticamente mais capazes e inteligentes do que os voluntários da pesquisa. Quando os voluntários sentiam inveja, a parte do córtex dorsal anterior do cérebro era ativada. “Pessoas muito invejosas tendem a ter uma grande atividade nessa região do cérebro, que é responsável pela dor física e também é associada à dor mental”, contou o pesquisador.

Segundo os especialistas, isto indica que as pessoas invejosas sentem mais prazer com a desgraça alheia. O resultado da pesquisa foi publicado na última edição do American Journal of Science.

Por isso, diz o iluminado Buda: Se julgarmos os outros, isso cria em nós emoções negativas como a cólera, o ódio, a inveja, e isso entrava nossa saúde física e psíquica. A agitação mental causada por nossos julgamentos pode mesmo nos fazer perder o sono e nos fazer viver, sem cessar, sob tensão. Respeitar os outros como eles são é o que existe de mais salutar para nosso corpo e para nosso espírito. É a própria essência do Mahayana: “Considero todos os seres vivos mais preciosos que as mais preciosas pérolas. Possa eu por todo o tempo cuidar deles, e isso me levará ao objetivo”.

A inveja - Slides

http://pt.slideshare.net/paulosnetos/a-inveja-25077748

INVEJA

INVEJA


O mundo está repleto de almas intoxicadas com a erva daninha da inveja, sufocando as nascentes do bem e procurando destruir tudo o que não logram realizar.

A inveja é o tóxico que alucina, estimula à calúnia, ao crime, à destruição; disseminando o ódio, as suspeitas, os ciúmes, as desavenças, porquanto, o frívolo está sempre idealizando maldades.

Sua conduta se assemelha aos odores fétidos dos gases pantanosos das paixões dissolventes, e por não desfrutar da felicidade, julgam que os outros também não devem ser felizes.

As suas desditas têm natureza profundas, desde a desagregação familiar, porque nunca foram amados, vivem angustiados, ignorantes dos valores de dignidade e respeito, por tais razões, se julgam no direito de descarregar o bafio pestilencial de que se fazem portadores, na tentativa de compensar ou mesmo compartilhar os seus conflitos íntimos com aquele que elege como adversário gratuito.

Possuidores de um coração endurecido, não poupam ninguém, e quando sintonizados por outras mentes enfermiças, se comprazem em destilar o fel do veneno que carregam, não poupando mesmo aqueles que não conhecem, quando agridem covarde e alucinadamente a tudo e todos.

Porque nada tem a perder, por não dispor de valores morais, patrimônio maior de que deveriam zelar, vivem como gatos tresmalhados na arte de ferir, escondendo-se em peripécias mirabolantes que sensibilizam apenas os tolos ou aqueles que se situam na mesma faixa vibracional.

Em última análise, são homens lobos que julgam criar armadilhas que apenas apanha lobos de igual torpeza moral.

Jesus se referiu a esses contumazes adversários do bem, como sepulcros caiados e podres por dentro...

Nada obstante, são filhos de Deus, e embora estagiem em estado lastimável de consciência enlameada pelas próprias desditas, são portadores de consciência divina, ainda em estado de sono.

Suas vítimas, visualizando o invejoso como um doente da alma, se imunizam com a vacina da paciência, não revidando o mal pelo mal, sabedoras de que quem se candidata a ser cristão, o perdão das ofensas é a virtude maior, como apanágio daqueles que já venceram a si mesmo.
Francisco José de Souza

Da inveja

http://geak.com.br/site/upload/midia/pdf/sobre_a_inveja.pdf

A Inveja

A Inveja


Orson Peter Carrara.

A inveja é a arma dos fracos. Matriz de inúmeros males, mentora de muitas desordens, alicerce de incontáveis desventuras. Discreta, incomodamente, tem sido deixada à margem pelos expositores das verdades evangélicas em todas as crenças. Sutil como é, passa despercebida, embora maliciosa, comparável a vapor deletério que intoxica todo aquele que lhe padece a presença, espalhando miasma em derredor.

          Hábil, consegue travestir-se de ciúme exacerbado, quando não o faz como arrogância vingadora ou aparenta na condição de humildade, sempre perniciosa, ou se disfarça como orgulho prepotente.

          A inveja, além dos males psíquicos que produz, em razão dos pensamentos negativos que dirige contra outrem, proporciona, simultaneamente, graves prejuízos morais àquele que dela se empesta.

          A inveja é capaz de caluniar, investindo contra uma vida com uma frase dúbia, na qual consegue infamar o mais puro caráter. Soez, transmuda palavras e infiltra doestos perniciosos; vê o que lhe apraz e realize conforme lhe parece lucrar.

          Consequentemente, o invejoso é um peso infeliz na comunidade humana, porque débil moral; adapta-se, amolda-se, é venenoso na bajulação e terrível na agressividade...

          A arma do invejoso é o ódio desenfreado, mortífero. Na impossibilidade de valorizar o trabalho que alguém faz, procura inspirar em muitos o despeito e a mágoa, a raiva e a imponderação, e palavra ácida e a acusação mordaz, a fim de realizar-me e afligir.

As lições da convivência, todavia, muito ensinam. Desprendimentos de uns, simplicidade de outros, confiança de muitos e não obstante a deficiência que há em cada um, sempre menor do que as minhas imensas mazelas da inveja, é preciso aprender a respeitar, porquanto o invejoso não considera ninguém, padecendo despeito de todos, a todos apedrejando, maldizendo...

          O exercício é para querer estimar, conseguir amizade e plantar no coração o que muitos chamam amor, mas que ao ególatra constitui um fardo pesado, tenebroso, difícil de carregar.

          Sim, o espírito invejoso odeia,  persegue, porque, tendo ciúme da felicidade alheia, corrói-se pela inveja da felicidade dos demais.

          Os que apresentam recalques entre os homens, os que cultivam complexos de inferioridade, no fundo são Espíritos invejosos, malévolos, insidiosos, infelizes, pois somente quem é desventurado se compraz na desventura alheia...

          Por isso o exercício é treinar a larguesa da generosidade, a difusão da gentileza, a ampliação dos horizontes imensos da caridade, porque as mãos que esparzem rosas sempre ficam impregnadas de perfume... Como é ditoso oferecer-se rosas, muito melhor seria tirar-lhes, também, os espinhos, como os cardos do caminho por onde transitam incautos pés.

       

Nota do autor: adaptado do texto A INVEJA, constante do livro Depoimentos Vivos, de Divaldo Pereira Franco, Ed. LEAL, com transcrições parciais.

A Inveja

A Inveja


                Álvaro trabalhava em uma empresa há 20 anos. Funcionário sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações.
                Um belo dia, ele foi ao dono da empresa para fazer uma reclamação. Disse que trabalhava ali há 20 anos com toda dedicação, mas se sentia injustiçado. O Juca, que havia começado há apenas três anos, estava ganhando muito mais do que ele.
                O patrão fingiu não ouvir e lhe pediu que fosse até a barraca de frutas da esquina. Ele estava pensando em oferecer frutas como sobremesa ao pessoal, após o almoço daquele dia, e queria que ele verificasse se na barraca havia abacaxi.
                Álvaro não entendeu direito mas obedeceu. Voltando, muito rápido, informou que o moço da barraca tinha abacaxi.
                Quando o dono da empresa lhe perguntou o preço ele disse que não havia perguntado. Como também não sabia responder se o rapaz tinha quantidade suficiente para atender todos os funcionários da empresa. Muito menos se ele tinha outra fruta para substituir o abacaxi, neste caso.
                O patrão pediu a Álvaro que se sentasse em sua sala e chamou o Juca. Deu a ele a mesma missão que dera para Álvaro:
                - Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal hoje. Aqui na esquina tem uma barraca. Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
                Oito minutos depois, Juca voltou com a seguinte resposta: eles têm abacaxi e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. Se o senhor preferir, têm também laranja, banana, melão e mamão. O abacaxi está R$ 3,50 cada, a banana e o mamão a R$ 1,00 o quilo, o melão R$ 4,20 a unidade e a laranja R$ 20,00 o cento, já descascada.
                Como falei que a compra seria em grande quantidade, ele dará um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo.
                Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou Juca. Voltou-se para Álvaro e perguntou:
                - O que é mesmo que você estava querendo falar comigo antes?
                Álvaro se levantou e se encaminhado para a porta, falou:
                - Nada sério, patrão. Esqueça. Com sua licença.
                Muitas vezes invejamos as posições alheias. Sem nos apercebermos que as pessoas estão onde estão e têm o que têm porque fizeram esforços para isso.
                Invejamos os que têm muito dinheiro, esquecidos de que trabalharam para conseguir. Se foi herança, precisam dar muito duro para manter a mesma condição.
                Invejamos os que se sobressaem nas artes, no esporte, na profissão. Esquecemos das horas intermináveis de ensaios para dominar a arte da dramatização, da música, da impostação de voz. Não nos recordamos dos treinamentos exaustivos de bailarinos, jogadores, nem das horas de lazer que foram usadas para estudos cansativos pelos que ocupam altos cargos nas empresas.
                O melhor caminho não é a inveja. É a tomada de decisão por estabelecer um objetivo e persegui-lo, se esforçando sem cessar.

Momento Espírita

Fonte: Jornal do Espiritismo – outubro/2012

Inveja


Os homens são Espíritos destinados à angelitude.
Foram criados simples e ignorantes e gradualmente desenvolvem
suas potencialidades e virtudes.
Por muito tempo viveram os instintos em sua plenitude.
Atualmente, deixam de forma paulatina a vida instintiva
e pautam seu atuar pela razão.
No lento processo evolutivo, alguns antigos vícios perdem sua força.
Em seu lugar, algumas novas virtudes vicejam.
É no trato com os semelhantes que o homem
toma contato com sua realidade espiritual.
Os embates do dia-a-dia tornam possível
ao ser humano perceber suas fraquezas.
Ciente delas, pode dedicar-se ao seu combate.
Uma das fissuras morais bastante comuns na
humanidade atual é a inveja.
São Tomás de Aquino definiu esse vício como a tristeza
que se tem em relação às coisas boas dos outros.
O invejoso simplesmente se sente mal porque o próximo tem sucesso.
Não há necessidade de que algo lhe falte.
Ele apenas se considera diminuído com a grandeza alheia.
Na realidade, por vezes, se perdoa ao semelhante mais
facilmente um erro do que um acerto.
É mais fácil auxiliar quem cai do que suportar a vitória do outro.
Ante a fome e a enfermidade, não tardam mãos que auxiliam.
Os benfeitores, sob o prisma material, sempre ocupam lugar de realce.
O auxílio aos miseráveis pode propiciar,
de algum modo, a satisfação da vaidade.
Bem mais difícil é ser feliz com a felicidade alheia.
Perante alguém que vence na vida, a animosidade
com frequência torna-se acirrada.
Não faltam fiscais e acusadores de alguém obtém algum sucesso.
Muitas vezes ouvimos a respeito de quem enriquece: "deve estar roubando!"
Na escola, o aluno que obtém boas notas não raramente
é objeto de maldosas observações.
Ele ganha apelidos grosseiros e sofre comentários pouco generosos:
Comenta-se que cola, que goza de favoritismos.
A inveja está muito presente em nossa sociedade.
A vontade de apontar os defeitos alheios é um indicativo desse vício em nós.
Trata-se de uma fissura moral bastante frequente
e reveladora de grande mesquinharia.
Prestemos atenção em nosso comportamento.
Apliquemos firmemente a vontade em alijar de
nosso íntimo esse triste defeito.
Ser caridoso não é apenas amparar a miséria.
Ser feliz com a felicidade alheia também é uma forma de caridade cristã. Valorizemos as conquistas e as virtudes dos outros.
Somos todos companheiros na imensa jornada da vida.
O clima psíquico da terra é fruto da soma da vibração de todas
as criaturas que nela habitam.
Todos os homens têm a ganhar com a felicidade dos semelhantes.
Quando alguém se eleva, com ele se ergue toda a humanidade.
Quando alguém cai, é prejuízo na economia moral do planeta.
Alegremo-nos com as vitórias de nossos irmãos.
Ao vencerem, eles não nos tiram nada.
Muitas vezes dão preciosos exemplos, que podemos seguir.
Sejamos solidários nas dificuldades do próximo.
Mas participemos também, sinceramente, de seus júbilos.

Redação do Momento Espírita

Reflexões sobre a calúnia

Reflexões sobre a calúnia

Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana.



Considerado como planeta-escola, o mundo físico é abençoado reduto de aprendizagem, no qual são exercitados os valores que dignificam, em detrimento das heranças ancestrais que assinalam o passado de todas as criaturas, no seu penoso processo de aquisição da consciência.



Herdando as experiências transatas nos seus conteúdos bons e maus, por um largo período predominam aqueles de natureza primitiva, por estarem mais fixados nos painéis dos hábitos morais, mantendo os instintos agressivos-defensivos que se vão transformando em emoções, prioritamente egoicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com todos aqueles que fazem parte do grupo social onde se movimentam. Inevitalmente, as imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas que proporcionam a ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o ressentimento, a agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a calúnia e outros perversos comportamentos que defluem do ego atormentado.



Toda vez, quando o indivíduo se sente ameaçado na sua fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do próximo, é dominado pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe seu adversário.



Porque ainda se compraz na situação deplorável em que se estorcega, não deseja permitir que outros rompam as barreiras que imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento espiritual, assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao seu trabalho, criando desentendimentos em sua volta, produzindo campanhas difamatórias, em mecanismos de preservação da própria inferioridade.



Recusando-se, consciente ou inconscientemente, a crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os tesouros do discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade mental e moral em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua e retroalimentando-se com a própria insânia.



Torna-se revel e não aceita esclarecimento, não admitindo que outrem se encontre em melhor situação emocional do que ele, que se autovaloriza e se autopromove, comprazendo-se em persegui-lo e em malsiná-lo.



Ninguém consegue realizar algo de enobrecido e dignificante na Terra sem sofrer-lhe a sanha, liberando a inveja e o ciúme que experimenta quando confrontado com as pessoas ricas de amor e de bondade, de conhecimentos e de realizações edificantes.



A calúnia é a arma poderosa de que se utilizam esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se, optando pelo seu rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria ascensão no rumo da felicidade.



A calúnia, desse modo, é instrumento perverso que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de vitória, valendo-se das imperfeições de outros cômpares que a ampliam, sombreando a estrada dos conquistadores do futuro.



Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra que dificulta a marcha e das acusações aleivosas que afligem a quem lhe ofereça consideração e perca tempo em contestá-la.



* * *



Nunca te permitas afligir, quando tomes conhecimento das acusações mentirosas que se divulgam a teu respeito, assim como de tudo quanto fazes.



Evita envenenar-te com os seus conteúdos doentios, não reservando espaço mental ou emocional para que se te fixem, levando-te a reflexões e análises que atormentam pela sua injustiça e maldade.



Se alguém tem algo contra ti, que se te acerque e exponha, caso seja honesto.



Se cometeste algum erro ou equívoco que te coloque em situação penosa e outrem o percebe, sendo uma pessoa digna, que se dirija diretamente a ti, solicitando esclarecimentos ou oferecendo ajuda, a fim de que demonstre a lisura do seu comportamento.



Se ages de maneira incorreta em relação a outrem e esse experimenta mal-estar e desagrado, tratando-se de alguém responsável, que te procure e mantenha um diálogo esclarecedor.



Quando, porém, surgem na imprensa ou nas correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia, acusações graves contra ti,sem que antes haja havido a possibilidade de um esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse adversário não deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse subalterno de projetar a própria imagem, utilizando-se de ti...



Quando consultado pelos iracundos donos da verdade e policiais da conduta alheia com a arrogância com que se comportam, exigindo-te defesas e testemunhos, não lhes dês importância, porque o valor que se atribuem, somente eles mesmos se permitem...



Não vives a soldo de ninguém e o teu é o trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento intelecto-moral, de fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te encontrando sob o comando de quem quer que seja. Em razão disso, faculta-te a liberdade de agir e de pensar conforme te aprouver, sem solicitar licença ou permissão de outrem.



Desde que o teu labor não agride a sociedade, não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de socorro a todos quantos padecem carência, continua sem temor nem sofrimento na realização daquilo que consideras importante para a tua existência.



Desmente a calúnia mediante os atos de bondade e de perseverança no ideal superior do Bem.



Somente acreditam em maledicências, aqueles que se alimentam da fantasia e da mentira.



Alegra-te, de certo modo, porque te encontras sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso



Todos aqueles que edificaram a sociedade sob qualquer ângulo examinado, padeceram a crueza desses Espíritos infelizes, invejosos e insensatos.



Criando leis absurdas para aplicarem-nas contra os outros, estabelecendo dogmas e sistemas de dominação, programando condutas arbitrárias e organizando tribunais perversos, esses instrumentos do mal, telementalizados pelas forças tiranizantes da erraticidade inferior, tornaram-se em todas as épocas inimigos do progresso, da fraternidade que odeiam, do amor contra o qual vivem armados...



Apiada-te, portanto, de todo aquele que se transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações edificantes com Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas atividades, orando por eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus, sedo compassivo e misericordioso, nunca revidando-lhes mal por mal, nem acusação por acusação...



A força do ideal que abraças, dar-te-á coragem e valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e quanto mais ferido, mais caluniado, certamente mais convicto da excelência dos teus propósitos, da tua vinculação com o Sumo Bem.



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Como puderam, aqueles que conviveram com Jesus, recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?



Após receberem ajuda para as mazelas que os martirizavam, como é possível compreender que, dentre dez leprosos, somente um voltou para agradecer-Lhe?



Como foi possível a Pedro, que era Seu amigo, que O recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele, negá-lO, não uma vez, mas três vezes sucessivas?!



...E Judas, que O amava, vendê-lO e beijá-lO a fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de horror?!



Sucede que o véu da carne obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres, e as injunções sociais, culturais, emocionais, neles produzem atitudes desconcertantes, em antagonismos terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.



Todos os seres humanos são frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.



Assim, não julgues a ninguém, entregando-te em totalidade Àquele que nunca Se enganou, jamais tergiversou, e deu-Se em absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida.







Joanna de Angelis.



Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,na manhã de 29 de outubro de 2010, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia