VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO
Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB - 7ª Edição - 6/1989.
Naquela manhã, em que o povo se reunira para ouvir o Divino Mestre, os raios solares, surgindo no horizonte, iam inundando as bandas orientais com o resplendor de sua luz.
A superfície tranqüila do lago próximo refletia o rosicler das nuvens matutinas; pássaros trinavam docemente, esvoaçando entre as árvores; folhas e flores, abrindo-se, viçosas, pareciam sorrir à bênção de um novo dia.
Jesus fitou o Sol nascente, pousou depois o olhar sobre os discípulos que tinha perto de si e disse-lhes:
- “Vós sois a luz do mundo”.
O seu pensamento íntimo, nesse instante, devia ser: “Assim como o Sol, dissipando as trevas noturnas, desperta o mundo para a vida e sazona os produtos da terra, cada um de vós tem por mister difundir a Boa Nova que venho anunciar aos que se acham obumbrados pela ignorância e pelo erro, de modo a preparar-lhes os corações para que dêem frutos de mansidão e de fraternidade”.
Como às cidades e aldeias edificadas nos montes ao redor repontavam na claridade da manhã, o Mestre, apontando-as, observou:
- “Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte”. E aduziu: “Nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas sobre o velador, a fim de que ela dê luz a todos os que estão na casa. Assim, brilhe a vossa luz diante dos homens; que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus, 5:14-16).
Magnífica lição!
Os seguidores do Cristo, por serem “a luz do mundo”, devem constituir-se em veículo da revelação divina a todos os povos e nações. Cada discípulo do Mestre, individualmente, deve ser um facho de luz a iluminar os homens no caminho para o céu, sendo necessário que, por seu intermédio, resplandeça a bondade e a misericórdia do Pai, pois é desígnio da Providência que a Humanidade receba as Suas bênçãos através de instrumentos humanos.
A missão que o Cristo confiou aos seus seguidores deve estender-se a todas as criaturas, de qualquer longitude ou latitude da Terra. Contrariando os preconceitos da época, quando os israelitas orgulhavam-se de ser “a porção escolhida por Deus dentre os povos” e consideravam os demais como “estrangeiros” imundos e desprezíveis, Jesus ensina que todos pertencemos a uma só família humana e não traça qualquer limite à nossa “casa”.
Suas palavras: “vós sois a luz do mundo” – “brilhe a vossa luz diante dos homens”, de sentido nitidamente universalista, nada têm de comum com o amor-próprio, o preconceito de nacionalidade e o separatismo intransigente, pregado pelos rabinos judeus; eliminam todo e qualquer prejuízo de raça, de casta, ou de quejandos, pois para Deus não há escolhidos e enjeitados, há apenas almas a serem aquecidas pelo Amor e iluminadas pelo conhecimento da Verdade.
Os raios do Sol alcançam todos os recantos do globo, tanto no hemisfério oriental como no ocidental; a luz do Evangelho, igualmente, deve penetrar todas as almas sobre a Terra, a fim de que participem, sem exclusão de uma só, da glória do Senhor.
Mas... Não basta ensinar aos homens as excelências da doutrina cristã. É preciso – diz o Cristo – que “eles vejam as vossas boas obras”, tornando patente que cada discípulo deve contribuir com o seu contingente pessoal de amor aos semelhantes, para que desta forma sejam levados a “glorificar o Pai Celestial”.
Se cada cristão, nestes vinte séculos de Cristianismo, houvesse atendido à determinação do Mestre, cumprindo fielmente a sua missão, bem outra seria hoje a situação mundial. Não se teriam erguido “cortinas de Ferro”, nem qualquer outra espécie de parede de separação, dividindo os homens em facções que se odeiam e se hostilizam com guerras frias e quentes, impedindo que se estabeleça entre nós o “reino de Deus”, ou seja, um mundo de paz, de justiça, e de alegria inalterável, de felicidade perfeita.
Oxalá muitos ainda consigam, neste ciclo que se fecha, vencer as trevas do egoísmo que lhes envolvem os corações e se transformem em agentes vivos da luz divina que dimana do Cristo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário