domingo, 23 de março de 2014

A questão dos vícios

A questão dos vícios

"Os espíritos inferiores não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal".
— O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

Podemos entender por vício toda dependência química ou psíquica geradora de solicitudes insustentáveis capazes de levar o dependente a repetir, incessantemente, a ação temporariamente saciadora dessa aflição.

Podemos avaliar as causas originadoras do vício em função de dois ângulos distintos:

a partir do próprio indivíduo;
a partir do meio.

Analisando as causas de um vício a partir do próprio indivíduo

O vício, geralmente, decorre de uma ação repetitiva, nem sempre proporcionadora de prazer imediato mas que, ao longo do tempo, torna-se objeto de necessidade exarcebada, inconveniente e prejudicial ao indivíduo.

Podemos reconhecer como vícios, também, nossa incontenção às próprias imperfeições morais em situações de provocação. Assim, cede o corrupto à oferta do suborno, o rancoroso à possibilidade do revide e por aí vai.

Um vício pode ser visto como uma forma equivocada de compensar, superficialmente, algo que deveria estar sendo preenchido interiormente, no íntimo da pessoa.

Seja como for, as raízes dessas disfunções estão no passado, quer seja hereditariamente, quer seja espiritualmente, em decorrência de experiências infelizes, remanescentes de pregressas existências.

Analisando as causas de um vício a partir do meio

É sabido que o meio exerce forte influência sobre a necessidade gregária do ser humano, sobretudo quando jovem. A adolescência, período de auto-afirmação e conseqüente expectativa de aprovação ao grupo, favorece ao autoconsentimento de certos "testes" de aprovação tribal. "Para ser bem aceito na turma é necessário que eu também fume", ou ainda: "é necessário que o meu jeito seja igual ao jeito do pessoal".

A doutrina espírita adverte sobre uma outra influência oculta: a influência espiritual. Ou seja, o meio espiritual que respiramos pode contribuir para o surgimento de um determinado vício.

Allan Kardec enfatiza a influência exercida pelos espíritos sobre o nosso pensamento e as nossas ações. Esclarece ainda que os espíritos inferiores vêm ao nosso auxílio no mal, quando temos a vontade de o cometer.

Caminhos de libertação

A libertação de todo mal tem início a partir da decisão própria do drogadito em opor resistência à situação a que se encontra enleado.

É necessário esforço sincero e consciência clara ante as dificuldades para percorrer o longo caminho de volta. Arregimentar coragem para submeter-se ao processo de purificação físico-psíquico, desprendimento e humildade para receber o socorro necessário de familiares, amigos, grupos de apoio, profissionais qualificados (quando o caso atinge estados críticos)

A Doutrina Espírita, nesses casos, oferece possibilidades singulares, de eficiência incalculável, através de esclarecimentos consistentes sobre os mecanismos da lei cósmica e também através de consolações e alento libertador, aplicações de fluidoterapia, conscientização da eficácia da prece e da alteração da tônica das cogitações mentais.

O papel da família

A família cumpre papel de relevância, uma vez que os dois pratos da balança divina são compostos pela justiça e pela misericórdia do Criador.

Nesses casos, quase sempre aquele ente envolvido na problemática das drogas, causador de toda espécie de transtornos e prejuízos, é um espírito credor daquele grupo familiar específico. Alma retardatária, vem cobrar antigas sequelas morais sofridas em conivências pretéritas de delitos e viciações comuns entre os membros envolvidos.

O apoio incondicional, a resignação ativa, o ideal de espiritualização e libertação do grupo, a reavaliação dos atuais procedimentos espirituais da família e efetiva delineação espiritual são medidas fundamentais no transcorrer do processo libertador, uma vez que, nos perfeitos desígnios da Providência Divina, não existe mal que dure para sempre e que dele não se retire um bem e um sentido de elevação na trajetória sem limites do Espírito imortal.

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