Em geral, surge lentamente por um despertar de consciência da pessoa, que vai alargando o campo de entendimento do seu universo espiritual.
A exploração do mundo interior teve em Sócrates, um dos seus mais brilhantes adeptos; e a humanidade teve nesse homem um de seus mais insignes pensadores.
Sócrates, filósofo grego que viveu no período de 399 a 470 a.c., era um homem de singular sabedoria, de retidão de caráter e de devotado amor à Justiça e aos seres humanos.
Acreditava firmemente que o homem não seria feliz se não se voltasse, reflexivamente, para si mesmo.
Suas idéias levavam a uma moral individual, baseada na essência espiritual de cada ser humano, alicerçando a conduta de cada um na plena consciência responsável.
A filosofia de Sócrates é sintetizada no seu ensinamento fundamental que atravessa os séculos e se mantém atualizado: “Conhece-te a ti mesmo.”
E na busca do “conhecer-se a si mesmo”, o homem vai aprendendo a reformar-se intimamente.
A reforma íntima promove a cura das doenças que acometem o ser humano, através do aprimoramento espiritual.
A pessoa vai eliminando as suas arestas negativas, as suas falhas no relacionamento com os seus semelhantes e, à medida que pratica o bem, vai melhorando seu estado de saúde.
Quando o ser dedica-se a fazer sua reforma íntima, renovando suas atitudes no propósito de modificar-se interiormente, promove a melhoria do estado de saúde do corpo, da mente e da alma.
E, na sua conotação intrínseca, produz mudanças estruturais no perispírito.
Consiste num processo de aprimoramento dos atributos do espírito, segundo o paradigma universal do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Luca 10,27).
Constitui um trabalho relevante de educação espiritual, complementado pelo firme propósito do ser humano eliminar, de sua estrutura espiritual, os pensamentos de ódio, de inveja, de vingança, de ciúme, de raiva, de maledicência; as paixões inferiores e os vícios como o do jogo, do cigarro, do álcool, das drogas e dos desvios da sexualidade.
Não raras vezes o doente é orientado para procurar uma instituição religiosa de sua preferência.
Ao fazê-lo, espera curar-se de um momento para outro e pode desiludir-se, porque a ação terapêutica espiritual é lenta e gradativa, podendo manter-se imperceptível durante algum tempo.
Mas chega para a pessoa o momento em que a situação começa a clarear, dissipando as névoas do seu entendimento, fazendo-a reconhecer a sua própria modificação interior, do seu modo de sentir e de pensar, e ela então se conscientiza que está ocorrendo o seu aprimoramento espiritual, encontrando bem-estar e alegria de viver. Sua reconhecida melhora realiza-se, igualmente, no âmago de sua estrutura perispiritual, constituindo uma aquisição de valor inestimável e duradoura.
Como diz Ney Pietro Peres, no livro “Manual Prático do Espírita”, página 240, 3º parágrafo: “No processo lento e progressivo da reforma íntima, vamos realizando transformações sutis nas estruturas magnéticas do nosso perispírito e ampliando as potencialidades do nosso espírito.”
E, assim, vai surgindo um novo ser, dos escombros de suas próprias imperfeições que se acumularam durante anos, superpondo-se como em camadas, e que têm suas raízes em vidas pregressas.
São como nódoas que vão sendo eliminadas, camada por camada, deixando transparecer a luz cristalina da alma, fortalecida pelo Amor e pela Verdade.
E ainda com Ney Pietro Peres, obra citada, página 241, 1º parágrafo: “A disposição saudável, o bem-estar, a calma interior, o ânimo forte, tomam seu lugar em nós, contribuindo para uma completa renovação em nosso sentir.”
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