"O viciado é um "conservador", pois não quer correr o risco de se lançar à vida, tornando-se, desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça."
Inúmeros indivíduos tomam as mais diferentes atitudes diante da vida, porque diferentes informações lhes foram transmitidas quando eram crianças.
Conceitos diferentes são ensinados para crianças européias, asiásticas e africanas e todas se desenvolvem acreditando o que estão completamente certas, convencidas de que as outras estão totalmente erradas.
O vício pode ser um "erro de cálculo" na procura de paz e serenidade, porque todos queremos ser felizes e ninguém, conscientemente, busca de propósito viver com desprazer, aflição e infelicidade.
Nosso modo de ser no mundo está sendo moldado por nossas atitudes interiores; estamos, diariamente, aprendendo como desenvolver atitudes cada vez mais adequadas e coerentes em favor de nós mesmos.
Hábitos preferidos se formam através do tempo e se sedimentam com repetidas manobras mentais. O que funcionou muito bem em situações importantes de nossa vida, mantendo nossa ansiedade controlada e sob domínio, provavelmente será reproduzido em outras ocasiões. Por exemplo: se na fase infantil descobrimos que, "quando chorávamos, logo em seguida mamávamos", essa atitude mental poderá ser perpetuada através de um hábito inconsciente que julgamos irresistível.
A estratégia psíquica passa a ser: "quando tenho um problema, preciso comer algo para resolvê-lo". O que a princípio foi uma descoberta compensadora e benéfica mais tarde pode ser um mecanismo desnecessário, tornando-se um impulso neurótico e desagradável em nosso dia-a-dia.
Existem diversos casos de obesidade que surgiram no clima de laresm onde a mãe é superexigente, perfeccionista e dominadora, forçando constantemente a criança a se alimentar, não levando em conta suas necessidades naturais. Pela insistência materna, ela desenvolve o hábito de comer exageradamente, prejudicando o desenvolvimento do senso interior, que lhe dá a medida de quando começar e de quando parar de comer.
A bulimia cria para seus dependentes uma barreira que os separa da realidade e funciona como uma falsa proteção e segurança, pois eles constroem seu mundo de explicações falsas por não perceberem os fatos verdadeiros.
Por outro lado, alguns podem argumentar sobre a ação dos distúrbios glandulares ou genéticos, mas, mesmo assim, a causa fundamental dos problemas se encontra no psiquismo humano que, em realidade, é quem comanda todo o cosmo orgânico.
Geralmente, a obsidade nasce da falta de coragem para enfrentar novas experiências; é a compensação que a "criança carente", existente no adulto, encontra para sentir-se protegida.
" ... A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e sua saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização".
Paralelamente, encontramos também na dependência da comida um vício alicerçado no "medo de viver". O temor das provas e dos perigos naturais da caminhada terrena pode nos levar a uma suposta fuga.
Os dependentes negam seu medo e se escondem à beira do caminho. Interrompem a "procura existencial", dificultando, assim, o fluxo do desenvolvimento espiritual que acontece através da busca do novo. A evolução tudo melhora, sempre esteve e sempre estará desenvolvendo, desde os menores reinos da natureza até as mais complexas estruturas da consciência humana.
O vício aparece constantemente onde há uma inadaptação à vida social. Por incrível que pareça, o viciado é um "conservador", pois ñão querer correr o risco de se lançar à vida, tornando-se desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça.
Os vícios ou hábitos destrutivos são, em síntese, métodos defensivos que as pessoas assumiram nesta existência, ou mesmo os trazem de outras encarnações, como uma forma inadequada de promover segurança e proteção.
Assim considerando e a fim de nos aprofundar no assunto, para saber lidar melhor com as chamadas viciações humanas, devemos perguntar a nós mesmos:
Como organizamos nossa personalidade?
Como eram as crenças dos adultos com quais convivemos na infância?
Que tipo de atos permitimos ou proibimos entrar nesse processo?
Quais as linhas de conduta que nos foram fechadas, ou quais os modelos de vida que priorizamos em nossa organização mental?
Somente aí, avaliando demoradamente os antecedentes de nossa vida, é que estaremos promovendo uma auto-análise proveitosa, para identificarmos nossos padrões de pensamentos deficiários, diferenciando aqueles que nos são úteis daqueles que não nos servem mais. Dessa forma, libertamo-nos das compulsões desgatamos e dos hábitos infelizes.
Não nos esqueçamos, contudo, de que, conforme as afirmações dos Nobres Espíritos da Codificação, o homem "tem que se alimentar conforme o reclame a sua organização", considerando, obviamente, que todo excesso é produto de uma viciação em andamento.
Hammed - As dores da alma
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