terça-feira, 2 de julho de 2013

Buscai e achareis

Rodolfo Calligaris

"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á;
porque todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham;e a quem bate, se abre."
(Mateus, 7:7-8.)

Com essas palavras, Jesus exortou à oração e à confiança em Deus, na certeza de que Ele não deixará, jamais, de atender às nossas necessidades, sejam elas coisas materiais ou espirituais, desde que façamos a nossa parte, diligenciando por obtê-las.

Para não deixar a menor dúvida sobre esse ponto, após fazer aquela tríplice referência à solicitude com que devemos conduzir-nos, para que o céu nos ajude, o Mestre repete-a, afirmando, categoricamente, que "todos os que pedem, recebem; os que buscam, acham; e a quem bate, se abre".

Muitos homens supõem que, sendo Deus onisciente, sabe perfeitamente o de que carecemos e tudo fará por nós sem que precisemos pedir-Lhe nada, nem dar-nos a qualquer incômodo.

Demonstram, com essa atitude, que não compreenderam as promessas do Evangelho.

Primeiramente, a razão do "pedir" não é informar a Deus do que havemos mister, nem lembrá-Lo de algo que, porventura, tenha esquecido, porque, de fato, Ele sabe de tudo a nosso respeito e não é de Sua natureza fazer-se rogado para derramar-nos as Suas bênçãos.

Com o "pedir", confessamos nossa indigência, nossa fraqueza, e, com esse ato de humildade e de fé, teríamos aquelas condições de receptividade indispensáveis para que a graça divina possa atuar sobre nós, fortalecendo-nos o ânimo, de modo a levarmos a bom termo os nossos empreendimentos, inspirando-nos soluções adequadas aos problemas que nos aflijam, assim como infundindo-nos paciência e resignação, quando se trate de vencermos uma prova difícil.

Não basta, porém, pedir. É preciso, em complemento, "procurar" e "bater", isto é, que nos mexamos, que trabalhemos persistentemente, até atingirmos o objetivo colimado.

Assim, quer almejemos a conquista de uma situação mais confortável, quer desejemos vencer nossas inferioridades morais a fim de formarmos um caráter reto, seja o benefício que for, os esforços próprios são absolutamente necessários.

Esperar que Deus nos dê esses bens, dispensando-nos de qualquer colaboração, fora insensatez, porquanto, neste ou naquele terreno, "o progresso é filho do trabalho".

Há outra classe de homens que, igualmente, nada pedem a Deus. É a dos auto-suficientes, que, confiando apenas em si mesmos, julgam tudo poderem conseguir só com os recursos de sua inteligência e operosidade.

A esse Deus não castiga, como erroneamente se afirma por aí, mas abandona-os às próprias forças. As quedas e frustrações que, na certa, virão a sofrer, incumbir-se-ão de abater-lhes o orgulho, fazendo que reconheçam suas limitações e se voltem para o Alto.

Não sejamos, portanto, nem dos que se mantêm apáticos, inertes, esperando que Deus preveja e proveja tudo para eles; nem destes outros, arrogantes, presunçosos, que acreditam poderem prescindir do auxílio de Deus.

Oremos, confiantes, e trabalhemos, perseverantes; assim procedendo, sempre acharemos quem nos estenda mãos amigas, e todas as portas abrir-se-nos-ão, pois não há obstáculos que não sejam removidos ante o empenho de uma vontade inquebrantável, aliada a uma fé viva e operante.

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