quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mágoa - Divaldo

Ressalta Joanna de Angelis que a mágoa, no início, é de fácil combate, podendo ser expulsa mediante a oração singela e nobre
A doutrina espírita possui vasta informação sobre a ação perturbadora ocasionada pela mágoa, uma vez que a concebe enraizada no orgulho e no egoísmo. Estuda a fundo seus mecanismos desequilibradores e também os meios de combate.

Em um instigante estudo reflexivo sobre a mágoa, a autora espiritual Joanna de Angelis, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, compara-a como ferrugem perniciosa que destrói o metal em que se origina, classificando-a como síndrome alarmante de desequilibro.

Em sua análise, sincera e profunda, conforme os preceitos espíritas que têm por objetivo a autêntica autotransformação do indivíduo integral, a presença da mágoa faculta a fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem a agasalha.

Ação nociva da mágoa

Reflete a autora espiritual que, normalmente, o sentimento de mágoa se instala nos redutos do amor-próprio ferido e paulatinamente se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar o hospedeiro.

Ressalta Joanna de Angelis que a mágoa, no início, é de fácil combate, podendo ser expulsa mediante a oração singela e nobre.

Mas adverte, entretanto, que se a permitimos habitar os tecidos delicados do sentimento, desdobra-se em modalidades várias, para sorrateiramente apossar-se de todos os departamentos da emotividade, engendrando cânceres morais irreversíveis. Ao seu lado, instala-se, quase sempre, a aversão, que estimulam o ódio, etapa grave do processo destrutivo.

A mágoa, além de desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros dardos negativos que atingem outras vítimas incautas, aquelas que se fizeram as causadoras conscientes ou não do seu nascimento.

Sua ação entorpece os canais por onde transita a esperança, impedindo a ação do consolo.

Quem se sente magoado, disfarça-se habilmente, utilizando-se de argumentos bem urdidos para negar-se ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento. Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que, gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no mecanismo psíquico com lamentáveis conseqüências nos aparelhos circulatório, digestivo, nervoso...

Em seu estudo, a autora espiritual alerta que somos, sem dúvida, aquilo que vitalizamos pelo pensamento. Nossas idéias, nossas aspirações constituem o campo vibratório no qual transitamos e em cujas fontes nos nutrimos.

Depreciando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue isolar a pessoa ressentida, impossibilitando a cooperação dos socorros externos, procedentes de outras pessoas.

Meios de combate

O melhor meio de combatermos os malefícios da mágoa é detectarmos implacavelmente os indícios de sua presença inferior, que conspiram contra a paz íntima. O ofensor merece nossa compaixão, nunca o nosso revide.

Aquele que persegue, ou seja, o provocador que faz gerar a mágoa, sofre desequilíbrios que desconhecemos e não é justo que nos afundemos, com ele, no fosso da sua animosidade.

Seja qual for a dificuldade que nos impulsione à mágoa, procuremos reagir, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.

Através do cultivo de pensamentos salutares, nos manteremos acima das viciações mentais que agasalham esse magnetismo mortífero que, infelizmente, se alastra pela Terra de hoje, pestilencial, danoso, aniquilador.

Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do sofrimento desnecessário.

Buscando, através da fé sincera e raciocinada, os programas da renovação interior, é fundamental apurarmos aspirações e não nos afligirmos. Quando a provocação vier, por parte do ofensor, convém acionarmos todo o nosso empenho na direção do bem. Malsinados pela incompreensão, desculpemos. Feridos nos melhores brios, perdoemos.

Se meditarmos na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não teremos outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça nas fronteiras da nossa vida as balizas da sua província infeliz.

Oportuno lembrete

Em seu estudo, Joanna de Angelis encerra suas reflexões resgatando sublime alerta do próprio Cristo. Como incomparável conhecedor da alma humana, o Divino Mestre, em sua mensagem dirigida aos corações de todos os tempos, através de seu exemplo incomparável de perdão, já nos advertira antecipada e claramente: "Quando estiveres orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai que está nos Céus, vos perdoe as vossas ofensas". Marcos: 11-25.



Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco


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