quarta-feira, 17 de abril de 2013

Evolução do Princípio Espiritual – Dificuldades da Reforma Íntima - Parte 1


Evolução do Princípio Espiritual – Dificuldades da Reforma Íntima
Por Breno Costa

Evolução do Princípio Espiritual

Dificuldades da Reforma Íntima

I – Revisão

Estudamos que a trindade universal é composta por Deus, Espírito e Matéria.



Vimos que somos Espíritos, seres criados por Deus, simples e ignorantes, vale dizer: sem nenhuma ciência nem do bem nem do mal.



Analisamos que o Espírito em si, não possui forma, utilizando-se da matéria para desenvolver o corpo por meio do qual se manifesta (corpo mental, corpo espiritual e corpo físico).



II – Evolução do Princípio Espiritual

Conforme ensinam os Espíritos no Livro dos Espíritos, fomos criados simples e ignorantes, não existindo nem mesmo classes diferentes criadas para fins específicos (por exemplo, anjos já nascidos assim, demônios criados apenas para atormentar os humanos, etc).



Mas, o espírito, quando criado, já é o homem? E os animais? Eles possuem espírito? O cachorro será sempre cachorro? Ou o cachorro experimentará evolução e será um dia um homem?



Trata-se de tema que costuma gerar algumas controvérsias no movimento espírita. Porém, esta controvérsia, normalmente, surge em razão de falta de estudo sobre o tema.



Isso porque a questão é clara na Doutrina, não havendo margens para dúvidas e sim explicações de como ocorre a evolução do princípio espiritual.



Para iniciarmos os estudos, vejamos algumas questões do Livro dos Espíritos.



597 – Visto que os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria?

Sim, e que sobrevive ao corpo.



Esse princípio é uma alma semelhante à do homem?

É também uma alma, se quiserdes; isso depende do sentido que se dá a essa palavra; ela, porém, é inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus.



607 – Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e ensaia para a vida (questão 190); onde o Espírito cumpre essa primeira fase?

Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade.



Pergunta: A Alma pareceria, assim, ter sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?

“Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer totalmente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos.

É, de alguma sorte, um trabalho preparatório, como o da germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito.

É, então, que começa para ele o período da humanidade, e, com este, a consciência de seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos; como depois do período da infância vem o da adolescência, depois o da juventude e, enfim, a idade madura.

Não há, de resto, nessa origem, nada que deva humilhar o homem. (…)

Crer que Deus teria podido fazer alguma coisa sem objetivo e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade, que se estende sobre todas as suas criaturas.”



Das respostas dadas pelos Espíritos podemos ver claramente que existe um período que antecede ao de humanidade, onde o princípio espiritual se desenvolve e individualiza, até que esteja apto a torna-se da espécie humana.



Daí, temos que o princípio espiritual (crisálida de consciência, espírito em potencial) que anima hoje um cachorro, já animou anteriormente seres mais inferiores na criação e, com o passar de milênios, animará seres mais complexos e desenvolvidos, até que chegar no estágio de poder tornar-se humano.



Importante explicar que a espécie cachorro será sempre a de cachorro; o que evolui é o princípio espiritual que anima a espécie. Porém, o corpo físico do cão daqui mil anos ainda terá a mesma conformação atual do cachorro. Ao passo que o ser humano, em razão da aptidão de possuir pensamento continuado, terá evoluído, ou seja, na humanidade evolui o espírito que anima os corpos e a própria espécie, que se aprimora com a projeção da mente que o governa.

Vejamos alguns ensinamentos de André Luiz sobre o tema (Evolução em Dois Mundos, p. 47/48, 25ª Edição):



“Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é a base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessante, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no campo angélico.

Desse modo, em qualquer estudo acerca do corpo espiritual, não podemos esquecer a função preponderante do automatismo e da herança na formação da individualidade responsável, para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica”.



É assim que compreendemos que o princípio espiritual inicia sua milenar jornada para chegar à condição de humano.



Inicialmente, na fase mineral, aprende a agrupar moléculas e átomos.



Após milênios, iniciando-se na fase vegetal, “repete as operações da fotossíntese ou assimilação clorofiliana no império verde, pelo qual consome energia luminosa e elabora matérias orgânicas” (p. 75, Evolução em Dois Mundos, edição 25ª).



“Em semelhantes atividades, infinitamente repetidas, habilita-se ao ingresso no reino animal, onde, em estágios evolutivos mais nobres, se matriculará na técnica da elaboração automática dos catalisadores químicos, com a faculdade de transubstanciar matérias orgânicas complexas em recursos assimiláveis”.

“Milênios transcorrem para que então consiga adestrar-se nas diástases diversas (enzima encontrada em sementes em germinação e em certas secreções e tecidos animais; essa enzima atua principalmente sobre os carboidratos), como sejam as proteases e as zimases (conjunto de enzimas que catalizam a transformação da glicose e da frutose em álcool (fermentação)), entre os fermentos hidrolisantes (Hidrolisante é uma reação química de quebra de uma molécula grande (por ex: os lipídios, que são moléculas grandes) por água )e decomponentes”.

“A crisálida da consciência inicia-se, dessa forma, na fabricação de prótides, glúcides, lípides e outros meios de nutrição, aprendendo igualmente a emitir hormônios de crescimento e vitaminas diversas no ciclo das plantas” (p. 76, Evolução em Dois Mundos, edição 25ª).



“No corpo dos animais superiores, obra prima de supervisão e construção dos arquitetos do Espírito no transcurso dos séculos, a consciência fragmentária acrisola (depura), então, os sentidos”. (p. 87, Evolução em Dois Mundos, edição 25ª)



Vemos, portanto, que o princípio espiritual estagia nos três reinos até, após milhares de milênios, chegar à Humanidade. Ao longo destes milênios o princípio espiritual se individualiza e a consciência que vai surgindo aprende diversos reflexos que dão origens aos instintos animais, que, na Humanidade, será secundado pela racionalidade até atingir a perfeição relativa.



Semana que vem terminaremos de estudar esta evolução, incluindo a evolução na Humanidade.



III – Exercícios Mentais e Práticas Edificantes

Estes exercícios mentais e práticas edificantes visam despertar nossa atenção para a necessidade de alterar nossos hábitos, ajudando em uma efetiva reforma íntima.



Até agora, os exercícios mentais e as práticas edificantes que sugerimos para todos fazermos durante a semana são:



1 – Afastar todo e qualquer pensamento não edificante durante o dia a dia;

1.1           – Evitar “perder a razão” (estado de cólera, raiva);

1.2           – Indignar-se com serenidade e razoabilidade.

1.3           – Exercitar a indulgência (capacidade de compreender e não divulgar defeitos alheios).

1.4           – Não se queixar da vida, evitar reclamações diárias e negativismos/evitar pessimismo.

1.5           – Não criticar o próximo, não julgar.

1.6           – Não se ofender (compreender o outrem).



2        – Sempre que passar por alguém emitir bons pensamentos (principalmente para pessoas claramente necessitadas);

2.1           – Fazer pequenas gentilezas a quem está próximo.

2.2           – Participar de algum programa de caridade.

2.3           – Cultivar o otimismo sempre.

2.4           – Cultivar a tolerância com as diferenças e erros alheios.



3        – meditar cinco minutos por dia, ao menos três vezes na semana, preferencialmente antes de orar e preferencialmente antes de dormir.



4        – Leitura diária de mensagens curtas e edificantes, de preferência quando acordar e antes de dormir, de preferência antes de meditar/orar.



5        – Fazer Evangelho no Lar uma vez na semana.



6        – Perseverar.



7        – Estabelecer um hábito angular (hábito novo em sua vida, como deixar de ingerir alcoólicos, iniciar prática de exercícios, largar o cigarro, etc) e exercitar ao máximo o autocontrole dos atos cotidianos.



8        – Ser discreto (adotar a discrição sobre nossas vidas particulares).



Reprogramação de nosso inconsciente – Análise crítica dos estímulos recebidos



A revista “Galileu” deste mês trouxe significativa pesquisa sobre nossa mente. Ela ajuda compreender a dificuldade que possuímos para fazer a reforma íntima.



A capa da revista é “Você não decide; cientistas dizem que livre-arbítrio não existe, uma parte do cérebro fora do seu controle é quem escolhe por você”.



Trata-se de um estudo científico sobre o funcionamento de nosso cérebro.



O mapeamento do cérebro demonstrou que as decisões são tomadas inicialmente pelo inconsciente para depois vir para o consciente. Este intervalo pode durar até 7 (sete) segundos.



Com isso, a decisão é tomada de forma automática pelo seu inconsciente e você passa a interpretar esta decisão, justificando-a como algo que tem que fazer.



Veja, você não escolhe conscientemente, você interpreta o que já foi decidido pelo seu inconsciente.



E o que alimenta este inconsciente?



Os cientistas que fizeram esta pesquisa explicaram que o “cérebro possui uma programação que mistura herança genética e experiências vividas”.



“Quando você nasce, seu cérebro (como um hardware) vem com uma programação genética que foi assimilada por gerações anteriores. Instintos e reações, como sobrevivência ou medo, estão instalados ali, de fábrica. Conforme você se desenvolve, aprende a copiar o comportamento de pessoas próximas, como seus pais, ou passa a assimilar as melhores formas de fazer as coisas na base da tentativa e erro”.



Ora, vamos trazer estas informações para nossos estudos, para o Espiritismo.



O que acabamos de estudar sobre desenvolvimento do princípio espiritual? O princípio espiritual passa por milhares de milênios aprendendo por meio da repetição, automatismo, reflexos, dando origem ao instinto.

Depois, milhares de milênios são necessários para que o princípio espiritual adquira pensamento continuado, torna-se Humano e, aos poucos, deixe os instintos para utilizar a racionalidade.



Como sabemos, a nossa luta é para fazer a reforma íntima, largando a animalidade inferior, ou seja, os instintos, fazendo com que a consciência/razão se desenvolva.



Assim, no nosso atual estágio, é natural recebermos o comando do inconsciente relacionado aos nossos hábitos condicionados ao longo das reencarnações passadas.



Lembremos que ao estudar a reencarnação, vimos que o espírito, por meio do seu campo mental, seleciona os cromossomos dos pais para dar formação ao corpo físico, incluindo os genes responsáveis pela memória e características próprias.



Nesse sentido, o cérebro é criado e desenvolvido com os vícios e virtudes de existências passadas.



Essas nossas experiências (grau de evolução) são que alimentam diariamente nosso inconsciente, que, conforme descoberto pelos cientistas, decide o que vamos fazer automaticamente (automatismo, citado por André Luiz no livro “Evolução em Dois Mundos”).



Quer dizer que devemos parar de pensar? “Afinal, tenho a ilusão de estar decidindo, quando já foi decidido pelo inconsciente… estando fora do meu controle”?



Não, justamente o contrário!



Apenas explica a dificuldade da reforma íntima e, sabendo disso, fortalece nosso esforço para vigiar nossa mente.



Como sabemos, junto com tudo isso, temos ainda a influência dos espíritos. Ou seja, seu inconsciente, influenciado pelos espíritos, determina um ato que o consciente vai interpretar e tentar justificar para praticar!



O conhecimento deste fato é importante para:



1º – Manter o padrão vibratório alto para evitar receber influência de espíritos inferiores.



2º – Lembrar do que nós decidimos fazer no dia a dia, como pessoas (por exemplo, largar um vício), ao analisar as sugestões vindas do seu cérebro/inconsciente e não justificá-las simplesmente, praticando o ato sugerido.



Para facilitar a compreensão: imaginemos uma pessoa em regime. Ela decidiu que a partir de tal dia não come mais doce. Porém, ela possui o hábito de comer doces. Assim, seu inconsciente vai determinar o consumo antes mesmo que ela perceba e o que ocorre normalmente é ela justificar esta decisão do seu inconsciente. Quando, na verdade, deveria receber o estímulo, pensar a respeito e resistir.



E isso ocorre com todos os vícios. Alguém resolver parar de beber cerveja. Em razão de seus hábitos e influência de espíritos inferiores, seu inconsciente requererá que consuma. Veja, seu hábito vai decidir por beber (leia-se o inconsciente). Deve-se não justificar a sugestão e sim ir contra, porque, na realidade não é o que você quer, trata-se de um estímulo em razão do hábito que programou seu inconsciente.



Essa programação pode se referir a vidas, séculos, milênios, por isso é tão difícil.



Aqui, entra o que estudamos sobre o hábito angular outros dias.



Como visto, em outro estudo científico, foi descoberto que as pessoas que conseguiram realizar grandes mudanças em suas vidas, iniciaram com a mudança de um hábito que alavancou os demais, denominando este hábito de angular.



Para este outro estudo, a partir do momento em que a pessoa decidia adotar determinada conduta diferente em sua vida, acionava a mente para que estivesse alerta, o que facilitava outras mudanças, evitando o efeito “automático”, ou seja, agir sem realmente pensar a respeito, apenas aceitando o estímulo.



Estes dois estudos ajudam no entendimento da complexidade da reforma íntima. Explica porque é tão difícil alterar nossos hábitos, tornando-nos pessoas melhores.



Vamos juntar os dois estudos?



Primeiro estudo (Hábito Angular): afirma que 50% de nossas decisões diárias não são pensadas, são realizadas automaticamente.



Segundo estudo (Inconsciente decidindo antes do consciente): as outras 50% de nossas decisões são na verdade o consciente aceitando uma decisão já tomada pelo inconsciente, apenas interpretando e procurando justificar esta decisão.



Junto com tudo isso: a influência dos Espíritos…



De nada adianta ir ao centro espírita, assistir uma palestra sobre reforma íntima, mas não entender como ela funciona dentro de nossa mente e qual é o caminho para tentar melhorar.



Agora sabemos que o hábito determina uma programação em nossa mente e que nosso inconsciente, respeitando esta programação, decide antes do consciente, sendo que este (o consciente), na maioria das vezes, tenta apenas justificar a decisão já tomada.



Por isso é importante analisar cada sugestão que nossa mente consciente recebe.



Lembremos a questão 459 do Livro do Espíritos:



Pergunta: Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e sobre as nossas ações?

A esse respeito sua influência é maior do que credes porque, muito frequentemente, são eles que vos dirigem.



E Allan Kardec pergunta como distinguir os pensamentos.

Questão 461 – Como distinguir os pensamentos que nos são próprios daqueles que nos são sugeridos?

Quando um pensamento é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, aqueles do primeiro momento. De resto, não há um grande interesse para vós nessa distinção, e é frequentemente útil não o saberdes. O homem age mais livremente, e se ele se decide pelo bem, o faz mais voluntariamente; se toma o mau caminho, não tem nisso senão mais responsabilidades.



Vejamos, pela resposta, que não há importância em saber se o estímulo vem de nosso inconsciente ou de algum espírito, o importante é realmente analisar o estímulo para verificar se ele é correto, qual é a decisão que irá nos manter nas trilhas do bem, realizando a reforma íntima, corrigindo nossos defeitos.



Assim, precisamos compreender a dificuldade que envolve a reforma íntima.



Como visto, esta dificuldade é grande e envolve uma efetiva vigília do que nós estamos pensando e, principalmente, dos atos a serem praticados.



Muitas vezes, nossos pensamentos serão criados de forma automática, pelo nosso inconsciente; não devemos apenas justificá-lo e praticar o ato, devemos lembrar daquilo que nós nos propomos a mudar e aí agir somente conforme deve ser correto.



Claro que não se trata de tarefa fácil, exige perseverança, lembrando que, da mesma forma que programamos nosso inconsciente/mente para vícios e hábitos ruins, podemos programá-lo para o Bem.



Assim como, mantendo bons pensamentos, receberemos orientações dos amigos espirituais, aqui incluído nosso mentor espiritual (anjo da guarda).



É para isso que servem os exercícios mentais e práticas edificantes. Trata-se de uma reprogramação da mente; com isso, aos poucos, além de alterarmos a vibração mental de nossa mente (o que possui importância na visão espiritual), modificamos a programação de nosso inconsciente que passa a decidir antes do consciente para o lado do Bem.



Assim, entendendo o funcionamento de nossa mente, vemos a importância de reprogramar nosso inconsciente, sempre analisando criticamente os estímulos recebidos.

Fonte:

http://avidanomundoespiritual.com.br/evolucao-do-principio-espiritual-dificuldades-da-reforma-intima/

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