segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

8ª. AULA ORGULHO E HUMILDADE



I - PEDAGOGIA SITUADA
Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência, e como poderá esta existir juntamente com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os males. Dedicai-vos pois a tarefa de destruí-lo, se não quiserdes perpetuar as suas funestas conseqüências. (E.S.E., Cap. VII item J 2)
Importa conhecer os impulsos que estão dentro de nós mesmos. No entanto, o trabalho de prospecção interior deve ser suave. Não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos.
Como se comporta a maioria dos homens com relação ao orgulho? Não serão os valores deste momento que induzem ao orgulho? Quais são os valores de hoje que poderiam levar o homem a orgulhar-se de si mesmo? Será que esses valores ainda são importantes para nós?
Em questão de virtude, a nossa percentagem de capricho individual é invariavelmente enorme.
II - CAUSAS DO ORGULHO
1) INSEGURANÇA
A grande insegurança em nós mesmos nos leva a exaltar a nossa personalidade como mecanismo de defesa, no sentido de encobrir algum aspecto que não aceitamos em nós mesmos.
2) AMOR-PRÓPRIO
"Porque todos buscam o que é seu e não o que é de Jesus Cristo. " - Paulo (Fp., 2:21)
Quando colocamos "nosso eu próprio" em qualquer situação, devemos nos preparar para sofrer. É o Eu que se magoa, é o Eu que necessita ser reconhecido. E como é pesado o fardo que carregamos do Eu. O esforço em defesa de nossa Imagem, de nosso nome, de nosso prestígio, é mantido com a finalidade de impressionar os outros, para que nos valorizem ou nos considerem, porque assim passamos a gostar mais de nós mesmos. E o mais paradoxal é que alimentamos tal mecanismo porque procuramos o remédio para nossa Insegurança, quando na verdade, a verdadeira segurança consiste em não dependermos de nada que nos advenha do exterior.
A esse apego ao "eu", Emmanuel atribui a expressão "a cortina do eu".
"Por trás da cortina do 'eu', conservamos lamentável cegueira diante da vida (..) Em tudo e em toda parte apalxonamo-nos pela nossa própria Imagem ( .. ) infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive a procura do 'eu mesmo:" (Emmanuel in Fonte Viva, Cap. 101).
As pessoas não sabem o que significa a paz que alcançam quando deixam cair a carga do seu ego. O eu pessoal é uma posição que nos esforçamos por manter, e que por isso mesmo, é penoso. Paulo de Tarso, Jesus, conquistaram essa desidentificação de si mesmo, e que consiste no maior obstáculo à libertação.
''Já não sou eu, é o Cristo que habita em mim. "(Paulo) "Nada faço de mim mesmo, mas faço do modo como meu Pai me ensinou." Jesus (Jo., 8:28)
Não somos nada daquilo que acreditamos ser, nosso corpo, nossas coisas, nossa aparência, nossa reputação. Somos o que vivemos interiormente. Todos os homens buscam ligação com Deus, mas ainda se acham distantes da comunhão com a essência divina.
Jesus não se importava com a sua pessoa, mas sentia-se como um canal de expressão dos mananciais divinos.
"Não vim para fazer a minha vontade, mas a vontade de meu Pai que está nos céus." (Jo., 6:38)
Ele se colocava não como o Eu que exalta seus méritos, mas como a própria essência divina manifestando-se.
"Em verdade vos digo, o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma, ele só faz o que vê fazer o Pai, e tudo o que o Pai faz, fá-lo também semelhante o filho." (Jo., 5:19)
É assim que quanto mais nos fechamos para o Eu, mais nos abrimos para Deus. Quanto menores formos para o mundo, maiores seremos perante Deus e a nossa consciência.
3) VALORES MUNDANOS
Aquele que não encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto que aquele que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio. (L. E, 933)
O sentimento de orgulho está vinculado à questão de valores. Geralmente o orgulhoso é aquele que dá muita importância aos valores mundanos, e julga-se superior, por tal, perante os homens. Quanto menos importância dermos às coisas do mundo, menos orgulhosos nos sentiremos, pois todos os homens são iguais na balança divina, somente as virtudes nos distinguem aos olhos de Deus. Todos os Espíritos são da mesma essência, e todos os corpos foram feitos da mesma massa. (E.S.E, Cap. VII, item 11) No entanto, existem aqueles que "desejam" com veemência, as coisas deste mundo. Compara-se a felicidade à conquista de coisas supérfluas, quando, na verdade, a felicidade consiste precisamente na ausência de desejos. A humildade consiste justamente em um estado de ânimo que não vise, sem medida, às coisas mais altas.
III - EM QUE CONSISTEM O ORGULHO E A HUMILDADE?
1) O ORGULHO
O orgulho consiste, em suma, no elevado conceito que alguém faz de si mesmo, na estima excessiva de si mesmo. Vemos assim que na raiz do orgulho está também o egocentrismo. Na verdade, consiste em uma paixão que obriga a que se estime mais a si mesmo que a tudo quanto há no mundo. Sob esse aspecto o orgulho é um tirano que torna o homem escravo de si mesmo. Eis assim as características do comportamento orgulhoso, segundo O Evangelho Segundo o Espíritísmo:
O orgulho vos índuz a julgardes maís do que soís, a não aceítar uma comparação que vos possa rebaíxar, e a vos consíderardes, ao contrárío, tão acima dos vossos írmãos, quer em espírito, quer em posíção social, quer mesmo em vantagens pessoaís, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que aconntece, então? Entregaí-vos à cólera. (ESE., Cap. IX, item 9)
Entre essas características destacam-se, pois, o fato de o orgulhoso:
• não aceitar críticas, não aceitar seus erros;
• querer ser o centro de atenções;
• apreciar ser elogiado;
• menosprezar o próximo;
• dar demasiada importância a aparência exterior, posição social e prestígio pessoal;
• aborrecer-se quando contrariado.
Todas essas características constituem enormes bloqueios de sentimento, e constituem verdadeiras barreiras para o homem vivenciar a interioridade de forma liberta e plenamente.
2) A HUMILDADE
Bem-aventurados os pobres de espirito, porque deles é o Reino dos Céus. (Mt., 5:3)
A Humildade é a virtude pela qual o homem, com sincero reconhecimento de si mesmo, avilta a si mesmo. Ser pobre de espírito é ter grande estima por aquilo que toca o coração, e não com o brilho que encanta os olhos. Ser humilde é vivenciar ausência de espírito de competição e de vanglória.
"Não façais por espirito de partido ou vanglória, mas com humildade, considerando aos outros superiores a vós mesmos."- Paulo (Fp., 2:3)
O espírito de competição e de vanglória é próprio daqueles que querem ser maior entre os homens. Estes vivenciam uma conciliação exterior com Deus. Esquecem-se que é mais real a satisfação interior na consciência gloriosa - que faz-se pequena perante o mundo pela alegria do amor que vive no santuário do seu coração - do que a glória exterior perante os homens na consciência em conflito. A humildade é própria daqueles que, por serem autênticos consigo mesmos, sempre se sentem menores. Só é humilde aquele que tem consciência de Deus e da sua essência como amor. Geralmente, o orgulho é decorrência da falta de convicção em Deus e em si mesmo. Grande é aquele que reconhece a própria pequenez ante a vida infinita. Aquele que sente a grandeza da essência de sua alma, aquele que se sente feliz interiormente, não precisa da aprovação dos homens. A alegria interior é oposta à alegria do mundo.
Todo o que se exalta será humilhado, todo o que se humilha será exaltado. (Lc., 14: 11)
É assim que Jesus vivenciou em si mesmo seus ensinamentos. Fez-se o menor perante os homens, mas o maior de todos perante Deus. Demonstrou que os valores do mundo são inversos aos valores do Espírito. Da injustiça dos homens ennsinou-nos a justiça perante Deus; vítima do ódio dos homens, deixou uma lição de amor; na humildade da manjedoura nos ensinou a grandeza perante Deus. Rebaixou a si mesmo igualando-se aos homens da época, vivendo entre os marginalizados e excluídos da sociedade. Vítima de traição, de abandono, de zombarias, de falsos testemunhos dos homens, vivenciava, no entanto, a glória da consciência tranqüila, vivificada pela alegria de seu coração. E assim, o menor entre os homens da época, fez-se o maior perante Deus.

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