segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

REFORMA INTIMA - Henrique Fracalanza



Em toda Casa Espírita as pessoas vão ouvir falar constantemente sobre Reforma Intima.

Trata-se da modificação que devemos empreender em nos mesmos visando nossa melhoria.

Por que isso? Porque é através da nossa melhoria que tudo em nossa vida pode mudar para melhor.

A maioria dos nossos males provem das nossas próprias ações.

Os sofrimentos que padecemos, as doenças que nos infelicitam, as dores morais que nos fustigam, os inimigos que se levantam contra nós, são em ultima analise resultados das nossas ações erradas.

Se prejudicarmos alguém, poderemos ter criado aí um inimigo que, não nos perdoando o gesto infeliz, poderá se transformar em perseguidor a nos atazanar a existência.

Qualquer mal feito à alguma pessoa resultará em males a nos atingir no futuro na forma de doenças, dificuldades na vida, contratempos equivalentes ao mal proporcionado àquela criatura.

Se tivermos vícios como a bebida, o fumo, as drogas, e outros, somos sérios candidatos a graves doenças físicas resultantes desses vícios, podendo até encontrarmos a morte na situação indesejável de suicidas inconscientes - que pode tornar-se suicídio consciente, quando o viciado é sabedor dos riscos que corre, e ainda assim persiste no vicio.

Se tivermos o habito da maledicência, enxovalhando o nome e a honra das outras pessoas, colheremos adiante a calunia e o falso testemunho atirado contra nos, e viveremos num clima de azedume resultado das vibrações de ódio emitidas contra nos, quando a vitima vem a saber da nossa indiscrição.

Se cultivarmos hábitos nocivos como a lamentação indevida, o pessimismo crônico, a rebeldia ante as dificuldades e os insucessos da vida, a hipocondria, a censura gratuita às outras pessoas, a tristeza permanente, os pensamentos indignos, o palavreado chulo, a busca pelas sensações desenfreadas de baixo nível, estaremos nos predispondo a viver em clima de desgosto e aflição.

Se agirmos com desonestidade nos negócios, enganando e nos aproveitando dos outros, seremos atingidos no futuro por miséria e falência, se não nesta vida, em uma vida futura.

Se fizermos mal uso da riqueza material, utilizando-a somente para usufruto pessoal, para satisfação dos nossos desejos, egoisticamente, sem colocar esses recursos em ação também a beneficio de outras pessoas, seja na forma de empreendimentos que criem empregos dignos, seja no auxilio direto aos necessitados, estaremos nos condenando a uma vida futura de pobreza e dificuldades materiais.

Se estivermos em cargos públicos e fizermos o uso da maquina publica a nosso favor, descuidando de atender ao povo que espera nossa atenção, também colheremos certamente no futuro a miséria.

Enfim, tudo que fizermos em desacordo com a lei do bem e do amor, cumprindo a regra de ouro deixada por Jesus que é o “fazei aos outros somente aquilo que gostaria que vos fizessem a vos”, serão com certeza dissabores a nos facear a existência.

Por isso recomenda-se sempre a Reforma Intima.

Mudando nosso comportamento e atitudes para melhor, não criaremos dificuldades para nosso futuro, alem de proporcionar desde já uma vivencia mais saudável e equilibrada.

Para isso é necessário atentar nas lições que são permanentemente prodigalizadas nos centros espíritas e também recorrer a leitura dos livros da doutrina para nosso esclarecimento.

Devemos ter sempre em mente que ouvir as leituras e exposições é muito mais importante que o tratamento a que vamos nos submeter, ou a reunião publica que vamos simplesmente assistir.

De nada, ou de pouco adianta freqüentar uma casa espírita buscando ali o passe, a água fluidificada, o trabalho de desobsessão em nosso favor, se não modificarmos a nossa forma de ser e agir. Aí, o tratamento na casa espírita será somente um paliativo, um curativo que se faz na ferida aberta, sem contudo se conseguir extirpa-la, porque continuamos a agir erradamente agravando nossas feridas abrindo outras novas.

A casa espírita e seus trabalhadores, nessa situação, são compelidos a agir como quem está secando gelo com toalha, ou seja, aliviando momentaneamente os sofrimentos sem conseguir estanca-los, para depois a criatura voltar a errar, e tornar ao centro na semana seguinte igual ou pior do que estava.

Comportam-se como a criança estouvada que raspou o joelho e vem buscar socorro com sua mãe. Ela carinhosamente limpa e ferida e faz curativos, não sem antes dizer ao filho para tomar cuidado, para ser mais prudente, não ser tão atirado, e etc. Se o filho não escutar sua mãe, certamente irá se ferir de novo, voltando para ser cuidado, com a mãezinha renovando seus conselhos para maior cuidado nas brincadeiras. Se ele persiste em não ouvir, continuará se ferindo até que uma dor maior o faça parar e refletir, atendendo então aos conselhos de sua mãe. Caso tivesse inicialmente atendido as recomendações, não teria se ferido de novo.

Da mesma forma acontece conosco, crianças espirituais que ainda somos. Vamos a casa espírita com a alma ralada de dor e angustia, recebemos ali o atendimento do passe e da água fluidificada, dos trabalhos de desobsessão, mas sempre recebendo antes o devido aconselhamento a nossa conduta por meio de leituras e exposições dos trabalhadores da casa visando nosso esclarecimento e despertamento para a vida correta de se viver. Se sairmos de lá sem nada termos absorvido das lições ministradas, nos feriremos novamente, e voltaremos na semana seguinte para novo tratamento. Se de novo não atentarmos para os aconselhamentos, tornaremos a errar, nos ferir, e voltar talvez pior do que antes, até que uma dor maior nos faça parar e aceitar as modificações sugeridas para nosso aperfeiçoamento.

Se junto ao passe recebido tivéssemos prestado atenção nas lições e as tivéssemos posto em pratica, não teríamos nos machucado novamente.

Por isso é que dizemos que evoluímos pela dor ou pelo amor.

Pelo amor é quando ouvimos os conselhos “com ouvidos de ouvir e olhos de ver” como dizia Jesus, colhendo ai as preciosas recomendações para nosso aperfeiçoamento moral, e rapidamente deixando de errar e sofrer.

Pela dor é quando teimamos em continuar como somos, errando e sofrendo as conseqüências, até sofrer uma dor muito grande que nos faça para e refletir.

Por isso a necessidade da tão propalada Reforma Intima. Não é uma mera obrigação religiosa, mas sim uma importantíssima e eficiente ferramenta de construção da nossa felicidade. Somente por ela é que deixaremos de sofrer. Não adianta recorrer ao socorro permanente da casa espírita, se não modificarmos nosso modo de ser e proceder.

Para efetuar a Reforma Intima, deve-se fazer o seguinte:

- Escutar sempre as lições, leituras e exposições da casa que freqüentamos.

- Procurar colocar em pratica as lições aprendidas.

- Ler o mais possível os livros para seu esclarecimento espiritual, como o Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, e os livros que possam auxiliá-los com exemplos de vida, como aqueles que narram passagens reais do cotidiano das pessoas, mormente os livros da psicografia de Chico Xavier, Divaldo Franco, Richard Simonetti, Carlos Bacelli, e outros divulgadores da doutrina dos espíritos.

- Efetuar o exame de consciência todos os dias antes de recolher-se. Examine se suas ações durante o dia não feriram a alguém, ou se seu comportamento foi correto, e se encontrar algo errado, procure consertar-se, e se possível desculpar-se com quem prejudicou ou ofendeu.

- Examine-se permanentemente, visando sempre sua melhoria intima, para que rapidamente diminuam seus padecimentos.

Com isso observado e colocado em prática, você vai perceber que as coisas começarão a melhorar, a dar certo. As dificuldades irão parecer menores e menos doloridas. As pessoas se aproximarão mais de você, e começarão a desaparecer as queixas que lhe faziam. A convivência com as pessoas queridas e do seu relacionamento social e profissional será mais agradável. Você passará a sentir mais otimismo e vontade de viver. Vai sentir sua vida mais equilibrada e harmoniosa. Tudo isso fruto da sua modificação intima.

Pois não é modificando o mundo a nossa volta que mudaremos a nossa existência.

É mudando a nos mesmos que o mundo será outro para nós, mais feliz, mais agradável e mais justo.


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