quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Ser consciente

Ser consciente


Um caminho para a auto-realização do Si

Por - Joilson José Gonçalves Mendes

Heráclito, filósofo grego que viveu em 540 a.C. disse:
“Os homens são tão desatentos e descuidados, em seus momentos de vigília, com o que se passa à volta deles quanto o são durante o sono. Tolos, embora ouçam são como surdos; a eles aplica-se o adágio de que, mesmo quando presentes, eles estão ausentes. A pessoa não deve agir ou falar como se estivesse dormindo. Os que estão acordados têm um mundo em comum; os que dormem têm cada um o seu mundo particular. O que quer que vejamos quando acordados é morte, quando dormimos, são sonhos”.
Para compreendermos o pensamento do filósofo faz-se necessário entendermos dois conceitos. 1) Consciência – que segundo o dicionário Michaelis significa a capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los em diferentes situações. Para Osho, a consciência “é pura, é sempre pura. É virgem; sua virgindade não pode ser violada”. Jung, psiquiátrico austríaco definiu como “a relação dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida em que essa relação é percebida como tal pelo ego”. Por sua vez o físico indiano Amit Goswami afirma que “consciência é a base do ser; é a primeira e única, o absoluto”. Encontramos, ainda, em o Livro dos Espíritos, na questão 835 a seguinte resposta: “A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos”. 2) Consciente – do dicionário Michaelis - Que sabe o que faz. Estado da mente, em vigília. Osho – “O homem de consciência, de entendimento, age. O homem que está desatento, inconsciente, mecânico como um robô, reage”. Joana de Angelis (espírito), no livro O Ser Consciente, ensina que “Ser consciente significa estar desperto, responsável, não-arrogante, não-submisso, livre de algemas, liberado do passado e do futuro”.
Com estes dois conceitos em mente e voltando ao pensamento de Heráclito, somos conduzidos a pensar que o ser humano vive em um estado de “dormência” que nossos atos são, na maioria das vezes, mecânicos e que agimos pelos nossos instintos, sem nos conscientizarmos do que acontece ao nosso redor. Isto acontece devido ao fato de ainda sermos seres imperfeitos em estado de evolução e nos identificarmos mais com as coisas do Ego do que com o Ser. Joana de Angelis ensina que também é decorrente de passarmos um longo período nos estágios primários da evolução, afirma, ainda, que a Consciência Cósmica, em nós, está adormecida aguardando o desenvolvimento e um contínuo despertar. O que mais uma vez nos leva a reflexão de vivermos em um estado de sonolência, que precisa ser despertado.
A referência feita a este estado em que vivemos é muito antiga e encontramos em várias passagens das antigas escrituras: “Digo isto, porque sabeis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono...” (Paulo-Romanos 13:11) - “Desperta, tu que dormes, e levanta-te entre os mortos”. (Paulo-Efésios 5:14) - “Tenho por justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com recordações...” (II Pedro 1:13) – Ainda, Joana de Angelis, em Vida Desafios e Soluções, também adverte-nos quanto ao estado de sono, seja o sono fisiológico, o sono moral ou o sono intelectual.
Agora começamos a compreender melhor a advertência às consciências adormecidas. Quanto ao sono fisiológico, quantas pessoas conhecemos que perdem horas, tempo precioso que poderia ser aplicado em favor do próximo, porque gostam de ficar dormindo, são pessoas que se deixar permanecem em um período de hibernação tal qual os ursos polares. É sabido que necessitamos em média, de 6 a 8 horas de sono para um refazimento completo das energias físicas. Outras poucas pessoas precisam de um descanso maior de 9 a 10 horas de sono, contudo devemos lutar contra esta natureza animalizada e avançarmos em favor de nossa evolução espiritual.
Quanto ao sono moral basta olharmos ao nosso redor, observarmos nossa sociedade em que, os valores morais são negligenciados desde os mais altos escalões governamentais, em que a corrupção não é vista e nem tratada com a rigidez necessária, até dentro de nossos lares, onde pais, com sentimentos de culpa por não passarem o tempo que gostariam com seus filhos, devido a fatores diversos, deixam que estes façam o que bem entendem sem ensinar-lhes valores tais como honestidade, verdade, lealdade, fé dentre outros. Vemos programas televisivos mostrando situações em que, muitas vezes, o vilão acaba em melhores condições do que as pessoas de boa índole, mostrando uma completa inversão de valores, estas são pequenas demonstrações deste estado de sono moral.
No que diz respeito ao sono intelectual observa-se que muitas pessoas não se preocupam em buscar uma melhor condição de vida por não sentir vontade de estudar, de ir ao encontro do conhecimento, seja ele em qualquer área. Ajuda-te e o céu te ajudará ensinou Jesus, mas infelizmente muitas pessoas acreditam que as coisas acontecem como que por encanto, o estado letárgico em que se encontram é tão grande que não percebem a condição em que se vive.
As consequências de vivermos nesta letargia são inúmeras e imprevisíveis, uma vez que vivemos longe da verdadeira realidade, dispersos, sem nos darmos conta das ocorrências dos fatos a nossa volta, acumulamos conflitos interiores e deixamos que os instintos passam a governar nossa vida. Carl Gustav Jung citado por Joana de Angelis no livro O homem integral – diz que “a existência só é real quando é consciente para alguém”  (...) “a tarefa do homem é (...) conscientizar-se dos conteúdos que pressionam para cima, vindos do inconsciente”. Por sua vez, Osho ensinava que “A menos que os olhos interiores se abram – a menos que seu interior fique cheio de luz, a menos que você consiga ver a si mesmo, quem você é – não pense que está acordado”.
Contudo existem maneiras de sairmos deste estado de consciência de sono e passarmos a viver em um estado desperto. Cabe a cada um se esforçar para despertar a consciência, lutar contra seus instintos e viver focado no momento presente, permanecer plenamente ciente das coisas que acontecem ao seu redor, estar presente.
Quando estamos conscientes, despertos nossas conquistas passam a ser interiores, experienciamos uma calma interior muito grande e passamos a agir na vida como seres livres que somos, sem medos, preconceitos, sem tédios.  Passa a ampliar o seu campo de comunicação com todos os seres, sem depressões nem irritações com aqueles que ainda encontram-se dormindo, pois você passa a conhecer a verdade.
Neste sentido, tanto Joana de Angelis quanto os mestres orientais são unânimes em afirmar que a prática da meditação é recurso precioso para mergulharmos em nosso interior e alcançarmos as estruturas mais profundas de nossa personalidade, remexendo arquivos arcaicos que ficaram por centenas de anos em nosso inconsciente profundo e liberarmos os conflitos que tanto nos atrapalham em nossa evolução, devolvendo o equilíbrio de que necessitamos. Segundo Joana, “A meditação, a busca interna, nessa fase, são relevantes e cientificamente basilares para o processo de crescimento, de discernimento, de lucidez.” Hoje em dia a ciência está comprovando o que os grandes mestres orientais já sabiam pela experiência direta, que a prática meditativa influência positivamente em nosso corpo fisco e nossa psique.
Segundo Osho, “O primeiro passo para ficar consciente é sempre prestar atenção ao próprio corpo. (...) Então você começa a se dar conta dos seus pensamentos. (...) O terceiro passo; ou seja, tomar consciência dos sentimentos, das emoções e dos estados de ânimo. O quarto e último passo é ficar consciente da própria consciência.”
“A única coisa que é preciso aprender é a atenção plena. Fique atento! Atente para cada gesto que faz. Atente para todo pensamento que lhe cruze a mente. Atente para cada desejo que tome conta de você. Fique atento até aos menores gestos – enquanto anda, fala, come ou toma banho. Não pare de observar tudo. Faça com que qualquer coisa seja uma oportunidade para observar”.
“Tudo quanto faz, realiza-o de forma consciente, desde o ato de coçar-se...”. (J.A - O Ser Consciente)
No item 63 do livro Consciência e Mediunidade – Projeto Manoel Philomeno de Miranda, encontramos a seguinte pergunta: A ação decorrente da meditação pode despertar, no homem, a solidariedade ativa? E a resposta:
“O homem, que se autodescobre, faz-se indulgente e as suas se tornam ações de benevolência, beneficência, amor. O seu espaço íntimo se expande e alcança o próximo, que alberga na área do seu interesse, modificando para melhor a convivência e a estrutura psicológica do seu grupo social. [...]
Em O homem integral, Joana ensina que “Uma das diferenças entre quem medita e aquele que não o faz, é a atitude mental mediante a qual cada um enfrenta os problemas. Os primeiros agem com paciência ante a dificuldade, e o segundo reage com desesperação.”
Meditar, portanto, não significa permanecer horas sem nada realizar, você pode escolher um período curto do dia e dedicar à prática meditativa, basta sentar-se com a coluna reta, acalmar a respiração e prestar atenção aos pensamentos, sem julgá-los, apenas observe-os como nuvens que passam no céu.
“Sempre desperto, Jesus é o exemplo máximo da conquista do Si”. (J.A Vida Desafios e Soluções)

REFERÊNCIAS
- Consciência – A chave para viver em equilíbrio - Osho
- A Janela Visionária – Um guia para a iluminação por um físico quântico – Dr Amit Goswami
- O livro dos espíritos – Allan Kardec
- Consciência e Mediunidade – Projeto Manoel Philomeno de Miranda
- Vida: Desafios e Soluções – Joana de Angelis
- O homem integral – Joana de Angelis

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