quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ALEGRIA 1 - Hammed

Alegria como experiência de religiosidade é um valor que não tem preço. Essa sensação
da alma, mais do que qualquer outra coisa, contagia e abranda o coração dos homens.

A maioria das pessoas tem uma visão distorcida da alegria, pois a confunde com festas
frívolas e divertimentos que provocam sensações intensas, risos exagerados; enfim,
satisfações puramente emocionais.

Aliás, não há nada de errado em ser jovial, bem-humorado, festivo e risonho. Sentir as
emoções terrenas inclui-se entre as prerrogativas que o Criador destinou a suas
criaturas. Vivenciar a normalidade das sensações humanas é um processo natural
estabelecido pela Mente Celestial.

Talvez as religiões fundamentalistas tenham mesclado as idéias contidas nas palavras
alegria e tentação. Na realidade, o Mestre ensinava a seus seguidores que vivessem com
alegria. "Eu vos digo isso para que a minha alegria esteja em vós", diz Jesus, "e vossa
alegria seja plena"1.

A verdadeira alegria está associada à entrega total da criatura nas mãos da Divindade,
ou mesmo à aceitação de que a Inteligência Celestial a tudo provê e socorre.
E a confiança integral em que tudo está justo e certo e a convicção ilimitada nos
desígnios infalíveis da Providência Divina.

A palavra aleluia tem origem no hebreu "hallelu-yah" e significa "louvai com júbilo o
Senhor". Tem sido usada como cântico de alegria ou de ação de graças pela liturgia de
muitas religiões a fim de glorificar a Deus. A designação "sábado de aleluia", utilizada
pela Igreja Católica, tem como fundamento a exaltação à alegria, visto que nesse dia se
comemora o reaparecimento de Jesus Cristo depois da crucificação.

Viver em estado de alegria é estar plenamente sintonizado com nossa paternidade
divina, através das mensagens silenciosas e sábias que a Vida nos endereça.
A "entrega a Deus" é a base de toda a felicidade. No entanto, o problema reside em
algumas religiões que recomendam a "entrega" não a Deus, mas a mandatários ou
representantes "divinos", ou mesmo a congregações doutrinárias que impõem
obediência e subordinação a seus diretores.

Condutas semelhantes acontecem em seitas ou em grupos dissidentes de uma religião,
em que há uma entrega incondicional dos adeptos ao líder religioso e que resulta,
inicialmente, numa suposta sensação de alegria e satisfação.

Na realidade, quando existe subordinação na nossa "entrega a Deus", ela não pode ser
considerada real, pois, mais cedo ou mais tarde, a criatura vai notar que está
encarcerada intimamente e que lhe falta a verdadeira comunhão com o Criador.
Viver em "estado de graça" ou em "comunhão com Deus" é estar perfeitamente
harmonizados com nossa natureza espiritual. É a alegria de repetir com Jesus Cristo:
"Eu estou no Pai e o Pai está em mim"2.

A felicidade é um trabalho interior que quase nunca depende de forças externas. Deus
representa a base da alegria de viver, pois a felicidade provém da habilidade de
percebermos as "verdadeiras intenções" da ação divina que habita em nós e do
discernimento de que tudo o que existe no Universo tem sua razão de ser.

O homem carrega na sua consciência a lei de Deus, afirmam os Espíritos Superiores a
Allan Kardec. "A lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem.
Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta
dela"4.

Alegria como experiência de religiosidade é um valor que não tem preço. Essa
sensação da alma, mais do que qualquer outra coisa, contagia e abranda o coração dos
homens.

"Ninguém fica feliz por decreto"; sente imensa satisfação apenas quem está iluminado
pela chama celeste. Rejubila-se realmente aquele que se identificou com a Divindade e
descobriu que "a lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem'.
A alegria espontânea realça a beleza e a naturalidade dos comportamentos humanos.
Cultivar o reino espiritual em nós facilita-nos a aprendizagem de que a alegria real não
é determinada por fatos ou forças externas, mas se encontra no silêncio da própria
alma, onde a inspiração divina vibra incessantemente.

1 - João, 15:11
2 - João, 14:11
3 Questão 621 de "O Livro dos Espíritos'

“A lei natural de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem.
Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta
dela.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário