Ensaio Prático sobre o Autoconhecimento
Adoniram Nascimento
Como deve ser o perfil do Espírita?
Allan Kardec diz que o "bom Espírita é aquele que, sejam quais forem seus antecedentes, reconhece suas imperfeições e é sincero e perseverante no propósito de se emendar. Que o verdadeiro Espírita não se limita em admirar a moral espírita, mas a pratica e a aceita em todas as suas conseqüências. Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, trata de aproveitar estes curtos instantes para avançar na via do progresso, esforçando-se por fazer o bem e reprimir suas más inclinações".
Sabemos como deverá ser o produto final do perfil desejado, isto é importante. Mas como poderemos analisar o nosso perfil, como espíritas, hoje?
Como ainda não conseguimos "ser Espírita" o tempo todo, em todas as relações interpessoais de nossa vida, para melhor análise iremos separar, de uma maneira geral, o perfil do espírita em três aspectos: como pessoa, como Espírita e como dirigente espírita (a distinção feita entre espírita e dirigente espírita, deve-se ao fato de podermos "ser espíritas" sem desempenhar a função de dirigente ou de estarmos "sendo dirigentes" sem estarmos "sendo espíritas").
Teremos então que fazer uma auto-análise dentro de cada espaço. E esta auto-análise foi muito bem recomendada, notem bem, por Sócrates, Jesus e pelos Espíritos Superiores junto a Allan Kardec na codificação da Doutrina Espírita.
Mas esta auto-análise só poderá ser feita por cada um; é um processo de introspecção; é olhar para dentro de si mesmo, mas com a coragem de se ver como realmente é. Sem dúvida, é descobrir como amar dentro do autoconhecimento.
Poderemos traçar cada um dos perfis atribuindo valores a nós mesmos, referentes a determinadas características dentro de cada aspecto mencionado e criar através destas referências um gráfico ou uma curva que demonstre cada aspecto analisado. Estes valores podem ser: positivos, negativos, estacionários, bom, regular, ruim, ou quaisquer outros que possam definir uma curva.
As características escolhidas, dentro de cada aspecto, para sofrerem um processo de análise, podem nascer de nossa própria reflexão, como um questionamento a nós mesmos e às nossas atitudes e pensamentos.
Estas características podem fazer parte de três grupos principais:
Grupo I - as que gerenciam nosso campo íntimo
Exemplos:
Ideal ativo - motivação - realização.
Determinação
Confiança em si
Conhecimento
Persistência
Capacidade de liderança - orientação
Grupo II - as que gerenciam nossas relações com o outro (como está sendo minha relação com o próximo? Poderemos a partir disto tirar várias questões).
Exemplos:
Promover a União
Confiança nos companheiros
Tolerância
Amar as pessoas
Respeito - compreensão
Valorização do trabalho coletivo
Grupo III - as que determinam nossa coerência em relação ao pensar e agir. (Sou coerente entre aquilo que penso, acredito, apregôo e as minhas atitudes concretas?).
Exemplos:
Fé inabalável
Forte e clara ligação com os Bons Espíritos
Humildade nas atitudes
Positividade
Certeza de que a ação é a solução
Fidelidade
Estas características não têm nada de absoluto, poderemos encontrar outras que completem ou definam melhor cada grupo.
Cada aspecto (pessoa, espírita e dirigente) deve seguir a mesma ordem de análise (Grupo I, Grupo II e Grupo III ou qualquer outra combinação, desde que a mesma seja mantida). Conservada a mesma ordem de análise, para os três aspectos, poderemos determinar pontos de ascendência, descendência e estabilidade quando no ato de montar as curvas.
Montados os gráficos ou curvas, iremos compará-los entre si. Quanto mais homogênea for a comparação, mais coerentes são nossas atitudes como pessoa, como espírita e como dirigente espírita. Quanto mais positiva for a coerência, mais próximos estaremos do perfil desejado, que é o do Homem de Bem ou do Verdadeiro Espírita.
Agora, quanto mais heterogênea for a comparação, menos coerentes estamos sendo. Como pessoas não estamos sendo espíritas; somos espíritas só dentro do Centro ou Sociedade Espírita; como dirigentes não estamos sendo espíritas, muitas vezes fugindo das responsabilidades assumidas em liderar um grupo; enfim poderemos encontrar várias discrepâncias em nossas atitudes envolvendo estes três aspectos que ainda persistimos em mantê-los separados.
Fazer ao outro aquilo que gostaríamos que fizessem a nós mesmos, deve ser o lema para qualquer impulso que nos leve ao autoconhecimento, pois assim estaremos sendo realmente sinceros.
O que tentamos aqui fazer é incentivar, de forma prática, o início à busca do autoconhecimento, através da "Lei da Coerência", que é pensar, falar e fazer a mesma coisa, dentre as diversas atividades que compõem a nossa vida.
Revista Internacional de Espiritismo - janeiro/97.
(Jornal Mundo Espírita de Junho de 1997)
Nenhum comentário:
Postar um comentário