Escrito por Cristina Sarraf
A expressão reforma íntima ganhou espaço no meio espírita, mas carrega dois equívocos para os quais certamente não foi criada.
O primeiro é de indicar que estamos estragados, deteriorados por dentro, ideia absurda à luz do Espiritismo, porque com ele aprendemos que somos um Espírito que é sempre perfeito na sua estrutura, esteja em que grau evolutivo estiver e tenha a conduta que tiver. São as perfeições relativas às possibilidades, em cada época observada.
O segundo equívoco está no fato de que pensar-se apodrecido, precisando de reforma, cria desgosto, autodesvalorização e desânimo de viver; o que leva a pessoa a negar a si própria, caindo na hipocrisia.
Retomando as bases do Espíritismo, que são os seus Princípios, entendemos que cada Espírito está no seu grau e fase evolutiva, fruto do desenvolvimento feito e do que ainda não aconteceu. Por isso, errar e acertar faz parte natural desse processo progressivo, feito pela ampliação das potencialidades e pelo ganho de conhecimentos e experiencias. Em outras palavras, para não haver erro e descompasso, desvio de rota e ilusões, é preciso sermos Espíritos superiores… e seremos, num futuro distante!
Há um recurso que pode ser usado e que nos ajuda, e bastante, a “acertar o passo”, pelo menos em alguns aspectos, que é a observação serena e respeitosa de si mesmo, de como estamos pensando e conceituando a nós, aos outros e as circunstâncias. Isso porque, do modo com se pensa, assim a nossa vida acontece!
Na medida em que os pensamentos e condutas decorrentes, vão sendo condicionados devido a muita repetição, reagimos e agimos de determinadas formas, automaticamente, ou seja, superveniente ao uso da razão e do bom senso. Lógico que tambem esses pensamentos qualificam nosso perispírito, estabelecendo ligações e associações espirituais, nem sempre percebidas. Nem sempre desejadas…
Brigar consigo, condenar-se e promover um concerto artificial, achando que precisa de reforma e forçando-se a ser o que ainda não dá pra ser, é crer que as aparências são melhores que a essência. Mas aceitar-se como é, respeitando seus limites evolutivos, é a condição básica da possível melhoria ou até mudança, se for o caso.
Ao perceber que algum tipo de pensamento está trazendo prejuizos e destempero, o caminho reto é escolher outro, que seja libertador e que nos fortaleça; e investir nele, trocando o antigo por este, toda vez que for necessário, até que se instale em nosso ser.
Mas aja com respespeito consigo mesmo, dando passos seguros, que implicam em não se condenar e nem ficar lutando consigo. Paz, certeza na sua capacidade de superar-se e persistência, geram sucesso legítimo.
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