segunda-feira, 15 de abril de 2013

ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS


Uma grande multidão caminhava com Jesus. Ele se volta para eles e lhes diz: “Se alguém vem a mim e não aborrece (odeia) a seu pai, a sua mãe e mulher e filhos e irmão e irmã e, ainda sua vida, não pode ser meu discípulo”. (Lucas, 14: 25 e 26)
Nesta passagem evangélica temos uma variação na colocação das palavras “aborrecer” e “odiar” - no rodapé do cap. XXIII – 8ª. edição FEESP do Evangelho Segundo o Espiritismo, temos esta explicação: “A palavra “odiar” na época em que foi escrita queria dizer “amar menos” .

Como os Evangelhos foram escritos por cabeças e mãos humanas, e muito tempo depois da passagem de Jesus pela Terra, não vamos nos prender à letra, mas sim ao sentido lógico das frases e palavras, que também sofreram influências e adaptações, conforme interesses e entendimentos dos tradutores.

Jesus prega plenamente o amor, até entre os inimigos. Seria um contra senso acreditar que ele falasse em odiar e, mesmo, aborrecer, no sentido comum que ora conhecemos.

Esta passagem chama atenção por dois detalhes, comuns, mas importantes. O que Jesus quis dizer é que as famílias tinham suas crenças por tradições muito rigorosas naquilo que adotavam. Para as famílias e seus membros, desviarem-se das tradições era considerado escândalo, por isso era motivo de humilhação, portanto, de aborrecimento.

Então, aquele que não se sujeitasse a abandonar as tradições de família, assim como suas próprias convicções, não poderia aceitar e seguir Jesus. Jesus pregava uma renovação, considerada pelos tradicionais como revolucionária. Até hoje encontramos pessoas que afirmam que Jesus foi um revolucionário.

Para que uma pessoa seguisse e se adaptasse àquela renovação era necessário que primeiramente ela renunciasse às próprias convicções, contrariando, assim, suas famílias. Jesus pedia para que não ficassem presos a erros e preconceitos, apenas para se conservar na crença dos pais, ou dos filhos e dos outros. Além disso, Ele colocava em evidência a necessidade da liberdade de pensar e agir dentro das opções de cada um. Para seguir Jesus era preciso quebrar as tradições.

Nós sabemos que o que Jesus dizia não era para criar rivalidades ou abandonar as obrigações com a família. Isto seria uma insensatez e falta de responsabilidade. Jesus convidava a partirem para uma doutrina renovadora , mesmo contrariando as opiniões da família. Ainda hoje é comum algumas pessoas, que se consideram espíritas, mas a família não pode saber, porque não aceitam o Espiritismo.

Também é comum as pessoas dizerem: “Eu nasci nesta religião, é a religião dos meus pais e não sou eu que vou mudar!” Puro comodismo!...

É fácil manter o rótulo de religiosos sentindo-se desobrigados de qualquer compromisso com a religião, desobrigados inclusive do temido compromisso de trabalhar pela própria reforma interior. O mesmo acontecia naquela época.

O outro detalhe é sobre aqueles que usavam, e ainda usam, a família como obstáculo para se dedicarem a uma religião que exige trabalho e dedicação.
“Não posso, no momento, abandonar a família” e, com isso, deixa sempre para depois os compromissos com a vida espiritual.

Jesus não exigia que o seguissem fisicamente e nem exige hoje, que abandonemos a família para seguir o cristianismo, mas sugere que estudemos os seus ensinamentos, para que, mais esclarecidos e colocando-os em prática possamos, viver e conviver melhor com os familiares e com o mundo.

Com a mente desperta e livre podemos nos respeitar e valorizar o amor fraternal.


Dora Contri - FEESP
Comunidade Espirita

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