Perda de entes queridos
Todas as pessoas que vivem nesta escola de preparação espiritual chamada Terra já passaram pela experiência de ver partir entes queridos para um local que a maioria não consegue bem definir. Acidentes violentos, enfermidades inesperadas, crimes hediondos, ou até mesmo situações banais, são apenas algumas das formas pelas quais todos os dias milhares de seres partem deste mundo rumo ao desconhecido.
A dor é ainda maior quando a morte arrebata de nosso convívio pessoas que nos são tão caras. Como dói a um pai sepultar o corpo do filho; a uma esposa que não terá mais a mão amiga do marido; a um irmão privado da convivência com a irmã; ou simplesmente a ausência física dos amigos queridos! Todos eles partem deixando em nossos corações a doce brisa da saudade.
Como conciliar tamanha dor com a justiça e a bondade do Pai, o Criador? Como explicar o amor de Deus que permite que criaturas tão amadas sejam tiradas de nós dessa forma? Qual a explicação para a morte daqueles que se vão em tenra idade, com todo um futuro promissor pela frente? E qual seria o motivo que pudesse justificar as enormes dores que levam à morte pessoas que desde o berço sempre cultivaram a bondade, a humildade e a simplicidade para com seus semelhantes?
Diante de tudo isso, chegamos inevitavelmente a uma encruzilhada: ou não existe reencarnação e Deus nem de longe é o Pai amoroso, justo e misericordioso que Jesus nos apresenta em seu Evangelho, ou então existe reencarnação e Deus é, de fato, um Pai que ama todos os seus filhos indistintamente, concedendo a cada um deles os meios de resgatarem seus erros do passado, harmonizando-se com as leis divinas. Se as pessoas parassem para analisar tais situações, se convenceriam facilmente da segunda opção, esta fascinante realidade que nós, espíritas, já conhecemos.
É claro que não seremos hipócritas a ponto de afirmar que não sentimos a morte de nossos entes queridos. Não há dúvida de que sentimos, pois a ausência física das pessoas que amamos dói bastante e esta dor independe da opção religiosa daqueles que permanecem na Terra. Contudo, o Espiritismo nos oferece algo a mais. As religiões pregam a existência do Espírito, mas muitas estão vinculadas a dogmas ou interesses obscuros e imediatistas que não permitem aos seus seguidores uma análise imparcial e racional sobre o assunto. Só a Doutrina Espírita é capaz de esclarecer o que acontece com a alma antes do berço e depois do sepulcro. Como? Vejamos alguns pontos, considerando que o Espiritismo é um doutrina de tríplice aspecto: filosófico, científico e religioso.
Do ponto de vista filosófico, ao examinar as questões mencionadas acima, a Doutrina dos Espíritos oferece respostas a todas elas, nos convidando a raciocinar em termos da grandeza da criação, bem como da justiça e do amor de Deus para com todas as criaturas. Encontramos nos ensinamentos de Jesus e dos espíritos superiores a orientação e o consolo que amenizam nossas dores e sofrimentos. O esclarecimento espírita, sempre pautado pela razão, pela lógica e pelo bom senso, eleva nossa visão a níveis nunca antes imaginados. Demonstra, com segurança, que somente através do conhecimento de princípios e leis universais como reencarnação, evolução, causa e efeito e livre-arbítrio, pode o homem encontrar as verdadeiras respostas para os mais diversos questionamentos feitos ao longo da história da humanidade. Mas, o Espiritismo não nos força a aceitá-lo. Ao contrário, nos convida a examinar seus postulados com serenidade, comparando-os com tudo o que observamos ao nosso redor no dia-a-dia. Ao invés de simplesmente repelir tais ideias, veja se há no mundo alguma outra doutrina ou sistema capaz de elucidar todas essas questões de forma tão racional e coerente. Não temos a menor dúvida em afirmar que você não encontrará. Kardec, durante os trabalhos da codificação espírita na segunda metade do século XIX, advertia para o fato de que a fé cega já não era mais para aquela época. Hoje, em pleno século XXI, quando o homem se vê a braços dados com tanta evolução no campo do intelecto, é nítido que vivemos um período onde precisamos considerar a razão como elemento fundamental para a iluminação e o fortalecimento de nossa fé. Todo aquele que questiona, tendo como base a fé raciocinada, naturalmente concluirá quanto a excelência e a veracidade dos fundamentos da Doutrina Espírita.
No que tange ao seu aspecto científico, o Espiritismo tem na mediunidade o seu principal instrumento de confirmação da existência do plano espiritual e da possibilidade de intercâmbio entre os espíritos e os homens. As respostas que a filosofia espírita nos proporciona são ratificadas pelas próprias almas daqueles que já viveram na Terra e que agora, sem as limitações do corpo material, nos trazem notícias e informações de sua situação nas outras esferas. É através do intercâmbio mediúnico que aprendemos com os bons espíritos e temos a oportunidade de auxiliar aqueles que se encontram em situações menos fáceis no Além Túmulo. São, portanto, os espíritos que nos dão a certeza da imortalidade da alma, demonstrando que o que morre é apenas o corpo físico e que os nossos entes queridos que já partiram são, assim como nós, viajantes do Cosmo, herdeiros imortais do Pai Celeste.
O Espiritismo não é apenas uma doutrina filosófica de comprovação científica. Seus ensinamentos conduzem os adeptos a uma nova visão da vida e, consequentemente, a um processo de renovação íntima, cuja base é o Evangelho de Jesus. Afirmamos que o Espiritismo é religião porque a sua moral permite-nos religar a Deus em espírito e verdade, sem rituais, sem dogmas, mas sim através da prática do bem, único caminho que nos coloca em sintonia com a Espiritualidade Superior. Nas imorredouras lições do Cristo, Allan Kardec fincou as raízes da Doutrina, sinalizando que a moral ensinada pelo Mestre de Nazaré é a base da verdadeira religião universal: o Amor.
Com o estudo das chamadas obras básicas da Codificação e outras de inegável valor doutrinário, além, é claro, do Evangelho, encontramos respostas consoladoras e elucidativas para todos problemas. O absurdo de uma morte prematura ou a incoerência dos sofrimentos inenarráveis vividos por uma boa pesssoa, encontram respostas nas opções feitas e nas ações realizadas em vidas passadas. Há que se reconhecer que, dentre as várias moradas da casa do Pai, somos moradores de uma que ainda está longe de ser o paraíso que todos almejamos. Em planetas de provas e expiações como o nosso, reencarnam espíritos que guardam graves compromissos com as leis divinas, a exigirem, no tempo e local apropriados, as devidas reparações.
Diante de situações tão difíceis quanto às que citamos, somos compelidos a buscar o entendimento de suas causas. Quando não as encontramos nesta existência, naturalmente somos levados a compreender que elas se encontram nas existências pretéritas. Há um axioma científico que afirma não existir um efeito sem causa. Ora, se sofremos, há que existir uma causa para este sofrimento. Os pais humanos por mais imperfeitos que sejam, não punem seus filhos e não os deixa sofrerem sem que seja necessário, mediante um motivo justo. Imagine então o nosso Pai Celestial! Desde que admitamos que Deus, Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas, possui todos os atributos em grau ilimitado, inclusive a justiça, a misericórdia, a bondade e o amor, chegaremos a conclusão de que a causa ou as causas de nosso sofrimento são também justas e necessárias à nossa evolução espiritual. As leis divinas sempre favorecem o indivíduo em sua caminhada ascencional, através de inumeráveis processos educativos, de forma a facultar-lhe as oportunidades de reparação de erros, bem como a aquisição de conhecimentos e virtudes indispensáveis ao processo evolutivo.
Se você chora a perda de um ente querido, que suas lágrimas sejam de saudade, de respeito, de reconhecimento e de gratidão a Deus por ter lhe permitido desfrutar de prazeirosa companhia por algum tempo. Lembre-se que a morte é um fenômeno natural que, simplesmente, retira de nós a vestimenta carnal e nos permite retornar à verdadeira pátria com o nosso corpo espiritual. Mudamos de roupa e de casa, mas continuamos existindo, em outra dimensão, mantendo nossa individualidade e nossas tendências e gostos. Que suas lágrimas não sejam de revolta, de dor, de lamentação e nem de reclamações contra o Criador. O choro desta natureza prejudica muito os espíritos que aportaram recentemente no mundo espiritual e que precisam, nestes momentos, de preces e boa vibrações para auxiliá-los a se adaptarem à nova realidade.
Quando seus olhos buscarem os entes queridos que já partiram para o Mais Além, não olhe para baixo. Olhe para as estrelas ou simplesmente para seu lado. Se eles não estiverem te observando do alto, pode ser que estejam velando por você ao seu lado. Quando sua mente ou seu coração sentir aquele aperto de saudade daqueles que já não estão mais no mundo físico, eleve seus pensamentos e sentimentos a Jesus e entregue ao Mestre suas melhores vibrações. Ele se encarregará de encaminhá-las aqueles que você tanto ama.
Valdir Pedrosa – Junho/2012
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