À página 20, cap.II, de seu livro “Plenitude”, obra magistral psicografada por Divaldo Pereira Franco sobre as raízes do sofrimento humano, Joanna de Angelis afirma: “Multiplicaram-se, lamentavelmente, os distúrbios existenciais, comportamentais, na área psicológica, nascendo a chamada geração neurótica perdida no mare magnum das vítimas do sexo em desalinho, das drogas alucinantes, da violência e agressividade urbanas, do cinismo desafiador”.
Historicamente, a expressão “geração neurótica” representa os grupos humanos reencarnados na Terra durante e após a 2ª Grande Guerra, particularmente a partir da década de 60. O adjetivo “neurótico” deve ser compreendido como “portador de conflitos psíquicos”, que levam à ansiedade, ao medo, à agressividade e a uma série de outros desajustes do comportamento. Os escritores existencialistas dos últimos 50 anos captaram com especial sensibilidade essa conturbada zona de conflito entre a subjetividade humana e os valores ético-sociais do pós-guerra.
A cultura hedonista predominante, a falência da Religião, a escalada da violência urbana e as guerras contínuas estimularam o medo e a insegurança, a insatisfação crônica, o desânimo epidêmico, o enfado para com a vida e as freqüentes fugas emocionais, nas suas diferentes expressões de compensação às frustrações cotidianas. O poder do mercado econômico derrubou os muros da intolerância, mas redefiniu o ideal da segurança dos indivíduos através do poder de compra. Na moderna plutocracia, os seres “mais iguais que os outros”, da paródia de George Orwell, constroem seus impérios “aquém da ética e além da Lei”, e os menos iguais, marginalizados, tomam para si objetos e vidas humanas na tentativa de equilibrar este poder. E a juventude atônita faz-se a grande vítima desse modelo ateu e utilitarista, sempre beirando a depressão, a loucura e o suicídio.
“A responsável por esse resultado é a ilusão” adiciona a autora espiritual, mais adiante, na mesma obra “A maioria dos sofrimentos decorre da forma incorreta por que a vida é encarada. Na sua transitoriedade, os valores reais transcendem ao aspecto e à motivação que geram prazer. Esse é o sofrimento da impermanência das coisas terrenas. Esfumam-se como palha ao fogo, atiçado pelo vento, logo se transformando em cinza flutuando no ar”.
O espírito errante sobre a Terra, encarnado ou não, salvo algumas raras exceções, contaminado pela insegurança e pelo espírito consumista padecerá em maior ou menor grau dos males relacionados a esta ilusão dos sentidos. A busca desmedida por situações mais favoráveis e o desfrute imprudente de certos prazeres transitórios provocam investimentos e riscos além das possibilidades reais, gerando compromissos diversos que debilitam o ser.
O jornalista e escritor Leandro Rodrigues pergunta: “Será que na ânsia de realizar os seus sonhos você não está apenas adoecendo? A sombra da neurose te persegue há quantos anos?”
A ilusão do gozo, da aparência, do ter, do possuir, do belicismo, dos altos cargos, da ditadura dos privilégios, gera necessidades fictícias que, seja na luta por satisfazê-las ou mantê-las, seja pelo desalento da exclusão econômica e social, gera doenças no indivíduo e na sociedade. Na hierarquia das necessidades humanas, Abraham Maslow, um dos pais da Psicologia Humanista, definiu que o quarto e penúltimo degrau das motivações humanas é o reconhecimento social, o status, o prestígio perante os iguais; ora, atingir certo degrau social, intelectual, político, etc., mesmo que numa pequena comunidade, sabidamente proporciona prazer e gratificação ao ego.
Quando experimentar, re-experimentar ou assegurar tal prazer ou gratificação torna-se uma idéia neurótica, obsessiva, provocando angústia, agressividade ou depressão, adentramos na zona sombria da psicopatologia. As pseudo-necessidades criadas em nome da segurança e do status social derivam do fato de sofrer o homem da “sede da água do mar”. Em sua insaciabilidade, ele perde o senso do limite entre o necessário e o supérfluo e se afunda nas viciações de sua animalidade.
Para a felicidade geral, o quinto e último estágio de Maslow é o da auto-realização, que alguns autores mais modernos chamam de realização ética ou espiritual. Joanna de Ângelis, consoante com a proposição de Maslow, afirma que “a educação calcada nos valores ético-morais, que estimule a consciência do dever e da responsabilidade do indivíduo para com ele próprio, para com o seu próximo e para com a vida, equipa-o de saúde emocional e valor espiritual para o trânsito equilibrado pela existência física”.
Todos os grandes nomes da Terra que bem exemplificaram a ética e a moral, tais como: Gandhi, Luther King, Madre Tereza, Chico Xavier, etc., sacrificaram seus interesses pessoais pelas causas que abraçaram. Venceram as inquietações da posse e da aparência em salvaguarda da auto-realização espiritual, onde a busca da verdade e o altruísmo são sempre preponderantes.
O Mestre Divino, sempre Ele, concita-nos à educação das nossas ambições, quando lembra aos seus discípulos: “Aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo!” (Matheus, XX; 20 a 28).
Sigamos os seus exemplos de saúde e paz! Um abraço e até a próxima.
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