sábado, 30 de abril de 2011

QUEM PERDOA LIBERTA – PARTE I - Por que o Perdão Liberta


Descobrir por que o perdão liberta.
O conceito do perdão como atitude de esquecer o mal que alguém nos fez ou como uma virtude de retomar o relacionamento com o ofensor da mesma maneira que antes da ofensa, são enfoques que necessitam ser reconsiderados, porque perdão não tem nada a  ver com amnésia das faltas ou negar a dor emocional para continuar a relação com alguém da mesma maneira. 
Por conta dessas duas formas de enxergar o perdão, muitos de nós passamos por problemas graves de exploração emocional por parte do ofensor. Não se utilizando da memória, alegando que esquecemos o fato gerador da mágoa, poderemos passar novamente pela mesma experiência e, negando a dor emocional para manter um relacionamento que nos interessa ou do qual não temos como romper instantaneamente, ficaremos com um peso emocional não transmutado e que poderá nos prejudicar de várias formas.
O perdão que o Evangelho propõe e que os Sábios Guias comentam na questão 886, de “O Livro dos Espíritos”, é o perdão das ofensas, antes mesmo do perdão aos ofensores. Há uma enorme diferença entre perdoar ofensas e ofensores. A ofensa é a dor que trazemos no peito em decorrência da atitude lesiva de outrem contra nós, e o ofensor é o sujeito que intencionalmente ou não foi agente ativo deste processo emocional. A ofensa é o conjunto de sentimentos que derivam do ato lesivo. Entre eles está a raiva, a sensação de injustiça, a dor da decepção e da frustração de sonhos e expectativas. Se não resolvemos conosco estes sentimentos, será infrutífero o ato de procurar o ofensor para o perdão. Concluímos, portanto, que perdoar é algo que começa em nós para depois se expressar na relação. Claro que isso tem variações. Casos, por exemplo, de marido e esposa, relações profissionais e outras tantas formas de conviver, nem sempre o distanciamento físico será possível, e assim a mágoa estará presente no dia a dia sem que tenhamos o tempo que seria desejável, para curar as ofensas e depois criar uma nova relação ou, até mesmo, romper definitivamente com o ofensor.
Nos ambientes religiosos o conceito de perdão como esquecimento automático das faltas tem levado muitas pessoas a viver uma vida emocionalmente miserável, repleta de culpa, raiva contida, tristeza, exploração afetiva e depressão. E o pior… depois que desencarna ainda vai ter que ser tratado no mundo espiritual como enfermo grave. O espírita, nesse aspecto, utiliza do carma para justificar suas dores, sendo que carma não tem nada a ver com fazer de conta que não estamos sentindo algo que necessita ser curado em nós. Ao contrário, o carma da mágoa é impulsionador, mobilizador. Vamos refletir neste prisma?
A mágoa é uma experiência muito dolorosa para não ter um sentido divino em nossas vidas. Quem é ofendido está sendo convocado a enxergar algo que não quer ver. Ser magoado significa ter que olhar a vida sobre uma perspectiva que não queríamos ou gostaríamos, significa ter que olhar de forma diferente para nós, para nossas relações ou para a nossa vida como um todo. 
Vamos dar um exemplo: uma pessoa confia demais na outra e confia-lhe um bem ou uma empresa. Depois de um tempo que pode ser curto ou muito longo, descobre que a pessoa que ela mais confiava a estava traindo ou destinando indevidamente aquele bem ou aquela empresa. Então, o ofendido se volta contra o ofensor que é a tendência mais comum. Entretanto, ele não percebe que o ocorrido tem a ver com ele também. Tem a ver, por exemplo, com sua acomodação, com sua preguiça de acompanhar ou gerenciar suas responsabilidades, tem a ver com o fato de não saber dizer “não”. Esse caso singelo pode ser percebido com muita freqüência nos relacionamentos. Pais com filhos, chefes com empregados, dirigentes com freqüentadores de Centros Espíritas, enfim, em qualquer nível de convivência. O assunto é muito amplo.
No livro “Quem Perdoa Liberta”, o autor José Mario, deixa bem claro que o Grupo X, um grupo espírita no qual é tecido o enredo da obra, faltou o perdão pela perspectiva da misericórdia. Isso levou o grupo às piores consequências de dor e separação. A misericórdia é a atitude de romper com os fios da mágoa através do movimento de focar a vida mental no melhor que o outro é. Quem consegue aplicar a misericórdia, além de proteger das ofensas contra si, enobrece sua atitude não criando elos com a dor emocional da ofensa e seus reflexos em nossas vidas, libertando-se para um estágio de vida rico de atitudes sadias e educativas, defensivas e fortalecedoras.
Impossível esgotar o tema. Fiquemos com essas considerações a título de debate. Nada conclusivo. A idéia é só mesmo a de abrir o tema para o estudo e a conversa. 

WO

Espíritas fora do Padrão

É muito natural que uma comunidade tenha suas regras, seus conceitos e sua marca própria. Através destes ingredientes de linguagem a comunicação se estabelece mais facilmente. É assim que nasce o padrão, ou seja, um modelo que diga algo sobre a essência de um grupo. Na comunidade espírita não é diferente. Temos uma identidade construída historicamente e pela qual são identificados seus seguidores. Em nosso caso, como a Doutrina Espírita é a nossa essência inspiradora, o foco básico de nossos padrões converge principalmente para referências de conduta. O jeito de vestir, o tipo de alimentação, o modo de falar, de agir, de pensar e de viver se tornam os alvos de nossos padrões. Dependendo deles, criamos modelos pelos quais somos aceitos ou não no grupo chamado movimento espírita.
Todavia, os modelos em quaisquer áreas do desenvolvimento humano estão passando por rápidas e acentuadas modificações e aperfeiçoamentos. Façamos uma comparação para o objetivo desse artigo. O que faz o nosso corpo quando é atacado por um vírus agressor? Ele se organiza com todas as suas defesas no intuito de se preparar diante daquele ataque. Depois, quando aquele agressor já não é tão forte, o organismo já lhe absorve com menos esforço. Estamos vendo surgir aceleradamente uma geração de espíritas fora do padrão nos últimos 20 anos. Médiuns fora do padrão, palestristas fora do padrão, linguagem fora do padrão, comportamento fora do padrão. Como se fossem um corpo estranho, o organismo espírita reage às suas características e peculiaridades. Mas assim como o corpo físico que terá ensejo de provar sua saúde diante do inesperado, a comunidade espírita está aprimorando sua resistência, sua autenticidade e sua capacidade moralizante para entender e se adaptar  às mudanças que são inevitáveis.
Mais que nunca nossa comunidade passa por um testemunho de amor aos diferentes e suas diferenças. E o que está no cerne desse exame de atitude? Aferir se somos capazes de amar os que não pensam como nós. Eis um dos mais desafiadores ensinos de Jesus. Ele mesmo pronunciou, em Mateus, capítulo 5, versículos 45 e 46: “Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” 
Diante da incontrolável tendência da diversidade que renova os costumes e as ideias na sociedade, torna-se muito oportuno examinar nossos referenciais e igualmente nossas ações: Será que nossos padrões guardam fidelidade ao que propõe nossa Doutrina? Será que os modelos  aceitos são coerentes com ponto capital do Espiritismo que diz respeito às conquistas interiores? Será que os padrões adotados pela comunidade estão legitimamente afinados com valores morais, a lei de amor e a paz na alma? Ou são apenas mais alguns códigos religiosos que nos incapacitam para a libertação da consciência como já aconteceu ao longo dos milênios? Que vale mais a pena: ser espírita de padrões ou ser espírita em harmonia com a Vida e com sua consciência? Será que o comportamento das gerações antecedentes vão atender às exigências das novas gerações?
Essas perguntas surgem porque temos observado uma valorização  exacerbada a ideias, crenças e condutas adotadas em nossos ambientes doutrinários nem sempre essenciais em se tratando de paz e equilíbrio pessoal. Muitos adeptos do Espiritismo adotam tais posturas como verdades inquestionáveis e abdicam da mais sadia proposta da Doutrina que é a construção de uma fé como resultado de raciocínios lúcidos. Entretanto, uma larga parcela de espíritas clama por referências novas. As necessidades das gerações atuais suplicam respostas. Diante desse quadro social, como avaliar as inovações, as novidades, as formas diferentes de realizar o bem à luz do Espiritismo? Como escandalosamente fora dos padrões?
Os padrões em muitos casos são ancoras de segurança para não avançarmos a limites que ainda não somos capazes de suportar, todavia, quando nos agarramos demasiadamente a eles furtamos de nós próprios a aquisição de habilidades para singrar os mares da vida em busca de novas perspectivas de viver e se realizar, aprender e crescer. Quando apegamos a modelos em excesso, inevitavelmente adoecemos. E essa doença chama-se julgamento. A fixação prolongada em conceitos que paralisam e que se transformam em preconceitos, e  esses se transformam em antifraternidade através de condutas que são incoerentes com aquilo que pregamos e acreditamos.
Quando estacionamos em paradigmas sem abertura para o progresso, atolamo-nos na zona de conforto que nos impedirá de perceber que, entre as ancoras de segurança e o mar alto da diversidade, existe um abismo de concepções e verdades que precisam ser conhecidas ou pelo menos aceitas. A ausência dessa coragem de avançar leva-nos a acreditar que tudo que saia dos limites de nossas boias seja profano, obsessivo e nocivo ao crescimento espiritual. 
Chega o momento de fazermos algumas perguntas: os padrões que adotamos estão realmente nos ajudando a sermos pessoas melhores? Somos mais autênticos ao adotá-los? Eles estão servindo para promover uma vida mais feliz ou apenas para camuflar nossos conflitos angustiosos? Será que nossos padrões não estão nos alienando da nossa realidade moral? 
Não guardo mais dúvida sobre a superficiliadade ou mesmo a toxidade de muitos desses padrões. Como seres humanos falíveis que somos, gestamos muitas referencias frágeis para consolidar a identidade espírita em nosso modo de pensar a vida e de vivê-la. E um dos subprodutos mais tóxicos desse quadro é exatamente a conduta enferma de exclusão dos diferentes. 
Enquanto isso, ficam outras questões: e os espíritas fora do padrão, estão sintonizados com algo melhor para o futuro de nossa causa e de seu bem pessoal? Seus novos padrões serão benéficos à grande questão essencial da nossa paz?
E assim lá vamos nós, de mudança em mudança avançando cada vez mais. Em meio ao turbilhão de transformações sobra somente uma certeza que pacífica um pouco a minha alma: eu tenho uma consciência e só vou responder por ela. Isso é muito bom de pensar e sentir. E você o que pensa desse tema?

WO

Qual livro mediúnico é melhor? Meu testemunho como médium espírita



Há trinta anos, quando ingressei nas fileiras do Espiritismo, os livros que formaram minha orientação doutrinária foram as obras de Chico Xavier e de Allan Kardec. Aprendi muito com os livros de André Luiz, Emmanuell, Humberto de Campos.
Ao longo dos anos, fui observando que cresciam o número de livros mediúnicos e que as obras que me orientaram no início já não eram tão conhecidas. Em uma capital brasileira, ministrei um seminário no qual perguntei para centenas de pessoas presentes, quem conhecia “Pensamento e Vida” de Emmanuell, e para minha surpresa meia dúzia de mãos se levantaram.
Comecei a refletir no assunto e a me indagar se esse seria o rumo natural das coisas, e acabei me deparando com questões que gostaria de compartilhar com os amigos.
Há quem defenda e aplique com rigor alguns critérios para reconhecer um livro mediúnico afinado com a proposta básica da doutrina. Existe mesmo tanta rigidez no assunto que há boicote declarado e formalizado a livros que, no entendimento de alguns, prestam um desserviço à causa. Para esse grupo, as obras de Chico, Allan Kardec e mais alguns poucos médiuns merecem o aval e o reconhecimento como sendo espíritas. 
Entretanto, mesmo com essa inflexibilidade ninguém consegue mais deter o número de médiuns e livros que cada dia mais surge na comunidade espírita. Acontece com os livros mediúnicos e com o próprio Espiritismo um fenômeno mundial e irreversível chamadodiversidade. E nesse universo de diversidade, há livros para todos os gostos e necessidades, versando sobre os mais diversos temas e com uma farta variedade de estilos. 
Fico pensando, por exemplo, nos chamados romances “água com açúcar” de alguns médiuns, que vendem milhões de cópias. Quantos milhares ou milhões de pessoas não encontram neles a motivação para mudar ou mesmo um conforto para vencer uma provação. A utilidade de um livro mediúnico por mais singela que seja é indiscutivelmente benfazeja. Olhando por esse prisma, pode até ser verdadeiro que tais romances ou livros menos densos não cooperem para um conhecimento mais profundo do Espiritismo, mas ninguém pode negar o seu valor instrutivo, moralizante e consolador. Aliás, quantas não são as pessoas que hoje chegam ao Espiritismo através desses títulos e depois passam a livros com mais conteúdo?
Particularmente, vejo com bons olhos e acho muito sadio esse cenário. Apenas lamento, mas respeito, que as obras novas estejam sendo, em muitos casos, mais lidas que as de Chico e Allan Kardec. Nada contra as novidades, entretanto, quem conhece as bases sabe como podemos aprender com elas. Diante desse quadro a atitude de proibir ou denegrir não ajuda em nada. Por isso, aprendi que respeitar todas as produções mediúnicas é um bom caminho, uma boa atitude. O livro mediúnico, não importa sua densidade de conteúdo, está salvando vidas, iluminando decisões e auxiliando a sociedade que se encontra tão desorientada.
Por tudo isso, quando alguém me pergunta hoje o que acho de um livro mediúnico, eu replico com outra questão: você está aprendendo algo com livro? Ele está ajudando você a ser alguém melhor? Para mim, esse é o melhor critério para avaliar qual é o melhor livro mediúnico. 
Alguns diante dessa fala, indagam: Mas e o Espiritismo, como fica? Não são obras aprovadas ou recomendadas segundo a organização X ou o senhor dirigente Y. Eu confesso que entendo muito bem quem cultiva essas idéias, elas acreditam no que estão defendendo. O que eu ainda tenho certa dificuldade para assimilar é que ainda existam mentes que, em pleno século XXI, o século da quebra de todas as barreiras, que sigam cegamente o que organizações e lideranças impõem como verdade. 
Nesse momento de tanta liberdade de expressão e de avanço social, o maior valor humano que pode ser prezado e incentivado é a crença na competência humana para conquistar seu discernimento pessoal. É por essa razão que quando ouço alguém censurando um livro eu quero conhecê-lo, porque com certeza ele deve ter um diferencial. 
Fazer alguma recomendação de livro, incentivar o conhecimento da literatura basilar e falar do livro que foi importante para você é algo muito natural e cooperativo, mas daí a colocá-los como critério de verdade é no mínimo uma postura preconceituosa.
Mais a mais, nesse assunto do livro mediúnico, não guardo a menor dúvida, até que me prove o contrário, que a postura anti-fraterna e preconceituosa tem feito muito mais mal que o conteúdo supostamente duvidoso de algumas publicações. 

WO

Culpa, Depressão e Saúde Energética


“Até onde podemos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão do mero ser” 
“Memórias, sonhos e reflexões” - Jung, C.G. Nova Fronteira - Rio de Janeiro. 

Como qualquer doença, a depressão apresenta sérias alterações no quadro energético do doente. A rigor, o depressivo tem seu campo energético com bloqueios nocivos cujo efeito é todo um leque de reações físicas, psíquicas, emocionais e mentais.

A culpa tóxica, por exemplo, muito comum nos quadros graves de depressão, é uma das maiores produtoras de matéria adoecida. Chamo de culpa tóxica, aquela que é seguida de autopunição, de uma profunda sensação de mal estar consigo mesmo. Ela se acumula mais intensamente no corpo chamado duplo etérico. É mais comum percebê-la na região da cabeça e dos joelhos para baixo. Essa matéria mental bloqueia os pequenos canais e também os chacras, por onde deveria circular livremente os campos energéticos provenientes de dentro e de fora da criatura.

Os chacras frontal e esplênico são profundamente agredidos em suas funções pela energia da culpa. O esplênico é o núcleo de filtragem que fica com suas funções limitadas e o frontal é o responsável por gerar as mais variadas sensações experimentadas por um deprimido, tornando-se um gerente confuso das emoções e da vida racional. No campo emocional, essa pane energética pode ser sentida através da angústia, que é um sintoma claro da desorganização interior. Em nível físico, é evidente a desvitalização com todo um conjunto de conseqüências: fadiga, preguiça, indisposição para movimentar-se, prisão de ventre e problemas respiratórios são alguns dos sintomas.

O depressivo é  um doente que se incapacitou para fazer o intercâmbio sadio e refazente com as energias naturais. Seu campo energético não consegue se autorregular, ficando vulnerável às influências dos ambientes por onde transita. Seus corpos energéticos ficam vulneráveis mais facilmente, porque o sistema defensivo natural está sem reservas. Os chacras obstruídos são focos fáceis de sistemas larvários e diversos tipos de parasitismo microbiano astral. Por isso, o deprimido consome as reservas alheias e pode influir na saúde de outras pessoas. Por essas razões, conjugar o tratamento complementar energético aos recursos psiquiátricos e psicológicos é fundamental.

É necessário fazer o realinhamento dos corpos energéticos, a desosbstrução dos nadis e o asseio e correção de rotação das pás dos principais chacras.

Cada história de depressão  é um quadro diferente no que tange aos efeitos, mas, quase sempre, através de técnicas apropriadas, é possível interceder nesse processo com resultados que permitirão um alívio psíquico imediato ao paciente.

A recomposição energética é gradativa e dependerá também da reeducação da postura emocional do enfermo. Nesse sentido, minha proposta terapêutica, visa trabalhar a relação do paciente com sua culpa, deixando claro que ela é um sentimento importante para o crescimento e que sua toxicidade decorre de não saber lidar com suas camuflagens e objetivos.

A culpa faz parte do grupo dos sentimentos mobilizadores, assim como a mágoa, a raiva, o medo e outros mais. Sua função é ser uma sentinela de nossos princípios de vida. Não existe nada dentro de nós que seja indigno ou de má qualidade, apenas não sabemos o que fazer com o que sentimos. Quando existe culpa, temos um “aviso” da nossa vida mental profunda acerca de algo que necessitamos mudar para o bem de nosso crescimento. Esse é realmente um dos muitos assuntos fundamentais para a paz humana, que estou tratando em meu livro sobre depressão (ainda sendo escrito) e também em meu consultório com meus pacientes.   

WO

Humanizar – Um Evento que Vale a Pena! -


A
 mensagem “Atitude de Amor”, contida no livro Seara Bendita, disponível gratuitamente no site www.ermance.com.br, é a fonte inspiradora do HUMANIZAR - Encontro de Espiritismo e Humanização. O evento HUMANIZAR, que neste ano de 2010 terá 14 edições espalhadas por várias partes do Brasil, tem por objetivo discutir e estudar técnicas, projetos e iniciativas que possam facilitar a relação humana nos grupos espíritas. Isso pode parecer uma contradição em se considerando que as casas espíritas são ambientes onde se fala tanto sobre a reforma íntima e o burilamento das nossas imperfeições. Entretanto, como em qualquer lugar com atividades e objetivos, a convivência em grupo resvala em constantes desafios na resolução de conflitos, e nem sempre é fácil manter a prevalência do afeto, da fraternidade e do respeito às diferenças.

Quem consultar o www.portalhumanizar.com.br encontrará disponíveis os sites dos Encontros deste ano, com sua programação, expositores e outras informações necessárias.
O HUMANIZAR, para quem já teve a oportunidade de participar, tem sido uma experiência inesquecível e muito enriquecedora. O grande diferencial do evento é sua própria proposta, ou seja, o contato com os próprios sentimentos para a humanização das relações. 
O espírito Maria Modesto Cravo escreveu pela mediunidade: “Humanizar é tornar humano, assumir nossa humanidade, entrar em contato com ela, retirar as máscaras da hipocrisia que por longo tempo têm nos mantido cativos de padrões e julgamentos. Humanizar é ser autêntico, saber interpretar a consciência e estudar a natureza das intenções que movem os propósitos da alma. Humanizar é ser quem somos trabalhando conscientemente para tornarmo-nos senhores de nossas vidas, donos de nossos destinos, desbravadores de nossa própria luz”. Diante deste conceito sábio, não resta dúvida alguma que, para nós espíritas, a palavra humanizar tem um sentido extremamente necessário e que não se restringe apenas ao relacionamento com o outro, mas também com nós mesmos. Aliás, a verdadeira compreensão das próprias questões íntimas nos permite estabelecer uma nova perspectiva sobre erro, acerto e aprendizagem, flexibilizando, inclusive, o julgamento e a crítica sobre outras pessoas e nas relações.
Humanizar, em outras palavras, é se fazer gente e sair do “salto alto” da suposta grandeza espiritual. É assumir-se com suas lutas e ter o direito de discuti-las, sem por isso se tornar menor. Ser gente é algo muito gostoso, muito bom de verdade! Não confundamos isso com ser irresponsável, pois ao espírita cabem sensatamente metas espirituais de melhoria contínua, o dever de ser alguém um tanto mais honesto, colaborativo e cuidadoso com o proceder. 
A educação religiosa milenar estruturou em nosso campo mental vícios muito profundos acerca da conduta. Vícios cuja dinâmica psicológica leva-nos a assumir uma identidade ilusória de conquistas que ainda não possuímos, um eu ideal. Todavia, a proposta do Espiritismo que nos orienta para a autenticidade, propõe-nos o eu real. Se faz urgente a discussão sobre como implementar metodologias e iniciativas complementares nos grupos espíritas, que nos auxiliem a usar além do pensamento e da razão, o desenvolvimento dos sentimentos e das emoções nos desafios reais e aplicados na nossa atual existência,  para sermos pessoas mais íntegras, mais felizes, mais condutoras do nosso próprio destino. 
A dificuldade em reconhecer as próprias dimensões emocionais pode trazer diversas consequências, entre elas, a contaminação por visões da vida carregadas de ameaças, penitências e outros instrumentos nada educativos da religião de superfície. Torna-se imprescindível entender os princípios espíritas como chaves para o amadurecimento pessoal e não como mecanismos milagrosos de cura sem transformação moral e libertação temporária.  
A mensagem “Atitude de Amor” que nos referimos acima, contida no livro Seara Bendita, descreve a proposta do doutor Bezerra de Menezes para a humanização das relações na comunidade espírita. A mensagem constitui, em essência, em um alerta contra as velhas artimanhas de nossa conduta ainda tão apegada a rótulos, padrões e dogmas que prejudicam a convivência através da supervalorização de regras institucionais em detrimento de relações fraternais. Segundo o benfeitor, o planejamento do Espiritismo na Terra obedeceu a três ciclos de amadurecimento e nos encontramos no alvorecer do terceiro ciclo. Nessa etapa, o grande diferencial que caracteriza a maturidade espírita é marcada pela construção de uma convivência afetiva consigo mesmo e com os outros, mais madura e autêntica, próprio de pessoas e grupos que seguem evoluindo rumo à regeneração.  
O evento HUMANIZAR de Belo Horizonte, que acontecerá no próximo mês de agosto de 2010, tem como tema central o “Auto-Amor e Perdão para Humanizar”. Nosso objetivo ao enfocar esses temas é aproximar pessoas que desejam a vivência real do perdão e do auto-amor em suas vidas, apesar de ainda não conseguirem sentir e agir como gostariam. Pessoas que pensam, falam, estudam sobre esses temas, mas ainda não conseguem perdoar e amar em plenitude, conforme o conhecimento adquirido. Se não conseguimos, precisamos juntos nos ajudar, descobrir facetas pouco conhecidas de nós mesmos que podem nos impulsionar para novos passos evolutivos. A proposta é essa. Não existe humanização sem perdão, e se pudermos, através da compreensão e do não julgamento, nem ter que perdoar, uma vez que mudamos a perspectiva da nossa mágoa e do erro alheio, melhor e mais humana ainda será nossa convivência. Não existe humanização sem auto-amor, uma vez que o evangelho nos ensina que só é possível amar ao próximo como a si - mesmo.  Tudo isso dito assim, pode parecer um ensino tão óbvio e tão repetitivo, todavia, se humanizar é também retirar as máscaras da hipocrisia, como assevera Maria Modesto Cravo no trecho acima, será que não temos adotado o auto- engano ao dizer que esquecemos as faltas alheias? Será que sabemos que um dos conceitos de hipocrisia é a negação, por exemplo, do que sentimos acerca da ofensa alheia?
Essas e muitas outras abordagens serão alvo de nossas dinâmicas, estudos e palestras em um ambiente que favorece a paz através do contato com a natureza. http://www.cantodasiriema.com.br/hotel.php.
Venha participar conosco e colaborar com este abençoado ideal pela nossa melhoria e humanização.  Consulte www..portalhumanizar.com.br e procure pelo evento de Belo Horizonte.

WO

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Oficina dos Sentimentos - novos caminhos para a educação no centro espírita - PARTE II




“Temos no Hospital Esperança os grupos de reencontro que são atividades de psicologia da alma com fins terapêuticos e educacionais – verdadeiras oficinas do sentimento. No plano físico, atividades similares poderão constituir uma autêntica pedagogia de contextualização para a mensagem de amor contida no evangelho e na codificação Kardequiana.” – 
Trecho extraído do livro “Escutando Sentimentos” da autora espiritual de Ermance Dufaux, psicografado pelo médium Wanderley Oliveira – Editora Dufaux.


Como aplicar uma Oficina dos sentimentos
Continuando o artigo do número anterior, vamos hoje falar da prática da OS. 
Um ponto que logo de início se torna vital: não existe e nem nunca deverá existir padrões rígidos para essa atividade.
Uma oficina dos sentimentos não se propõe a ser um grupo de estudos dos sentimentos simplesmente, mas um diálogo honesto sobre o que se passa na vida emocional à luz dos princípios do Espiritismo e do Evangelho. Diante disso a primeira questão que surge é: como coordenar uma OS sem estar comprometido com o ideal de educação de seus próprios sentimentos?
Claro que um grupo que se reúne com esse propósito não vai ter toda abertura desejável para início logo de início. Essa conquista é paulatina e deve ser feita em clima de segurança e conforto sobre o que e como dialogar. Assim, pouco a pouco, surgirá o ambiente de confiança para que a exposição do que sentimos não seja mal interpretada ou indevidamente usada pela maledicência
O grande diferencial dessa metodologia de ensino consiste em retirar de dentro, falar do que habitualmente não se fala nos grupos espíritas. Nos estudos da doutrina, quase sempre, temos por objetivo a informação e na OS o foco é como usar essa informação para efetivar a nossa transformação.
Há um público enorme e ávido dessa abordagem. Pessoas que já acumularam vastos conhecimentos espíritas, e não sabem como resolver suas questões íntimas mais afligentes e determinantes para sua paz.
Será desejável que o número de seja pequeno para que todos possam participar. Se for escolhido um livro para nortear, deverá ser usado apenas como consulta periódica.
Outro aspecto importante: a OS não é um consultório de terapia. Se a conversa ficar íntima em excesso a ponto de causar um desconforto no grupo, estamos no limite. Sempre nos perguntam se essa iniciativa precisa ser coordenada por um psicólogo e eu sempre respondo “não”. Não é uma um encontro de psicoterapia. É um encontro de amigos.
O êxito está no preparo que desenvolve o facilitador para conduzir o grupo a um dialogo criativo e não levar nada pronto e concluído sobre o tema. Fique claro que esse facilitador para conduzir a OS a bons rumos deve ter um bom conhecimento doutrinário. 


Como fazemos em nossa Casa Espírita
Na SEED – Sociedade Espírita Ermance Dufaux, em Belo Horizonte, coordenamos a OS de modo simples e muito prático. A última turma, por exemplo, na primeira reunião discutimos a diferença entre OS e estudo espírita sistematizado. Em seguida organizamos, por consenso, cinco sentimentos que seriam alvo de nossos diálogos que foram: mágoa, medo, culpa, orgulho e inveja. Já na segunda reunião começamos a conversa sobre culpa. A tarefa durou 8 meses.
Na condição de coordenador, meu papel era o de instigar o pensamento. Não levava nada pronto e deixava o grupo à vontade para dizer o que quisesse sobre uma pergunta. Normalmente eu começa pelo básico mesmo, algo como “O que é a culpa?”.
É com o material humano que se constrói a OS. Cada frase do grupo, uma experiência ou caso contado, uma dúvida, um questionamento, enfim tudo que surge é possível de ser aproveitado, reciclado e colocado como ingrediente para compor o clima saudável do encontro.
Tivemos noites de muita alegria e descontração. E também tivemos ocasiões em que o assunto mexeu demais deixando-nos pensativos ou incomodados. 
A beleza desses encontros reside na possibilidade de você poder se colocar, se expor em busca de alternativas à muitas das angústias que nos atormentam. Bem diferente dos estudos sistematizados que tem o dia próprio e adequado para se fazer uma pergunta que gostaríamos fosse respondida naquele momento angustiante da vida.
Em resumo, a OS é o ambiente para falarmos de muitas questões pessoais que não temos oportunidade de discutir sob a ótica da doutrina e do Evangelho, preservando, sobretudo, nossas necessidades mais profundas de transformação e crescimento.
É um projeto e uma vivência que nos leva a conhecer Espiritismo nos conhecendo, nos incluindo no processo de ensinar. O diferencial da OS é a educação em um dos focos mais emergentes para nossa paz e felicidade, ou seja, nos sentimentos, na educação emocional do ser.


O clima educacional da OS
No quadro anexo, fica muito clara a distinção dessa metodologia em relação aos abençoados estudos sistematizados que já são realizados nos Centros Espíritas. A oficina é uma ferramenta educacional cujo enfoque é o como fazer.
Nesse momento em que o estudo da doutrina, tão valoroso e encantador, nos oferece instrução suficiente para despertarmos para a realidade do que nos cerca, torna-se imprescindível saber o que fazer com essa bagagem. Nem sempre as pessoas muito informadas, já se libertaram das suas amarras conscienciais. Instrução nem sempre significa libertação.
A OS bem conduzida é apenas um entre os vários caminhos para aplacar um pouco o clamor de multidões de irmãos de ideal que, a despeito de tanto saberem, não conseguem desenvolver atitudes que correspondam aos seus anseios mais sinceros de melhoria e autenticidade. 
Allan Kardec, usando outras palavras, já expressou tal proposta ao dizer: “A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para exercê-la com proveito baste o conhecimento da Ciência.” - Allan Kardec – questão 917 O Livro dos Espíritos
A Oficina dos Sentimentos é uma ocasião criativa de aprendermos a manejar nosso mundo emocional. Sem essa arte, corremos um largo risco de, mais uma vez, congestionarmos o pensamento de religião e não viver a religiosidade que deve se expressar nas atitudes de cada dia em favor do bem de todos nós.


Wanderley Oliveira