segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SABEDORIA 2 - Hammed

O saber implica a facilidade de elaborar idéias simples para explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos inspirativos do universo interior.

Há séculos, os grandes pensadores e filósofos vêm-nos ensinando que o autoconhecimento é a base primordial para alcançarmos a verdadeira sabedoria. Mas, para saber realmente quem somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo íntimo.

Se fomos criados por Deus e se Ele colocou em nós a sua marca - a ideia de Deus é inata no homem 1 -, ao nascermos, já trazemos como herança a marca divina. A onipresença do Criador abrange todo o Universo, manifestando-se em todas as suas criaturas e criações. Portanto, o passo fundamental para entrarmos em contato com o verdadeiro saber é tomarmos consciência de que Deus está em nós, somos deuses em potencial, conforme a expressão evangélica.

Ser sábio não se fundamenta apenas no grau de informação ou de conhecimento que temos sobre a vida terrena. Nem sempre indivíduos requintados e instruídos são portadores de senso intimo bem desenvolvido ou de alto nível de discernimento. Não devemos confundir cultura ou instrução com sabedoria.

Muitas pessoas cultas não são sábias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual. Não distinguir instrução de sabedoria é como não diferenciar diamantes de contas de vidro. A Espiritualidade Superior nos estimula a manter contato profundo e significativo com nossa força interna, a fim de que possamos nos familiarizar com a "voz da consciência".

O saber implica a facilidade de elaborar idéias simples par explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos e inspirativos do universo interior.

O conhecimento do sábio provém do mundo silencioso. É no silêncio que a introspecção enlaça o santuário da sabedoria. Quem mais conhece menos alarde faz; quem pouco conhece faz muito estardalhaço.

Precisamos adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação, uma vez que o "olho interior" nos proporciona inúmeras formas de percepção (nós próprios, o mundo, a Natureza e Deus); enfim, ver o fundo e não apenas a superfície das coisas.

A sabedoria está igualmente ligada à forma como notamos a sutileza do mecanismo cíclico que move o Universo. Nele, tudo obedece a um ritmo natural; a raiz de nossa evolução corporal/espiritual está fincada nas íntimas relações com a Natureza. Se nos observarmos mais atentamente, veremos que somos parte dela. O fluxo da Vida faz com que tudo se realize num reciclar constante e periódico. Nos pequenos seres, ela repete, em menor escala, o magnífico e imensurável movimento cósmico.

Na Terra, como em toda a criação, tudo é submetido a movimentos alternados, desde as marés, as fases da lua, as interações entre os organismos dos ecossistemas, a diversidade dos fenômenos meteorológicos, os biorritmos humanos e outras tantas coisas.

Quando admitimos o conjunto das forças que movem e animam a evolução da vida, começamos a perceber o dinâmico e sábio processo da ritmicidade que existe dentro e fora de nós. O desenvolvimento evolutivo nos mostra que tudo se encadeia harmonicamente.

Na questão 540 de O Livro dos Espíritos, obra básica do Espiritismo, encontramos a seguinte exposição: "(...) E assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto." 2

A ação do homem desprovido de sabedoria tende normalmente a modificar, de acordo com seus caprichos ou pontos de vista pessoais, a Natureza que o cerca. Desse modo, as atitudes dele resultam num desgaste inútil de suas forças físicas e intelectuais e numa agitação desnecessária sem qualquer possibilidade de atingir a meta pretendida. Ao contrário do homem sábio, que não se opõe à ação da Natureza, mas entra em sintonia com ela, realizando e atuando em seu favor.

A criatura humana intelectualizada desenvolve-se no sentido horizontal, enquanto a verdadeiramente sábia transcende no sentido vertical.

O sábio é aquele que desenvolveu a capacidade sapiencial de comparar, avaliar e ponderar as ideias com a precisão dos cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a sensibilidade dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições.

1 - Questão 6 de "O Livro dos Espíritos'

2 Questão 540:  Os Espíritos que exercem uma ação sobre os fenômenos da Natureza agem com conhecimento de causa, em virtude do seu livre-arbítrio ou por um impulso instintivo ou irrefletido?

"Alguns sim, outros não. Eu faço uma comparação: imagina essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem surgir do mar as ilhas e os arquipélagos; crês que nisso não há um fim providencial e que uma certa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Esses não são mais que animais da última ordem que cumprem essas coisas para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Muito bem! Da mesma forma os Espíritos, os mais atrasados, são úteis ao conjunto. Enquanto ensaiam para a vida e antes de terem a plena consciência dos seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre certos fenômenos dos quais são agentes inconscientes; eles executam primeiro; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material. Mais tarde, ainda, poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito
limitado não pode ainda entender o conjunto. "

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