quinta-feira, 19 de maio de 2011

Espiritismo e Diversidade Sexual


Por Mundo Fraternal

Espiritismo e Diversidade Sexual"Os preconceitos são as cadeias inventadas pela ignorância para separar os homens" (L. Blessington)

Aqui se apresenta um estudo condensado sobre este importante tema que é ahomossexualidade, tema este que tem recebido crescente destaque nos meios de comunicação. Procurei ser o mais breve possível, porém devo destacar que o texto que se segue foi resultado de pesquisas de grande número de fontes (livros, artigos na Internet,
artigos de jornal e revistas, etc.)
O objetivo principal é diminuir o preconceito e a discriminação a que pessoas que possuem umaorientação sexualdiferente da maioria são expostas, inclusive dentro da comunidade espírita - onde, infelizmente, tive a oportunidade de constatar.
Espero que este material sirva de apoio para uma melhor compreensão do tema dentro da comunidade espírita, lembrando que Kardec nos alerta que o Espiritismo deve sempre andar lado a lado com os progressos da Ciência.
Este trabalho é especialmente dedicado a todas as pessoas do mundo que sofrem discriminação, velada ou explícita, pelos mais diversos motivos: seja pela cor da pele, seja pelas suas crenças, seja por sua orientação sexual, etc.

Se este texto fizer uma única pessoa diminuir um pouco que seja o seu preconceito, então todo este trabalho terá valido a pena.
Conforme se costuma dizer na comunidade espírita: primeiro conhecer, para depois criticar.
Não é isto que dizemos às pessoas que criticam o Espiritismo sem nunca terem lido as obras de Kardek?
Aliás, kardec diz que o Espiritismo deve ir aonde a Ciência está, em permanente atualização. Tanto a OMS quanto o Conselho Federal de Medicina não consideram mais a homossexualidade como doença ou desvio ou problema psíquico desde 1985. Alguns espíritas estão "apenas" uns 15 anos atrasados...


1) Considerações Gerais
homossexualidade tem a ver com orientação sexual.
homossexual é o indivíduo, homem ou mulher que, ao contrário dos heterossexuais, sentem atração por pessoas do mesmo sexo. Não se trata de escolha. Nunca ouvi alguém dizer "Sábado vou virar homossexual". Aliás, se fosse questão de escolha, eles seriam em muito menor número, para não enfrentarem os preconceitos de tantas pessoas - no trabalho, na sociedade e dentro de seus próprios lares.
A maioria das pessoas é heterossexual, mas algumas são lésbicasgays ou bissexuais. Algumas pessoas são altas e outras, baixas. Algumas são pretas ou pardas, enquanto outras são amarelas, vermelhas ou brancas. A maior parte é composta de destros, mas há alguns canhotos. Há uma ampla gama de diferenças individuais entre os seres humanos. A orientação sexual parece ser uma dessas diferenças.[1]
Quando observamos as brincadeiras infantis, vemos que a curiosidade da criança se dirige tanto para o corpo feminino como para o corpo masculino. Será mais tarde, na puberdade ou na adolescência que se definirá a sua inclinação para a homo ou heterossexualidade.
Nos ambientes em que existe uma convivência mais ou menos longa de pessoas do mesmo sexo é fácil que surjam comportamentos do tipo homossexual acidental entre pessoas declaradamente heterossexuais. Esta situação é observada principalmente no internato e no
serviço militar. Saindo desses ambientes, a maioria retorna ao comportamento heterossexual.[2]
Uma pessoa não se torna homossexual pelo simples fato de ter uma ou algumas relaçõeshomossexuais. Da mesma forma, um homossexual não se torna heterossexual pelo fato de ter relações com pessoas do sexo oposto.
Devemos também ter em mente que podem ocorrer mudanças na orientação sexual de uma pessoa ao longo da vida. Essas mudanças ocorrem naturalmente e fora do controle das pessoas. Não é uma simples questão de escolha. Simplesmente acontece.
homossexualidade não é simplesmente uma prática sexual com alguém do mesmo sexo. Ahomossexualidade é um desejo de se vincular emocional, física e afetivamente com alguém do mesmo sexo.
Muitos acreditam que a pessoa é homossexual por ter dificuldade em ser heterossexual. Isto é um engano. Ele não sente desejo por alguém de sexo oposto ao seu, ou sente muito pouco. Ele pode até ter uma prática sexual com alguém do sexo oposto, mas seu desejo real é em relação ao mesmo sexo.


2) Análise Científica
O primeiro que fez uma pesquisa científica sobre o comportamento homossexual masculino e feminino foi Kinsey, respectivamente em 1948 e 1953. Apesar de muitos indivíduos terem uma experiência homossexual em alguma época de suas vidas, eles não são afetados por estas experiências, permanecendo com orientação heterossexual.
Os resultados foram surpreendentes e verificou-se que as práticas homossexuais eram muito mais freqüentes do que se pensava.
Um dos conceitos kinsenianos mais populares foi o do continuum. Para o autor, "não podemos representar dois tipos diferentes e opostos de população: homossexual um e heterossexual outro; não se podem dividir, simplesmente e de acordo com um critério maniqueísta, em totalmente brancas e totalmente negras as coisas este mundo(...)". Criou a famosa escala que leva seu nome.
O continuun de Kinsey
Grau
Comportamento

0
Exclusivamente heterossexual, sem traços homossexuais

1
Predominantemente heterossexual, acidentalmente homossexual.

2
Predominantemente heterossexual, homossexual em maior grau que o acidental

3
Igualmente homossexual e heterossexual

4
Predomínio homossexual, mais que acidentalmente heterossexual

5
Predomínio homossexual, acidentalmente heterossexual

6
Exclusivamente homossexual
Esta classificação não é estática para um mesmo indivíduo, ele pode alterar sua orientação sexualao longo de sua vida, independente de sua vontade.
Outra obra fundamental sobre este assunto foi “homossexualidade em Perspectiva”, de Masters e Johnson em 1979. Neste trabalho foram observados, em laboratório, o comportamento sexual de noventa e seis homossexuais, dos quais quarenta e quatro com relação estável. Uma população heterossexual também foi observada, para servir de comparação.
Uma das observações mais interessantes de Masters e Johnson foi a diferença entre o desempenho, a forma de fazer amor, entre os casais homossexuais e heterossexuais. O casal homossexual em relação ao casal heterossexual tende a ser mais vagaroso na execução das carícias, ao contrário dos casais heterossexuais, onde foi observado um desejo de "acabar logo". Obviamente havia exceções.[3]
O discurso científico legitima a idéia de que o amor entre iguais não é patologia.
A Organização Mundial de Saúde retirou o termo "homossexualismo" do Catálogo Internacional de Doenças desde 1993, o que o Conselho Federal de Medicina já tinha reconhecido desde 1985.
Em dezembro de 1998 a Associação Americana de Psiquiatria (APA) se posicionou contra as "terapias de cura" - como são chamadas as falsas terapias pretensamente destinadas a "reverter"homossexuais em heterossexuais. Com isso confirmou que a orientação sexual não é um problema de saúde, sequer psíquico.
A associação adverte: "Os riscos em potencial da pretensa "terapia de cura" são muito grandes, podendo causar depressão, ansiedade e comportamento auto-destrutivo'. Nesses "tratamentos", segundo a APA, não se apresenta ao paciente a possibilidade de que uma pessoa possa encontrar a felicidade e formar relações satisfatórias como gay ou lésbica. E afirma categoricamente; "A APA se opõe a qualquer tratamento psiquiátrico que se baseie na suposição de que a homossexualidadepor si só é um distúrbio mental, ou que se baseie na hipótese de que o paciente deve mudar"[4]



3) Breve histórico
A antropóloga e socióloga Margaret Mead notou que não existem povos na terra onde ahomossexualidade não se manifesta. Em alguns destes povos, o homossexual guerreiro é bastante respeitado, pois demonstra coragem sem igual quando vai à luta e tem de defender
seu parceiro também guerreiro.[5]
Alemanha, França, Dinamarca, Holanda, Suécia e Noruega são exemplos de países de Primeiro Mundo que já regulamentaram a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
A menor ou maior aceitação da homossexualidade depende da época e do lugar, como ilustram alguns exemplos que se seguem.
Grécia - Quando os gregos escreviam sobre o amor entre os homens eles o exaltavam como a mais alta forma de afeição. Ele incluía uma ligação emocional, uma profunda amizade, valores em comum e um compromisso em torno de uma tarefa. Sexo não era o ponto principal do relacionamento, e sim a virtude. A relação envolvia mais freqüentemente um adulto e um jovem, sendo que o mais velho atuava como mentor do mais jovem, introduzindo-o à cultura e ao aprendizado.[6]
Japão - Por volta de 1637 o Japão se fechou para o resto do mundo. As grandes cidades eram prósperas, o budismo amplamente aceito, e o hábito da homossexualidade tornou-se popular, sob o nome de shudo, não apenas entre as classes dos monges e samurais, mas
também entre a burguesia.
O shudo, assim como o conceito do amor por meninos na Grécia clássica era uma filosofia. Tinha sido desenvolvido pelos monges budistas e os samurais na época medieval, e punha ênfase na moralidade e espiritualidade.
China - Existe uma enorme quantidade de histórias que revelam a grande naturalidade com que os chineses viam a homossexualidade e a bissexualidade.
As fontes Ming revelam lampejos de amor homossexual em diferentes classes e regiões. Em Fujian havia uma forma de casamento entre homens, uma cerimônia na qual o mais velho se referia ao mais jovem como o "irmão adotivo mais moço". Uma carpa, um galo e um pato eram sacrificados, e os homens sujavam as mãos uns do outro com sangue e juravam lealdade eterna. A cerimônia era concluída com um banquete. O homem mais moço ia morar na casa do mais velho e era tratado pela família como um afilhado.
Índios americanos - Nas sociedades em que as mulheres têm mais igualdade com os homens, como a dos índios americanos, existe uma maior tranqüilidade em relação à troca de sexos. Os homens podem optar por ser mulheres ou as mulheres por ser homens, se desejarem, podendo se vestir de acordo. As pessoas desse tipo eram valorizadas como sendo de grande talento. Nessas sociedades, o gênero é visto como algo fluido, não tendo a grande significância que os poderes ocidentais lhe deram e ainda dão. (Estes 3 últimos exemplos foram tirados do livro "homossexualidade, uma história", de Colin Spencer, editora Record).
-Índios brasileiros - No livro "Devassos no Paraíso", de João Silvério Trevisan (Ed. Record), fundamental para o entendimento da homossexualidade no Brasil, há vários relatos de antropólogos famosos sobre a naturalidade com que nossos indígenas praticavam a homossexualidade, desde as remotas expedições ao Brasil.
Alemanha nazista - A posição dos nazistas era, e ainda é, totalmente contra a prática dahomossexualidade. Assim, em 1936, um total de 5.321 homossexuais foi condenado e em 1.939 este número subiu para 24.450. Estes, depois de condenados, passavam pelas mãos da Gestapo (a polícia de elite de Hitler) e eram enviados para campos de concentração, onde eram freqüentemente castrados e mantidos sob regime de trabalho forçado e de subnutrição especialmente concebidos para acelerar sua morte. Marcados com um triângulo cor de rosa costurados em seus uniformes, eles sofriam não só a perseguição e a violência dos seus captores, como também dos outros prisioneiros, e ainda hoje, quando se fala nas vítimas dos campos de concentração eles são sistematicamente excluídos.[7]
O filme inglês Bent ilustra bem isso. Um prisioneiro que era ao mesmo tempo judeu e homossexualsubornou um oficial alemão para que trocasse o seu distintivo, que era um triângulo cor de rosa, pela cruz de Davi (a marcação dos judeus) para aumentar suas chances de sobrevivência.
União Soviética - Em dezembro de 1917, o governo bolchevique aboliu as leis contra oshomossexuais. A tomada de posição da União Soviética, de que a homossexualidade não prejudicava ninguém e que não era um problema legal, mas sim científico, fez com que os
radicais de outros países também apoiassem as reivindicações homossexuais.
Mas as coisas mudariam com a ascensão de Stalin ao poder. Começou-se uma campanha contra oshomossexuais e estes começaram a ser expulsos do Partido, discriminados, vigiados e denunciados. Em janeiro de 1934 foram efetuadas detenções em massa em Moscou, Leningrado e outras cidades. Artistas, intelectuais e outros foram condenados a vários anos de prisão na Sibéria, e foi gerada, desta forma uma onda de pânico e suicídios. Finalmente em março de 1934, com o apoio pessoal de Stalin, foi introduzida uma lei punindo homossexuais masculinos com até oito anos de prisão.
Nova Zelândia - Após propor uma nova lei de união civil que beneficia homossexuais, a primeira-ministra deixou claro que não apóia pessoalmente as relações entre gays e lésbicas. Mas diz que governa para todos e que esse é um direito civil fundamental e, por isso mesmo, defende o projeto. [8]



4) Repressão durante o regime militar
O falecido delegado brasileiro Sérgio Fleury, carro-chefe da tortura contra presos políticos no período mais truculento da repressão aos opositores do regime militar na área de São Paulo, não fazia segredo de sua admiração pelo comportamento dos homossexuais durante os interrogatórios a que eram submetidos. Contava, assim, serem eles infinitamente superiores aos heterossexuais em matéria de resistência física e moral e toda sorte de castigo e pressão. Ainda que, excepcionalmente admitissem sua participação em atividades consideradas subversivas, jamais delatavam companheiros. Eram duros e orgulhosos. Talvez por isso lhes fossem confiadas missões reconhecidamente perigosas, que exigissem ousadia e maior exposição a riscos, como as operações de expropriação e seqüestros políticos. E o número de homossexuais mortos em confrontos, aprisionados ou libertados em troca de diplomatas seqüestrados em conseqüência dessas ações confirma as revelações de Fleury. ("Os Homoeróticos", de Décio Monteiro de Lima. Ed. Francisco Alves, 1983).


5) homossexualidade na imprensa espírita
Há grande divergência nas colocações dos espíritas. A meu ver, a assunto está mais bem analisado em "Vida e Sexo", do espírito Emmanuel que nos ensina, no capítulo "homossexualidade": "A coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos"
Em "Doenças da Alma", da FE Editora, Roberto Brólio nos ensina:". O homossexualismo, tão generalizado em todos os países, não constitui anomalia da Criação, mas a vivência colhida pelo Espírito, que imprime ao organismo seus próprios sentimentos, independente de sua constituição física".
No JORNAL ESPÍRITA, edição de fev/99, página 3, encontramos outro trecho de uma reportagem sobre homossexualidade:
"Cada indivíduo terá que justificar a sua atitude, no entanto uma lei é incontestável: temos o dever de nos respeitarmos e respeitarmos o nosso semelhante. Não está em causa qualquer sintomatologia ou patologia, mas uma experiência de vida: A postura mental e a conduta sexual é que irão estabelecer a moralidade ou a imoralidade destas experiências sexuais, sejam homo ou heterossexuais".
Não existe homogeneidade nos livros espíritas em relação ao tema. Em geral, o que é dito é o seguinte:
"Não devemos de forma alguma discriminar os irmãos que estão vivenciando a experiênciahomossexual. Alguns deles assim nasceram como expiação, mas há, por outro lado, espíritos muito evoluídos que assim nasceram por escolha própria. (Eu acrescentaria apenas que a maioria não está em nenhum desses dois extremos)".
Lembremos sempre que o bom senso nos ensina que jamais devemos generalizar as situações no que se refere à vida espiritual, cada caso é único.
Em alguns artigos a homossexualidade é vista principalmente como fonte de sofrimentos e na Revista Espírita chegou a ser taxada de patologia. Em um certo livro o autor chegou ao cúmulo de declarar: "Há homossexuais que se sentem bem como estão. Não há como tratá-los". O autor é evidentemente livre para expor suas idéias, mas deve ficar claro que elas estão em desacordo com a posição científica moderna, com a maioria das correntes espiritualistas da chamada Nova Era e com o progresso obtido pelas organizações de direitos humanos em todo o mundo.
Alguns espíritas toleram os homossexuais, mas recomendam que as relações sexuais com pessoas do mesmo sexo devam ser evitadas.
Os homossexuais argumentam que o que torna uma prática sexual saudável ou não é o envolvimento afetivo entre os parceiros, independente se são ou não do mesmo sexo. Se um homem e uma mulher querem ter um relacionamento duradouro e há vínculos de harmonia entre eles, o relacionamento sexual será visto como algo perfeitamente natural. Por que seria diferente para um outro casal, nas mesmas condições, só que entre indivíduos do mesmo sexo? E um casalhomossexual não pode ter sido heterossexual em existências passadas? E se o ato não fosse natural, então porque encontramos relações homossexuais tão freqüentemente entre os animais?
Alguns espíritas condenam a homossexualidade com o seguinte argumento: "Cargas elétricas de mesmo sinal de repelem e cargas de sinais opostos se atraem". Primeiramente não se pode comparar seres humanos com cargas elétricas. Levada esta teoria às últimas conseqüências, uma pessoa pacífica deveria se casar um alguém violento, ou seja, seu "oposto". Em quantas ocasiões as pessoas se atraem mais pela semelhança que pela diferença?
As palavras de Kinsey nos darão uma boa reflexão sobre o tema:
"Os machos não se dividem em dois grupos distintos: homossexuais e heterossexuais. O mundo não está dividido em ovelhas e carneiros. Nem todas as coisas são negras, nem todas são brancas. É um princípio fundamental do sistema de classificação que raramente na Natureza se encontram categorias nitidamente separadas. Só a mente humana inventa as categorias e tenta abrigar os fatos em compartimentos separados. O mundo vivente representa uma continuidade em todos os aspectos. Quanto mais depressa aprendermos esta noção, aplicando-a ao comportamento sexual do homem, tanto mais depressa compreenderemos claramente o que é a realidade do sexo".



6) Imprensa em geral
Nos últimos anos percebe-se um maior enfoque por parte da imprensa em geral a este assunto. Citarei apenas alguns exemplos selecionados.
A conservadora e prestigiosa revista inglesa The Economist surpreendeu a todos quando, em 1996 apresentou matéria de quatro páginas e outra de editorial, com direito a fato de bonequinhos gays e o pedido: "Deixem que eles se casem". Não, a revista não falou sobre consumo gay ou discutiu aspectos legais do casamento. Sua argumentação foi toda feita em termos de política social. "Oshomossexuais são como os canhotos", diz a reportagem, "uma minoria bastante comum".
Diz o jornal: "homossexuais precisam de estabilidade emocional e econômica tanto quanto heterossexual - e a sociedade inteira se beneficia quando isso ocorre". "Então os faça abandonar ohomossexualismo e escolher um parceiro do sexo oposto para se casar", era a velha resposta. Hoje, isto é impensável. homossexuais não escolhem sua condição; na verdade, eles tentam desesperadamente, às vezes a ponto do suicídio, evitá-la. Para a sociedade, a escolha está entre o casamento homossexual e a alienação do homossexual. E não há nenhum interesse na última escolha" (Sui Generis)
A revista SUPERINTERESSANTE de agosto/99 traz em sua reportagem de capa considerações sobre os dez anos de estudos realizados pelo biólogo Bruce Bagemihl.
Vejamos alguns trechos:
- Mais de setenta espécies de aves realizam casamentos duradouros de indivíduos do mesmo sexo. Essas uniões são também adotadas por trinta mamíferos. Leões e elefantes machos, por exemplo, formam laços mais duradouros do que pares heterossexuais.
- Ocorre algo interessante com uma espécie de pássaro da América Central, o pássaro-cantor, na qual um macho atrai o outro por meio do canto, no início do período reprodutivo, e depois eles se juntam. Constróem, então, o ninho e cuidam dos ovos e das
crias abandonadas por outros indivíduos. Machos de guepardo, um felino africano, adotam filhotes e os criam. Fazem o papel de pais e mães.
- Tirando o homem, poucas espécies apresentam homofobia - que é aversão aohomossexualismo.
- Não é falta de opção e muito menos engano. Mesmo em territórios onde há muitas fêmeas, muitos animais machos preferem fazer sexo entre si
- Já foram registrados casos de casais de gansas que viveram mais de quinze anos juntos. O casamento só terminou quando a morte as separou
- Periquitos formam casais tanto de machos como de fêmeas. Os pares passam meia hora trocando carícias. Eles também se alimentam mutuamente.
- Há zebras que morrem sem jamais ter copulado heterossexualmente. Optam pela condutahomossexual para sempre.
A FOLHA DE SÃO PAULO é um jornal tradicionalmente com uma postura gay friendly, inclusive mantendo uma seção fixa na Revista da Folha, a GLS.
É comum que as grandes revistas semanais de grande circulação (Isto É, Época, Veja, etc.) apresentem de tempos em tempos reportagem de capa sobre o tema.


7) O homossexual e a sociedade
homossexual é freqüentemente estereotipado, tanto social como cientificamente. Como se oshomossexuais fossem todos iguais, tivessem as mesmas profissões, interesses, educação, estilo de vida, personalidade e aparência física. Não é comum alguém se referir a uma outra pessoa como "ele é heterossexual", a não ser que esteja sendo discutida sua orientação sexual. Entretanto, "ele éhomossexual", "bicha", são expressões que se ouvem para descrever um indivíduo. Esta classificação limita o homossexual como ser humano, enquadrando-o dentro de um estereótipo, esquecendo-se de que ele é gente e pode ser alto, baixo, gordo, magro, forte, fraco, bonito, feio, extrovertido, introvertido, rico, pobre, ilustrado, analfabeto, inteligente, burro, avarento, generoso... por que reduzi-lo à sua orientação sexual?
A falta de um casamento e de famílias convencionais induz os casais gays a valorizarem enormemente os amigos gays que, num certo sentido, formam uma espécie de família. Edmund White fala da duração e intensidade das relações homossexuais e diz que uma tendência sexual comum pode unir as pessoas com experiências muito diferentes, cruzando as fronteiras de raça, classe social e crenças.[9]
Os casais gays de ontem e hoje são muito mais heterogêneos que os heterossexuais no tocante à idade, cor e classe social dos parceiros.[10]
Num estudo encomendado pelo governo americano, concluiu-se que apenas 10% dos homossexuaismasculinos são efeminados.

O marco da luta dos homossexuais pelos seus direitos aconteceu em Nova York no ano de 1969.Cansados de serem perseguidos pela polícia nos bares de freqüência gay, os homossexuais se envolveram em vários dias numa verdadeira batalha contra a polícia.
Mas as verdadeiras conquistas dos homossexuais seriam vencidas nos tribunais, nas Universidades, no mercado de trabalho, nos palcos e nos cinemas.[11]


8) homossexuais casados
Como muitos homossexuais não são capazes de aceitar a sua própria orientação sexual, e sentem necessidade de se adequar às expectativas da sociedade, vários deles acabam se decidindo por casamentos heterossexuais.
Estima-se que nos Estados Unidos, 40% dos homens casados se envolvem com relaçõeshomossexuais regulares.
A maioria dos homossexuais consegue manter relações sexuais com suas mulheres nos primeiros dois anos de casamento, embora sem muita paixão. Eles ficam encantados pela excitação ou exaltação de estar casado. Tiram proveito do convencionalismo e aceitação social dos pais. A maioria dos homossexuais casados tem filhos e se tornam pais responsáveis e afetuosos. Uma pesquisa na França revelou que as mulheres casadas com homossexuais têm menos problemas de alcoolismo, devido ao fato de os maridos homossexuais ficarem mais tempo com a família.

A maioria dos homossexuais relata ter apresentado ansiedades e depressões crescentes depois dos primeiros anos de casamento. Em geral a freqüência de suas relações com a esposa diminuiu ou cessa por completo depois do nascimento do primeiro filho.
É interessante que a separação ou o divórcio ocorram com tanta freqüência depois de quinze a vinte anos de casamento, época em que as crianças estão mais independentes.
A meia-idade aumenta a consciência da "finitude da vida". Junto com esta consciência cresce também o desejo de reverter, antes que seja tarde, as discrepâncias entre as reais necessidades, desejos e ambições e as responsabilidades e expectativas sociais.
Em raros casos, a "passagem" para a heterossexualidade é definitiva. Mas isto só é possível para os pseudo-homossexuais, aqueles que tiveram alguma experiência homossexual apenas em determinadas circunstâncias.
Para os homossexuais de fato, as tendências homossexuais existirão sempre. Se ele as reprime, elas ressurgirão um dia ou outro e uma vontade, uma promessa, um sacramento ou um ato jurídico não poderá nada contra o desejo.[12]


9) Casais homossexuais
Muitos homossexuais, para escaparem das pressões sociais, levam uma vida (e se comportam) de forma a não sugerir o seu homossexualismo.
Como a relação homossexual não é reconhecida pela (nossa) sociedade, geralmente ela é vivida de forma meio secreta e está sujeita a maiores tensões que as relações heterossexuais. É até admirável como alguns homossexuais conseguem manter um relacionamento estável em situação tão adversa. As relações homossexuais podem ser longas ou breves, felizes ou infelizes como todas as relações entre duas pessoas.[13]
Mesmo sendo parte de corrente minoritária na Igreja Católica, o padre Trasferetti diz: "Eu tenho encontrado casais (homossexuais) que estão juntos há dez, vinte anos e levam uma vida normal e são profundamente humanos. Eu diria até que muitos são mais humanos do
que muitos casais heterossexuais".
Grandes nomes da história da humanidade foram homossexuais. Só para citar alguns: Sócrates, Alexandre - o Grande, Michelângelo, Leonardo da Vinci, Oscar Wilde, Pasolini, Luchino Visconti, Martina Navratilova.
Alguns deles formaram casais estáveis e se tornaram notórios[14].
-Imperador de Roma, Adriano (76-138) foi amante de Antínuo durante seis anos, até a morte de seu ex-escravo. Saudoso, mandou construir uma cidade - Antinuópolis - para eternizar o amado.
-Aclamadíssima, a poeta americana Elizabeth Bishop desembarcou no Brasil em 1951. Aqui, iria conhecer o amor de sua vida, a aristocrática Lota Macedo Soares, responsável pelas obras do aterro do Flamengo, no Rio.
-Monumento das letras francesas do século XX e autora de Memórias de Adriano, Youcemar (1903-1987) dividiu alegrias e tristezas com Frick durante 40 anos.
-Ginsberg (1929-1999) foi um dos expoentes do movimento beatnik, que pregava a mais absoluta liberdade nas artes e nos costumes. Viveu até a morte com o também poeta Peter Orlovski.


10) Bissexualidade
Diz-se bissexual o indivíduo que tem atração sexual por pessoas de ambos os sexos.
A bissexualidade é, das orientações sexuais, a que mais polêmica causa.
Geralmente, a pessoa é interpretada pelas outras como não resolvidas, "em cima do muro" ou muito promíscuas, etc.
Os grupos homossexuais excluem os bissexuais, e os heteros não o compreendem. A rejeição vem de todos os lados. Muitos gays e lésbicas desprezam os bissexuais, acusando-os de insistir em manter os "privilégios heterossexuais" e não ter coragem de se assumir. E
muitos heterossexuais costumam ver a bissexualidade como um estágio, e não como uma
condição permanente.
Homens e mulheres bissexuais são tratados como se não tivessem capacidade afetiva para uma relação amorosa fixa. Muita gente acredita, erroneamente, que estas pessoas estarão sempre sexualmente insatisfeitas se tiverem somente um dos parceiros. Na verdade, o bissexual sente desejo afetivo-sexual por ambos os sexos e sente-se satisfeito com qualquer
um deles, mas não precisa se relacionar com duas pessoas ao mesmo tempo.[15]



11) Travestis e Transexuais
Travestis são homens ou mulheres que sentem a necessidade, mais ou menos acentuada, de se vestir e adotar atitudes características do sexo oposto.
Quase todos os travestis são homens e heterossexuais, freqüentemente casados e com filhos. Essas pessoas começam a usar roupas do sexo oposto na infância e na adolescência, mas a maioria não apresenta comportamento efeminado. Um exemplo clássico de travesti com essas características é o cineasta americano Ed Wood, famoso por ser considerado o pior diretor de Hollywood de todos os tempos. Ele era casado, sentia atração sexual apenas por mulheres e, no entanto, sentia necessidade de vestir roupas femininas em casa.
Um grupo especial de travestis, provavelmente o mais popular, apesar de ser justamente a minoria, usam roupas do sexo oposto publicamente e procuram contatos homossexuais, enquanto disfarçados de mulher.
Importante: ao contrário do transexual, o travesti não almeja mudar de sexo.
Transexual é o indivíduo, homem ou mulher, que sente um desejo impulsivo de mudar de sexo. Julga-se vítima de erro biológico e procura alterar sua aparência para que seu corpo corresponda à identidade emocional e psicológica que experimenta. Alguns chegam a fazer a operação para mudança de sexo. Muitos não consideram o transexual como homossexual, mas uma categoria à parte.



12) homossexuais e homossexuais
É um erro achar que os homossexuais são todos iguais quanto ao seu comportamento.
Por surpreendente que possa parecer, apenas 10% dos homossexuais masculinos são efeminados, ou seja, apresentam trejeitos tipicamente femininos. Na maioria dos casos é impossível saber se um homem é homo ou heterossexual apenas pelas aparências.
Mesmo entre os homossexuais masculinos existe uma diversidade de grupos. De um lado temos oshomossexuais extremamente efeminados, passando pelas "barbies" (os que priorizam a forma física obtida nas academias de ginástica e adoram boates). No meio encontramos os que não em nada quase nada diferenciam dos heterossexuais, com exceção, é claro, da orientação sexual. No outro extremo temos os "bears" (ursos, em inglês) - geralmente homens peludos, de aspecto bastante viril e que, em sua maioria, sentem atração por homens com as mesmas características. A lista está longe de ser completa.
Portanto, antes de contar uma piadinha infame ao seu vizinho ou a seu colega de trabalho, lembre-se de que apesar dele ter voz grossa, ser musculoso, viril etc. ele pode ser homossexual e provavelmente vai fingir que está achando graça de sua piadinha; mas, na verdade, está sendo ferido no mais íntimo de seus sentimentos.
E lembre-se também de que não são somente os filhos dos outros, os parentes dos outros e os amigos dos outros que são homossexuais.


13) Os pais [16]
Primeiro Estágio: Choque
Pergunta: Por que meu filho me contou isso?
Resposta: Provavelmente, porque confia em você e precisa de seu apoio para dividir o peso de uma postura ainda encarada como preconceito.
Pergunta: Ele vai ficar desmunhecando? Vai querervestir-se de mulher?
Resposta: Não. São conceitos estereotipados (e incorretos) como esses que incitam o preconceito e dificultam a aceitação dos homossexuais.
Pergunta: O que os vizinhos vão pensar?
Resposta: O que vão falar independe de você. Não é possível controlar a opinião alheia.
Pergunta: Meu filho vai contaminar-se com o vírus da AIDS?
Resposta: No Brasil, o número de heterossexuais contaminados já superou o de homossexuais. Todos estão igualmente expostos à doença.
Segundo Estágio: Culpa
Pergunta: Onde foi que eu errei?
Resposta: Não errou. Ninguém, nem mesmo os pais, tem influência para direcionar a sexualidade de outra pessoa.
Pergunta: Quem levou meu filho para esse caminho?
Resposta: Ninguém. Como também ninguém levou você a ser heterossexual.
Pergunta: Como podemos reverter isso?
Resposta: Não se reverte. As tentativas de mudar o comportamento sexual dos gays foram sempre malsucedidas.

Terceiro Estágio: Negação

Pergunta: Não é só uma fase?
Resposta: Provavelmente não é. Para seu filho ter tomado coragem de contar a verdade, deve ter pensado e refletido muito.
Dilema: Ele não pode ser gay. Ele não tem nada de gay!
Resposta: Ser homossexual não significa usar fio dental na praia ou falar fino. È uma preferência amorosa, muitas vezes conhecida apenas pelo parceiro. (Lembre-se que a maioria doshomossexuais masculinos, por exemplo, não são efeminados)


14) A homofobia
Define-se homofobia como a manifestação de atitudes discriminatórias contra as pessoas que apresentam comportamento homossexual.
Um dos maiores inimigos dos homossexuais são os jornais sensacionalistas. Alguma vez você já viu uma manchete de jornal com o título "Heterossexual abusa sexualmente de crianças"? Certamente não. Mas se o infrator fosse homossexual os jornais sensacionalistas
não deixariam de colocar a palavra homossexual na manchete. O Departamento de Estado Norte-Americano de Saúde, Educação e Bem-estar diz, por exemplo, que nos EUA, 90% de todos os abusos sexuais contra crianças são cometidos por homens heterossexuais contra menores de idade do sexo feminino.
As instituições religiosas, que teoricamente deveriam servir de ponte para tolerância e compreensão entre os homens, às vezes fazem o papel oposto. Dom Euzébio Oscar Sheid, Arcebispo Metropolitano de Florianópolis declarou: "O homossexualismo é uma tragédia. gay é gente pela metade. Se é que são gente!"[17]
Meninos e meninas homossexuais sofrem muito com o preconceito, principalmente na adolescência. Eles receberam uma carga de informações desqualificativas a respeito da homossexualidade e quando se vêem homossexuais acreditam estar condenados a ser tudo o que ouviram falar de ruim sobre "veados" e "sapatonas".
15) Filmes
Filmes com temática homossexual, quer seja em primeiro ou em segundo plano, tem tido uma presença marcante no mercado, principalmente nos últimos anos. Ao contrário da televisão brasileira, que geralmente aborda o assunto de forma superficial e caricata, alguns filmes retratam o ambientehomossexual com bastante realismo.
Entre a grande quantidade de filmes que poderíamos recomendar, estão: O Banquete de Casamento, Amores possíveis, Morango com Chocolate, Traídos Pelo Desejo, Tudo Sobre Minha Mãe, Beleza Americana, Filadélfia, O Padre, Satyricon (Fellini), Jeffrey - de caso com a vida, Wilde, Quando a Noite Cai, Aimée e Jaguar, Delicada Atração, Segredos e Confissões,etc.


16) Epílogo
O que os homossexuais têm suportado, ao longo dos séculos, é de uma monstruosidade e injustiça tais que se torna difícil aceitar que uma mera preferência sexual e emocional possa excitar uma oposição tão cruel.
Quantas vezes devem os homossexuais ter pensado: mas que mal estou fazendo, e a quem?
O quadro mundial é cinzento e, por isso mesmo, devemos ser mais e mais gratos às leis recentes que, nos países mais esclarecidos em todo o mundo, têm combatido a discriminação social.[18]

Terminarei com um trecho de uma carta recebida de um médium, divulgador e orador espírita:
"Felizmente conquistei um espaço muito bom no grupo e na sociedade, mas ainda assim o preconceito é algo que sempre enfrentam.
Sou homossexual, tenho um companheiro com o qual vivo há mais de quinze anos.
Sempre pensei em divulgar mais material para que as pessoas reflitam melhor sobre essa questão, pois muitos jovens hoje estão fazendo uma opção por um caminho de infelicidade e solidão, após ouvirem nas casas e obras espíritas que a única opção para o homossexual é o celibato, que é orientado a sublimar suas energias sexuais para as artes, e para o trabalho ao próximo.
Muitos jovens que poderiam sonhar com o amor, encontrar alguem, formar um lar feliz com um companheiro, ou companheira, trilham um caminho de isolamento, pela ignorância de muitos líderes espíritas que não hesitam em expor suas opiniões pessoais, mesmo sabendo que estão influenciando na decisão de uma vida inteira para muitas pessoas. Se esquecem que Jesus e Kardec jamais se pronunciaram sobre isso, e fazem muitos se sentirem errados, aberrações da natureza, vítimas condenadas pela lei de Causa e Efeito."

Contato
e-mail: mundofraternal@yahooo.com.br

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[1] HELMINIAK, Daniel A. - O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade - Ed. GLS
[2] ENCICLOPÉDIA DA sexualidade, Ed. Três - vol. 38
[3] SUPLICY, Marta - Conversando sobre sexo. Círculo do Livro. 1987 e Enciclopédia da sexualidade- Ed.Três nº 9
[4] Sui Generis.
[5] TRASFERETTI, José - Pastoral com homossexuais - Ed. Vozes.
[6] HELMINIAK, Daniel A. - op cit.
[7] FRY, Peter e MACRAE Edward - O que é homossexualidade - Ed. Brasiliense - 1991
[8] FISCHER, André - in REVISTA DA FOLHA (FOLHA DE SÃO PAULO)
[9] SPENCER, Colin - op cit.
[10] MOTT, Luiz - Revista Libertárias - setembro/98 - pág. 51
[11] FRUM, David - How we got here - the 70's - Basic Books.
[12] ISAY, Richard - Tornar-se gay, o caminho da auto-aceitação - cap. 4 - Ed. GLS.
[13] SUPLICY, Marta - Conversando sobre sexo. Círculo do Livro. 1987
[14] SUPERINTERESSANTE - Setembro/2001

[15] PICAZIO, Cláudio - Sexo Secreto - Cap. 3 - Ed. GLS
[16] VEJA
[17] SUPLICY, Marta in PÁGINA CENTRAL, edição março/1999
[18] SPENCER, Colin - op cit.

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