terça-feira, 10 de março de 2015

O respeito à natureza e a gratidão ao Pai


Marjorie Aun
Na última edição discorremos sobre as profecias para 2012 e o fim do mundo. Dessa forma, é natural que surjam pensamentos sobre a nossa responsabilidade diante do futuro do planeta. Estamos vivendo um momento de grandes transformações que nos convidam incessantemente a repensar nossas atitudes diante da vida.

Se estivermos colhendo os resultados de séculos de maus-tratos aos recursos naturais do planeta que nos acolhe, o mínimo que podemos fazer é iniciar uma nova etapa, mais consciente e espiritualizada, que, acima de tudo, exemplifi que para as novas gerações a importância de valores mais nobres.

E quando se trata de comentar a falta de respeito aos recursos naturais do nosso país, um dos temas de maior relevância é a preservação da Floresta Amazônica. Para alguns milhares de pessoas, a floresta não tem grande importância a não ser pelo lucro imediato que pode gerar. Desmatá-la, roubá-la e depredá-la a fim de vender desmedidamente sua fauna e flora, obtendo muito dinheiro com todas essas ações, é o objetivo principal de diversos personagens ali presentes. Não enxergam que a verdadeira riqueza da floresta encontra-se na sua permanência e não na sua destruição.

Estamos falando de um local abençoado, onde o conceito de riqueza natural ultrapassa parâmetros comuns a outros locais semelhantes do planeta. Numa área que compreende mais de 7 milhões de km2, envolvendo oito diferentes países – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – e, somente dentro do território nacional, nove diferentes Estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão –, a Amazônia é, de fato, um riquíssimo patrimônio natural.

Lá se encontra o maior rio do mundo, o Amazonas, que, nos seus 7 mil km de extensão, possui 2 mil espécies de peixes, quantidade maior do que todo o Oceano Atlântico. E ainda temos 60 mil espécies de plantas, 2,5 milhões de artrópodes (insetos, aranhas, etc.) e 300 de mamíferos. Tal tesouro não se compara a nenhuma outra floresta do mundo.

No Brasil concentram-se as maiores porcentagens em área e população e, com isso, nossa responsabilidade é também proporcionalmente maior quanto à sua preservação. Os recentes esforços de nossas entidades públicas e privadas tentam mostrar que o desenvolvimento econômico pode coexistir com a preservação ecológica. E que é nesse caminho que encontraremos o equilíbrio e a paz entre todos os envolvidos.

Um exemplo disso é o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Criado em 2008, ele busca estabelecer um modelo de desenvolvimento que auxilie na exploração equilibrada dos recursos da floresta, orientando até mesmo projetos de transporte e de geração de energia. Alguns locais da região são de difícil acesso, o que difi culta a vida de moradores e o abastecimento de várias cidades; e rodovias que possam ser implementadas de maneira ecologicamente correta fazem parte dos princípios do PAS.

Trata-se de uma difícil empreitada, já que nas últimas décadas o foco se manteve no lucro indiscriminado, que desmatou 15% de sua área original. Países como a Finlândia, por exemplo, possuem um eficaz sistema de extração e reposição de árvores voltadas à indústria do papel, respeitando-se o intervalo de 10 a 20 anos entre o corte de cada árvore replantada. A utilização da natureza com respeito e equilíbrio é um aprendizado lento, que caminha lado a lado com a evolução espiritual do planeta, mas que se traduz num panorama de grandes perspectivas para o futuro.

A revista americana Science publicou resultados bastante otimistas de uma pesquisa envolvendo instituições brasileiras e americanas, mostrando quanto custaria ao Brasil fi nanciar a interrupção do desmatamento. Os valores, mostrados em artigo da revista Veja (ed. nº 2.142, 9/dez/2009), incluíam a soma de se compensar madeireiras, mineradoras e empresas agropecuárias que atuam legalmente na região, bem como índios e ribeirinhos que dependem da mata para sobreviver. Surpreendentemente, na estimativa mais pessimista, o custo anual para colocarmos um fim no desmatamento, numa ação que duraria dez anos, não chegaria a um quarto do que se gasta com o Bolsa Família.

Todas essas questões foram discutidas nas atividades da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Copenhague, na Dinamarca, já que se trata de preocupações que povoam a mente de pesquisadores do mundo inteiro, devido ao enorme estoque genético da floresta. Podemos fazer a nossa parte instruindo nossos descendentes, praticando o consumo consciente e vibrando pela renovação moral do planeta, a começar pela nossa própria, em que o respeito à natureza seja um ato de gratidão ao Pai, por tantas bênçãos recebidas na Terra.

Janeiro de 2010

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