Assim, pois, é que haveis de orar, disse o Mestre: Pai nosso que estás nos céus… Pai nosso, isto é, de todos os homens, da Humanidade inteira, abrangendo todas as raças, todas as nações, todos os povos. Pai dos bons e dos maus, dos justos e dos pecadores, sobre os quais derrama, sem exceção, as suas chuvas e faz incidir indistintamente os raios benéficos do seu sol que aquece, ilumina e vivifica.
Pai do judeu e do gentio, do fariseu e do publicano, dos circuncidados e dos incircuncisos, dos que
crêem e também dos que não crêem. Pai dos ricos e dos pobres, dos sábios e dos ignorantes,
dos reis e dos vassalos, dos nobres e dos párias, dos poderosos e dos humildes.
Da paternidade divina decorre como premissa inalienável a fraternidade humana.
Todos os homens são irmãos. As raças — branca, preta e amarela; a latina e a saxônia, todas se
confundem, formando uma só: a raça humana.
Apagam-se as fronteiras que dividem os povos; as nacionalidades se irmanam, os idiomas se conjugam, os pavilhões mesclam suas cores; uma só família habita a Terra: a Humanidade! Não há mais judeus nem gentios, fariseus nem publicanos, saduceus nem samaritanos: um só rebanho há, e um só pastor — Cristo Jesus. , Nobres e plebeus, ricos e pobres, sábios e inscientes, intelectuais e operários, cérebro e músculos, capital e trabalho já se entendem perfeitamente. Não ha mais dissídios, nem contendas, nem lutas fratricidas. A sociedade não se compõe mais de classes ou castas que mutuamente se exploram e se hostilizam: é um todo homogêneo. As partes se ajustam e se completam, formando a grande harmonia na diversidade.
Tal prodígio se consumará como efeito natural da compreensão e assimilação em espírito e verdade da primeira sentença da oração dominical: Pai nosso que estás nos céus, isto é, que pairas acima de todas as competições, zelos, ciúmes e rivalidades; que pairas acima de todas as querelas, disputas e contendas; que pairas acima de toda s eiva sectária ou partidária, de todos os interesses subalternos, de todas as paixões inconfessáveis que separam os homens, gerando entre eles antagonismos e odiosidades.
Pai nosso que estás nos céus! ouve a nossa prece e faze que todos sintamos em nossos corações que Tu és o nosso Pai, e nós somos irmãos; pois de tal depende, como Tu sabes e o teu Cristo no-lo revelou, a solução de todos os nossos problemas a conquista de todo o nosso bem.
Livro: Em Torno do Mestre
Autor: Pedro de Camargo – Pseudônimo Vinicius
Local de Edição: Brasília – DF – Brasil – 1939
Paginas: 97 e 98
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