sábado, 23 de março de 2013

QUEM SÃO OS FALSOS PROFETAS?


Geraldo Ribeiro da Silva *

No que diz respeito à crença religiosa, não podemos ignorar que o mundo está a
passar já há séculos por uma grande crise, que se tem vindo paulatinamente a
agravar. E a culpa é dessas mesmas religiões, que insistem em manter dogmas
e/ou práticas, incompatíveis com a razão, a lógica e o bom senso. Na tentativa de
atrair adeptos para as suas fileiras e de aí os manter, há religiões que chegam a
adoptar métodos esdrúxulos para justificarem os seus fins.
Antevendo estes acontecimentos Jesus, bem como o seu discípulo João,
deixaram-nos algumas advertências que devemos seguir, como meio de nos
prevenirmos contra os falsos profetas. Eis algumas delas:
“Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada
árvore conhece-se pelo seu fruto. Não se colhem figos dos cardos, nem uvas
das silvas.” (S. Lucas, cap. VI, vv. 43/44)
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de
ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos os
conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos cardos ou figos das
silvas? Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus
frutos.” (S. Mateus, cap. VII, vv. 15/17)
“Tomai cuidado para que ninguém vos desencaminhe. Porque virão muitos
em meu nome, dizendo: ‘Sou eu o Messias’. E hão-de enganar muita gente.”
(S. Mateus, cap. XXIV, vv. 4 e 5)
“Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos
são de Deus, pois muitos falsos profetas apareceram no mundo.” (S. João, 1ª
Carta, cap. IV, v. 1)
De acordo com o dicionário, profeta é o indivíduo que prevê o futuro, que é
adivinho, que prediz acerca de acontecimentos futuros.
Segundo Allan Kardec, o vocábulo profeta tem um significado mais lato, em
sentido evangélico. Profeta é todo aquele que é enviado por Deus, tendo por
missão instruir os homens e revelar-lhes as coisas ocultas e os mistérios da vida
espiritual. Assim, um homem pode ser profeta sem fazer predições (in “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXI, ponto 4).
É no sentido de predizerem o futuro que os falsos profetas têm aparecido e
enganado muita gente de boa-fé. É preciso, portanto, estarmos em guarda contra essas pessoas que se dizem enviadas de Deus, ou que afirmam – para surpresa
de muitos – serem o próprio Cristo.
A grande questão que surge é: como distinguir uma pessoa séria e bem
intencionada, de outra que deseja enganar-nos? A resposta de Jesus é clara:
“Conhece-se a árvore (que simboliza o ser humano) pelo seu fruto.”
Existem falsos profetas em todas as religiões, inclusivé na espírita.
Infelizmente, há quem se deixe levar pelos interesses económicos e/ou pela
vaidade pessoal, numa ânsia desenfreada de se pôr ou de se manter, sempre, em
evidência. Entre estes estão os que predizem acontecimentos futuros, tais como a
realização de casamentos, a ascensão económica, a cura de uma doença, o fim
de um sofrimento, etc. À medida que essas promessas não se cumprem,
aparecem as frustrações e, com elas, aumenta o número dos descrentes.
Mas os falsos profetas também “actuam” fora do campo religioso... São os que
aliciam os jovens e os adolescentes, dizendo-lhes que a felicidade está no uso das
drogas e prometendo-lhes “viagens” num mundo fantástico. A realidade, porém, é
bem outra e, com o decorrer do tempo, o sucumbir ao aliciamento acaba,
inexoravelmente, por significar a decadência material, moral e espiritual de quem
se deixa levar por essas sugestões.
Há, ainda, os falsos profetas que se apresentam como os “salvadores da pátria”, e
que prometem acabar com as injustiças sociais. Contudo, quando chegam ao
exercício do poder, enredam-se na teia dos interesses próprios ou de grupo,
esquecendo-se dos compromissos assumidos com quem os ajudou a conquistar
postos mais elevados.
E, como se não bastasse, ainda existem os falsos profetas do mundo espiritual,
como nos informa o Espírito Erasto, no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
XXI, ponto 10.
Diz-nos este Benfeitor Espiritual que “os falsos profetas não se encontram só entre
os encarnados. Há-os também, e em muito maior número, entre os espíritos
orgulhosos que, aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e atrasam a
obra de emancipação da humanidade, lançando-lhe os seus sistemas absurdos,
após terem feito com que os seus médiuns os aceitem...”
Quando João Evangelista nos avisava de um modo tão comovente: “não deis fé a
qualquer espírito”, era porque na verdade ele já sabia que entre a população
espiritual há os oportunistas, os pseudo-sábios, os ignorantes e os levianos,
conforme podemos constatar nas perguntas 100/106 do Livro dos Espíritos.
Portanto, quem for médium ou dirigente de reuniões espíritas, deve manter-se
atento e vigilante no que diz respeito à manifestação dos espíritos, examinando o
conteúdo das comunicações, sem receio de ser criticado por usar o crivo da razão.
É, mais uma vez, o Espírito Erasto quem nos diz que “é melhor rejeitar 10
verdades, do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errónea.” (in O Livro
dos Médiuns, cap. XX, ponto 230).
Numa altura em que o mundo passa por dores extremas e grandes provações, é
provável que alastrem os falsos profetas, querendo fazer-se passar por
salvadores dos oprimidos. Mas antes de acreditarmos nos seus dons ou nas suas
promessas, vejamos se eles são dignos da nossa confiança. Não nos
comportemos como cegos a deixarem-se guiar por outros cegos...
E, por fim, meditemos sobre esta outra frase, também de Erasto: “Os verdadeiros
profetas revelam-se pelos seus actos; são adivinhados, ao passo que os falsos profetas declaram-se a si próprios como enviados de Deus. Os
primeiros, são humildes e modestos; os segundos, são orgulhosos e enfatuados,
falam com altivez e, como todos os hipócritas, parecem sempre receosos de que
não acreditem neles.”
*Dirigente e orador do Grupo Espírita Batuíra –
São Paulo

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