domingo, 23 de março de 2014

Os vícios

Os vícios

Para a defesa e purificação do organismo, é necessário combater rigorosamente os vícios, começando pelos mais comuns que são o fumo, o álcool, a gula e os tóxicos (maconha, éter, ópio, morfina, etc.)

O fumo, por exemplo, considerado o mais inocente desses vícios, tem fabuloso consumo no mundo inteiro e seu uso produz terríveis males, mormente no aparelho nervoso-vegetativo (simpático e vago), dando margem a perturbações tanto mais intensas e profundas quanto mais sensíveis forem as pessoas.  Ultimamente, severas advertências vêm sendo feitas por cientistas de todos os países sobre a influência do fumo na produção do câncer.  Segundo estatísticas oficiais, em cada quatro pessoas que fumam, uma possui indícios de câncer.

As conseqüências do fumo afetam também fortemente o perispírito, produzindo uma espécie de entorpecimento psíquico, que continua até mesmo após o desencarne, prolongando o período de inconsciência que, na maioria dos casos, ocorre depois da chamada morte fisica, como também afeta a cortina de proteção e isolamento existente entre o corpo fisico e o perispírito.

E coisas ainda piores sucedem em relação ao vício do álcool, responsável pela degradação moral de milhões de pessoas, em todas as partes do mundo, obrigando governos esclarecidos (como, por exemplo, o da França, ultimamente) a decretar legislação coercitiva a fabricação e uso imoderado do álcool em seu território.

Os que realmente desejam evoluir e, já que a evolução não se conquista sem pureza de corpo e de espírito, devem combater e eliminar de si mesmos estes vícios, libertando-se deles definitivamente.  Não pode haver pureza de corpo ou de sentimentos em pessoas que se entregam a vícios repugnantes e perniciosos, praticando, assim, um suicídio lento, na mais lamentável negligência moral.

Por outro lado, é preciso não esquecer que o viciado é assediado e dominado por espíritos inferiores desencarnados, mesmo quando não maléficos mas, da mesma forma, viciados e que, não possuindo mais o corpo fisico, atuam sobre eles e, por seu intermédio, se satisfazem, inalando a fumaça dos cigarros ou aspirando, deliciados, os vapores do álcool.

Há milhões de pessoas, no mundo inteiro, que vivem assim escravizadas pelos espíritos inferiores e utilizadas por estes como instrumentos passivos, submissos e cegos de seus próprios vícios e paixões.

André Luiz, em sua obra Nos Domínios da Mediunidade, descreve uma cena de botequim, mostrando como alguns espíritos desencarnados, junto de fumantes e bebedores, com triste feição, se demoravam expectantes.

Alguns sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento. Outros aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.

O vício pode ser um “erro de cálculo” na procura da paz e serenidade, porque todos queremos ser felizes e ninguém, conscientemente, busca de propósito, viver com desprazer, aflição e infelicidade.

Nosso modo de ser no mundo está sendo moldado por nossas atitudes interiores; aliás, estamos, diariamente, aprendendo como desenvolver atitudes cada vez mais adequadas e coerentes em favor de nós mesmos.

Hábitos preferidos se formam através do tempo e se sedimentam com repetidas manobras mentais.  O que funcionou muito bem em situações importantes de nossa vida, mantendo nossa ansiedade controlada e sob domínio, provavelmente será reproduzido em outras ocasiões.  Por exemplo: se na fase infantil descobrimos que, "quando chorávamos, logo em seguida mamávamos", essa atitude mental poderá ser perpetuada através de um hábito inconsciente que julgamos irresistivel.

A estratégia psíquica passa a ser: "quando tenho um problema, preciso comer algo para resolvê-lo".  O que a princípio foi uma descoberta compensadora e benéfica mais tarde pode ser um mecanismo desnecessário, tomando-se um impulso neurótico e desagradável em nosso dia-a-dia.

Existem diversos casos de obesidade que surgiram no clima de lares onde a mãe é superexigente, perfeccionista e dominadora, forçando constantemente a criança a se alimentar, não levando em conta suas necessidades naturais.  Pela insistência materna, ela desenvolve o hábito de comer exageradamente, prejudicando o desenvolvimento do senso interior, que lhe dá a medida de quando começar e de quando parar de comer.

Por outro lado, alguns podem argumentar sobre a ação dos distúrbios glandulares ou genéticos, mas, mesmo assim, a causa fundamental dos problemas se encontra no psiquismo humano que, em realidade, é quem comanda todo o cosmo orgânico.

Paralelamente, encontramos também na dependência da comida um vício alicerçado no "medo de viver".  O temor das provas e dos perigos naturais da caminhada terrena pode nos levar a uma suposta fuga.

Os dependentes negam seu medo e se escondem à beira do caminho.  Interrompem a "procura existencial", dificultando, assim, o fluxo do desenvolvimento espiritual que acontece através da busca do novo.

O vício aparece constantemente onde há uma inadaptação à vida social.  Por incrível que pareça, o viciado é um "conservador”, pois não quer correr o risco de se lançar à vida, tomando-se, desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça.

Os vícios ou hábitos destrutivos são, em síntese, métodos defensivos que as pessoas assumiram nessa existência, ou mesmo os trazem de outras encarnações, como uma forma inadequada de promover segurança e proteção.

Assim considerando e a fim de nos aprofundar no assunto, para saber lidar melhor com as chamadas viciações humanas, devemos perguntar a nós mesmos:
- Como organizamos nossa personalidade?  Como eram as crenças dos adultos com quais convivemos na infância?  Que tipo de atos permitimos ou proibimos entrar nesse processo?  Quais as linhas de conduta que nos foram fechadas, ou quais os modelos de vida que priorizamos em nossa organização mental?

Precisamos revisar nossas concepções sobre os vícios.  Não podemos entendê-los como uma problemática que abrange, exclusivamente, delinqüentes e vadios.  Em verdade, viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.


Você sabia que a ociosidade pode ser considerada, ao mesmo tempo,
 “causa e efeito” de todos os vícios?

“Não é ocioso apenas o que nada faz, mas também o que
poderia empregar melhor o seu tempo”
Sócrates


Referências bibliográficas:
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos
Edgard Armond - Passes e Radiações
Hammed – As dores da alma



Você sabia que a ociosidade pode ser considerada, ao mesmo tempo,
 “causa e efeito” de todos os vícios?

“Não é ocioso apenas o que nada faz, mas também o que
poderia empregar melhor o seu tempo”
Sócrates

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