A percepção dos estados alterados da consciência ganhou campo através dos experimentos de Stanislav Grof e outros pesquisadores com a Dietilamida do Ácido Lisérgico, mais conhecida como LSD. Posteriormente, verificou-se que não era necessário o uso de drogas alucinógenas para produzir tais efeitos, mesmo porque havia o risco de gerar dependência, além dos danos irreversíveis no campo físico.
Vários sistemas foram elaborados para explicar os níveis de consciência, que variam desde o “sono” completo, até a consciência cósmica. Não se trata aqui do sono fisiológico, somente, mas do sono em relação às questões e possibilidades existenciais, muitas vezes adormecidas em nosso mundo inconsciente.
Dentre as formulações transpessoais, Joanna de Ângelis (em O Ser Consciente) faz uma análise a respeito dos estudos do bioquímico Robert De Ropp, que a partir das suas experiências com a indução de estados alterados de consciência, e tendo como base os paradigmas formulados por Gurdjieff, resumiu os níveis de consciência em cinco, que são:
1 – Consciência de sono sem sonhos
Nesse estágio a pessoa vive basicamente para cumprir os fenômenos fisiológicos: comer, dormir, reproduzir-se e atender aos prazeres sensoriais vinculados ao ego. Na análise de Joanna de Ângelis, nesta fase “apenas os fenômenos orgânicos automáticos se exteriorizam, assim mesmo sem o conhecimento da consciência”.
2 – Consciência de sono com sonhos
Nesse nível de consciência a elaboração onírica intensifica-se, demonstrando um maior diálogo entre consciência e inconsciente, proporcionando a liberação de inúmeros clichês. Ainda há preponderância dos desejos e pulsões controlando as ações do indivíduo, embora um suave despertar.
Atingindo esse patamar, estabelece a Benfeitora que “a realidade apresenta-se ainda difusa, cujos contornos perdem-se em vagos delineamentos que não lhe correspondem à exatidão”.
3 – Consciência de sono acordado – Identificação
Avalia Joanna de Ângelis que “a determinação pessoal, aliada à vontade, conduz o ser aos ideais de enobrecimento, à descoberta da finalidade da sua existência, às aspirações do que lhe é essencial.” À medida que amadurece as reflexões em torno desses postulados, avança para a próxima etapa.
4 – Transcendência do eu
O ser desidentifica-se da persona, do coletivo, e deixa-se conduzir pelo SELF, a personalidade maior. Quantos homens e mulheres entregaram suas vidas – a vida do ego – por ideais que vieram a beneficiar toda a humanidade? Dentre vários recordamos de Gandhi, que abdicando dos honorários rentáveis que a advocacia poderia lhe proporcionar, resolveu advogar por uma causa maior, muito além do ego. Suportou prisões, greves de fome e todo tipo de violência, e sem pegar em armas conseguiu promover um dos maiores exemplos de libertação de uma nação de que se tem notícia. Demonstrou que, além do ego, existem forças poderosas que podem mobilizar toda uma massa humana.
5 – Consciência Cósmica
Nesse nível o ser atinge a perfeita identificação com a consciência cósmica, com os ideais superiores da vida, da qual Jesus é o exemplo perfeito. Disse o Mestre (João 10: 30) - “Eu e o Pai somos Um” - o que não quer dizer que Jesus era Deus, como equivocadamente interpretaram algumas tradições religiosas. A sua consciência vinculava-se à consciência cósmica, por já haver cumprido todas as etapas evolutivas.
Não será tão importante descobrir em qual estágio nos encontramos, nem mesmo utilizar-se de mecanismos artificiais para alcançar a plenitude. Necessário é prosseguir no processo de autoconhecimento, de forma ética e consciente, avançando a cada dia ao encontro da perfeição relativa que nos aguarda, até que finalmente possamos nos tornar unos com o Pai, seguindo os passos do nosso Mestre maior.
Obs.: O presente artigo é um resumo do capítulo escrito pelo próprio autor, que se encontra na obra Refletindo a alma: a psicologia espírita de Joanna de Ângelis – lançado pela LEAL Editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário