domingo, 31 de março de 2013
Não separar o que Deus juntou
O Evangelho de Mateus, capítulo 19, versículos 3 a 9, registra que os fariseus aproximaram-se de Jesus, e, tentando-o, perguntaram-lhe se é porventura lícito a um homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo.
Jesus observou que no princípio Deus os fez macho e fêmea e que, portanto, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne e que, por isso, não separe o homem o que Deus juntou.
Os fariseus, então, voltaram a perguntar por que mandou Moisés dar o homem à sua mulher carta de desquite e repudiá-la.
Jesus explicou que Moisés agiu desta maneira pela dureza dos corações, mas no princípio não foi assim.
Compreendamos que além da união dos sexos, deve haver a união de almas, a afinidade espiritual, o cumprimento da lei do Amor, quando os dois “farão uma só carne”. Aí, então, justifica-se a recomendação de Jesus: “Não separeis o que Deus juntou”.
Mas, como fazer, se a harmonia que deveria reinar não acontece entre um casal? É neste sentido que Allan Kardec, na questão 940 de O Livro dos Espíritos, indaga: A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma fonte de sofrimentos, tanto mais amarga quanto envenena toda a existência?
A resposta dos Espíritos:
Muito amarga, de fato; mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das vezes, sois a primeira causa. Em primeiro lugar, as vossas leis são erradas, pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam? Depois, nessas uniões procurais quase sempre mais a satisfação do vosso orgulho e da vossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua. E sofreis, então, a consequência dos vossos preconceitos.
É aí que vem o divórcio, “uma lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já estava separado de fato. Não é contrário à lei de Deus, pois só reforma o que os homens fizeram, e só tem aplicação nos casos em que a lei divina não foi considerada”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XXII, item 5.)
Mas atentemos bem o que recomenda Emmanuel, no capítulo sobre o divórcio do livro Vida e sexo. Explica o benfeitor espiritual que “partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas”.
Na maioria das vezes, as desuniões acontecem principalmente por falta de diálogo. Lembra-nos o procedimento daquele advogado de família, espírita, que quando um casal o procurava para realizar a separação, ele, antes de qualquer coisa, reunia o casal e fazia uma preleção de dez minutos, onde falava sobre a importância da união do casal perante os filhos, a família, a sociedade etc., e depois perguntava se eles queriam, realmente, se separar. O casal se propunha a colocar em prática, durante uma semana, todas as recomendações do profissional. O certo é que nenhum dos casais voltava para realizar o divórcio, sinal de o que faltava era, principalmente, o diálogo, que sempre conduz à compreensão.
André Luiz, na obra Ação e reação (FEB), enfatiza que “o divórcio não soluciona o problema da redenção, porque ninguém se reúne no casamento humano ou nos empreendimentos de elevação espiritual, no mundo, sem o vínculo do passado, e esse vínculo, quase sempre, significa débito do Espírito ou compromisso vivo e delongado no tempo. O homem ou a mulher, desse modo, podem provocar o divórcio e obtê-lo, como sendo o menor dos piores males que lhes possa acontecer... Ainda assim não se liberam da dívida em que se acham incursos, cabendo-lhes voltar ao pagamento respectivo, tão logo seja oportuno”.
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