De forma simples, poderíamos dizer que depois de criados por Deus, passamos a ser imortais, isto é, morre o nosso corpo a cada existência física, que pode durar um dia, dez anos, sessenta, oitenta, cem, cento e vinte anos, e assim por diante, cujo corpo se decompõe e se transforma, mas o Espírito, o ser pensante da Criação, o verdadeiro ser, jamais se extinguirá, o que significa dizer, em outras palavras, que saímos do corpo mas permanecemos na vida e, muitíssimo importante, com a preservação absoluta de nossa individualidade. Pela reencarnação, que literalmente significa entrar de novo na carne, passamos a ter uma nova existência física, material, de duração variável e, dependendo de nosso comportamento e outras circunstâncias, passível de antecipação ou prorrogação, sempre com o objetivo maior de aprendizado e crescimento, intelectual e moral. Assim, por exemplo, quando retornamos ao planeta Terra, um dos mundos habitados do Universo, trazemos a bagagem que construímos ao longo de existências anteriores e que nos pertence, individualmente, destacando-se as virtudes e os vícios, a ausência do saber ou o conhecimento consolidado, em seus múltiplos níveis. Como a Terra é, ainda, um planeta de expiações e de provas, em que prevalecem o mal e a imperfeição, salvo as exceções de Espíritos aqui participando de missões especiais, sempre voltadas para o Bem e para a sua prática, carregamos em nossa intimidade o chamado homem velho, com suas dificuldades ainda não superadas, de que são exemplos o orgulho, o egoísmo, a vaidade, a arrogância, a prepotência, a mentira, a frieza, o cinismo, a corrupção em seus diversos patamares, a agressividade física ou verbal, etc., que insistem em nela permanecer e, o que é mais grave, em nela prevalecer. Daí ser a reforma interior, para melhor, uma das metas da veneranda e abençoada Doutrina Espírita. Com efeito, como se pode observar no dia-a-dia, prestando-se atenção e usando-se o raciocínio lógico, a Terra tem servido como hospital, prisão ou escola, dependendo da necessidade de cada um de nós, e tantas vezes nestas três funções principais de maneira simultânea. De tal modo que, para exemplificar, estamos neste planeta encarnados para aprender, crescer, evoluir, buscar o aperfeiçoamento intelectual e moral, exercitar a fraternidade e, sobretudo, aprender cada vez mais a amar, em sua mais ampla expressão, ainda que isso se dê a pouco e pouco. Claro que esses objetivos só são alcançados com vontade firme, esforço, disciplina, adaptação, sacrifício, observação, autoconhecimento e estudo, como de resto se exige para qualquer conquista, uma vez que nada se obtém sem esses ingredientes, e muito menos de graça, especialmente no campo moral. Mas, além de perfeitamente factível, tal empreitada é prazerosa e revigorante, em primeiríssimo lugar, por sabermos que somos imortais e que, portanto, viveremos por todo o sempre; em segundo lugar, pela clara percepção de que o futuro está em nossas mãos, dependente das sementes que escolhermos, uma vez que colheremos exatamente aquilo que plantarmos, daí o ensinamento do Cristo, tantas vezes esquecido, de que a semeadura é livre mas a colheita obrigatória; em terceiro lugar, porque na medida em que progredimos sentimos uma satisfação íntima indescritível e, deveras relevante, vamos nos tornando pessoas melhores, mais agradáveis, mais compreensivas e tolerantes, de melhor e mais fácil convivência, úteis, cada vez mais úteis, respeitadoras, simples, confiantes, mais otimistas e alegres, havendo grandíssimos benefícios para todos em decorrência de nossa nova conduta, tornando-nos capazes de auxiliar as pessoas, próximas ou distantes, no mínimo por nosso comportamento, prestando, assim, ainda que muitas vezes sem o notar, enorme contributo à harmonia e ao equilíbrio das relações humanas, nesta sociedade plural em que todos somos interdependentes, em maior ou menor grau. Às vezes, é bom que se enfatize, são necessários apenas pequenos esforços, bastando a vontade, somente a vontade, como bem o confirma a lição evangélica, que de há muito conhecemos. Consideramos um bom começo, sem dúvida, e nele nos incluímos, o treinamento destinado a policiar as nossas más inclinações, vale dizer, impor silêncio a eventual desejo de participar da maledicência, freiar o ímpeto de reagir com agressividade, de qualquer espécie, tratando as demais pessoas com o maior respeito, sempre, independentemente de idade, sexo, cor, religião, profissão, condição social ou financeira, etc., eliminando em nós quanto possível o orgulho e o egoísmo, sem nenhuma dúvida as maiores chagas da população terrestre, uma vez que somos irmãos, do ponto de vista da vida verdadeira, que é a vida espiritual, de onde proviemos e para onde regressaremos, sendo todos, sem nenhuma exceção, filhos de Deus, nosso Pai Celestial. Neste treinamento, incluamos o Bem e a sua prática constante em nossa agenda diária de compromissos com a Vida, ajudando a outras pessoas, auxiliando sem aguardar qualquer recompensa, fazendo o Bem pelo Bem, sempre. Recordemo-nos de que não basta não fazer o mal, é indispensável fazer o Bem, a fim de que não sejamos responsabilizados pelo mal que decorra do Bem que não praticamos. Procuremos enxergar no próximo um irmão e fazer a ele o que gostaríamos que ele nos fizesse, tal como nos ensinou Jesus Cristo, Mestre, amigo e companheiro de todas as horas, com o que, com toda a certeza, seremos muito mais felizes, desde agora. |
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Reforma íntima - Antônio Moris Cury
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