Espiritismo, filosofia
"Nosce te Ipsvm"
A velha máxima proposta por Sócrates na antiguidade, representa até hoje, a fórmula para o progresso moral do homem. Conhecer a si mesmo é o princípio regenerador que deve nortear a busca do nosso desenvolvimento pessoal e por consequência, a transformação do meio em que vivemos.
Espíritos em evolução necessitam estagiar em mundos de provas e expiações, o que nem sempre constitui tarefa fácil. Não raro, o retorno a vida física significa para o espírito uma existência dolorosa, carregada de dificuldades e sofrimento.
Contudo, raramente compreendemos que o sofrimento de agora é o reflexo de uma ação negativa no pretérito. Todos estamos sujeitos a lei de causas de efeitos, que é a prova da misericórdia Divina, que nos concede nova oportunidade de regeneração.
Então, se nossas maiores aflições são consequências de nosso atos, a chave para conquista da felicidade e a paz interior que tanto almejamos, está em nossas mãos. O autoconhecimento nos remete a análise de nossas virtudes e principalmente de nossas falhas, proporcionando-nos uma oportunidade para redenção.
Allan Kardec em "O Livro dosEspíritos", indaga Santo Agostinho sobre o assunto:
919 - Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
"Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo."
(Allan Kardec - O Livro dos Espíritos)
O homem pode não apresentar dificuldades em destacar suas próprias virtudes, mas o mesmo não acontece ao apontar seus erros, talvez, influenciado pelo amor próprio que é inerente a natureza humana.
Mas como é possível conhecer a si mesmo?
"Conhece-te a ti mesmo"
Ainda na mesma questão da obra base do espiritismo, Santo Agostinho explica que o autoconhecimento é uma prática diária, onde é possível arguir a própria consciência o que de proveitoso realizamos durante aquele dia e principalmente, quais foram as ações negativas praticadas contra nós e nossos semelhantes. Desta forma, passamos a conhecer nossos erros, permitindo-nos iniciar a reforma íntima tão lembrada pela Doutrina Espírita.
[...]"Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado. "
(Santo Agostinho - O Livro dos Espíritos)
As Leis Divinas estão gravadas em nosso espírito, basta consultar a própria consciência para saber se estamos agindo de acordo com os princípios morais instituídos pelo Criador. Contudo, influenciado pelo orgulho e a vaidade ou simplesmente por ignorância, é possível negligenciar a razão e então, faz-se necessário colocar em prática a recomendação do Cristo:
[...] "Em tudo, faça aos outros o que você quer que eles lhe façam; nisto se resumem a lei e os profetas."
(Mateus 7:12)
Trocar de lugar com o semelhante constitui a melhor forma de avaliar nossa conduta. Será que o que gostaríamos de receber é o mesmo que estamos proporcionando a outrem?
Sócrates
Outro parâmetro de avaliação que pode nos proporcionar autoconhecimento, são as críticas dirigidas a nós. Faz-se necessário aceitá-las com bom ânimo ao invés de encará-las como ofensa. Levemos em conta as advertências de nossos inimigos que muitas vezes nos fornecem o espelho para enxergarmos nossas fraquezas.
Como podemos analisar, conhecer a si mesmo é ferramenta indispensável para o progresso moral. O autoconhecimento é tão importante, que nos fora revelado na antiguidade, antes mesmo da passagem do Cristo na Terra através da filosofia socrática.
Para o Espiritismo, Sócrates é tido como um dos precursores da Doutrina codificada por Allan Kardec, pois cultivou o campo e semeou o princípio do autoconhecimento, construindo toda sua filosofia que está alicerçada sobre este preceito:
''Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses''
(Sócrates)
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