sábado, 23 de março de 2013

Haverá falsos Cristos e falsos profetas



Cap. XXI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Questão 622 a 628 de “O Livro dos Espíritos”

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter conosco cobertos de peles de ovelhas e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-las-eis, pois, pelos seus frutos.  (Mateus, 7:15 a 20)
Tende  cuidado para que alguém não vos seduza, porque muitos virão em meu nome, dizendo: “eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos.
Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas, aquele que perseverar até o fim se salvará.
Então, se alguém vos disser: o Cristo está aqui, ou está ali, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos Cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos.  (Mateus, 24:4-5, 11 a 13, 23-24) (Marcos, 13:5-6, 21-22)
Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. (João, Epístola 1ª, 4:1)

Ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que “os fenômenos Espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como a algumas pessoas apraz dizer, golpe mortal desferem neles. Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele formalmente declara que os não opera. Do mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia revelaram as leis do mundo material, ele revela outras leis desconhecidas, as que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que, tanto quanto aquelas outras da Ciência, são leis da Natureza. Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos até o presente, ele destrói  o que ainda restava do domínio do maravilhoso. Quem, portanto, se sentisse tentado a lhe explorar em proveito próprio os fenômenos, fazendo-se passar por messias de Deus, não conseguiria abusar por muito tempo da credulidade alheia e seria logo desmascarado. Aliás, como já se tem dito, tais fenômenos, por si sós, nada provam: a missão se prova por efeitos morais, o que não é dado a qualquer um produzir. Esse um dos resultados do desenvolvimento da Ciência Espírita; pesquisando a causa de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levanta ela  o véu. Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-la; mas, a verdade é como o Sol: dissipa os mais densos nevoeiros.
O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. Antes que se conhecessem as relações mediúnicas, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, audiente ou falante. É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo, nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus”.
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores, a partir da Questão 619, se Deus deu a todos os homens os meios de conhecer a sua lei e eles responderam que sim, porém, nem todos a compreendem. Na Questão 620, Kardec pergunta-lhes se a Alma tem mais facilidade de entender a lei de Deus antes ou depois de encarnada, tendo como resposta que “ela compreende segundo o grau de perfeição que alcançou, e conserva, intuitivamente, a lembrança após sua união com o corpo. Mas os maus instintos do homem fazem-no esquecer”, e, na questão 624, Kardec indaga qual seria o caráter do verdadeiro profeta e eles responderam:
“O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus. Pode-se reconhecê-lo por suas palavras e por suas ações. Deus não pode se servir da boca do mentiroso para ensinar a verdade”.
Em todos os meios de comunicação, atualmente, vemos falsos profetas, tanto na política como na religião, que exploram a credulidade das massas. Muitos se colocam como salvadores, prometendo dinheiro e sucesso e, em nome de Deus, negociam as graças divinas, como se elas  pudessem ser alcançadas por dinheiro. Usam o Evangelho de Jesus para vender benefícios daqui e do Céu. Quem dá mais recebe mais vantagens mundanas e divinas, segundo eles. Os falsos profetas se aproveitam da fé cega do povo para obter vantagens financeiras e até outras coisas, como foi o caso do americano Jim Jones que foi responsável pela morte de 909 pessoas, numa das Guianas, no dia 18 de novembro de 1978.
Ao mesmo tempo em que se multiplicam igrejas por todos os lados, falando de Deus, o número de descrentes amplifica-se, dos espoliados na fé, dos enganados em seus ideais, vítimas de alguns líderes religiosos venais, promíscuos, corruptos, indignos, que com atos de perfídia, levam muitos a generalizarem um mau juízo sobre a grande maioria dos clérigos, pastores, representantes da fé devotados e honestos.
Diante das contradições flagrantes de nossa época, não deixemos de meditar sobre as advertências do Mestre de que haveria falsos cristos e falsos profetas. “Pelos frutos os conhecereis.”
Diante da advertência sábia de Jesus, a aconselhar que tivéssemos critério para avaliar os passos de nosso caminho, seguindo somente aquilo cujos frutos se mostrassem dignos da seriedade e da grandeza do objetivo, não há maior dificuldade em definir como nos conduzimos diante da avalanche de seduções e de pregadores.
Se pelos frutos se conhece o teor das essências filosóficas, a singela observação das produções doutrinárias, mais do que revelar a seriedade de um determinado caminho religioso, é capaz de atestar a isenção daqueles que o defendem ou o apregoam.
Sempre o interesse pessoal, o indivíduo acima de Deus, o material antes do espiritual, o agora à frente do amanhã – eis a faceta objetiva das pregações provenientes do imediatismo das formas fáceis e enganosas...
Não importa qual o caminho religioso, se  dito cristão ou esotérico, oriental ou alternativo, dogmático ou espiritual, revelado ou místico, todas as pessoas que, acima dos objetivos superiores da alma e dos princípios nobres e virtuosos, colocarem a imediatidade de seus interesses, o comércio de seus desejos pessoais, a conquista de poderes transitórios, lugares de destaque, valores pecuniários, realce político ou social, primazia pública, todos estes estão arrolados como os falsos profetas, os mentirosos de todos os séculos, as almas transviadas que, mesmo depois de longo período de dor e acrisolamento moral não foram capazes de superar a sede de materialismo, a ligação com o lodo da Terra e os anseios mesquinhos de um espírito que está arraigado à retaguarda de si próprio.
Religiosos desejam conquistar as grandezas do mundo, prometendo o reino dos prazeres aos seus seguidores, comprado a peso de ouro.
A Terra está repleta desse tipo de gente, no corpo ou fora dele, fantasiada de religioso de todo o tipo, mais preocupada em fazer seu nome, ganhar seu dinheiro, conquistar a reputação e ser notícia em televisão do que efetivamente, em ser cristã na essência. Seguir o rumo que tais pessoas apontem é escolha de cada um. Todavia, não podemos nos queixar das tristezas que encontrarmos pelos caminhos, exatamente por causa da nossa própria incúria em analisar melhor que tipo de profeta estaremos ouvindo.
É impossível misturar Jesus e Deus em negociatas e esquemas corruptos.
Daí ter afirmado Jesus que, por causa da iniquidade abundante, a caridade de muitos esfriaria, mas que todos os que perseverassem até o fim, seriam salvos.
A existência desse movimento materialista a invadir templos e mentes em toda parte e em todas as crenças, é apenas o sinal objetivo de que é preciso perseverar na bondade constante, afastar-se dos que iludem falando de Deus com os olhos colados no bolso dos fiéis, aprofundando-lhes as culpas para furtar-lhes mais moedas, fazendo da figura demoníaca o seu cobrador oficial...
Conheçamos a mensagem do Evangelho na sua singeleza, retirando o espírito que vivifica da letra que mata, única maneira de nos preservarmos das investidas da ignorância que, utilizando-se das ansiedades, das ambições, dos defeitos e fraquezas dos homens, mais ainda os exploram com promessas de um reino dos céus... E todos aqueles que esperaram as coisas da Terra, efetivamente, já receberam a sua recompensa.
O apego é o câncer dos materialistas perante a vida espiritual. Fere-os terrivelmente e os consome em dores e decepções por longas décadas, desequilibrando-lhes a mente e lançando-os nos abismos escuros, sob o domínio de trevosos espíritos que, ameaçadores, ironizarão o seu estado de frágeis caniços vergados ao peso da própria ilusão. Escutarão as acusações daqueles que humilharam, serão objeto de chacota dos que, do plano espiritual inferior, observavam os passos altivos que seus corpos  pisavam sobre a Terra, ignorando os demais, orgulhosamente.
Que será deles, agora, despidos de tudo aquilo que lhes servia de escudo à personalidade débil de criança crescida? Onde os seus carros, suas contas, seus recursos, seus títulos, seus cargos, seus haveres? E como no Reino de Deus não existe outro cartório a não ser aquele que reconhece os valores do Bem e da Verdade, os que chegam do mundo tendo desperdiçado as oportunidades de aquisição de tais valores, são miseráveis espectros relegados ao vazio de si próprios, perdidos nas desilusões a que foram conduzidos pelo próprio orgulho que não lhes servirá para nada diante das entidades perseguidoras que os aguardam.
Aprender a desprender-se de tudo, todos os dias na Terra, não apenas nos momentos cruciais em que a morte vem avisar que o tempo das aquisições nobres acabou, significa exercitar em si os testemunhos reais de limpeza que podem garantir àquele que renuncia ao apego terreno, o ingresso no palácio do espírito. (Relembrando a Verdade, Espírito Públio, psicografia de André Luiz Ruiz)

O Cristo fez inúmeras advertências há dois mil anos, porém, os habitantes deste planeta não as levaram a sério. Até o presente, políticos e religiosos continuam a explorar a credulidade do povo. Estão aí a prometer dinheiro e sucesso, negociando Deus e Jesus no atacado e no varejo. A propósito, lembro do que disse o Espírito Judas numa noite ao Espírito Humberto de Campos, lá em Jerusalém, sobre as negociatas que os falsos profetas fazem em seu nome até hoje em emissoras de rádio e TV, bem como em suas próprias igrejas.
Só que Judas não é e nunca foi um falso profeta, embora tenha passado para a história como o vilão na morte do Cristo: Quanto ao Divino Mestre, infinita é a Sua misericórdia e não só para comigo, porque, se recebi trinta moedas vendendo-o aos seus algozes, há muitos séculos Ele está  sendo criminosamente vendido no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado...”
E o Espírito Humberto de Campos conclui, dizendo: “e os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo”. (Crônicas de Além-Túmulo, psicografia de Chico Xavier)

Luiz Alberto Cunha da Silva

Um comentário:

  1. rapace


    adjetivo de dois gêneros ( 1572)
    1 propenso a roubar; rapaz, rapinante, roubador
    2 que persegue a presa afincadamente; que ataca outras aves ou animais
    ‹ ave r. ›
    3 fig. ávido por vantagem financeira, por lucro
    ‹ agiota r. ›

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