Talvez essa seja uma das afirmações mais positivas que o Mestre nos trouxe, pois nos convida a viver a Vida de forma plena, verdadeira e confiantes no futuro. Concita-nos a que, através de nossa potencialidade interior, realizemos e construamos em favor da harmonia do universo. Mostrar a expressão superior do aspecto espiritual da Vida, através de feitos positivos, sem estimular nossa natural vaidade, é importante para que estimulemos aqueles que se encontram deprimidos ou sentindo-se derrotados.
É preciso que façamos brilhar nossa luz interior a fim de que nós próprios percebamos que ela existe e que é importante que nos sintamos filhos de Deus face à manifestação Dele em nós. Nossa luz interna, chama divina que habita em nosso mundo interior, é Deus presente que nos impulsiona à realização no mundo.
O sentido de fazer brilhar a nossa luz é o de construir uma Vida digna de realizações nobres e o de estimular o próximo a também crescer. É também o de não temer o futuro nem qualquer circunstância que a Vida nos coloque, tendo consciência de que tudo que nos ocorre, mesmo aquilo que nos faz sofrer, é para o nosso bem. Nada que ocorre com o ser humano é para seu prejuízo. O universo, isto é, a Vida, está sempre a favor do Espírito imortal.
O Cristo nos falou: “Assim brilhe também a vossa luz...”30, convidando-nos a iniciar um programa de reabilitação e reerguimento moral. Pode-se começar esse programa em etapas, da seguinte forma:
1. Procure alguém para desabafar. Um amigo que se predisponha a ouvi-lo. Conte-lhe sua vida, principalmente as coisas que têm causado culpa em sua consciência. Confesse-se. Não se preocupe com a censura alheia. Seja você mesmo, sem preocupações de imagem. Deus conhece você, e isso basta. Alivie sua alma com a exteriorização do que o oprime. Você verá o quanto isso fará bem ao seu estado emocional e psicológico. Devolverá a paz que você perdeu quando se envolveu em seus próprios problemas e conflitos. Não pense em castigo divino, pois esse termo é fruto do dogmatismo e da ignorância religiosa do passado que atribuía equivocadamente conceitos de bem e mal às atitudes humanas;
2. Comemore seus feitos. Relacione suas vitórias na vida e considere que você tem algo a dizer e fazer no mundo. Suas realizações devem ser consideradas sinais de que você é capaz de fazer mais do que fez. Comemore datas importantes de sua vida. Chame seus amigos. Reuna-os em momentos importantes. Seja alegre, sem excesso. Nesses encontros fale de sua satisfação em viver. Evite festas ruidosas e vazias, promovendo encontros simples, mas harmoniosos e que favoreçam a fraternidade e o amor em sua vida. Considere que, para Deus, você é tão importante quanto uma farpa ao vento ou uma galáxia inteira;
3. Acredite em você. Tenha consciência de suas possibilidades de realização, acredite no seu sucesso. Não creia que a derrota seja algo definitivo em sua vida. Reenquadre as situações de forma a perceber que, mesmo que não tenha alcançado o que queria, lembre-se de que alguma coisa você aprendeu. Nós vivemos desses pequenos aprendizados. São eles que fazem, constituem e alicerçam nossa personalidade. Suas aparentes derrotas não são decorrentes de defeitos de caráter, mas de inadequação de estratégias. Você não está só. Além de pessoas encarnadas à sua volta, você conta com Espíritos amigos e familiares que desejam seu sucesso. Acredite em você, neles e na existência de Deus;
4. Reafirme seus propósitos de felicidade. Relembre seus ideais juvenis. Aqueles que você constituiu quando se encontrava no vigor de sua juventude, acreditando que poderia transformar o mundo. Você pode fazê-lo, tenha certeza. Pode não conseguir transformar o mundo dos outros, mas com certeza transformará o seu. Seu mundo é constituído daquilo que você acredita ser a realidade e do que você espera que seja. Sua felicidade é construção pessoal e depende de seus feitos. O universo à sua volta é fruto de dois senhores: Deus e você. Ser feliz é um estado de espírito. Não é um lugar fora de você. Construa-o a cada dia de sua Vida;
5. Utilize seu encanto pessoal. Viva confiante na sua força interior e na presença divina em você. Seduza o outro através do amor que habita em você. Encante pelo sentido que você atribui à sua Vida. Ela tem mais sentido quando você se preocupa consigo e com as pessoas à sua volta. Suas idéias, emoções e ações devem buscar atender objetivos nobres e que tragam o bem estar em sua volta. Irradie sentimentos de amorosidade e compaixão. Dê um sentido divino ao que você faz. Cada ato seu deverá conter uma expressão do Bem. Seja nobre em suas emoções, pensamentos e atitudes. Não seja artificial nem vazio, não demonstre o que você não pode sustentar;
6. Conscientize-se de sua destinação espiritual. Perceba-se Espírito. Isto é mais importante do que adotar um rótulo religioso. Essa percepção significa a consciência da própria imortalidade, da reencarnação, da evolução a que está sujeito, da sua individualidade e da presença de Deus em você. Sua verdadeira essência é espiritual. Seu corpo é instrumento, é invólucro para seu progresso espiritual. Perceba que seu referencial de Vida não se encontra neste mundo de provas e expiações, mas do outro lado da Vida. Sem se ausentar do mundo, considere que os máximos valores do ser humano estão no espiritual;
Do ponto de vista psíquico pode-se perceber que a mensagem implícita nessa parábola vai ao encontro da necessidade de se colocar o Self no comando da vida consciente. Pôr a candeia no velador quer dizer, colocar o princípio organizador do Self à frente do ego. Fazer brilhar a luz é, nesse sentido, seguir o processo de individuação pari passu com a evolução espiritual, sem a pressa característica de quem não percebe que temos várias existências, nas quais poderemos ir, aos poucos, vencendo novas etapas, mas conscientes da urgência da autotransformação.
“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
O desenvolvimento espiritual é um processo pessoal e intransferível. Ninguém substitui ninguém no processo de crescimento espiritual. Cada um deverá trilhar sua própria caminhada na direção de si mesmo. Um dia, em algum lugar, inexoravelmente, de forma exclusiva, nos depararemos conosco mesmos. Sem dúvida esse será um momento singular e extremamente solitário, no qual desejaríamos a companhia de alguém, mas que, depois, teremos a certeza de que seria mesmo melhor estarmos sozinhos. Renunciar a si mesmo é renunciar ao ego e à separatividade da consciência. Para renunciar a ele é necessário que ele esteja devidamente estruturado. Ninguém renuncia ao que não está consolidado. Um ego enfraquecido deve primeiro ser trabalhado para recompor a própria consciência da existência.
Ir nas pegadas do Cristo é colocar a mente a serviço do bem, da paz, da harmonia, confiantes no destino superior da alma humana. Somos filhos de Deus e merecemos um destino melhor do que aquele que nossos medos nos conduziriam se não fosse a esperança que todos temos. A psiquê humana foi estruturada, ao longo da evolução espiritual, para que o Espírito se adaptasse adequadamente à Vida e apreendesse as leis de Deus.
O terapeuta, tanto quanto o trabalho que os Espíritos fazem nas desobsessões, são auxiliares da cura. Cada um será responsável pela sua própria cura. Ninguém se elevará na evolução por tabela ou imitação do outro. A evolução do ser humano é singular.
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