segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Verdadeira Felicidade


Rodrigo nasceu numa favela e é um menino muito pobre. Seu pai trabalha na construção civil, mas passa a maior parte do tempo desempregado, já que a saúde debilitada não lhe permite fazer grandes esforços físicos. O único dinheiro garantido para o sustento da família são os minguados pagamentos que a mãe recebe como diarista. Todas as tardes, após a aula, Rodrigo se reúne com seus amigos para jogar futebol numa quadra de esportes existente na única praça que há próximo à favela. A quadra esportiva se situa na parte nobre do bairro.

Defronte à praça, há uma linda mansão, protegida por muros bem altos, cercada por frondosas palmeiras e com um belíssimo jardim. Todas as vezes que Rodrigo olha para aquela casa, suspira fundo e pensa: “Se morasse naquela mansão, eu seria muito feliz!” Tiago nasceu em berço de ouro. Seu pai é um empresário muito bem sucedido e sua mãe trabalha na televisão, apresentando um famoso programa de entretenimentos. Ele mora naquela linda e confortável mansão, defronte à quadra de esportes. Vive cercado de mimos, carinhos e cuidados.

Todas as tardes, Tiago, que é paraplégico de nascimento, fica assistindo à algazarra que os meninos da favela fazem na praça, principalmente Rodrigo, que chega com a bola debaixo do braço. Sempre liderando o grupo, distribui as equipes e, depois, driblando os adversários com extrema facilidade, marca muitos gols que são comemorados com magníficas piruetas. Olhando para a quadra de esportes, Tiago suspira fundo e pensa: “Se tivesse aquela saúde, eu seria muito feliz!

***

A impressão de que a felicidade está sempre fugindo de nós, ocorre devido ao esquecimento das provas que nos foram impostas, ou que escolhemos, para a reparação de faltas cometidas em outras existências. Sendo a Terra um planeta de expiações, é natural que não encontremos aqui a felicidade suprema, mas alguns momentos de alegria que se alternarão com outros de tristezas e decepções.
Ocorre que muitas pessoas insistem em se ver como ser material, ignorando ou fingindo ignorar que o objetivo final das experiências encarnatórias é a evolução espiritual, razão de nossas passagens por este planeta.

É necessário não nos esquecermos de que somos as mesmas pessoas que aqui estiveram no passado, em diversos estágios evolutivos e que, embora tenhamos galgado alguns degraus nesta escalada, há ainda um longo caminho a ser percorrido.
Antigos crimes precisam ser resgatados; faltas cometidas pedem reparações; vícios precisam ser expurgados, maus sentimentos devem ser suplantados…

O Espiritismo veio lançar uma luz determinante sobre a questão da felicidade e dos sofrimentos terrenos. Está claro que, mais felizes, ou menos infelizes, são as pessoas que sabem se conduzir melhor na vida ou que escolheram provas menos duras para a encarnação presente. Não quer dizer que todas sejam menos devedoras, mas podem ter solicitado uma experiência menos dolorosa, adiando para futuras oportunidades a reparação das faltas mais graves.
Os menos felizes, ou mais infelizes, são os que escolheram, ou aos quais foi imputada uma encarnação de expiação e reparação de crimes mais pesados.

O que ocorre é que, beneficiado pela lei do esquecimento, que tem por objetivo, dentre outras coisas, livrar o Espírito encarnado do constrangimento de saber-se faltoso em experiências anteriores, o homem se revolta. O que provoca essa revolta é a equivocada crença na unicidade da encarnação. Ora, se nós estivéssemos no corpo pela primeira e última vez, seria natural que não nos conformássemos com o sofrimento que nos é imposto, pois nada teríamos a expiar e reparar. Mas, nesse caso, onde estariam a justiça e o infinito amor divinos? Por que teríamos sortes tão diferenciadas, se fomos todos criados pelo mesmo Deus e se somos igualmente amados por Ele?

A explicação do sofrimento presente encontra-se na lei de causa e efeito, a qual determina que todo mal praticado exige uma expiação e uma reparação. Sofremos hoje, porque provocamos sofrimentos no passado e precisamos expiar e reparar as faltas cometidas. Não estamos simplesmente sendo punidos; estamos nos purificando; estamos nos elevando moralmente; estamos tentando “pagar até o último ceitil de nossa dívida”, (S. Mateus, cap. V, vv. 25 e 26.).

O objetivo final de todo Espírito é a perfeição absoluta e se essa perfeição exige um estado de pureza a toda prova, é natural, portanto, que haja a penitência pelo sofrimento, pois somente através dele é que o Espírito se depura e encontra a felicidade plena que, definitivamente, não pertence a este mundo.

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