sexta-feira, 19 de junho de 2015

Viver com naturalidade

Viver com naturalidade


"... Vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens..."
"... Fostes chamados a entrar em contato com espíritos de natureza diferente,
de caracteres opostos; não choqueis nenhum daqueles com os quais vos
encontrardes. Sede alegres, sede felizes, mas da alegria que dá uma boa
consciência..."
(Cap. XVII, item 10.)







Viver "felizes segundo as necessidades da Humanidade",¹ é viver com naturalidade, ou seja, participar efetivamente na sociedade usando nosso jeito natural de ser.

Todos nós fomos abençoados com determinadas vocações, e o mundo em que vivemos precisa de nossa cooperação individual, para que possamos, ao mesmo tempo, desenvolver nossas faculdades inatas na prática social e aumentar nossa parcela de contribuição junto à comunidade em que vivemos, no aperfeiçoamento da humanidade.

Possuímos talentos que precisam ser exercitados para que possam florescer, mas poucos de nós damos o real valor a essa tarefa. Esses mesmos talentos estão esperando nosso empenho de "se dar força", a fim de colocá-los em plena ação no intercâmbio das relações com as pessoas e com as coisas.

Não podemos então olvidar que viver no mundo é "entrar em contato com espíritos de natureza diferente, de caracteres opostos"², reconhecedno que cada um dá o que tem, vive do jeito que pode, percebe da maneira que vê, admitindo que, por se tratar de tendências, talentos e vocações, todos nós temos a peculiar necessidade de "ser como somos" e "estar onde quisermos" na vida social.







Talentos são impulsos naturais da alma adquiridos pela repetição de fatos semelhantes, através das vidas sucessivas. Vocação é a "voz que chama", palavra oriunda do latim vocatus, que quer dizer chamado ou convocação.

Pelo fato de a Natureza ser uma verdadeira "vitrina" de biodiversidade ou multiplicidade de seres, é que cada indivíduo tem suas próprias ferramentas, úteis para laborar na lida social.

Todas as árvores são árvores, mas o pessegueiro não tem as mesmas peculiaridades do limoeiro, nem o abacateiro as da mangueira. Por isso, cada pessoa também se exprime em níveis diversos segundo as múltiplas formas com que a Sabedoria Divina nos plasmou na criação universal.

Assim, todos somos convocados a "agir no social", não com "um aspecto severo e lúgubre, repelindo os prazeres que as condições humanas permitem"³, mas felizes, fazendo uso de nossos potenciais e faculdades prazerosamente.







Jesus de Nazaré vivia, à sua época, uma vida mística e distante da sociedade?

O Cristo de Deus se integrava intensamente no social, "participando das festas de casamento"4, "do relacionamento fraterno, amando intensamente os amigos"5. "Sem preconceito algum fazia visitas e tomava refeições em companhia de variadas criaturas"6, percorrendo cidades, campos e estradas sempre acompanhado dos amigos queridos e das multidões que O cercavam.

Em vista disso, devemos entender que as leis do Criador deram às criaturas inclinações e aptidões íntimas e originais para que elas pudessem conviver entre si, oferecendo a cada uma participação também original na vida comunitária de maneira sui generis.

Devemos, sim, viver no mundo com a consciência de que somos espíritos imortais em crescimento e progresso, e de que o nosso "ânimo de viver" em sociedade depende de colocarmos em prática as nossas verdadeiras capacidades e vocações da alma.

Lembremo-nos, contudo, de que a palavra "ânimo" quer dizer "alma", do latim animus, e de que devemos, cada um de nós, "viver com alma" no círculo social do mundo.



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¹, ², ³ "O Evangelho Seg. o Espiritismo" - cap. XVII, item 10.
4     João 2:1 e 2.
5     João 15:13.
6     Mateus 9:10.







Hammed  &  Francisco do Espírito Santo Neto
Livro: Renovando Atitudes

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