Jung e os Fenômenos Mediúnicos
(3o artigo)
Allan Kardec (1804-1869), dentro de uma visão mais ampla e que oferece um panorama coerente da vida, definiu o Espiritismo como ciência, filosofia e religião, sendo, por isto, uma árvore frondosa e capaz de acolher toda manifestação do sentimento e do conhecimento humanos. Assim, a investigação sobre a realidade espiritual, a reflexão acerca da mesma e a associação desses esforços às noções de Deus e do destino, se incluem, naturalmente, no Espiritismo.
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um dos grandes colaboradores para a divulgação dos fenômenos mediúnicos, embora não conste que tenha feito uma profissão de fé nos moldes espíritas, pois, como cientista, evitou pronunciar-se ostensivamente quanto à realidade das comunicações, a sobrevivência da alma e até mesmo a reencarnação, embora toda a sua vida tenha sido cercada por médiuns e fenômenos. Destacamos a mediunidade de sua mãe Emilie, que possuía a faculdade de vidência, naquele tempo interpretado como “segunda vista”, e que proporcionou algumas revelações na intimidade familiar, como descreve a Profª. Paola Giovetti em longo artigo recentemente divulgado pela revista “Luce e Ombra” (Luz e Sombra), da Itália, no qual afirma: “Este interesse pelos fenômenos ocultos foi sempre característico na família materna de Jung, e o próprio Jung, em avançada idade, confessou que a mediunidade de sua prima Elene lhe possibilitou caminhar muito em direção ao que ele chamava ‘reino das sombras’, e que ela foi ‘uma alma realizada”. Assim, enaltecendo a médium, Jung enaltece e valoriza a mediunidade.
Avançando em estudos sobre a fenomenologia mediúnica, Jung modifica a usada conceituação do subconsciente para empregar um novo termo, e assim definir os fenômenos mediúnicos: sincronicidade, conforme texto de uma carta enviada ao estudioso da paranormalidade, o inglês Dr. John R. Smythies, na qual se lê: “No meu trabalho sobre a sincronicidade não me esgoto de fazer especulações”. Isto escrevia ele em 1952, quando em seus estudos constatou e existência de relações significativas entre ocorrências nas quais não se observava uma ligação de natureza causal.
Jung dedicou boa parte de sua vida ao estudo dos sonhos e das visões, e ele mesmo viveu experiências interessantes neste vasto campo, embora lutasse com sérias limitações, pois agia sem o amparo e sem a interpretação que a Doutrina Espíritas oferece e que o ajudaria a melhor compreender que todos os espíritos reencarnados gozam de parcial liberdade enquanto repousa o corpo físico, o que lhes permite entrar em contato com outros espíritos, encarnados ou não.
Num desses momentos de parcial liberdade, Jung-espírito entrou em contato com vários desencarnados, sendo que um destes era uma entidade culta, que dialogou com ele em latim. Isto o deixou em desvantagem, pois não dominava inteiramente aquela língua. E despertou sob forte agitação, como que envergonhado. Outro exemplo: quando em desdobramento (na terminologia espiritista), Jung vai ao encontro do espírito do pai em busca de orientação e conselho em relação à maneira de conduzir seus estudos psicológicos. Pouco antes do falecimento de sua genitora, Jung teve um outro encontro com o pai, na erraticidade, e este lhe falou de um problema consciencial gerado durante a vida de casado, quando cometera pequeno deslize de adultério.
Numa carta datada de 1934, Jung escreve ao Prof. J.B. Rhine narrando um importante fenômeno físico ocorrido na sala de sua casa quando teve os sentidos atraídos para um determinado armário, onde se guardava os talheres de uso normal. Ao abrir uma gaveta, notou que a faca mais usada pela família estava quebrada em quatro pedaços. A revista “Luce e Ombra” publica a foto da faca, como ilustração.
Veremos, em novas oportunidades, outros valiosos e importantes fatos mediúnicos na vida desse respeitável cientista.
Fonte: SEI – Serviço Espírita de Informações
Boletim nº 1909
www.vivercomalma.com.br
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