DEPENDÊNCIA É O QUE MAIS ABALA A AUTO-ESTIMA
Você depende de alguém? O que significa ser independente para você? É não depender financeiramente de alguém? É conseguir pagar todas suas contas? E a dependência emocional? Qual é mais destrutiva?
A dependência, seja financeira ou emocional, é o que mais abala a auto-estima. Se você depende de alguém para comer, para pagar suas contas, será difícil acreditar que você é capaz de se manter por si só. É como se passasse para sua mente uma mensagem dizendo: "Não sou capaz!" E conforme o tempo passa, essa crença vai se tornando cada vez mais forte dentro de você.
Por isso muitas mulheres que optaram por cuidar dos filhos, da casa, com o passar dos anos tendem a entrar em depressão. A auto-estima fica completamente comprometida, e por mais que lhe digam e a lembrem do quanto fizeram, não conseguem reconhecer.
Duvidam de sua capacidade em relação a tudo, questionando onde erraram. Será que existe erro em optar por fazer uma parte enquanto outro fazia outra? Creio que não, mas tudo foi mudando muito rápido e as exigências passaram a ser outras, onde cada um deve se manter por si mesmo, valorizando cada vez mais a independência e a autonomia por cuidar da própria existência e isso inclui também as necessidades básicas.
Por um lado temos crescido, tanto os homens quanto as mulheres, mas por outro, muitas mulheres ficaram no meio do caminho sem forças para avançarem. Mesmo assim, muitas mães ainda hoje continuam a criar filhas para a dependência.
A dependência pode ter origem na infância. É tão significativa essa época de nossas vidas, que muitos pais ainda hoje tratam seus filhos como foram tratados, mesmo que sempre disseram que fariam diferente, vez ou outra, podem agir exatamente igual. É uma tendência natural do ser humano repetir padrões conhecidos, mesmo que esses padrões sejam negativos e destrutivos.
Ainda hoje, com tanta informação, vemos pais superprotetores, muitos com a intenção de compensar sua ausência constante, outros pelo medo de ficar sem os filhos e assim, sozinhos, fazendo-os acreditar que o melhor lugar para se viver é dentro de casa, embaixo de suas seguras asas. Pagam a faculdade dos filhos, permitem usar seus carros, ou dão um novo, não os incentivam a trabalhar enquanto estudam, outros ainda incentivam alguns a esperarem pelo príncipe ou princesa encantado (a), como se isso existisse, ou seja, fazem com que seus filhos vivam um mundo de faz de conta, muito longe da realidade.
Claro, tudo isso com a intenção de garantir a felicidade. Alguém garante felicidade de alguém? Sim, os pais têm um papel importante em nossa formação e educação, mas desde que nos incentivem a acreditar em nós mesmos, que permitam que acreditemos em nossa capacidade de nos nutrir, seja financeiramente e principalmente, emocionalmente, fazendo com que nos tornemos seres inteiros e não alguém que sempre espera outra pessoa que nos complete, como se sozinhos fossemos incapazes. Ninguém é incapaz para nada, por mais que nos fizeram acreditar.
É importante sempre observar suas próprias condutas e identificar se está seguindo algum tipo de exemplo que teve durante sua infância. Você pode estar agindo igual sua mãe, seu pai ou uma pessoa que tenha sido significativa em sua educação. Por mais que você tenha prometido fazer diferente, é como se fosse mais forte que você, e é, pois você faz inconscientemente, ou seja, sem perceber. E se alguém disser que você está agindo igualzinho seu pai ou sua mãe, a tendência imediata é você negar.
Comece a se observar mais, pergunte para pessoas mais próximas se seus comportamentos são parecidos com os de seu pai ou sua mãe. Depois de identificado, fique sempre atento para não agir no automático, tenha mais consciência de suas ações, suas atitudes, busque aprofundar seu autoconhecimento e crescer.
Sempre que uma criança sente-se envergonhada, desprezada, pequena, humilhada, culpada, ou seja, sempre que seus sentimentos são desrespeitados, ela sente como se não fosse digna de senti-los e pode passar a negar ou esconder dos outros e de si mesma, seus sentimentos. Os pais amam muito seus filhos, você pode ter sido muito amado, mas talvez sempre centralizaram a atenção no que estava errado e não no que estava certo. Há pessoas que supervalorizam o que acontece de errado, sempre apontando uma falha, um erro, e desprezam totalmente as vitórias, as conquistas, como se não existissem.
A criança precisa se sentir valorizada, especial, precisa de amor. Pais que não demonstram amor aos filhos, deixando-os inseguros do amor que recebem, ou os sufocam com excesso de zelo, podem torná-los adultos dependentes da constante confirmação do amor do outro. Isso gera um círculo vicioso da busca pelo amor que vem de fora e da fuga para olhar para dentro de si e acreditar que mais importante que o amor do outro é o amor que cada um pode e deve ter por si mesmo.
Rosemeire Zago é psicóloga clínica com abordagem junguiana. A base de seu trabalho é o resgate da auto-estima, amor-próprio e reencontro com a criança interior.
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