BIOGRAFIA DE S. AGOSTINHO
Aurelius Augustinus, mais conhecido na Igreja Católica como Santo Agostinho, nasceu em Tagaste de Numídia, província romana do norte da África, em 13 de novembro de 354. Foi o primogênito do pagão Patrício e da fervorosa cristã Mônica. Criança alegre, buliçosa, entusiasta do jogo, travessa e amante da amizade, não gostava muito de estudar porque os mestres usavam métodos agressivos e não eram sinceros.
Ante os adultos se revelava como “um menino de grandes esperanças”, com inteligência clara e coração inquieto. Nessa luta Agostinho vai contra o desejo da mãe, católica fervorosa, de ver o filho convertido ao Cristianismo, mas Agostinho é um homem comum cheio de vicissitudes que passou, ainda na juventude, a viver com uma mulher a quem foi fiel, tendo se tornado pai com apenas 19 anos. Depois da morte do pai foi para Cartago e se meteu num grupo de jovens baderneiros e, desorienta, ingressou na seita dos maniqueus, da qual participou por nove anos, sem ali conseguir a descoberta de uma verdade que lhe aquietasse a alma. Viveu assim longos anos com ânimo disperso.
Estando em Milão, ao ouvir uma canção infantil, na voz cristalina de uma criança que insiste “Toma, lê”, faz com que ele procure o livro a respeito de “Paulo” e ingresse no Cristianismo. Era outono do ano 386; contava ele então 32 anos. Agostinho começa a ensinar e busca a fama sem muita preocupação, buscando uma mundo diferente, um mundo novo. Os amigos o convenceram a viajar para Roma, onde conhece o bispo Ambrósio e aos poucos sua existência foi tomando novo rumo. Chegou a ser brilhante professor de retórica em Cartago, Milão e Roma. Deixando a docência, retira-se para Cassiaco, recinto de paz e silêncio e põe em prática o Evangelho em profunda amizade compartilhada: vida de quietude, animada somente pela paixão à verdade.
Agostinho renuncia inteiramente ao mundo, à carreira, ao matrimônio; retira-se, durante alguns meses, para a solidão e o recolhimento em Milão, onde escreve seus diálogos filosóficos e, na Páscoa do ano 387, juntamente com o filho Adeodato e o amigo Alípio, recebeu o batismo das mãos do bispo Ambrósio. Sua existência daquele momento em diante seria meditar, escrever livros, discursar. No ano de 391, é chamado a Hipona, um grande centro comercial, e cinco anos depois foi nomeado bispo auxiliar de Hipona. Consagrado mais tarde bispo, converteu sua residência em casa de oração e tribunal de causas. Inspirador da vida religiosa, pastor de almas, administrador de justiça, defensor da fé e da verdade, prega e escreve de forma infatigável e condensa o pensamento do seu tempo. Grande era a luta, à época, contra as chamadas heresias.
As palavras que mais aparecem em seus escritos são amor e caridade. Por vezes, desenvolvendo uma idéia, interrompe seu raciocínio para deixar escapar gritos de amor a Deus: “Ó Senhor, amo-Te. Tu estremeceste meu coração com a palavra e fizeste nascer o amor por ti. Tarde Te amei. ó Beleza tão amiga e tão nova, tarde Te
amei... Tocaste-me, e ardo de desejo de alcançar Tua paz”.
Agostinho defrontou-se com dificuldades para conciliar a criação da alma com o “pecado original”, porque não sabia explicar como a alma criada por Deus, podia nascer com o pecado original. Para ele, cada pessoa possui uma alma, sendo-nos impossível saber a sua origem, porque é um mistério divino, mas, depois que surge continua a existir eternamente. Daí a sua crença na imortalidade. Imaginava que a alma poderia ser feliz ou infeliz na eternidade, dependendo dos atos praticados na existência. Não foi, portanto, à toa que ele chegou à conclusão dessa dificuldade ao proferir sua célebre frase sobre o tempo, contida no Livro XI item 14, de suas “Confissões”.
Agostinho inspirou-se em Platão, e os problemas que o preocupam eram de ordem moral: o mal, a liberdade, a graça, a predestinação. Ele dizia que a razão ajuda o ser humano a alcançar a fé; em seguida, a fé orienta e ilumina a razão; e esta, por sua vez, contribui para esclarecer os conteúdos da fé. Para ele, “o homem é uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre”. O problema da liberdade está relacionado com a reflexão sobre o mal, sua natureza e sua origem.
Em 429 os vândalos, guiados por Genserico atravessam o Estreito de Gibraltar e atacam o norte africano. Agostinho, cercado com seu povo, sente amargura e luto, mas alenta o ânimo de seus fiéis e os convida à defesa. No terceiro mês do assédio, aos 76 anos de existência, em 28 de agosto de 430, morreu como um autêntico cristão, alegrando desse modo o coração da sua mãe que tanto rezou pela conversão do filho...
Convidado na Espiritualidade a participar da equipe do Espírito de Verdade, as ponderações do Espírito de Agostinho podem ser encontradas em vários momentos da Obra Kardequiana, como “O Livro dos Espíritos” (prolegômenos, resposta às questões 495, 919 e 1009); ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo” (capítulo III, itens 13 e 19; capítulo V, item 19; capítulo XII, ltens 12 e 15; capítulo XIV, item 9; capítulo XXVII, item 23); “O Livro dos Médiuns” (capítulo XXXI, dissertações de números 1 e XVI).
O Espírito de Erasto, discípulo de Paulo, em uma de suas comunicações, afirma: “Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo; ele se manifesta quase que por toda parte. Como muitos, ele também foi arrancado do paganismo. Em meio de seus excessos, sentiu o alerta dos Espíritos Superiores: a felicidade se encontra alhures e não nos prazeres imediatos. Depois de ter perdido sua mãe, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura”.
A questão n. 919 de “O Livro dos Espíritos”, que aborda o tema “Conhecimento de si mesmo”, foi respondida pelo Espírito de Agostinho. Indagado pelo Codificador sobre qual é o meio prático mais eficaz que tem o ser humano de se melhorar nesta existência e de resistir à atração do mal, responde dizendo: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo”. E em seguida dissertou: “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra; ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvesse feito, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecesse, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria”. . .
Bibliografia:
Marinei Ferreira Rezende
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