terça-feira, 22 de maio de 2012

Os Complexos, a Psicologia e o Espiritismo


Os Complexos, a Psicologia e o Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório
O termo complexo foi cunhado por Jung para designar estados afetivos recalcados. Freud, por exemplo, louva de tal modo o complexo de Édipo, que o coloca como o complexo dos complexos. Depois de Freud, os psicólogos inventaram um sem-número de complexos, desfigurando o seu sentido específico. Na linguagem corrente, toma o significado de qualquer coisa negativa: "ter complexos", quando alguém está frustrado ou traumatizado. Fala-se, também, em "estar sem complexos", quando uma pessoa atua desembaraçadamente.
Na amplitude do termo, os psicólogos enquadraram os complexos sob a rubrica grandes complexos. Eles são: complexo de abandono, de rivalidade fraterna, de insegurança, de castração, de culpa e deinferioridade. Os psicólogos detalharam cada um desses complexos; basta consultar os livros de psicologia. Eles têm, contudo, um elemento norteador, ou seja, os automatismos do inconsciente.
Ao lado dos grandes complexos, há os da vida cotidiana, que se expressam na relação entre marido e mulher, chefes e subordinados, pai e filho. À dificuldade encontrada, criamos um tipo de complexo. Tomemos a frase: "você está muito gordo". Dela podem surgir os seguintes pensamentos: "minha namorada não vai mais gostar de mim", "o meu chefe pode me despedir", "vou ter problemas cardíacos", e, assim por diante.
Podemos nos desvencilhar dos nossos complexos? A possibilidade existe, mas só o faremos se tomarmos consciência de que temos complexos. Como, na maioria das vezes, agimos de conformidade com os nossos hábitos, não os percebemos de imediato. A tentativa de eliminar um determinado complexo ocorre geralmente depois de uma insatisfação interior, um mal-estar com o referido complexo. É algo que não víamos e, se não fosse a insatisfação, poderíamos morrer com ele.
Mesmo detectado, o complexo permanece por longo tempo. Nesse caso, há uma inutilidade do esforço direto da vontade. Os conselheiros dizem: "reaja", "não se deixe dominar", "faça um esforço hercúleo" "nunca desista". Estas frases podem ser vãs, pois a pessoa complexada pode pensar: "é mais forte do que eu". Além do mais, deve-se ter em mente que um reflexo condicionado, repetidos por anos e anos, não nos deixa com facilidade.
Segundo a Doutrina Espírita, o Espírito, criado simples e ignorante, foi, ao longo do tempo, automatizando os seus hábitos e atitudes. É por isso que os mentores espirituais estão sempre repetindo frases, pensamentos, admoestações sobre a mudança de comportamento, pois conhecem a dificuldade de uma transformação brusca, em que se passa de homem a anjo. O enfrentamento do problema, contudo, pode ser auxiliado pelas preces, pela leitura evangélica e pelo estudo dos livros da codificação.
O Espiritismo é o consolador prometido por Jesus. Saibamos captar essas consolações, venham de onde vierem.
Fonte de Consulta
MUCCHIELLI, Roger. Os Complexos. Tradução de J. Kosinski de Cavalcanti. Rio de Janeiro: Difel, 1977
São Paulo, maio de 2010

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