segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Orgulho e Humildade

Orgulho e Humildade

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Orgulho: 4.1. Condição do Espírito Reencarnante; 4.2. Ter Vale Mais que Ser; 4.3. Apego aos Bens Materiais. 5. Humildade: 5.1. Os Pobres não Necessariamente são Humildes; 5.2. Uma só Coisa é Necessária; 5.3. O Verdadeiro Humilde. 6. As Orientações do Evangelho: 6.1. A Humildade como Virtude Esquecida; 6.2. Os Ricos Desconhecem as Necessidades dos Pobres; 6.3. O Evangelho Fundamenta-se numa Lei Científica. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é mostrar que a humildade é o fundamento de todas as virtudes. Para isso iremos tratar do orgulho, da humildade e das orientações evangélicas a respeito do tema.

2. CONCEITO

Orgulho – Sentimento de dignidade pessoal; brio, altivez. Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba. É o sentimento da própria grandeza real, existente no íntimo de cada ser, mas transbordado ou desviado do seu verdadeiro curso.

Humildade. Do latim humilitas, de humilis = pequeno. Virtude que conduz o indivíduo à consciência das suas limitações. O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que só sabe pouco do muito que deveria saber. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

Rel. virtude cristã, oposta à soberba, muito recomendada por Jesus.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1) No Antigo Testamento fala-se muitas vezes em humilhar no sentido de oprimir, derrotar, abusar: assim, o faraó humilha os hebreus, o homem, a sua mulher e seus filhos.

2) No Novo Testamento Jesus dá-nos diversas recomendações sobre a humildade, virtude que se opõe ao orgulho.

3) Extraído do capítulo VII – Bem-Aventurados os Pobres de Espírito – de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Refere-se às instruções dos Espíritos.

4) O par de termo orgulho-humildade revela a polaridade do nosso pensamento. Precisamos partir do negativo para chegar ao positivo. Nesse mister, convém lembrar que todo o progresso nasce do que lhe é contrário. Com efeito, toda a formação é o produto de uma reação, assim como todo efeito é gerado por uma causa. Todos os fenômenos morais, todas as formações inteligentes são devidos a uma momentânea perturbação da inteligência. Nela há dois princípios subjacentes: um imutável, essencialmente bom, eterno; outro, temporário, momentâneo, simples agente empregado para produzir a reação de onde sai cada vez a progressão dos homens.

5) Há uma lei universal dos rendimentos decrescentes em que todo o excesso conduz ao seu contrário. No caso específico, o excesso de orgulho transforma-se em humildade e o excesso de humildade em orgulho.

4. ORGULHO

4.1. CONDIÇÃO DO ESPÍRITO REENCARNANTE

De acordo com os pressupostos espíritas, o Espírito, ao longo de suas inúmeras reencarnações, acaba escolhendo as situações que enveredam mais para o orgulho do que para a humildade. A razão é simples: há mais facilidade de se entrar pela porta da perdição, pelos prazeres da matéria. Em termos bíblicos, a opção pelo prazer começou com Adão e Eva. Naquela ocasião Eva, tentada pela serpente, comeu o fruto proibido e foi, juntamente com Adão, expulsa do Paraíso.

4.2. TER VALE MAIS QUE SER

O homem precisa possuir alguma coisa; o nada lhe amargura a vida. Por isso, a sigla de “doutor”, mesmo no meio espírita. Quantas não são as pessoas que se vangloriam de assim serem chamadas. Não é uma espécie de orgulho, de vaidade? Sempre que alguém quer saber algo a nosso respeito, não nos perguntam o que somos, mas o que temos, ou seja, profissão, bens, propriedades, religião etc. Em virtude disso, apropriamo-nos de alguma coisa, mesmo que essa coisa não nos satisfaça interiormente, pois isso nos dá uma certa segurança. Contudo, observe a mudança de comportamento daquelas pessoas que repentinamente ficam ricas, ou são escolhidas para ocupar uma posição de destaque. Geralmente o orgulho e a soberba assomam-lhe à cabeça. Já não tratam mais os seus como antigamente.

4.3. APEGO AOS BENS MATERIAIS

Conforme vamos adquirindo mais bens, mais ainda vamos desejando. De modo que a insaciabilidade dos desejos humanos induz-nos a procurar sempre mais, à semelhança daquele que consome droga. Este começa com pequenas quantidades; depois, tem que aumentá-las, pois o pouco já não satisfaz as suas necessidades. Quanto mais tem, mais necessidade fabrica. A necessidade acaba torturando a maioria dos seres viventes. Aliado à posse de bens materiais, há o medo: de que seremos roubados, de que não teremos o que comer etc.

5. HUMILDADE

5.1. OS POBRES NÃO NECESSARIAMENTE SÃO HUMILDES

Ao vermos uma pessoa mal vestida, de semblante sofrido e modo simples de se vestir, emprestamos-lhe as características de uma pessoa humilde. Contudo, o exterior nem sempre revela com segurança o interior de um indivíduo. É preciso verificar a essência de sua alma. Quando Jesus falava dos pobres de espírito, Ele se referia à humildade, pois há muitos pobres que invejam os ricos, de modo que eles são mais orgulhosos do que aqueles que possuem recursos financeiros em abundância.

5.2. UMA SÓ COISA É NECESSÁRIA

O Espírito Emmanuel, comentando o texto evangélico, diz-nos que uma única coisa é necessária para a evolução da alma: atender aos ensinamentos de Jesus. Quando o homem se compenetra dessa condição de servo do senhor, tudo o que está à sua volta toma outra feição.  Ele fala, ouve, age, discute, sofre, chora e ri como outro ser humano qualquer, mas o faz de forma civilizada, de forma ponderada, de forma equilibrada. Está é a grande lição que os Espíritos benfeitores nos trazem.

5.3. O VERDADEIRO HUMILDE

O verdadeiro humilde geralmente não sabe que o é. São as pessoas ao seu derredor que acabam por descobri-lo. Para ele essa condição é tão natural que nem o percebe. Não é o que coloca um verniz por fora para esconder os defeitos interiores. O humilde coloca-se objetivamente dentro de sua capacidade, observando criteriosamente as suas limitações. Ele não importa saber quem é contra ou a favor, mas simplesmente atende a um chamado de ordem superior e segue o seu caminho com uma fé inquebrantável.

6. AS ORIENTAÇÕES DO EVANGELHO

6.1. A HUMILDADE COMO VIRTUDE ESQUECIDA

Jesus Cristo, quando esteve encarnado, deu-nos o exemplo da virtude, chegando a ponto de ordenar que amássemos os próprios inimigos. Dentre os seus vários ensinamentos, aquele que compara o Reino de Deus a uma criança, vem bem a calhar, pois evoca com firmeza o símbolo da humildade e da simplicidade. Não adianta conhecer profundamente a teologia e as mais altas concepções filosóficas. Se não nos fizermos humildes como as crianças – que são ingênuas e sem preconceitos – não entraremos no reino da verdade.

6.2. OS RICOS DESCONHECEM AS NECESSIDADES DOS POBRES

Há uma advertência dos Espíritos: “Oh, rico! Enquanto dormes sob teus tetos dourados, ao abrigo do frio, não sabes que milhares de teus irmãos, iguais a ti, estão estirados sobre a palha? A essas palavras teu orgulho se revolta, bem o sei; consentiras em dar-lhe uma esmola, mas a apertar-lhe a mão fraternalmente, jamais! ‘Que! Dizes, eu, descendente de um sangue nobre, grande na Terra, seria igual a esse miserável esfarrapado? Vã utopia de supostos filósofos! Se fôssemos iguais, por que Deus o teria colocado tão baixo e eu tão alto?’ É verdade que vosso vestuário não se assemelha quase nada; mas dele despojados ambos, que diferença haveria entre vós? A nobreza de sangue, dirás; mas a química não encontrou diferença entre o sangue do nobre e o do plebeu, entre o do senhor e o do escravo. Quem  te diz que, tu também, não foste miserável e infeliz como ele? Que não pediste esmola? Que não a pedirás àquele que desprezas hoje? As riquezas são eternas? Elas não se acabam com esse corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Oh! Volta-te humildemente sobre ti mesmo! Lança enfim os olhos sobre a realidade das coisas desse mundo, sobre o que faz a grandeza e a inferioridade no outro; lembra que a morte não te poupará mais que a um outro; que os títulos não te preservarão dela; que ela pode te atingir amanhã, hoje, numa hora; e se tu te escondes no teu orgulho, oh! Então eu te lastimo, porque serás digno de piedade” (Kardec, 1984, p. 107)

6.3. O EVANGELHO FUNDAMENTA-SE NUMA LEI CIENTÍFICA

Jesus deixou claro o alcance de sua Doutrina. O Evangelho é fundamentado numa lei científica: desprendimento dos bens materiais. Aquele que construir o seu destino, seguindo os exemplos de Cristo, terá como recompensa as bem-aventuranças do reino de deus. Não que devamos fazer isso ou aquilo esperando uma recompensa, mas pelo simples prazer de cumprir fielmente as determinações de nossa consciência. Há muitos exemplos de benfeitores anônimos, que auxiliam simplesmente pelo prazer de auxiliar. E por que fazem isso? Porque estão compenetrados dessa lei maior que une todos os seres humanos numa só entidade, a entidade humana. Para essas pessoas não há separação entre americano e chinês, budista e católico, branco e preto. Trata todos como irmãos como o Cristo nos ensinou.

7. CONCLUSÃO

Não nos iludamos com a subida inesperada do orgulhoso e as vantagens aparentes da riqueza. Estejamos firmes em nosso posto de trabalho, atendendo resignadamente às determinações da vontade de Deus a nosso respeito.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

São Paulo, fevereiro de 2000

Ler entrevista sobre a humildade (08/03/2009) publicada em:

http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=195&IdNoticia=119404



Humildade é o Esteio da Evolução Espiritual

Entrevista
Humildade é o esteio da evolução espiritual
São José do Rio Preto, 8 de março de 2009

Rita Fernandjes

A verdadeira humildade é aquela que faz as pessoas enxergarem as próprias potencialidades e limitações, dando a medida exata de ambos. De acordo com o presidente da Casa Espírita Ismael, de São Paulo, e coordenador dos cursos de Expositor e Aprofundamento Doutrinário, Sérgio Biagi Gregório, a verdadeira humildade auxilia as pessoas a tomarem consciência das suas limitações, alertando-as a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação e do justo procedimento. Embora muitas pessoas confundam humildade com poucos recursos financeiros, Biagi explica que humildade significa simplicidade espiritual e, portanto, independe de classe social ou grau de inteligência. “O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que sabe pouco do muito que deveria saber”, diz. Leia abaixo a entrevista de Biagi à Revista Bem-Estar.

Bem-Estar - Por que a humildade é o fundamento de todas as virtudes?
Sérgio Biagi Gregório - Virtude é uma disposição adquirida voluntária, que consiste na conduta racional de um ser humano ponderado. De acordo com Aristóteles, a virtude é a média entre duas extremidades, uma por excesso, a outra por falta. Ela se situa no ponto mais elevado no que se refere ao bem e à perfeição. É o justo meio. A humildade auxilia-nos a encontrar esse ponto médio, esse justo meio.

Bem-Estar - O que é a verdadeira humildade?
Biagi - A verdadeira humildade é aquela que nos faz ver as nossas potencialidades e as nossas limitações, dando-nos a medida exata de ambos. Ela nos auxilia a tomar consciência de nossas limitações, alertando-nos a tomar sempre o caminho do meio, da ponderação, do justo procedimento. Os nossos desejos são infinitos; atendendo-os, podemos nos tornar prepotentes. A humildade ensina-nos a administrá-los de acordo com os nossos recursos pessoais, para não darmos o passo maior do que a perna.

Bem-Estar - Como podemos nos tornar verdadeiramente humildes?
Biagi - Jesus Cristo nos deixou a boa-nova, os ensinamentos evangélicos, as bem-aventuranças. Se seguirmos os seus exemplos, as suas diretrizes, com certeza nos tornaremos verdadeiros humildes. A sua vida, desde o nascimento numa estrebaria até a morte na cruz, foi uma vida dedicada a atender a vontade do Pai e não a sua. Observe que toda a moral do Cristo se resumiu na caridade e na humildade, mostrando-nos que essas virtudes são os verdadeiros caminhos para a felicidade eterna.

Bem-Estar - Por que o verdadeiro humilde geralmente não sabe que o é?
Biagi - A humildade faz parte do indivíduo, sem que ele a perceba. É uma espécie de reflexo congênito. O verdadeiro humilde pratica o bem sem outro móvel que o próprio bem. Não está preocupado sobre o que os outros pensam dele. Em contrapartida, tão logo nos dizemos humildes, já não o somos mais, porque este pensamento fez-nos despertar o seu oposto, que é o orgulho, o orgulho de ser humilde.

Bem-Estar - A humildade é fundamental para a nossa evolução?
Biagi - Evolução é a atualização das virtualidades inscritas em nossa consciência. Se não formos humildes, como vamos detectar com clareza essas virtualidades? Observe o orgulhoso: ele geralmente se acha mais merecedor de elogios, de cuidados, do que os outros. Com isso, dificulta o verdadeiro conhecimento de si mesmo. Falta-lhe a autenticidade, ou seja, ver as coisas como realmente elas são.

Bem-Estar - A humildade faz com que reconheçamos os nossos próprios erros? Por quê?
Biagi - Sim, porque a pessoa humilde aceita pacientemente as críticas e as observações que lhe são dirigidas. Ela não tem receio de uma reprimenda, de um vexame público, pois sabe tirar proveito das coisas contrárias. Tem plena consciência de que aprendizado vem pelo erro e aplica a frase latina errando “corrigitur error” (errando, corrige-se o erro), com maestria.

Bem-Estar - É verdade que nosso objetivo de vida na Terra só será atingido com humildade? Por quê?
Biagi - A humildade é um dos esteios de nossa evolução espiritual. Há, porém, outros fatores a serem considerados, como, por exemplo, a caridade. Tanto é verdade que os Espíritos de Luz costumam dizer que a caridade e a humildade são as virtudes por excelência, por serem os opostos do egoísmo e do orgulho.

Bem-Estar - A vida nos dá oportunidades para alcançarmos a humildade? Como podemos reconhecê-las?
Biagi - Toda situação contrária aos nossos desejos é uma ótima oportunidade para exercitarmos a humildade. Quantas vezes não somos incompreendidos? Por um mal-entendido, recebemos repreensão deste, admoestação do outro. Qual a nossa reação? Nos rebelarmos ou assumirmos uma atitude de humildade? Se optarmos pela humildade, poderemos nos silenciar, fazer uma prece pelo ocorrido e esperar pela atuação dos bons Espíritos de Luz.

Bem-Estar - Como o senhor define um falso humilde?
Biagi - O falso humilde é aquele que não conhece a si mesmo. Ele está sempre pronto a mudar de ideia frente a uma observação contrária. Se alguém faz um elogio ao seu trabalho, ele diz que foi o outro que fez aquele trabalho; se alguém elogia a sua roupa, a sua pessoa, acha sempre uma desculpa para não assumir aquilo que é. Nós não precisamos cultuar o egocentrismo, mas quando a observação mostra aquilo que realmente somos, devemos aceitá-la naturalmente, sem subterfúgios.

Bem-Estar - Ser humilde não significa ser pobre?
Biagi - É um dos principais equívocos acerca da humildade. Confundimos simplicidade, humildade com pobreza, com parcos recursos materiais. Ouvimos dizer: “Ela é um pessoa simples, ela é uma pessoa humilde”, referindo-se ao ser humano de poucos recursos materiais. A humildade, porém, é algo inerente ao Espírito encarnado, independe de ser pobre ou rico, inteligente ou não.

Bem-Estar - É somente o orgulho que nos impede de sermos humildes?
Biagi - O orgulho, que é o seu oposto, é um dos principais empecilhos. Contudo, podemos acrescentar também o egoísmo que, segundo Allan Kardec, é o maior cancro da sociedade. Se cada um de nós aplicasse a “lei áurea” (fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem), com certeza teríamos uma sociedade mais justa e mais igualitária.

Bem-Estar - Qual é a relação entre humildade e fé?
Biagi - A fé é um sentimento inato do ser humano. Este sentimento pode ter um desfecho dogmático ou racional. Segundo Allan Kardec, deveríamos praticar a fé raciocinada. Para que possamos raciocinar a fé, há necessidade da humildade, porque a humildade estimula a pureza de nossa alma, desviando-nos de tudo aquilo que pudesse atrapalhar a busca do sumo bem.

Bem-Estar - Qual é a relação entre humildade e amor?
Biagi - O amor pode ser analisado na mesma linha da fé. O amor é uma palavra que basta a si mesma. Ela não precisa dos complementos que normalmente usamos, ou seja, “amor é renúncia”, “amor é perdão.” A pessoa que realmente ama não precisa perdoar, não precisa renunciar. A sua vida é uma vida de doação. Nesse sentido, quanto mais humilde alguém for, mais condição terá de alcançar esse amor maior, que é o amor incondicional, ensinado pelo mestre Jesus.

Bem-Estar - Qual é a grande lição que os Espíritos Benfeitores nos trazem?
Biagi - O capítulo VII – “Bem-Aventurados os Pobres pelo Espírito”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, traz-nos diversas lições para a compreensão pormenorizada deste tema. De início, esclarece-nos que os pobres pelo Espírito não são as pessoas pobres, mas as pessoas humildes, que também podem ser os pobres. A grande lição é o combate ao orgulho, alertando-nos para os diversos tentáculos desse sentimento, que corrói todo o nosso ser, dificultando-nos a prática da humildade.

Bem-Estar - O “Reino dos Céus” é um estado de espírito? Podemos alcançá-lo nesta existência? Como?
Biagi - O Reino dos Céus não é um lugar circunscrito, nem governo ou Estado; é o governo de cada um pela obediência às leis naturais, inscritas por Deus em nossa consciência. Todas as vezes que obedecemos à Lei Natural estamos construindo esse reino de Deus. É uma construção ininterrupta, tal qual o conhecimento, cujo horizonte nos foge sempre, a ponto de Sócrates dizer que ele foi considerado o mais sábio, porque ele era o único que sabia que não sabia nada.

Bem-Estar - Outras informações que considerar importante.
Biagi - O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente. Nesse sentido, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e a deixar brotar em sua alma, a boa semente. Na Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, é a virtude que conduz o indivíduo à consciência das suas limitações. O humilde não se deixa lisonjear pelos elogios ou pela situação de destaque em que se encontre. Todo sábio é humilde, porque sabe que só sabe pouco do muito que deveria saber.

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