quarta-feira, 30 de julho de 2014

O EGOÍSMO


O EGOÍSMO

Antes de falarmos sobre o egoísmo, vamos reler o que diz o Livro dos Espíritos, no capítulo XII, falando das paixões e do egoísmo: Pergunta 907 de Kardec – Visto que o princípio das paixões está na Natureza, ele é mau em si mesmo? Resposta dos Espíritos Superiores: - Não, a paixão está nos excessos acrescentados à vontade, porque o princípio foi dado ao ser humano para o bem, sendo o abuso que dele se faz é que causa o mal. Pergunta 913 de Kardec – Dentre os vícios, qual o que se pode considerar como radical? Resposta dos Espíritos: - Nós já o dissemos muitas vezes; é o egoísmo; dele deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos está o egoísmo. Todo aquele que quer se aproximar da perfeição moral, deve extirpar de seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades morais. Pergunta 917 de Kardec – Qual o meio de se destruir o egoísmo? Resposta dos Espíritos: - O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da existência moral sobre á material e, com o conhecimento da Doutrina dos Espíritos, que bem compreendida, transformará os hábitos, os costumes, os usos e as relações sociais. O egoísmo se fundamenta sobre a importância da personalidade, do eu, da pessoa, e o Espiritismo, ensinando o princípio da fraternidade e da caridade, faz a pessoa ver as coisas em tal amplitude que o sentimento de personalidade desaparece diante da magnitude da Criação Divina. Que o princípio da fraternidade e da caridade seja á base das instituições sociais, de pessoa a pessoa, de povo a povo. A cura poderá ser demorada porque o egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como o amor é a fonte de todas as virtudes. A educação é a chave do progresso moral. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pelo conhecimento. Procurar destruir o egoísmo e desenvolver a caridade deve ser o objetivo de toda pessoa que deseja assegurar sua felicidade neste mundo e na Espiritualidade. À espera dos bens do Céu, o ser humano tem necessidade dos bens da Terra para viver. Jesus somente nos recomenda não dar maior importância aos da Terra que os da Espiritualidade, porque assim fazendo, estaremos nos tornando ambiciosos, egoístas e orgulhosos. O egoísmo se caracteriza na pessoa, pela ausência dos sentimentos de solidariedade, humanidade e caridade. A cobiça pelas coisas e riquezas terrenas, leva o ser humano a se tornar egoísta e insensível ao sofrimento alheio e ingrato até aos que lhe ajudaram a conseguir fortuna. Há ricos e pobres porque Deus sendo justo possibilita aos pobres a prova da resignação e humildade, e aos ricos, a prova da abnegação e da caridade. Às vezes se pergunta se Deus é justo ao dar a riqueza a essas pessoas que fazem da mesma lamentável uso, afrontando, humilhando e esbanjando, qual filho pródigo, sem trazer benefício a ninguém. Se todos tivessem apenas uma existência, nada justificaria essas desigualdades; mas, se considerarmos que tivemos outras existências, vê-se então que tudo se ajusta com justiça. Quem não tem riqueza material hoje, já teve ou a terá em outra existência; e quem a tem hoje, poderá não tê-la amanhã. Sendo assim, o pobre de hoje não tem motivo para acusar a Providência Divina nem para invejar o rico; e o rico não tem do que se vangloriar do que possui, porque na verdade, nada lhe pertence, e pode lhe ser tirado a qualquer momento, conforme aconteceu com o avarento da parábola narrada Jesus e está em Lucas cap. XII, vrs. 16 a 21. A fonte do mal está no apego, na ambição, no egoísmo e no orgulho pelas posses terrenas cuja duração é temporária, de vez que nada trouxemos quando chegamos e nada levaremos quando partirmos da Terra, a não ser o mérito ou o demérito dos nossos pensamentos palavras e ações. O egoísmo, essa chaga da Humanidade, deve desaparecer da face da Terra, cujo progresso moral retarda. O egoísmo é, portanto, o objetivo maior para o qual todos os verdadeiros cristãos devem dirigir suas forças para combatê-lo. O egoísmo é a negação da caridade e sem caridade não haverá tranqüilidade nem segurança na sociedade. Quando a lei do amor e da caridade for á lei da Humanidade, não haverá mais o egoísmo entre as pessoas; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem enganados pelos prepotentes e violentos que não mais existiram. Jesus nos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo; porque, enquanto Jesus sofria a crucificação e pedia ao Pai o perdão para os seus algozes, Pilatos, sabendo que Jesus era justo e inocente, havia lavado as mãos, deixando que o conduzissem ao suplicio. A propósito do egoísmo, conta-se a história de certo homem que, com fé, rogou a Deus e em resposta recebeu a visita de um anjo do Senhor. O homem então perguntou ao anjo: - Mensageiro Divino, que devo fazer para viver ao lado de Jesus? – Faze o bem, respondeu o anjo. – Posso rogar-te recursos para semelhante missão? – retrucou o homem. Disse-lhe então o anjo: - Pedes o que desejas. - Voltou a falar o homem: - Quero muito dinheiro para socorrer o próximo. – O emissário divino estranhou o pedido e considerou: - Nem sempre o dinheiro é o auxiliar mais eficiente para isso. – Retrucou o homem: - Penso que, sem dinheiro, é muito difícil praticar a caridade. – O anjo ainda perguntou: - Não temes as tentações do dinheiro? – Não, - disse o homem. – Então terás o que desejas, mas não esqueças de que onde estiver o tesouro estará também o teu coração, e que as dádivas divinas devem ser usadas em benefícios dos semelhantes para que não te transforme em prisioneiro delas. O homem então prometeu exercer a caridade e servir sempre. Então os anjos da prosperidade começaram a ajudá-lo. Multiplicaram-lhe, de início, os alimentos e as roupas. Porém o devoto já remediado suplicou mais condições. – Deram-lhe então casa e haveres. Longe de praticar o bem, o homem considerava sempre escasso os haveres que já possuía e rogava mais haveres. – Deram-lhe rebanhos e mais haveres, mas o interessado de subir ao paraíso pela senda da caridade, temendo a miséria, pediu mais rebanhos e mais haveres. Não dava um pão nem uma sopa a ninguém, declarando-se sem recursos para auxiliar os necessitados, e pedia cada vez mais e mais, com a promessa de distribuir algum pão aos famintos. De alegre passou a ser desconfiado, carrancudo e solitário. Receando parentes e amigos, escondia grandes soma em caixa forte e assim viveu e passaram os anos, apegados aos bens que lhes tinham sido concedidos, sem fazer nenhuma caridade. Quando envelheceu, veio à morte do corpo, separando-o da imensa fortuna que tinha. Com surpresa, acordou em espírito, deitado ao lado do cofre. Objetos preciosos, pedaços de ouro e prata e muitas pilhas de cédulas, serviam-lhe de leito. Tinha fome e sede, mas não podia servir-se do dinheiro; queria a liberdade, porém os objetos pareciam agarrá-lo. Então gritou em pranto: - Santo anjo vem ajudar-me a partir em direção do Céu! – O mensageiro divino dignou-se a vir até ele e, reparando-lhe o sofrimento, exclamou: - É muito tarde para ti. Estás sufocado pelas facilidades materiais que o Senhor te confiou, porque a fizeste uso tão somente em teu proveito, sem qualquer benefício para com os teus irmãos de lutas, que sofriam necessidades enquanto tu vivias no egoísmo e opulência. – O infeliz homem implorou: - E o que devo fazer para voltar à paz e viver no paraíso? – O anjo pensou e respondeu: - Espalha com os necessitados as moedas que ajuntaste, desfaze-te das terras vastas que retiveste em vão com os sem teto, entrega à circulação do bem, todos os valores que recebeste do Tesouro Divino e que amontoaste sem utilidade, atendendo ao teu egoísmo e avareza, e depois disso, vem a mim para retomarmos o entendimento efetuado há sessenta anos atrás... Reconhecendo, porém, o homem que já não dispunha de um corpo físico para semelhante serviço, ainda implorou ao anjo: - Mensageiro Divino, dê-me a oportunidade de nova existência, com as mesmas condições, e prometo que farei como recomendas. O emissário divino respondeu: - Como não soubeste usar a fortuna que o Senhor te concedeu, em teu proveito e em benefício dos teus semelhantes, por causa da tua avareza e egoísmo, vais voltar à Terra, sem a ajuda do Tesouro Divino ao teu dispor. Sofrerás a falta do dinheiro, passarás privações, dormirás ao relento, tuas vestes serão andrajos e precisarás da caridade dos outros para viveres, e se muitos te faltarem com o auxílio, não estarás senão colhendo o que plantaste de necessidade aos que te suplicavam um pão. Aprenderás a dar o devido valor aos dons de Deus e usar o pouco que conseguires, em benefício dos outros mais necessitados. Só assim, resgatarás o teu débito para com o Tesouro Celestial... O homem voltou então a Terra, em nova existência em condição de extrema miserabilidade. Essa pequena história nos serve de alerta para começarmos hoje mesmo a ser mais caridosos com todos indistintamente, quer na pobreza como na riqueza, no nosso dia a dia, praticando e elevando os sentimentos de fraternidade, caridade e amor para com nossos semelhantes. O progresso intelectual realizado até hoje nas mais vastas proporções é um grande passo, e marca a primeira fase da Humanidade, mas é impotente para regenerá-la; enquanto o ser humano estiver dominado pelo orgulho e pelo egoísmo, ele utilizará a sua inteligência e os seus conhecimentos em proveito de suas paixões e de seus interesses pessoais; e é por isso que os aplicam no aperfeiçoamento dos meios para prejudicar os seus semelhantes. Só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos seres humanos na Terra, pondo um freio às más paixões do orgulho e do egoísmo; só ele pode fazer reinar, entre eles, a concórdia, a paz e a fraternidade. Esse estado de coisas supõe uma mudança radical no sentimento das massas, um progresso geral que não poderia se cumprir senão saindo do círculo das idéias estreitas que fomentam o egoísmo. O número dos retardatários, sem dúvida, é ainda muito grande, mas o que podem contra as gerações, senão criar-lhes algumas dificuldades? Eles desaparecerão com as gerações que se vai a cada dia em grande número. Tentarão defender suas posições, mas é uma luta desigual porque é a do passado de vaidade de orgulho de egoísmo, contra o futuro da criatura de progresso, amparada por Deus, com sentimentos de bondade, fraternidade e amor porque os tempos marcados para a renovação do mundo está chegando, e nada poderá detê-la. As gerações que estão desaparecendo levarão consigo os seus preconceitos e os seus erros; as gerações que estão sucedendo, banhada numa fonte mais depurada, imbuídas de idéias mais nobres, imprimirá no mundo o movimento ascensional no sentido do progresso moral, que deve marcar a nova fase da Humanidade. Esta fase já se revela por sinais inequívocos, por tentativas de reformas úteis, por idéias grandes e generosas que nascem e que começam a encontrar ecos. As novas gerações, constituídas de espíritos mais evoluídos, com as idéias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento ao qual chegaram unidas ao sentimento do bem e das crenças espiritualistas, farão reinar na Terra, a justiça, a paz e a fraternidade entre os seres e os povos. . . O egoísmo, a fonte de todos os males, será então varrido da Terra e o amor que é a fonte de todo o bem, passará a reinar... Que a Paz do Senhor se faça presente em nossos corações. Bibliografia: Evangelho Segundo o Espiritismo A Gênese Jc. S. Luís, 23/04/1999 Refeito em l6/9/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário