terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA


Jesus, certa feita, narrou a parábola que ficou conhecida como a dos “trabalhadores da última hora”, tida como uma das de interpretação mais difícil. Todavia, utilizando a fé raciocinada, que a Doutrina Espírita nos recomenda, tentemos compreender o que o Divino Mestre quis nos ensinar. Segue abaixo o texto, conforme Mateus 20:1-16:
“O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. – Tendo convencionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. – Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, – disse-lhes: Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável. Eles foram. – Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. – Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar? – É, disseram eles, que ninguém nos assalariou. Ele então lhes disse: Ide vós também para a minha vinha. – Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. – Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. – Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. – Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, – dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor. – Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? – Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. – Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? – Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.”
Jesus afirmou, em outra ocasião: “O Reino dos Céus está dentro de vós”, o que podemos interpretar da seguinte forma: a semente da evolução rumo à perfeição relativa foi plantada por Deus dentro da intimidade de cada ser, dependendo do seu próprio esforço a aquisição das virtudes, que possibilitam a maior ou menor “intimidade” com Ele. Assim é que Jesus, modelo de Perfeição Relativa para nós, habitantes da Terra, planeta do qual Ele é o Sublime Governador, pode dizer: “Eu e o Pai somos Um”, tamanha Sua sintonia com Deus, não por privilégio imerecido, mas por ter sido, dos Espíritos que encarnaram na Terra, o único que descreveu uma trajetória evolutiva isenta de erros de ordem moral.
Quanto à comparação do Reino dos Céus com uma vinha, onde cada trabalhador seja convidado a servir, recebendo um salário, podemos entender que essa vinha seja o próprio Espírito: cabe a cada um “trabalhar” seu intelecto e sua moralidade. O salário é a própria evolução, que somente Deus tem condições de avaliar quanto cada um merece. Não é o tempo que é levado em conta, pois o tempo representa mera convenção humana: para Deus não há tempo.
Os Espíritos que se mostram descontentes com os critérios de remuneração, ou sejam, as Leis Divinas, são rebeldes, egoístas, que ainda carecem de aperfeiçoamento nessa área, sendo, portanto, atrasados na escala evolutiva.
Os Espíritos evoluídos se sentem felizes em trabalhar na própria evolução, que se processa através da reforma moral, beneficiando indiretamente todos os demais seres da Criação que lhes estão ao alcance.
Os que adquiriram a humildade são os mais evoluídos, pois obedecem espontaneamente as Leis Divinas, dando Jesus o exemplo máximo dessa virtude durante toda a Sua trajetória terrena, inclusive quando lavou os pés dos Seus discípulos, mostrando-lhes a importância da humildade.
Os orgulhosos, egoístas e vaidosos são os últimos na escala evolutiva, pois estão atrelados ao primitivismo ético-moral e, por isso, não podem ser designados para missões realmente relevantes para a evolução espiritual da humanidade.
Todos são destinados à evolução intelecto-moral, mas muitos não se interessam principalmente quanto ao aspecto ético-moral, que exige sacrifícios e renúncia às coisas do mundo.
A presente interpretação representa apenas o desejo de contribuir para a reflexão, à luz da Doutrina Espírita.
Luiz Guilherme Marques

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