domingo, 31 de março de 2013
Entrevista com Dalva Souza
ENTREVISTAS
P: - Qual a posição do espiritismo com relação ao divórcio? Se optamos pela separação, não estamos transferindo nossa missão para com nosso companheiro para outra época (vidas), ou seja, estamos deixando de lado nosso "carma" por utilizarmos nosso livre-arbítrio de forma equivocada, sem tentar solucionar os problemas mais caridosamente?
R: - Não deveríamos nos prender ao conceito de carma. Essa é uma posição da filosofia oriental que tem aproximações com a Lei de Causa e Efeito apresentada pelo Espiritismo, mas há distinções em relação ao entendimento isso na prática.
Quando se usa o termo carma, há uma conotação de fatalidade, enquanto que a Doutrina enfatiza a possibilidade de minimização ou eliminação das ocorrências de sofrimento, mediante uma ação positiva no bem. Vamos esclarecer bem essa questão do divórcio:
A separação e o divórcio possibilitam a resolução dos conflitos que se estabelecem na vida das pessoas que estão ligadas por compromisso formal ou vínculos legais, mas não mais se entendem, nem se amam. Na nossa cultura, essa opção é acompanhada de grande sofrimento. Parte desse sofrimento decorre do próprio processo de ruptura e parte resulta de questões culturais. Quando as pessoas se casam, geralmente, acreditam que estão dando um passo definitivo, pretendem viver juntas por longo tempo e realizam, por isso, grande investimento energético na relação, construindo elos fortes. Na separação, esses laços energéticos se rompem, o que repercute dolorosamente sobre a alma.
Esse sofrimento é inerente ao processo e, quando o casal se decide pela separação, não dá para fugir dele, é preciso enfrentá-lo com serenidade. Mas há ainda o outro sofrimento, que resulta do ideário cultural sobre a indissolubilidade do matrimônio. Podemos atenuar esse último, se desenvolvermos uma visão crítica da cultura em que vivemos.
A Doutrina Espírita nos ensina a ver o divórcio de uma maneira mais adequada. Os Espíritos, ao falarem sobre o assunto, criticaram claramente as amarras culturais que dificultam a vida dos casais. Destacam eles que a determinação legal de indissolubilidade do casamento é um erro e perguntam: “Julgas, porventura, que Deus te constranja a permanecer junto dos que te desagradam?”(LE – q.940)
Depreende-se dos ensinos deles que Deus determina a união dos seres pelo amor, para que se crie no lar uma psicosfera favorável ao desenvolvimento sadio dos filhos que porventura venham a ter. “No meio espírita, costuma-se dizer que as pessoas não devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento. Talvez isso se aplique ao indivíduo que é inconseqüente e irresponsável no direcionamento de suas energias amorosas, mas não se pode generalizar e achar que em todas as situações esse critério seja adequado. Na verdade, há casos em que o mal maior seria as pessoas permanecerem vinculadas a um compromisso que não desejam mais e, por isso, perderem a alegria de viver e a possibilidade de realizações espirituais significativas para sua própria evolução. Somente aquele que está vivendo o problema poderá decidir, consultando sua própria consciência, qual o melhor caminho a seguir.
“O conselho dos Espíritos é sempre no sentido de desenvolver as qualidades da alma para possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo familiar e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem todos meios de resolução do problema antes de optar pela separação. (Esse tema está mais desenvolvido no livro “Conflitos Conjugais”- edição FEEES/2002)
P: - Como entendeis o ciúme?
R: - O ciúme é gerado em nós pelo egoísmo, que produz um impulso de dominar o outro, tomar posse dele, retê-lo apenas para atender às nossas
necessidades. É preciso esforçar-se para superar essa manifestação que pode ser muito nociva à relação afetiva. Se você tem uma convivência harmoniosa com seu marido, lute para preservar isso. Evite manifestações de ciúme, controle seus impulsos. Procure entender as raízes da sua insegurança. O estudo espírita é precioso recurso, para que possamos nos educar emocionalmente. Não se acomode, acreditando que seu temperamento é assim mesmo, ou que é difícil mudar. As mudanças psicológicas só dependem de vontade firme. Ore, pedindo aos Mentores Espirituais a ajuda necessária, eles nunca se negam a amparar-nos, quando sentem em nós a sinceridade de propósitos. Uma terapia bem conduzida também pode ajudar bastante.
P: - Em uma relação conjugal, se um encontra-se insatisfeito, às vezes até frustrado em relação ao seu parceiro, pois é comum que prevaleça as vontades de um sobre as do outro, esta pessoa encontra-se "presa" a seu parceiro, tendo que resgatar futuramente pelo erro de se relacionar com alguém que não deu certo, ou a separação seria o caminho correto? Neste caso, também haveria futuramente algum tipo de resgate?
R: - Em resposta a uma questão a ele endereçada sobre o divórcio, Emmanuel afirmou: “Muitos dizem que o divórcio é válvula de escape para evitar o crime e não ousamos contestar. Casos surgem nos quais ele funciona, por medida lamentável, afastando males maiores, qual amputação que evita a morte, mas será sempre quitação adiada, à maneira de reforma no débito contraído.(1)
“Percebe-se no texto a metáfora: casal em conflito é corpo doente. Quando uma pessoa adoece, deve buscar todas as formas de tratamento para obter a cura, mas há casos em que o órgão doente chega a comprometer todo o organismo e, antes que ocorra o óbito, apela-se para a cirurgia como recurso extremo, para salvar a vida do indivíduo. Assim também com o casal, é preciso tratar a relação, utilizando-se todas as formas possíveis: diálogo, terapia psicológica, terapia espiritual, mas, se a relação está tão doente, que compromete a saúde e o equilíbrio das pessoas, podendo levá-las a situações extremas que raiam pela destruição de si mesmas ou de outrem, o divórcio surge como a cirurgia que possibilita uma sobrevida para os dois, ainda que limitada algumas vezes pelos traumas e sofrimentos que produz.”
“Talvez a inferência existente no meio espírita de que as pessoas não devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento, tenha nascido da leitura inadequada de textos como esse que transcrevemos, de Emmanuel, mas observemos: no texto dele, não se encontra a idéia de que, ao reformar o débito, o devedor venha a ter maior dificuldade de efetuar o pagamento. Não podemos nos esquecer de que o amigo espiritual está usando uma linguagem metafórica, não se pode interpretar isso dentro do contexto das dívidas que assumimos no mundo, em que o cobrador faz incidir juros sobre juros na cobrança. Em termos afetivos, o que ficamos devendo ao outro é o carinho, o amor, a atenção que não lhe pudemos dar na relação conjugal. Contudo, quem diz que não poderemos fazê-lo em funções afetivas diferentes: mãe/pai e filho, irmãos, amigos?”
(Trecho de “Conflitos Conjugais” - publicação FEEES/2003)
Pode-se acrescentar aqui que, na relação conjugal, não deve prevalecer a vontade de um em detrimento da vontade do outro. Ninguém deve abrir mão de si mesmo, silenciar sempre e reprimir seus desejos, anulando-se na relação. Isso inviabiliza a continuidade da vida a dois. Você faz isso por um tempo, mas não consegue fazer todo tempo. Uma vida é uma oportunidade ímpar de crescimento e o casamento é um exercício maravilhoso, para o desenvolvimento de nossas potencialidades. Anular-se não leva a essa realização, por isso, quando alguém se anula, mais cedo ou mais tarde, a relação se torna inviável.
1. EMMANUEL – Leis de Amor – cap. IV
P: - Gostaria de saber porque alguns casais se dão tão bem, enquanto outros, mesmo se amando, vivem um inferno.
R: - Porque as pessoas são diferentes. Deus nos criou assim absolutamente diferentes, cada um é um e, portanto, cada um reage de uma maneira própria diante dos desafios da vida. Além disso, precisamos considerar que o amor não é um elemento mágico que consegue cobrir nossas imperfeições. Ainda não aprendemos a amar como Jesus exemplificou. Nossa manifestação de afeto está condicionada ao nível evolutivo em que estamos, daí essa diversidade que você observou.
P: - Gostaria de saber como fazemos para achar forças para não sermos impacientes, frios, indiferentes e outros mais para com a pessoa que amamos, mas que convivemos por anos...
R: - Há muitas coisas boas a se fazer, para que, depois de anos de casamento, a gente ainda tenha a disposição psicológica para investir na relação. Um recurso muito bom é começar a fazer juntos uma coisa prazerosa e diferente, nunca antes experimentada, como, por exemplo: praticar um esporte, fazer aula de dança, iniciar um curso, participar de atividades beneficentes, etc. Qualquer atividade desafiadora, que ambos aceitem fazer com prazer, será fonte de novas trocas e renovará a motivação, sobretudo é preciso ter claro que o amor não estará em nossas vidas, a não ser que queiramos colocá-lo nela e a felicidade não é algo que vamos encontrar um dia, num futuro distante, mas uma opção que podemos fazer agora.
P: - Gostaria de saber por que muitas pessoas mas na sua maioria homens colocam o seu orgulho acima de seus sentimentos mais belos.
R: - Somos Espíritos criados simples e ignorantes, mas com potencial para atingir a plenitude de ser. Essa é uma lição básica do Espiritismo. O caminho evolutivo é longo. Vivendo muitas vidas, iremos preenchendo nossos vazios internos com as virtudes que precisamos fazer germinar e crescer. Enquanto isso, nossas manifestações na vida de relação com os nossos semelhantes mostram as imperfeições predominantes em nós mesmos. Segundo os Espíritos, o orgulho e o egoísmo são as duas raízes de todos os males. Ainda estão muito presentes em nosso mundo, porque a Terra é um planeta de provas e expiações, e os Espíritos que aqui encarnam, considerando aquele caminho evolutivo de que falamos, estão mais próximos do início da jornada que do seu fim. Precisamos ter paciência com o outro, porque também estamos no mesmo barco. Temos nossas próprias fragilidades. Ter paciência, contudo, não é acomodar-se com as coisas como estão, ao contrário, é trabalhar para que mudem, mudando primeiro a nós mesmos.
P: - O que se deve fazer apos tentar de toda maneira não destruir um lar, mas o parceiro de qualquer forma não quer nem saber, o que ele quer mais é que o mundo se acabe? Como agir?
R: - Não podemos fazer a parte que cabe ao outro. Será preciso respeitar a escolha dele, seja ela qual for. Se você tem consciência de que fez o que estava no seu limite fazer, chame o companheiro para um diálogo maduro.
Explique sua posição com calma. Diga-lhe o quanto ele é importante para você e que seu esforço tem sido no sentido de encontrar um caminho que ambos possam trilhar juntos. Espere que ele fale e procure entender a posição dele. Peça a ajuda espiritual pela oração, ampare-se na amizade de pessoas confiáveis e prossiga vivendo, minha amiga. Deus que tudo vê, não a deixará sem amparo nos momentos difíceis.
P: - Quais são as principais causas dos conflitos conjugais?
R: - Há um trecho no livro “Conflitos Conjugais” que responde a essa indagação:
“Precisamos nos conscientizar de que as pessoas, apesar de terem nascido numa mesma cultura e, às vezes, até do mesmo pai e da mesma mãe, diferem na maneira de perceber, pensar, sentir e agir, porque são Espíritos que têm sua trajetória própria, sua individualidade. As diferenças individuais são inevitáveis, mas essas diferenças não são, em si mesmas, boas nem más, e deveríamos considerá-las valiosas, porque propiciam maior riqueza à interação humana. Das diferenças nascem as discussões, as tensões e insatisfações e os conflitos interpessoais. A partir de idéias e percepções diferentes, as pessoas se antagonizam.”
As causas dos conflitos conjugais estão também aí. Na pesquisa que empreendemos e resultou no livro, encontramos as seguintes fontes de conflito na relação matrimonial: adultério, alcoolismo, obsessão, divórcio, luxúria, falta de diálogo, egoísmo, diferença religiosa e ciúme.
P: - Conflitos conjugais são "Carmas"?
R: - Não. A palavra carma tem uma conotação de castigo e fatalidade que não cabe aqui. Conflitos são ocorrências naturais da vida de relação, são inevitáveis na experiência dos seres encarnados em mundos de provas e expiações, mas não são patológicos, nem destrutivos. Há muitos aspectos positivos no conflito. Podemos dizer que um conflito previne a estagnação e estimula o interesse, pois, quando ele se apresenta, instiga a nossa curiosidade em olhar para o outro, a fim de entender suas manifestações.
Queremos saber porque o outro pensa e sente de forma diferente. O conflito é positivo também, porque descortina os problemas e, assim, possibilita encontrar soluções.”
P: - Como superar traumas que acabam gerando sérios conflitos conjugais?
R: - Primeiro, precisamos querer mesmo superar. Há pessoas que gostam do papel de vítima. Se quisermos superar, podemos procurar ajuda na casa espírita, pois todas oferecem o atendimento fraterno e o tratamento espiritual, que nos darão idéias novas a respeito de nós mesmos e da vida, para superarmos o limite pelo qual ainda estamos vendo o problema. Há também a possibilidade de obter ajuda com os terapeutas do mundo. Alguns casos atendidos por nós e relatados no livro “Conflitos Conjugais” nos mostram que os Espíritos recomendam terapia para as pessoas, cuja problemática se enraíza em processos inconscientes e que não conseguirão trabalhar esses arquivos internos sozinhas.
P: - Por que existem tantos conflitos conjugais? Maridos bêbados, esposas tiranas, ciúmes doentios, infidelidade, incompreensão, falta de diálogo, ausência de cumplicidade... Olho ao redor e apesar de todos terem se casado porque quiseram, os conflitos são enormes...Ficam enormes...Será que todos erraram ao se casar?
R: - Não é que as pessoas erram, ao se casarem. O que ocorre é uma ausência completa de preparação para o casamento. As pessoas entram nessa experiência com um ideário romântico que não sustenta ninguém no embate com a realidade, mas o fator determinante desse quadro difícil que você descreve está em nós mesmos. As imperfeições das almas num mundo como o nosso são muitas e dificultam as nossas relações afetivas. Precisamos começar a nos preocupar em educar para o amor, única maneira de minimizar esses problemas.
P: - Há pessoas espíritas que permanecem casadas em uniões difíceis, tristes por acharem que é o "seu carma". Isto está certo? Até que ponto deve-se permanecer casado por causa de um carma ou se separar independente do carma?
R: - Já comentamos anteriormente os motivos pelos quais não devemos nos prender ao conceito de carma. O que devemos considerar é que o casamento é uma coisa séria e a opção pela separação não deve ser tomada, sem que se tente de todas as formas resolver as dificuldades.
O conselho dos Espíritos aos casais é sempre no sentido de que devem desenvolver as qualidades da alma para possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo familiar e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem todos meios de resolução do problema antes de optar pela separação. Mas eles não dizem que as pessoas estão impedidas de se separarem. Há situações que se tornam insustentáveis, contudo só os que estão vivendo o problema podem decidir o caminho a seguir. Não nos cabe incentivar as separações, nem aconselhar a pessoa a permanecer casada custe o que custar.
P: - Existe algum livro atual que poderia nos esclarecer sobre os conflitos
conjugais?
R: - Há muitos livros que trabalham com o tema casamento na bibliografia espírita e na bibliografia não espírita. Todos, de alguma maneira, acabam tratando dos conflitos conjugais e propondo alguns caminhos de solução. Nos livros que escrevi: “Os Caminhos do Amor”, “Os Caminhos da Liberdade” e “Conflitos Conjugais”, há uma bibliografia no final. Você poderá consultar essas relações como ponto de partida para suas pesquisas.
P: - O que fazer quando a crise existencial que atinge o cônjuge resvala pra você e ele começa a achar que não é feliz por sua causa?
R: - O melhor caminho é o tratamento espiritual. Procure uma casa espírita da sua confiança e peça ajuda. O passe e a água fluidificada lhes darão um reforço energético, para superar a provação. As reflexões doutrinárias ampliarão a perspectiva de análise do problema e é possível que o cônjuge infeliz acabe encontrando as verdadeiras raízes da sua infelicidade. Além
disso, se houver a influenciação por espíritos inferiores, eles serão tratados.
Se vocês ainda não fazem a reunião semanal de estudo do Evangelho no lar, inicie imediatamente, para que os bons Espíritos trabalhem a ambiência do lar, garantindo a presença de fatores energéticos edificantes. Se o outro não aceitar a sugestão, faça você o tratamento e coloque o nome dele para irradiação à distância. Os terapeutas do mundo também podem ajudar bastante.
P: Quando sua prova é pesada com sua família, devemos correr,ou sentenciar nossas vontades para fazer a vontade do bem geral da família?
R: - Geralmente essa sensação de carregar um pesado fardo, em relação à vida familiar se fundamenta nos débitos que internalizamos de vidas passadas, por não termos resolvido a contento nossos compromissos afetivos. A vida está dando uma nova chance. Precisamos aprender a ver dentro de nós mesmos, sondar os motivos verdadeiros da nossa infelicidade, para que possamos superá-la. Deus não quer a nossa infelicidade, portanto o que nos infelicita não é determinação d’Ele, mas algo que nasceu de nossas próprias escolhas. Você pode escolher agora quitar-se com sua consciência, pela dedicação ao grupo familiar. Mas isso só vale, se você conseguir encontrar a alegria de estar fazendo isso. Fazer as coisas como um animal que carrega pesada canga e se dirige ao matadouro, não vai adiantar nada. Procure ajuda espiritual e, se estiver se sentindo muito frágil, socorra-se com os terapeutas do mundo. Correr não é o melhor caminho para resolver os desafios da vida.
P: - Quando saber a hora em que o relacionamento se desgastou ao ponto de um divórcio?
R: - Emmanuel, com a comparação da relação conjugal a um corpo doente, deu uma indicação bem clara. Se a relação está tão doente que está adoecendo também as pessoas envolvidas, inviabilizando sua encarnação, degenerando em agressões físicas ou morais, e, se já foram tentados todos os caminhos de resolução do problema, sem êxito, é hora de optar pelo divórcio, como recurso extremo, para garantir a continuidade do projeto encarnatório.
P: - Participei de um Forum não espírita e, sim, com foco na Medicina sobre
Sexualidade masculina e foi divulgado o resultado de uma pesquisa onde dizia que nos casamentos atuais a maioria dos homens se recusavam a separação por ter "ele" mais necessidade hoje de manter uma família e que essa não era a preocupação maior da mulher que a pesquisa revela que a separação se dá mais pela falta do afeto. Achei muito interessante essa revelação e gostaria que você na visão espírita falasse um pouco.
R: - O ser humano é um animal racional, dotado de pensamento contínuo que necessita de uma complementação psicofisiológica que lhe garanta a estabilidade emocional e nada melhor que um relacionamento sexual saudável para essa manutenção. Contudo o relacionamento que procurasse apenas uma atividade animal dissiparia energias, não traria satisfação íntima de plenitude. Por isso, todos buscam a parceria amorosa que possa garantir essa troca em níveis de estabilidade e segurança. Constituir uma família, pela definição de uma parceria amorosa estável é algo muito bom e acredito que seja a motivação predominante tanto do homem, quanto da mulher, ao decidirem casar-se. Do ponto de vista do Espiritismo, homens e mulheres são iguais perante Deus. Não há Espírito masculino e Espírito feminino. O Espírito não tem sexo. Mas há diferenças no aspecto psicológico, pois cada um tem um papel a desempenhar no cenário da vida. A encarnação em corpos de polaridade masculina permite o desenvolvimento de valores diferentes daqueles que são desenvolvidos na encarnação feminina. Há diferenças também culturais. Há uma herança cultural proveniente do sistema patriarcal que contamina as relações amorosas em nossa sociedade.
Talvez o que essa pesquisa esteja revelando em relação à mulher seja resultado do momento histórico que estamos vivendo.
Estão as mulheres emergindo de um passado de submissão e subalternidade e começam a ocupar seu espaço, participando mais decisivamente da construção de um novo estilo de vida. As pesquisas sociológicas provam que a supremacia masculina foi obtida pela violência. O homem, dotado pela natureza de maior força física, utilizou esse recurso para dominar e oprimir o mais fraco. A mulher, fisicamente mais frágil, porém portadora de maior sensibilidade, tem sabido adaptar-se aos diferentes contextos, exercendo sempre uma influência disfarçada no meio social, adestrando-se nas sutilezas da sedução e do envolvimento. Embora neste século tenhamos caminhado a passos largos em diversas direções de progresso, esse jogo de força e sedução ainda predomina nas relações entre homem e mulher, gerando distorções e conflitos sempre crescentes.
O futuro definirá caminhos de igualdade para o homem e a mulher em todos os planos da vida social. Esse equilíbrio de forças permitirá que também na vida a dois haja maior harmonia, mas por enquanto há um grande desafio a vencer, porquanto o mundo em transição representa um contexto de turbulência que dificulta a todos nós o equilíbrio nas relações afetivas. Os estudos espíritas podem nos ajudar a entender com mais clareza tudo isso. Quando as demais ciências vencerem o preconceito em relação às pesquisas espíritas, certamente alcançaremos a possibilidade de construir a sociedade renovada pela qual tanto ansiamos.
P: - Gostaria de saber o que leva um homem espirita que aparentemente tem uma excelente vida conjugal, assim ele diz que tem, a trair a esposa?
R: - Em síntese, diríamos que a causa são as imperfeições morais que ele ainda não conseguiu corrigir, mas poderemos detalhar alguns fatores que favorecem esse comportamento: 1o - a falta de disciplina das próprias energias sexuais, o desejo surge como resposta à vivência que valoriza a matéria e o imediatismo da vida transitória no corpo físico. 2o – a falta de maturidade do senso moral, que determina uma ligação perispírito/corpo, com um ascendente do corpo sobre o Espírito. 3o – falta de educação afetiva. Durante a formação desse homem, prevaleceram valores machistas: homem que é homem prova isso pela performance sexual. 4o – as facilidades do momento por que passa a sociedade.
Com a liberação feminina, a mulher tornou-se alguém também com propósitos de vivência afetivo-sexual desvinculada do comprometimento formal. As mulheres procuram mais, investem na sensualidade e manifestam um comportamento liberado, não se importando se o parceiro é casado ou não. Além disso, a mídia pela propaganda veicula uma mensagem forte de incentivo à prática sexual desvinculada do compromisso moral.
O que é preciso ressaltar, contudo, é que um homem que seja a encarnação de um Espírito já moralizado não se deixará arrastar pelos impulsos das paixões, ou pelas influências do contexto social em que vive. Prevalece, pois, como causa do comportamento mencionado a inferioridade moral dos Espíritos encarnados na Terra. O conhecimento da Doutrina Espírita, por si só, não altera o comportamento do indivíduo. A partir desse conhecimento, cada um deverá empenhar-se em sua própria reforma moral.
P: - No meio Espírita é muito difícil quando um casal resolve separar, ainda mais quando o homem ou a mulher ou ambos tem dentro da casa espírita funções de relevância como Presidente, Diretores ...O que você poderia falar sobre esse assunto já que é irremediável a separação quando todas as possibilidades já foram tentadas?
R: - O preconceito ainda é muito forte na sociedade e o movimento espírita, sendo produzido por seres formados por essa sociedade, carrega também essas características. É preciso organizar seminários, simpósios, mesas redondas, enfim, dinâmicas que permitam uma discussão desses assuntos, a partir de uma leitura mais adequada da Doutrina Espírita, para que possamos vencer os preconceitos e criar um movimento mais compatível com o espírito da Doutrina, que é de conscientização, responsabilidade e respeito à liberdade que cada um tem de escolher seu próprio caminho. Jesus disse: “Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem.” O comportamento preconceituoso contra os que se separam, isolando-os dos trabalhos que poderiam apoiá-los em momentos tão difíceis não é um comportamento amoroso.
P: - Se um relacionamento conjugal sobrevive a várias separações, e mesmo que se sinta uma mudança dos sentimentos (por exemplos, se o que sentimos pela pessoa hoje difere do amor que devotávamos antes, passando a ser quase um amor fraterno, menos carnal, a despeito da libido que essa pessoa ainda nos desperte), pode significar que esse cônjuge tem comprometimento direto com nosso plano reencarnatório? Ou seja, se isto pode ocorrer, mas paralelamente ocorra um sentimento de comprometimento por outra pessoa, de nossa parte, diante da possibilidade de retomar o antigo relacionamento, qual caminho seguir, quando se pretende atender ao plano prévio? Há como identificar qual compromisso seguir, de acordo com o planejamento? Podemos ter acesso a ele, no caso específico de uma escolha de natureza afetiva?
R: - Um planejamento é um roteiro que traçamos, antes de encarnar, para desenvolvimento de potenciais que trazemos em estado latente. Como isso aconteceu anteriormente à tomada do corpo físico, as informações estão em nossa memória profunda e funcionam como uma voz interior que nos adverte, quando estamos nos desviando do rumo que pretendíamos seguir. Quanto mais apegados à matéria, menos teremos condições de acessar as informações que estão nesses arquivos mais profundos e maior será a probabilidade de erro. Por isso recomendaram os Espíritos o auto-conhecimento. Conhecer-se é analisar os próprios impulsos, os próprios sentimentos, sondar as razões pelas quais agimos de um modo e não de outro. Quando estamos envolvidos nesse processo, desenvolvemos nossa identificação com o ser espiritual que somos, vencemos os limites da matéria e podemos ouvir com mais clareza a voz interior que nos orienta e encaminha para o bem. Portanto a única pessoa que pode responder adequadamente à sua indagação é você mesmo. Lembre-se de que temos muitos contatos afetivos construídos, ao longo de muitas vidas. Podemos reencontrar muitos amores numa encarnação, mas devemos ter seriedade de propósitos e comprometimento com aquela pessoa a quem prometemos fidelidade e parceria.
P: - Serão as diferenças de visão e atuação entre duas pessoas que se amam, o que se poderia entender por conflitos, quando não conseguem chegar a um só termo, prova de que devem cultivar a relação, como forma de aprendizado para ambos?
R: - Exatamente. A relação é um exercício excelente, para aprimoramento das nossas potencialidades. Precisamos entender que somos diferentes e, por isso, temos percepções diversas de um mesmo fato, temos opiniões e sentimentos diferentes. Respeitar as diferenças e saber dialogar sobre elas é o caminho para fazer do conflito uma fonte de crescimento. O conflito é natural e pode ser até muito positivo. O ruim é a radicalização e o antagonismo, que nos fazem ver o outro como adversário.
P: - O que fazer, diante de uma certeza de diferença de grau evolutivo entre duas pessoas que se amam e pretendem se casar: a que entende essa diferença deve interromper o curso dos acontecimentos ou deve insistir na relação? Se esta intuitivamente sente que não é o momento certo para esse encontro, não estará impondo um mal à outra?
R: - As diferenças de grau evolutivo serão certamente fonte de muitos conflitos na vida a dois, mas se existir amor verdadeiramente, aquela pessoa que se encontra num nível maior saberá auxiliar a outra, sem humilhá-la, a crescer também. A solidariedade é lei divina. Os mais fortes devem amparar os mais fracos, afirmam os Espíritos. Mas gostaria de alertar quanto à ilusão que nos faz ver as coisas de uma forma distorcida. O que lhe faz concluir que há diferença de grau evolutivo? Isso é muito complexo e você pode estar fazendo uma leitura inadequada de si mesmo e da outra pessoa. Procure ajuda para entender a situação. Converse com pessoas mais experientes que conhecem você e a outra pessoa, ouça os conselhos dos mais velhos. Se necessário, recorra a uma terapia para se conhecer melhor, antes de tomar uma decisão.
P: - Se diante de um momento conflituoso, um dos cônjuges sente necessidade de romper o compromisso, de se afastar por ser um problema de ordem individual, e com isso cause grande sofrimento ao outro, estará incorrendo em erro, estará fazendo mal aquela pessoa, mesmo que entenda essa atitude como necessária?
R: - A separação é sempre uma fonte de sofrimento, por mais que a gente tente minimizar isso. Não há como evitar a dor da ruptura dos laços energéticos construídos pelo investimento afetivo que as pessoas fazem motivadas pelas promessas do tempo de namoro. Naturalmente que aquele que rompe assume a responsabilidade pelas conseqüências do rompimento, por isso é preciso ter muito claro para si mesmo que esse é o melhor caminho, antes de tomar a decisão. Daí a recomendação de Emmanuel de que se faça todo o esforço possível para manter os laços afetivos e apenas se apele para a separação, quando a relação estiver tão comprometida, que determine a destruição do projeto de crescimento afetivo das pessoas envolvidas.
Não se perturbe tanto pela questão do erro. Errar faz parte da vida dos seres encarnados em mundos de provas e expiações e todos aprendemos também com os nossos erros. O que não podemos é permanecer no caminho errado, mesmo depois de esclarecidos quanto aos nossos equívocos.
P: - Qual o papel do matrimônio nos planos de Deus para nós?
R: - Deus nos criou simples e ignorantes, mas aptos a atingirmos a plenitude de ser. Nesse processo de crescimento, as relações afetivas desempenham um papel preponderante. O homem que se isola não cresce. Nós nos aprimoramos é no contato com os nossos semelhantes. Na vida de relação, aprendemos a lidar com os sentimentos, os impulsos, os desejos, e, assim, vamos nos aperfeiçoando. A princípio, vivendo em bandos, os homens se relacionavam sexualmente de modo promíscuo. O casamento foi uma instituição que normatizou a vida sexual das criaturas, definindo responsabilidades. As leis sociais servem para dar diretrizes às ações das criaturas, permitindo a elas a disciplina necessária ao trabalho que precisam realizar em prol de sua própria evolução.
Uma sociedade em que se abolisse o casamento e a vida familiar, como dizem os Espíritos, geraria um recrudescimento do egoísmo. Viver em família, com responsabilidade e comprometimento, desenvolve os valores da alma. O casamento é, pois, um exercício maravilhoso para o desenvolvimento da nossa capacidade de amar.
P: - Qual o papel da mulher em relação à solução dos conflitos conjugais, segundo a visão espírita?
R: - Afirmam os Espíritos que, perante Deus, são iguais o homem e a mulher, pois a ambos outorgou o Pai o discernimento do bem e do mal e a capacidade de progredir. Mas ensinam também que as diferenças observadas na organização física servem para designar a homens e mulheres funções específicas no agrupamento humano. Esclarecem que as funções atribuídas à mulher são mesmo mais importantes do que aquelas legadas ao homem, uma vez que cabe à mulher influir mais decisivamente sobre os seres que renascem, transmitindo-lhes as primeiras noções da vida. Para desempenhar a função que lhe cabe no seio da família, a mulher foi dotada de mais intuição e sensibilidade, por isso, se ela quiser, poderá utilizar essa potencialidade, para entender como o marido se sente e favorecer a harmonização na relação conjugal.
P: - Existe de verdade sob a ótica espírita os casamentos acidentais?
R: Não existem casamentos acidentais, porque não há acaso. Tudo o que nos acontece é resultado da lei de ação e reação. O que podemos dizer é que nem sempre cumprimos o que definimos em nosso planejamento de vida, aquele que fizemos antes de encarnar. O casamento resulta de uma escolha que as pessoas estão fazendo e essa escolha pode ser equivocada, pois não há uma orientação em nossa cultura, para que os jovens saibam com mais clareza os motivos verdadeiros de suas escolhas. Geralmente, o apego aos valores transitórios da vida, acabam nos situando na superfície da experiência e nos deixamos levar pelas aparências, ou por outros motivos ligados às questões transitórias. Não nos conhecemos verdadeiramente e, por isso, tomamos decisões muito inadequadas.
O que se precisa saber, contudo, é que depois de feita a escolha e estabelecido o vínculo, mesmo que ele não seja a realização do plano anteriormente traçado, ele não é um acidente, pois resultou da escolha feita com uso do livre-arbítrio e, por isso mesmo, passou a haver um compromisso que deverá ser encarado com seriedade.
P: - Como perdoar, de verdade, uma traição? Apesar de continuar casada e feliz depois de ter sido traída, as vezes, choro, sofro e fico magoada por ter passado por isso.
R: - Modifique seu pensamento, não permitindo que voltem à tona as lembranças infelizes. Se os fatos já ficaram no passado, por que ficar revivendo-os pela imaginação?
Kardec ensina o seguinte:"Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura. Em geral, os encarnados que o cercam nada vêem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas, os Espíritos o vêem e folheiam conosco. Em dadas circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa ou perturbá-la" (1).
A tendência de ficar lembrando as coisas ruins pode indicar uma influência espiritual negativa. Procure pensar nas coisas boas que existem em sua vida e deixe de vez o passado para trás. Lembre-se de que ser feliz é uma escolha que fazemos a cada dia.
(1) ALLAN KARDEC - Obras Póstumas. Primeira Parte: Fotografia e Telegrafia do Pensamento.
P: - É possível em um casamento quando há traição, mentiras por parte do marido, haver uma chance de reconciliação?
R: - Acredito que sim, desde que ambos se comprometam e reconstruir a relação com honestidade. Do lado do marido, precisará haver um esforço grande no sentido de alcançar a disciplina das próprias energias sexuais e, do lado da esposa, uma disposição para esquecer os maus acontecimentos, para que a esperança seja o sentimento predominante na intimidade, orientando a reconstrução. O tratamento espiritual poderá ajudar muito. O casal deve procurar uma casa espírita de sua confiança para ir semanalmente tomar os passes e obter a ajuda espiritual. A terapia com psicanalista e psicólogo também seria um bom recurso.
P: - Os conflitos conjugais começam muitas vezes por cada um dos cônjuges exigir do outro, isto é não "dar-se" ao outro sem esperar nada em troca. A minha questão é, como evitar estes conflitos sendo uma das partes irresponsável nas suas tarefas? Será do agrado de Deus uma parte sobrecarregada e ainda por cima não reclamar?
R: - Não. Deus não quer a infelicidade de suas criaturas, mas a relação a dois é uma construção que ele delega a nós. Precisamos assumir nossa responsabilidade e definir posições. Quando as pessoas se casam, estão movidas por um ideal romântico irrealizável, não se prepararam antes para o casamento, não conversaram sobre os encargos na construção de um lar. Depois do casamento, é preciso sair do nevoeiro da ilusão, para encarar a realidade. Algumas pessoas não conseguem fazer isso. Preferem assumir um comportamento irresponsável e inconseqüente. Nesse caso, é preciso dialogar, fazer acordos, dispor-se sempre a analisar o problema, sem agredir o outro, sem fazer cobranças. Chame o companheiro para uma conversa séria. Fale de como a relação é importante para você, porque o amor que os uniu ainda existe. Depois tente firmar um acordo, definindo a parte de um e de outro. A partir daí, faça a sua parte e, se ele não fizer a dele, deixe sem fazer, porque, se você começar a fazer tudo, ele vai acomodar-se novamente. Volte ao diálogo sempre que necessário, mas fale com amor e não com irritação e agressividade. Acusações, lamúrias, queixas, xingamentos não ajudam em nada na resolução de conflitos.
P: - Devemos nos calar diante dos erros do parceiro? Exemplo, quando humilha, dizendo que somos incapazes, inclusive na frente dos filhos, é melhor nos calarmos, e deixar que os mesmos tirem suas conclusões?
R: - Quando essa atitude acontece, é sinal que a relação já vem com problemas há mais tempo, sem que os dois tenham se decidido a encarar de frente a dificuldade que se instalou. Está faltando diálogo na vida conjugal, o que é fundamental para ajustar duas personalidades que estão desejando permanecer unidas. O melhor caminho é começar a dialogar. Você deve dizer claramente como essa atitude dele está afetando você. Fale de seu sentimento com sinceridade, mas faça isso em conversa particular. A atitude de desrespeito dele não pode ser desconsiderada, pois ele poderá extrapolar os limites da agressão verbal, partir para outros tipos de agressão e criar dificuldades maiores. Faça-se respeitar. Seja amorosa, porém firme em suas posições.
P: - Como abordar o defeito do cônjuge?
R: - Para fazermos isso, necessitamos analisar a nós mesmos, nossos padrões de vida, nossos hábitos, nossas atitudes cotidianas, para constatar que também temos muitos defeitos. A partir daí, devemos nos perguntar como gostaríamos que os outros agissem conosco, em relação às nossas próprias deficiências. Jesus ensinou: Fazei aos outros o que gostaríeis que eles vos fizessem. Devemos usar esse critério, para saber como atuar junto ao cônjuge, para conscientizá-lo dos aspectos que precisa aprimorar em si mesmo. Se agir assim, vai naturalmente encontrar o melhor caminho a seguir, porque, sendo honesto consigo mesmo, qualquer um vai reconhecer que não gostaria de ser criticado, de receber recriminações na frente de terceiros, de ser punido com a indiferença, ou coisas do mesmo gênero.
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